O outro lado do noticiário

Opinião|Lula diz que País ‘não oferece riscos’, mas queda no investimento externo chega a 36% desde a posse


Números divulgados pelo Banco Central indicam que retração nos aportes vem se acentuando no atual governo e que investidores estrangeiros não estão “comprando” discurso amigável feito pelo presidente em Nova York

Por José Fucs
Atualização:

Durante sua viagem a Nova York, para participar da Assembleia Geral da ONU, em meados de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não perdeu a oportunidade de pedir aos investidores estrangeiros que deem um voto de confiança ao seu governo e apostem no Brasil.

Apesar do discurso amigável ao capital estrangeiro feito por Lula em Nova York, os dados oficiais indicam que ainda há muita incerteza no ar em relação aos rumos do atual governo na economia 

“O Brasil não oferece riscos, oferece oportunidades. Vale a pena investir lá”, afirmou Lula em encontro com executivos do mercado financeiro e da arena empresarial. “Nós, brasileiros, precisamos do investidor estrangeiro para gerar emprego, riqueza e renda. Estamos dispostos a oferecer a vocês um mercado livre, para os produtos que desejarem produzir.”

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Mas, embora tenha sido “aplaudido de pé” no evento, segundo o noticiário, parece que os investidores externos não estão “comprando” a narrativa de Lula. Ao menos é o que revelam até agora os números dos investimentos estrangeiros diretos feitos no País no atual governo.

De acordo com os dados mais recentes do Banco Central (BC), a retração dos investidores do exterior vem se acentuando desde o início da gestão de Lula. Em agosto, conforme os dados do BC, os aportes externos líquidos (descontadas as retiradas) na produção registraram uma queda de 57% em relação ao mesmo mês de 2022, de US$ 10 bilhões para US$ 4,3 bilhões.

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Nos primeiros oito meses do ano, o tombo em relação a 2022, que ficou em 28% no acumulado de janeiro a abril e em 32% até julho, chegou a 36%. O saldo passou de US$ 59,2 bilhões de janeiro a agosto do ano passado para US$ 37, 9 bilhões em igual período de 2023.

Apesar do discurso amigável ao capital estrangeiro feito por Lula nos Estados Unidos, os dados indicam que ainda há muita incerteza no ar em relação aos rumos do atual governo na economia. O próprio Lula deu uma “contribuição milionária”, para usar uma expressão criada pelo escritor Oswald de Andrade, com declarações e propostas que ampliaram a insegurança jurídica do País e deixaram os investidores com o pé atrás.

Fazem parte da lista a paralisação das privatizações, o crescimento do rombo nas contas públicas, as críticas à autonomia do Banco Central e as tentativas de retomada do controle da Eletrobras, privatizada em junho de 2022, e de revogação do novo marco legal do saneamento, aprovado pelo Congresso em 2020, além da mudança nas políticas de preços e de dividendos da Petrobras e da intenção de usar o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o Banco do Brics para apoiar os “companheiros” peronistas na Argentina, com o objetivo de reforçar a posição do grupo, que aparece atrás nas pesquisas, nas eleições de 22 de outubro.

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Também não ajudaram a tranquilizar os investidores estrangeiros as posições de Lula na área externa, como o apoio ao presidente russo, Vladimir Putin, na Guerra da Ucrânia, a afirmação de que pretende estudar a retirada do Brasil do Tribunal Penal Internacional, a defesa das ditaduras da Venezuela, de Cuba e da Nicarágua e os questionamentos sobre o uso do dólar como padrão monetário global.

Modelo malsucedido

É certo que, para os investidores estrangeiros, é melhor ver Lula cortejar o capital estrangeiro do que esbravejar contra o capitalismo e o Ocidente em fóruns internacionais. Mas eles sabem avaliar como ninguém até que ponto seu discurso “paz e amor” em Nova York é coerente com as iniciativas de seu governo até agora.

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Se quiser realmente atrair dólares em profusão, Lula terá de mostrar na prática que não vai repetir o modelo malsucedido do passado, que levou o País à pior recessão em todos os tempos, centrado no gasto descontrolado de recursos públicos, na interferência política nas taxas de juro e na gestão das estatais, no uso de instituições financeiras federais para financiar “campeões nacionais” e governos “amigos” na América Latina, na acomodação de “companheiros” em conselhos de administração de estatais e em benesses de todos os tipos para os servidores da administração direta e indireta.

Até o momento, porém, pelo que se pode observar, o que ele está fazendo é justamente o contrário, ao “dobrar a aposta” no que não deu certo. A seguir nesta toada, não será surpresa se os investimentos externos continuarem a cair em seu governo. Como diz um velho dito popular, “o dinheiro não leva desaforos para casa”.

