BRASÍLIA - Como efeito do ciclo de alta acelerada da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa média de juros no crédito livre passou de 38% ao ano em maio para 39% ao ano em junho, informou nesta segunda-feira, 29, o Banco Central.
Trata-se da maior taxa desde abril de 2018, quando ficou 40,6% ao ano, ou seja, em pouco mais de quatro anos. Em maio deste ano, o juro médio estava em 38% ao ano.
O juro bancário médio com recursos livres não inclui os setores habitacional, rural e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Nesta segunda, o BC divulgou os dados de maio e junho, mas as Estatísticas de Crédito continuam defasadas devido aos efeitos da greve dos servidores do órgão, encerrada no início de julho. Nesta época do ano, já estariam disponíveis os números do sétimo mês de 2022.
Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 50,4% para 51,5% ao ano de maio para junho, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 21,9% para 22,6%.
Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 127,9% ao ano para 129,2% ao ano de maio para junho. É a maior taxa desde abril de 2022, quando somou 132,7% ao ano. Para comparação, no crédito pessoal, a taxa passou de 40,6% para 41,4% ao ano.
Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).
Além da limitação do juro, os dados atuais refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. Os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.
Já nas operações com cartão de crédito rotativo, os juros bancários cobrados das pessoas físicas subiram de 368,8% ao ano, em maio, para 370,4% ao ano, em junho de 2021. Essa é a maior taxa desde agosto de 2017 (428% ao ano).
O crédito rotativo do cartão de crédito, cuja demanda em 2021 foi a maior em dez anos, pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente.
Os dados divulgados nesta segunda pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 27,2% ao ano em maio para 27,4% em junho.
A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 27,6% ao ano em maio para 28,1% ao ano em junho. No sexto mês de 2021, estava em 20,0%.
Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,3 ponto porcentual em junho ante maio aos 20,5% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.