Economista e sócio da MB Associados

Opinião|Meses depois, a previsão segue a mesma: plano econômico de Milei vai naufragar


Os brutais ajustes vão solapar a operação da economia e o apoio da sociedade na Argentina

Por José Roberto Mendonça de Barros

Em 31 de março passado, argumentei que o Plano Milei tinha inconsistências, que o governo era politicamente fraco e que os brutais ajustes acabariam por solapar a operação da economia e o suporte da sociedade.

Prestes a completar seis meses de governo, me parece ainda mais claro que aquele diagnóstico está mantido, a despeito de algumas vitórias, especialmente no campo fiscal, e da manutenção de um robusto suporte de 50% da população.

Antes de tudo, vale ressaltar a fragilidade do executivo. Quem conhece um pouco da história do real, certamente concordará que, mesmo com o brilhantismo do plano e o cuidado de um ano de preparação, a operação muito firme de Fernando Henrique Cardoso à frente do governo foi fundamental para a consolidação do sucesso.

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Nada disso é verdade no caso argentino. Milei não lidera a operação político/administrativa, gosta mais de viajar para encontros da extrema direita, cria atritos com outros países, a operação no Congresso é fraca e o seu chefe de gabinete acaba de sair.

Milei perde muito tempo viajando para reuniões internacionais de políticos de extrema-direita e não comanda ajuste na Argentina. Foto do dia 25 de maio de 2024 Foto: Leandro Bustamante Gomez / Reuters

O executivo argentino vive um dilema: para ter apoio no Congresso, Milei precisa dos governadores. Mas, para ter esse suporte, será necessário liberar recursos para as províncias, o que fará retroceder o ajuste fiscal.

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A inflação vem caindo desde o pico de 25% em dezembro e, em março, foi de 8,8% (250% anualizado), um número ainda desconfortável a ponto de levar à postergação dos ajustes de preços de energia, transportes e seguro saúde. O desarranjo de preços relativos ainda é enorme. O tombo na atividade no primeiro trimestre foi maior que o esperado, de 5,3% no PIB. Em março, a construção civil caiu 30% em termos anualizados e a manufatura, 20%. Apenas a agricultura apresentou expansão, de 14%.

Mais recentemente, uma crise no abastecimento de gás levou o governo a reduzir as entregas no setor industrial para preservar o aquecimento das residências. Isso vai derrubar ainda mais a produção, e não se sabe até onde irá a escassez, num momento de elevação da demanda pela chegada da estação fria.

Mas o maior indicador de problemas é a recente desvalorização do peso em relação ao dólar para a faixa de 1.200-1.300, movimento contrário ao esperado pelo governo, que precisa da valorização do peso para manter a viabilidade do ajuste brutal em curso na economia.

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O enfraquecimento do peso também coloca em xeque a forte redução da taxa básica de juros pelo Banco Central, que hoje está na casa de 40%, fortemente negativa quando comparada com uma inflação de três dígitos ainda em curso.

Dias difíceis vêm por aí.

Em 31 de março passado, argumentei que o Plano Milei tinha inconsistências, que o governo era politicamente fraco e que os brutais ajustes acabariam por solapar a operação da economia e o suporte da sociedade.

Prestes a completar seis meses de governo, me parece ainda mais claro que aquele diagnóstico está mantido, a despeito de algumas vitórias, especialmente no campo fiscal, e da manutenção de um robusto suporte de 50% da população.

Antes de tudo, vale ressaltar a fragilidade do executivo. Quem conhece um pouco da história do real, certamente concordará que, mesmo com o brilhantismo do plano e o cuidado de um ano de preparação, a operação muito firme de Fernando Henrique Cardoso à frente do governo foi fundamental para a consolidação do sucesso.

Nada disso é verdade no caso argentino. Milei não lidera a operação político/administrativa, gosta mais de viajar para encontros da extrema direita, cria atritos com outros países, a operação no Congresso é fraca e o seu chefe de gabinete acaba de sair.

Milei perde muito tempo viajando para reuniões internacionais de políticos de extrema-direita e não comanda ajuste na Argentina. Foto do dia 25 de maio de 2024 Foto: Leandro Bustamante Gomez / Reuters

O executivo argentino vive um dilema: para ter apoio no Congresso, Milei precisa dos governadores. Mas, para ter esse suporte, será necessário liberar recursos para as províncias, o que fará retroceder o ajuste fiscal.

A inflação vem caindo desde o pico de 25% em dezembro e, em março, foi de 8,8% (250% anualizado), um número ainda desconfortável a ponto de levar à postergação dos ajustes de preços de energia, transportes e seguro saúde. O desarranjo de preços relativos ainda é enorme. O tombo na atividade no primeiro trimestre foi maior que o esperado, de 5,3% no PIB. Em março, a construção civil caiu 30% em termos anualizados e a manufatura, 20%. Apenas a agricultura apresentou expansão, de 14%.

Mais recentemente, uma crise no abastecimento de gás levou o governo a reduzir as entregas no setor industrial para preservar o aquecimento das residências. Isso vai derrubar ainda mais a produção, e não se sabe até onde irá a escassez, num momento de elevação da demanda pela chegada da estação fria.

Mas o maior indicador de problemas é a recente desvalorização do peso em relação ao dólar para a faixa de 1.200-1.300, movimento contrário ao esperado pelo governo, que precisa da valorização do peso para manter a viabilidade do ajuste brutal em curso na economia.

O enfraquecimento do peso também coloca em xeque a forte redução da taxa básica de juros pelo Banco Central, que hoje está na casa de 40%, fortemente negativa quando comparada com uma inflação de três dígitos ainda em curso.