Durante sua viagem a Nova York, para participar da Assembleia Geral da ONU, em meados de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não perdeu a oportunidade de pedir aos investidores estrangeiros que deem um voto de confiança ao seu governo e apostem no Brasil.

Apesar do discurso amigável ao capital estrangeiro feito por Lula em Nova York, os dados oficiais indicam que ainda há muita incerteza no ar em relação aos rumos do atual governo na economia 

“O Brasil não oferece riscos, oferece oportunidades. Vale a pena investir lá”, afirmou Lula em encontro com executivos do mercado financeiro e da arena empresarial. “Nós, brasileiros, precisamos do investidor estrangeiro para gerar emprego, riqueza e renda. Estamos dispostos a oferecer a vocês um mercado livre, para os produtos que desejarem produzir.”

Mas, embora tenha sido “aplaudido de pé” no evento, segundo o noticiário, parece que os investidores externos não estão “comprando” a narrativa de Lula. Ao menos é o que revelam até agora os números dos investimentos estrangeiros diretos feitos no País no atual governo.

De acordo com os dados mais recentes do Banco Central (BC), a retração dos investidores do exterior vem se acentuando desde o início da gestão de Lula. Em agosto, conforme os dados do BC, os aportes externos líquidos (descontadas as retiradas) na produção registraram uma queda de 57% em relação ao mesmo mês de 2022, de US$ 10 bilhões para US$ 4,3 bilhões.

Nos primeiros oito meses do ano, o tombo em relação a 2022, que ficou em 28% no acumulado de janeiro a abril e em 32% até julho, chegou a 36%. O saldo passou de US$ 59,2 bilhões de janeiro a agosto do ano passado para US$ 37, 9 bilhões em igual período de 2023.

Apesar do discurso amigável ao capital estrangeiro feito por Lula nos Estados Unidos, os dados indicam que ainda há muita incerteza no ar em relação aos rumos do atual governo na economia. O próprio Lula deu uma “contribuição milionária”, para usar uma expressão criada pelo escritor Oswald de Andrade, com declarações e propostas que ampliaram a insegurança jurídica do País e deixaram os investidores com o pé atrás.

Fazem parte da lista a paralisação das privatizações, o crescimento do rombo nas contas públicas, as críticas à autonomia do Banco Central e as tentativas de retomada do controle da Eletrobras, privatizada em junho de 2022, e de revogação do novo marco legal do saneamento, aprovado pelo Congresso em 2020, além da mudança nas políticas de preços e de dividendos da Petrobras e da intenção de usar o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o Banco do Brics para apoiar os “companheiros” peronistas na Argentina, com o objetivo de reforçar a posição do grupo, que aparece atrás nas pesquisas, nas eleições de 22 de outubro.

Também não ajudaram a tranquilizar os investidores estrangeiros as posições de Lula na área externa, como o apoio ao presidente russo, Vladimir Putin, na Guerra da Ucrânia, a afirmação de que pretende estudar a retirada do Brasil do Tribunal Penal Internacional, a defesa das ditaduras da Venezuela, de Cuba e da Nicarágua e os questionamentos sobre o uso do dólar como padrão monetário global.

Modelo malsucedido

É certo que, para os investidores estrangeiros, é melhor ver Lula cortejar o capital estrangeiro do que esbravejar contra o capitalismo e o Ocidente em fóruns internacionais. Mas eles sabem avaliar como ninguém até que ponto seu discurso “paz e amor” em Nova York é coerente com as iniciativas de seu governo até agora.

Se quiser realmente atrair dólares em profusão, Lula terá de mostrar na prática que não vai repetir o modelo malsucedido do passado, que levou o País à pior recessão em todos os tempos, centrado no gasto descontrolado de recursos públicos, na interferência política nas taxas de juro e na gestão das estatais, no uso de instituições financeiras federais para financiar “campeões nacionais” e governos “amigos” na América Latina, na acomodação de “companheiros” em conselhos de administração de estatais e em benesses de todos os tipos para os servidores da administração direta e indireta.

Até o momento, porém, pelo que se pode observar, o que ele está fazendo é justamente o contrário, ao “dobrar a aposta” no que não deu certo. A seguir nesta toada, não será surpresa se os investimentos externos continuarem a cair em seu governo. Como diz um velho dito popular, “o dinheiro não leva desaforos para casa”.

