Professor da FEA-USP e membro da Academia Paulista de Letras, José Pastore escreve mensalmente

Opinião|Investimentos em infraestrutura geram empregos em grande escala


Se o Brasil virar um canteiro de obras na próxima década, surgirá entre nós uma verdadeira usina de empregos, pois, nesse campo, temos quase tudo por fazer

Por José Pastore

Os investimentos em infraestrutura têm um colossal impacto na geração de empregos diretos, indiretos e remotos. Os diretos são os da construção das obras. Os indiretos são os da produção de insumos para as obras. E os remotos são os que resultam das obras prontas. Com boa infraestrutura, surgem novas atividades e a produtividade aumenta.

Um estudo recente, baseado em observações em 41 países durante 19 anos, mostrou que US$ 1 milhão de investimento público em estradas, energia, água, saneamento, etc., cria de três a sete postos de trabalho diretos nos países avançados, 10 a 17 nos emergentes (por exemplo, o Brasil) e 16 a 30 nos de baixa renda. A variação é basicamente devida à incorporação de mais ou menos tecnologia. 

Trecho da BR-163, em SC; investimento público em estradas, energia, água, saneamento, etc., cria postos de emprego. Foto: Rossy Ledesma/Estadão - 27/01/2022
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Isso significa que investimentos públicos da ordem de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial em infraestrutura podem gerar de 20 a 33 milhões de empregos diretos e indiretos (Mariano Moszoro, The direct employment impact of public investment, Washington: IMF, 2021).

No Brasil, o investimento em infraestrutura somou R$ 124 bilhões em 2020, inferior aos R$ 128 bilhões em 2016. Nesse período, a parcela pública caiu de R$ 42 bilhões para irrisórios R$ 26 bilhões. A expansão do investimento privado não foi suficiente para compensar a retração do público, o que implicou uma forte contração dos recursos para esse setor – Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Livro Azul da Infraestrutura, 2021. Estamos longe de atender às necessidades da economia e da população, e mais longe ainda das oportunidades de gerar empregos em grande quantidade.

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Além dos investimentos nas áreas convencionais da infraestrutura, nos dias atuais, a necessidade inadiável de descarbonização das nações exige recursos de grande monta e em áreas que geram uma enorme quantidade de empregos e postos de trabalho de vários níveis de qualificação.

Nos últimos anos, o Brasil avançou no campo regulatório com o Novo Marco do Saneamento, a Nova Lei do Gás, a Nova Lei de Falências, a Lei da Liberdade Econômica e outras. Mas o País deixou de fazer as reformas para aumentar a capacidade de investimentos públicos em infraestrutura.

Gostaria de ouvir dos presidenciáveis um plano de longo prazo para a infraestrutura. Se o Brasil virar um canteiro de obras na próxima década, surgirá entre nós uma verdadeira usina de empregos, pois, nesse campo, temos quase tudo por fazer.  

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*PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, PRESIDENTE DO CONSELHO DE EMPREGO E RELAÇÕES DO TRABALHO DA FECOMERCIOSP, É MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS 

Os investimentos em infraestrutura têm um colossal impacto na geração de empregos diretos, indiretos e remotos. Os diretos são os da construção das obras. Os indiretos são os da produção de insumos para as obras. E os remotos são os que resultam das obras prontas. Com boa infraestrutura, surgem novas atividades e a produtividade aumenta.

Um estudo recente, baseado em observações em 41 países durante 19 anos, mostrou que US$ 1 milhão de investimento público em estradas, energia, água, saneamento, etc., cria de três a sete postos de trabalho diretos nos países avançados, 10 a 17 nos emergentes (por exemplo, o Brasil) e 16 a 30 nos de baixa renda. A variação é basicamente devida à incorporação de mais ou menos tecnologia. 

Trecho da BR-163, em SC; investimento público em estradas, energia, água, saneamento, etc., cria postos de emprego. Foto: Rossy Ledesma/Estadão - 27/01/2022

 

Isso significa que investimentos públicos da ordem de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial em infraestrutura podem gerar de 20 a 33 milhões de empregos diretos e indiretos (Mariano Moszoro, The direct employment impact of public investment, Washington: IMF, 2021).