Dias difíceis vêm por aí.

Em 31 de março passado, argumentei que o Plano Milei tinha inconsistências, que o governo era politicamente fraco e que os brutais ajustes acabariam por solapar a operação da economia e o suporte da sociedade.

Prestes a completar seis meses de governo, me parece ainda mais claro que aquele diagnóstico está mantido, a despeito de algumas vitórias, especialmente no campo fiscal, e da manutenção de um robusto suporte de 50% da população.

Antes de tudo, vale ressaltar a fragilidade do executivo. Quem conhece um pouco da história do real, certamente concordará que, mesmo com o brilhantismo do plano e o cuidado de um ano de preparação, a operação muito firme de Fernando Henrique Cardoso à frente do governo foi fundamental para a consolidação do sucesso.

Nada disso é verdade no caso argentino. Milei não lidera a operação político/administrativa, gosta mais de viajar para encontros da extrema direita, cria atritos com outros países, a operação no Congresso é fraca e o seu chefe de gabinete acaba de sair.

Milei perde muito tempo viajando para reuniões internacionais de políticos de extrema-direita e não comanda ajuste na Argentina. Foto do dia 25 de maio de 2024 Foto: Leandro Bustamante Gomez / Reuters

O executivo argentino vive um dilema: para ter apoio no Congresso, Milei precisa dos governadores. Mas, para ter esse suporte, será necessário liberar recursos para as províncias, o que fará retroceder o ajuste fiscal.

A inflação vem caindo desde o pico de 25% em dezembro e, em março, foi de 8,8% (250% anualizado), um número ainda desconfortável a ponto de levar à postergação dos ajustes de preços de energia, transportes e seguro saúde. O desarranjo de preços relativos ainda é enorme. O tombo na atividade no primeiro trimestre foi maior que o esperado, de 5,3% no PIB. Em março, a construção civil caiu 30% em termos anualizados e a manufatura, 20%. Apenas a agricultura apresentou expansão, de 14%.

Mais recentemente, uma crise no abastecimento de gás levou o governo a reduzir as entregas no setor industrial para preservar o aquecimento das residências. Isso vai derrubar ainda mais a produção, e não se sabe até onde irá a escassez, num momento de elevação da demanda pela chegada da estação fria.

Mas o maior indicador de problemas é a recente desvalorização do peso em relação ao dólar para a faixa de 1.200-1.300, movimento contrário ao esperado pelo governo, que precisa da valorização do peso para manter a viabilidade do ajuste brutal em curso na economia.

O enfraquecimento do peso também coloca em xeque a forte redução da taxa básica de juros pelo Banco Central, que hoje está na casa de 40%, fortemente negativa quando comparada com uma inflação de três dígitos ainda em curso.

Dias difíceis vêm por aí.

Em 31 de março passado, argumentei que o Plano Milei tinha inconsistências, que o governo era politicamente fraco e que os brutais ajustes acabariam por solapar a operação da economia e o suporte da sociedade.

Prestes a completar seis meses de governo, me parece ainda mais claro que aquele diagnóstico está mantido, a despeito de algumas vitórias, especialmente no campo fiscal, e da manutenção de um robusto suporte de 50% da população.

Antes de tudo, vale ressaltar a fragilidade do executivo. Quem conhece um pouco da história do real, certamente concordará que, mesmo com o brilhantismo do plano e o cuidado de um ano de preparação, a operação muito firme de Fernando Henrique Cardoso à frente do governo foi fundamental para a consolidação do sucesso.

Nada disso é verdade no caso argentino. Milei não lidera a operação político/administrativa, gosta mais de viajar para encontros da extrema direita, cria atritos com outros países, a operação no Congresso é fraca e o seu chefe de gabinete acaba de sair.

Milei perde muito tempo viajando para reuniões internacionais de políticos de extrema-direita e não comanda ajuste na Argentina. Foto do dia 25 de maio de 2024 Foto: Leandro Bustamante Gomez / Reuters

O executivo argentino vive um dilema: para ter apoio no Congresso, Milei precisa dos governadores. Mas, para ter esse suporte, será necessário liberar recursos para as províncias, o que fará retroceder o ajuste fiscal.

A inflação vem caindo desde o pico de 25% em dezembro e, em março, foi de 8,8% (250% anualizado), um número ainda desconfortável a ponto de levar à postergação dos ajustes de preços de energia, transportes e seguro saúde. O desarranjo de preços relativos ainda é enorme. O tombo na atividade no primeiro trimestre foi maior que o esperado, de 5,3% no PIB. Em março, a construção civil caiu 30% em termos anualizados e a manufatura, 20%. Apenas a agricultura apresentou expansão, de 14%.

Mais recentemente, uma crise no abastecimento de gás levou o governo a reduzir as entregas no setor industrial para preservar o aquecimento das residências. Isso vai derrubar ainda mais a produção, e não se sabe até onde irá a escassez, num momento de elevação da demanda pela chegada da estação fria.

Mas o maior indicador de problemas é a recente desvalorização do peso em relação ao dólar para a faixa de 1.200-1.300, movimento contrário ao esperado pelo governo, que precisa da valorização do peso para manter a viabilidade do ajuste brutal em curso na economia.

O enfraquecimento do peso também coloca em xeque a forte redução da taxa básica de juros pelo Banco Central, que hoje está na casa de 40%, fortemente negativa quando comparada com uma inflação de três dígitos ainda em curso.

Dias difíceis vêm por aí.

Opinião por José Roberto Mendonça de Barros

Economista e sócio da MB Associados

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