‘Nunca escutei tanta besteira no Brasil como nos últimos 4 anos’, diz autor de Antologia da Maldade


Para Fabio Giambiagi, que escreveu o livro em parceria com Gustavo Franco, nunca houve tantas pessoas desqualificadas emitindo opiniões tão absurdas sobre temas relevantes

Por Vinicius Neder
Atualização:

RIO - Sete anos depois, os economistas Fabio Giambiagi e Gustavo Franco estão de volta às livrarias com o segundo volume do livro de citações “Antologia da Maldade” (Zahar). O lançamento será marcado por uma sessão de autógrafos com os autores no próximo dia 24, no Rio. O estilo é o mesmo do primeiro volume, de 2015.

Organizadas em verbetes, as citações são frases de artistas, jornalistas, políticos, entre outros, que ganharam destaque no noticiário, além de clássicos centenários da literatura, da ciência e da filosofia. A taxonomia não é marcada por temas. Tem, isso sim, a função de criar associações maliciosas, irônicas, maldosas, ou venenosas - para ficar na definição dos próprios autores.

O economista Gustavo Franco, um dos autores do segundo volume do livro "Antologia da Maldade"  Foto: Estadão Conteúdo
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“Muito da maldade, ou do veneno, reside em se abduzirem as frases de seu local de origem: tirá-las de seu contexto original de forma maldosa, eis a receita, e os verbetes procuram auxiliar o leitor quando tiver a necessidade de praticar a arcana arte do envenenamento verbal ou escrito”, escrevem Francos e Giambiagi, num trecho da apresentação do segundo volume.

Ironia

Se o estilo foi mantido, o cenário político, cultural e até sanitário - por que não? - do País é outro. “Onde tínhamos ‘contabilidade criativa’ e ‘pedaladas’, bem como a armazenagem do vento, agora temos outras esquisitices, como o ‘negacionismo’ e aquelas decorrentes da polarização política extrema, sem esquecer as vacinas que convertem seres humanos em jacarés”, diz outro trecho da apresentação.

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A diferença aparece também no subtítulo de cada volume. No primeiro, era “Um dicionário de citações, associações ilícitas e ligações perigosas”. Agora, no segundo, é “Epígrafes para um país estressado”. Se o momento do País parece mais grave, para os autores, a ironia pode servir para “aguçar o senso de ridículo” dos exageros atuais, dialogando com “a realidade de um país nervoso, meio dilacerado em refeições familiares que terminam em gritos e palavras amargas de recriminação” e nos quais “todos ralham e ninguém mais se entende”.

‘Nunca escutei tanta besteira’

Ao Estadão, Giambiagi disse que os dois contextos são muito ruins, mas o momento atual é pior. Em 2015, “havia uma situação econômica terrível”. O humor, então, “era uma forma de ajudar a nós e aos leitores a lidar com essas angústias do dia a dia”. Agora, continua o economista, “o buraco é mais embaixo”, porque o País “regrediu”.

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“Primeiro, em termos políticos: naquela época se discutiu um impeachment dentro das quatro linhas do campo de jogo e agora estamos discutindo se o resultado das urnas será aceito ou não pelo perdedor. Segundo, em termos civilizatórios: antes lidávamos com as frases às vezes ridículas da (ex-presidente) Dilma (Rousseff) e agora estamos lidando com a barbárie, como a indiferença diante da morte de quase 700 mil pessoas, do desmatamento da Amazônia, etc. E terceiro, em termos mentais: eu nasci aqui, mas fui para a Argentina com apenas 10 meses de idade e voltei com 14 anos. Em 46 anos de Brasil, nunca escutei tanta besteira como nos últimos quatro anos e nunca vi tantas pessoas desqualificadas emitindo opiniões absurdas sobre temas relevantes. Vale a frase citada no texto, do Augusto Frederico Schmidt, ‘o Brasil virou um país considerado idiota’. Isso entristece”, disse Giambiagi.

O economista Fabio Giambiagi fala sobre o novo livro "Antologia da Maldade" ao Estadão  Foto: Wilton Júnior/Estadão

A diferença de cenário passa também pelos líderes políticos. Se a ex-presidente Dilma Rousseff, no poder quando do lançamento do primeiro volume, produzia uma “profusão de tiradas extraordinárias”, o presidente Jair Bolsonaro (PL) “raramente é irônico e leve, quase sempre é truculento e, amiúde, destituído de qualquer compostura”, escrevem os autores na apresentação.