No Brasil, o investimento em infraestrutura somou R$ 124 bilhões em 2020, inferior aos R$ 128 bilhões em 2016. Nesse período, a parcela pública caiu de R$ 42 bilhões para irrisórios R$ 26 bilhões. A expansão do investimento privado não foi suficiente para compensar a retração do público, o que implicou uma forte contração dos recursos para esse setor – Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Livro Azul da Infraestrutura, 2021. Estamos longe de atender às necessidades da economia e da população, e mais longe ainda das oportunidades de gerar empregos em grande quantidade.

Além dos investimentos nas áreas convencionais da infraestrutura, nos dias atuais, a necessidade inadiável de descarbonização das nações exige recursos de grande monta e em áreas que geram uma enorme quantidade de empregos e postos de trabalho de vários níveis de qualificação.

Nos últimos anos, o Brasil avançou no campo regulatório com o Novo Marco do Saneamento, a Nova Lei do Gás, a Nova Lei de Falências, a Lei da Liberdade Econômica e outras. Mas o País deixou de fazer as reformas para aumentar a capacidade de investimentos públicos em infraestrutura.

Gostaria de ouvir dos presidenciáveis um plano de longo prazo para a infraestrutura. Se o Brasil virar um canteiro de obras na próxima década, surgirá entre nós uma verdadeira usina de empregos, pois, nesse campo, temos quase tudo por fazer.  

*PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, PRESIDENTE DO CONSELHO DE EMPREGO E RELAÇÕES DO TRABALHO DA FECOMERCIOSP, É MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS 

Os investimentos em infraestrutura têm um colossal impacto na geração de empregos diretos, indiretos e remotos. Os diretos são os da construção das obras. Os indiretos são os da produção de insumos para as obras. E os remotos são os que resultam das obras prontas. Com boa infraestrutura, surgem novas atividades e a produtividade aumenta.

Um estudo recente, baseado em observações em 41 países durante 19 anos, mostrou que US$ 1 milhão de investimento público em estradas, energia, água, saneamento, etc., cria de três a sete postos de trabalho diretos nos países avançados, 10 a 17 nos emergentes (por exemplo, o Brasil) e 16 a 30 nos de baixa renda. A variação é basicamente devida à incorporação de mais ou menos tecnologia. 

Trecho da BR-163, em SC; investimento público em estradas, energia, água, saneamento, etc., cria postos de emprego. Foto: Rossy Ledesma/Estadão - 27/01/2022

 

Isso significa que investimentos públicos da ordem de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial em infraestrutura podem gerar de 20 a 33 milhões de empregos diretos e indiretos (Mariano Moszoro, The direct employment impact of public investment, Washington: IMF, 2021).

No Brasil, o investimento em infraestrutura somou R$ 124 bilhões em 2020, inferior aos R$ 128 bilhões em 2016. Nesse período, a parcela pública caiu de R$ 42 bilhões para irrisórios R$ 26 bilhões. A expansão do investimento privado não foi suficiente para compensar a retração do público, o que implicou uma forte contração dos recursos para esse setor – Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Livro Azul da Infraestrutura, 2021. Estamos longe de atender às necessidades da economia e da população, e mais longe ainda das oportunidades de gerar empregos em grande quantidade.

Além dos investimentos nas áreas convencionais da infraestrutura, nos dias atuais, a necessidade inadiável de descarbonização das nações exige recursos de grande monta e em áreas que geram uma enorme quantidade de empregos e postos de trabalho de vários níveis de qualificação.

Nos últimos anos, o Brasil avançou no campo regulatório com o Novo Marco do Saneamento, a Nova Lei do Gás, a Nova Lei de Falências, a Lei da Liberdade Econômica e outras. Mas o País deixou de fazer as reformas para aumentar a capacidade de investimentos públicos em infraestrutura.

Gostaria de ouvir dos presidenciáveis um plano de longo prazo para a infraestrutura. Se o Brasil virar um canteiro de obras na próxima década, surgirá entre nós uma verdadeira usina de empregos, pois, nesse campo, temos quase tudo por fazer.  

*PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, PRESIDENTE DO CONSELHO DE EMPREGO E RELAÇÕES DO TRABALHO DA FECOMERCIOSP, É MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS 

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