Professor da PUC-Rio e economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo escreve quinzenalmente

Opinião|Governo pode precisar subir impostos, o que afetaria ainda mais a popularidade


É difícil um governo ser popular se o que tem a oferecer é aumentar impostos. Mesmo se por razões meritórias

Por José Márcio de Camargo

Nas últimas semanas várias pesquisas de opinião, inclusive uma produzida pela Quaest/Genial, foram divulgadas mostrando uma queda na aprovação do governo e do presidente Lula da Silva. Como resposta à queda de popularidade, o presidente realizou uma reunião ministerial, forçando o ministro da Fazenda a adiar uma viagem já marcada para a Alemanha.

As declarações dos membros do governo Lula antes e depois da reunião mostram perplexidade, que o governo foi pego de surpresa e que não tem um diagnóstico concreto do que está acontecendo. No geral, apontam para falhas na comunicação e dificuldade dos ministros de fazer chegar à população o que está sendo feito.

Nossa avaliação é que o problema é mais estrutural que de comunicação. Em primeiro lugar, apesar de não ter completado nem a metade do mandato, este é um governo “velho”. Todos os projetos são originários de governos anteriores, principalmente dos mandatos da ex-presidente Dilma Rousseff (Minha Casa, Minha Vida, PAC, Bolsa Família, política de valorização do salário mínimo, entre outros), que foram um desastre. É como se fosse um resgate do Dilma 2. Um Dilma 3.

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Segundo, e talvez ainda mais importante, a aprovação da PEC da transição no fim de 2022, que aumentou o teto do gasto em R$ 180 bilhões, forçou o ministro da Fazenda a dedicar o primeiro ano de governo a negociar com o Congresso medidas de aumento de impostos, para gerar as receitas indispensáveis para evitar uma crise fiscal já no início do mandato.

Reunião ministerial realizada na última segunda-feira 18 de março, teve a queda de popularidade do governo como um dos temas Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Apesar das declarações de que os aumentos de impostos vão recair sobre os ricos e poupar os pobres, a história mostra que dificilmente isso é conseguido. A reoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia e a volta do ICMS sobre combustíveis são paradigmáticas. Quem vai pagar esta conta? O efeito sobre os preços já aconteceu.

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Terceiro, o crescimento de 2,9% do PIB em 2023, apesar de positivo, foi concentrado na agropecuária e na extrativa mineral. Setores com pouco spillover para o resto da economia. Foi também concentrado no primeiro semestre. No segundo semestre o PIB estagnou. A taxa de investimento caiu três pontos de porcentagem do PIB no ano.

É difícil um governo ser popular se o que tem a oferecer de novo é aumentar impostos para financiar aumento de gastos e intervenção do Estado na economia. Aumentar impostos nunca é popular. Mesmo se por razões meritórias.

Nas últimas semanas várias pesquisas de opinião, inclusive uma produzida pela Quaest/Genial, foram divulgadas mostrando uma queda na aprovação do governo e do presidente Lula da Silva. Como resposta à queda de popularidade, o presidente realizou uma reunião ministerial, forçando o ministro da Fazenda a adiar uma viagem já marcada para a Alemanha.

As declarações dos membros do governo Lula antes e depois da reunião mostram perplexidade, que o governo foi pego de surpresa e que não tem um diagnóstico concreto do que está acontecendo. No geral, apontam para falhas na comunicação e dificuldade dos ministros de fazer chegar à população o que está sendo feito.

Nossa avaliação é que o problema é mais estrutural que de comunicação. Em primeiro lugar, apesar de não ter completado nem a metade do mandato, este é um governo “velho”. Todos os projetos são originários de governos anteriores, principalmente dos mandatos da ex-presidente Dilma Rousseff (Minha Casa, Minha Vida, PAC, Bolsa Família, política de valorização do salário mínimo, entre outros), que foram um desastre. É como se fosse um resgate do Dilma 2. Um Dilma 3.