Durante sua viagem a Nova York, para participar da Assembleia Geral da ONU, em meados de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não perdeu a oportunidade de pedir aos investidores estrangeiros que deem um voto de confiança ao seu governo e apostem no Brasil.

Apesar do discurso amigável ao capital estrangeiro feito por Lula em Nova York, os dados oficiais indicam que ainda há muita incerteza no ar em relação aos rumos do atual governo na economia 

“O Brasil não oferece riscos, oferece oportunidades. Vale a pena investir lá”, afirmou Lula em encontro com executivos do mercado financeiro e da arena empresarial. “Nós, brasileiros, precisamos do investidor estrangeiro para gerar emprego, riqueza e renda. Estamos dispostos a oferecer a vocês um mercado livre, para os produtos que desejarem produzir.”

Mas, embora tenha sido “aplaudido de pé” no evento, segundo o noticiário, parece que os investidores externos não estão “comprando” a narrativa de Lula. Ao menos é o que revelam até agora os números dos investimentos estrangeiros diretos feitos no País no atual governo.

De acordo com os dados mais recentes do Banco Central (BC), a retração dos investidores do exterior vem se acentuando desde o início da gestão de Lula. Em agosto, conforme os dados do BC, os aportes externos líquidos (descontadas as retiradas) na produção registraram uma queda de 57% em relação ao mesmo mês de 2022, de US$ 10 bilhões para US$ 4,3 bilhões.

Nos primeiros oito meses do ano, o tombo em relação a 2022, que ficou em 28% no acumulado de janeiro a abril e em 32% até julho, chegou a 36%. O saldo passou de US$ 59,2 bilhões de janeiro a agosto do ano passado para US$ 37, 9 bilhões em igual período de 2023.

Apesar do discurso amigável ao capital estrangeiro feito por Lula nos Estados Unidos, os dados indicam que ainda há muita incerteza no ar em relação aos rumos do atual governo na economia. O próprio Lula deu uma “contribuição milionária”, para usar uma expressão criada pelo escritor Oswald de Andrade, com declarações e propostas que ampliaram a insegurança jurídica do País e deixaram os investidores com o pé atrás.

Fazem parte da lista a paralisação das privatizações, o crescimento do rombo nas contas públicas, as críticas à autonomia do Banco Central e as tentativas de retomada do controle da Eletrobras, privatizada em junho de 2022, e de revogação do novo marco legal do saneamento, aprovado pelo Congresso em 2020, além da mudança nas políticas de preços e de dividendos da Petrobras e da intenção de usar o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o Banco do Brics para apoiar os “companheiros” peronistas na Argentina, com o objetivo de reforçar a posição do grupo, que aparece atrás nas pesquisas, nas eleições de 22 de outubro.

Também não ajudaram a tranquilizar os investidores estrangeiros as posições de Lula na área externa, como o apoio ao presidente russo, Vladimir Putin, na Guerra da Ucrânia, a afirmação de que pretende estudar a retirada do Brasil do Tribunal Penal Internacional, a defesa das ditaduras da Venezuela, de Cuba e da Nicarágua e os questionamentos sobre o uso do dólar como padrão monetário global.

Modelo malsucedido

É certo que, para os investidores estrangeiros, é melhor ver Lula cortejar o capital estrangeiro do que esbravejar contra o capitalismo e o Ocidente em fóruns internacionais. Mas eles sabem avaliar como ninguém até que ponto seu discurso “paz e amor” em Nova York é coerente com as iniciativas de seu governo até agora.

Se quiser realmente atrair dólares em profusão, Lula terá de mostrar na prática que não vai repetir o modelo malsucedido do passado, que levou o País à pior recessão em todos os tempos, centrado no gasto descontrolado de recursos públicos, na interferência política nas taxas de juro e na gestão das estatais, no uso de instituições financeiras federais para financiar “campeões nacionais” e governos “amigos” na América Latina, na acomodação de “companheiros” em conselhos de administração de estatais e em benesses de todos os tipos para os servidores da administração direta e indireta.

Até o momento, porém, pelo que se pode observar, o que ele está fazendo é justamente o contrário, ao “dobrar a aposta” no que não deu certo. A seguir nesta toada, não será surpresa se os investimentos externos continuarem a cair em seu governo. Como diz um velho dito popular, “o dinheiro não leva desaforos para casa”.

Opinião por José Fucs

É repórter especial do Estadão. Jornalista desde 1983, foi repórter especial e editor de Economia da revista Época, editor-chefe da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, editor-executivo da Exame e repórter do Estadão, da Gazeta Mercantil e da Folha. Leia publicações anteriores a 18/4/23 em www.estadao.com.br/politica/blog-do-fucs/

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