O crescimento do PIB deve ser, mais uma vez, maior do que o esperado por muitos, talvez algo como 2,5%, mesmo considerando que deveremos ter alguma perda de safra. Devido ao clima, a MB Agro estima, preliminarmente, uma quebra de 15 milhões de toneladas de grãos.
A primeira razão para nossa proposição é que, ao final de dezembro, o Tesouro pagou algo como R$ 90 bilhões de precatórios, boa parte dos quais referentes a casos envolvendo o INSS. Dependendo do multiplicador de gastos, pode-se esperar uma alta de até 0,5% do PIB. Além disso, seguramente teremos um déficit primário de alguma relevância neste ano.
O mercado de trabalho tem mostrado um desempenho sempre melhor do que o esperado, seja no que tange ao crescimento do número de ocupados, que atingiu 100 milhões no final de 2023, seja na variação dos rendimentos. Também surpreendente foi a melhora na produtividade da mão de obra nos primeiros três trimestres do ano passado, como mostrou Fernando Veloso. Acredito que essas tendências continuarão no exercício que se inicia, inclusive a elevação do número de beneficiários de transferências públicas.
Certamente, a reforma trabalhista tem dado uma contribuição importante. Além disso, em muitas empresas pequenas a utilização de plataformas digitais vem elevando a produtividade de forma significativa, especialmente nos prestadores de serviços às famílias. Esse grupo teve um impulso com as inovações financeiras, como Pix, maquininhas e bancos digitais, que permitem uma gestão com eficiência e custos muito mais baixos.
Na última avaliação do Pisa, os mais de 200 mil alunos dos cursos técnicos no Estado de São Paulo tiveram nota bastante melhor do que a média brasileira, beneficiando inúmeros setores, como serviços e agropecuária.
Esperamos também que a continuidade da queda na inflação, da Selic e da inadimplência das famílias permitam a expansão do crédito e do consumo. Por exemplo, o programa Desenrola 2 beneficiou até agora 11 milhões de pessoas, renegociando R$ 33 bilhões de dívidas.
Penso que os investimentos em infraestrutura serão maiores que os do ano passado e que a balança comercial seguirá apresentando saldos positivos muito significativos. Para 2024, projetamos US$ 85 bilhões.
Encerro chamando a atenção para algo surpreendente: embora ainda levará tempo para que a reforma tributária seja implantada, vejo muitos casos nos quais empresas já estão redefinindo sua estrutura logística, um passo importante na maior eficiência da economia.