Segundo, e talvez ainda mais importante, a aprovação da PEC da transição no fim de 2022, que aumentou o teto do gasto em R$ 180 bilhões, forçou o ministro da Fazenda a dedicar o primeiro ano de governo a negociar com o Congresso medidas de aumento de impostos, para gerar as receitas indispensáveis para evitar uma crise fiscal já no início do mandato.

Reunião ministerial realizada na última segunda-feira 18 de março, teve a queda de popularidade do governo como um dos temas Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Apesar das declarações de que os aumentos de impostos vão recair sobre os ricos e poupar os pobres, a história mostra que dificilmente isso é conseguido. A reoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia e a volta do ICMS sobre combustíveis são paradigmáticas. Quem vai pagar esta conta? O efeito sobre os preços já aconteceu.

Terceiro, o crescimento de 2,9% do PIB em 2023, apesar de positivo, foi concentrado na agropecuária e na extrativa mineral. Setores com pouco spillover para o resto da economia. Foi também concentrado no primeiro semestre. No segundo semestre o PIB estagnou. A taxa de investimento caiu três pontos de porcentagem do PIB no ano.

É difícil um governo ser popular se o que tem a oferecer de novo é aumentar impostos para financiar aumento de gastos e intervenção do Estado na economia. Aumentar impostos nunca é popular. Mesmo se por razões meritórias.

Nas últimas semanas várias pesquisas de opinião, inclusive uma produzida pela Quaest/Genial, foram divulgadas mostrando uma queda na aprovação do governo e do presidente Lula da Silva. Como resposta à queda de popularidade, o presidente realizou uma reunião ministerial, forçando o ministro da Fazenda a adiar uma viagem já marcada para a Alemanha.

As declarações dos membros do governo Lula antes e depois da reunião mostram perplexidade, que o governo foi pego de surpresa e que não tem um diagnóstico concreto do que está acontecendo. No geral, apontam para falhas na comunicação e dificuldade dos ministros de fazer chegar à população o que está sendo feito.

Nossa avaliação é que o problema é mais estrutural que de comunicação. Em primeiro lugar, apesar de não ter completado nem a metade do mandato, este é um governo “velho”. Todos os projetos são originários de governos anteriores, principalmente dos mandatos da ex-presidente Dilma Rousseff (Minha Casa, Minha Vida, PAC, Bolsa Família, política de valorização do salário mínimo, entre outros), que foram um desastre. É como se fosse um resgate do Dilma 2. Um Dilma 3.

Segundo, e talvez ainda mais importante, a aprovação da PEC da transição no fim de 2022, que aumentou o teto do gasto em R$ 180 bilhões, forçou o ministro da Fazenda a dedicar o primeiro ano de governo a negociar com o Congresso medidas de aumento de impostos, para gerar as receitas indispensáveis para evitar uma crise fiscal já no início do mandato.

Reunião ministerial realizada na última segunda-feira 18 de março, teve a queda de popularidade do governo como um dos temas Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Apesar das declarações de que os aumentos de impostos vão recair sobre os ricos e poupar os pobres, a história mostra que dificilmente isso é conseguido. A reoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia e a volta do ICMS sobre combustíveis são paradigmáticas. Quem vai pagar esta conta? O efeito sobre os preços já aconteceu.

Terceiro, o crescimento de 2,9% do PIB em 2023, apesar de positivo, foi concentrado na agropecuária e na extrativa mineral. Setores com pouco spillover para o resto da economia. Foi também concentrado no primeiro semestre. No segundo semestre o PIB estagnou. A taxa de investimento caiu três pontos de porcentagem do PIB no ano.

É difícil um governo ser popular se o que tem a oferecer de novo é aumentar impostos para financiar aumento de gastos e intervenção do Estado na economia. Aumentar impostos nunca é popular. Mesmo se por razões meritórias.

Opinião por José Márcio de Camargo

Professor aposentado do Departamento de Economia da PUC-Rio, é economista-chefe da Genial Investimentos

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