A taxa de investimento da economia brasileira entrou em forte queda a partir do último trimestre de 2022. Entre o último trimestre de 2022 e o terceiro trimestre de 2023, a taxa de investimento caiu de 18,3% para 16,6% do PIB.
No trimestre terminado em outubro, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu -8,5% em relação ao mesmo trimestre de 2022. Em 2023 até outubro, a FBCF caiu -3,4%.
A redução foi generalizada. No trimestre agosto-outubro, máquinas e equipamentos mostraram queda de -14,9%; construção civil, -1,3%; e outros ativos fixos, -11,0%; em relação ao mesmo período de 2022.
Nas últimas semanas, os investidores se viram diante de notícias de que o presidente Lula da Silva estaria tentando interferir na escolha do novo CEO da Vale, com o objetivo de colocar no cargo o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
A Vale é uma empresa privada. A interferência do governo na escolha do CEO da empresa é algo totalmente inusitado. Mostra, no mínimo, que o presidente Lula (e seu partido, o PT) ainda não se conformou com a privatização da empresa e, mais importante, não entendeu as regras de uma economia de mercado.
Após a repercussão negativa, o governo recuou. Entretanto, em contrapartida, anunciou que vai cobrar R$ 25,7 bilhões pela antecipação da renovação de concessões de ferrovias negociadas e realizadas no governo de Jair Bolsonaro. Os investidores viram essa tentativa de cobrança extra como uma penalização à empresa, por não aceitar a interferência do presidente.
Decisões desse tipo são uma das razões da queda da taxa de investimentos em 2023. Entretanto, ela não está isolada. A mudança do marco temporal das terras indígenas, a volta das invasões de terras pelo MST aprovadas pelo governo, o aumento da carga tributária sobre empresas, as incertezas decorrentes da reforma tributária ainda em andamento, as tentativas de interferir na Eletrobras, acabar com a autonomia do Banco Central, mudar o marco regulatório do saneamento, revogar a nova legislação trabalhista, que foram barradas pelo Congresso, são algumas das medidas que geram incerteza e reduzem os investimentos.
A evolução da taxa de investimento é preocupante. Sem investimento, a capacidade produtiva não cresce e o aumento de consumo acaba esbarrando no esgotamento dessa capacidade, o que gera pressão inflacionária e força o Banco Central a aumentar a taxa de juros.