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“Bolsonarices”

Questionado se o estilo de Bolsonaro se presta menos às “maldades” propostas pela obra, Giambiagi reconheceu que “algumas frases realmente não se encaixaram no espírito do livro”. Segundo o economista, a versão inicial da obra trazia mais citações do atual presidente da República. “Depois, relendo as frases, havia algumas tão escatológicas e outras tão frias, que revelavam tal grau de espantosa falta de empatia com os dramas da pandemia, que entendemos que seria meio chocante colocar todas”, afirmou Giambiagi. Para as citações de Bolsonaro, há inclusive um verbete específico, “Bolsonarices”.

Assim como no primeiro volume, Franco e Giambiagi não poupam os colegas economistas da ironia, mas, no segundo volume, chama a atenção a profusão de frases do ministro da Economia, Paulo Guedes. Questionado se o fato de Guedes - polemista conhecido pela língua ferina, que não parece ter papas - estar no comando da política econômica do País elevou a quantidade de veneno destilado contra os colegas economistas, Giambiagi citou um antigo político mineiro, sem dar nomes: “Criticar o Governo é tão gostoso que não deveria ser privilégio da oposição”.

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Capa do segundo volume do livro Antologia da Maldade Foto: Divulgação

“Guedes levantava a bola com as frases dele e a gente chutava em gol. Observe que no Maldades 1 havia apenas duas frases do Pedro Malan (ministro da Fazenda de 1995 a 2002, durante o governo Fernando Henrique Cardoso) e ambas eram bem interessantes, uma delas aquela famosa de que aqui (no Brasil) ‘até o passado é incerto’. Por quê? Porque o Pedro foi um ministro que ficou oito anos no cargo e não cometeu um único deslize verbal. O autocontrole dele para medir cada palavra era uma coisa invejável. Já o Paulo Guedes tem uma verborragia incontrolável e produz três boas frases por semana, das quais duas deixam ele ou o governo muito mal. Como ministro, o Pedro Malan trouxe mais resultados para o País em matéria de reformas, mas, como frasista, eu como autor de livros, prefiro muito mais o Paulo Guedes. Ele virou praticamente um sócio nosso com sua loquacidade”, disse Giambiagi.

No cenário atual, uma citação do jornalista Carlos Alberto Sardenberg, sobre os rumos do País diante das eleições gerais de outubro - “Não tem graça votar no Bolsonaro para derrotar o Lula e agora votar no Lula para derrotar o Bolsonaro” - é “um fiel retrato de época”, segundo Giambiagi. “Se você perguntasse aos eleitores de Bolsonaro em 2018 por que votavam nele, a resposta era: ‘Para não ter o PT no Poder’. E hoje a campanha do PT é para quê? Não para eleger uma proposta programática, pois esta é um mistério, e, sim, ‘para tirar o Bolsonaro do Poder’. O Sardenberg reportou uma realidade inegável, um dado da realidade”, afirmou o economista.

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Troca de mensagens no WhatsApp

Conforme Giambiagi, o trabalho para o segundo volume começou logo após terminar o do primeiro. A ideia de organizar as antologias da maldade, inspirada na obra de Ambrose Bierce - “Dicionário do Diabo”, publicado no início do século 20 -, tem muito a ver com o perfil dos autores. A ironia fina é uma marca das manifestações dos dois economistas no debate público. Por ocasião do lançamento do primeiro volume, em 2015, Franco contou, em entrevista ao Estadão, que tudo começou quando Giambiagi falou de seu “acervo” de citações, que colecionou a vida inteira. “Peguei as citações do Fábio e ele pegou as minhas. Organizamos em verbetes. Depois fomos olhar as da atualidade. Isso a gente fez em cinco minutos. Mas, a partir daí, a atualidade foi assoberbando a gente de tal forma, que era todo dia uma nova (citação)”, contou Franco, em 2015. O trabalho todo do primeiro volume levou cinco meses.

Já as citações do volume recém-lançado, eles começaram a compilar tão logo terminaram o primeiro volume “por uma razão muito simples: a realidade produzia frases de forma incessante”, contou Giambiagi. “Nesses anos ficamos trocando mensagens de WhatsApp com alguma frequência dizendo ‘olha essa frase para o Maldades 2 que bem cairia’. O projeto atual começou a ganhar forma em 2021, quando eu levei ao Gustavo uma proposta de cronograma. Na altura de setembro ou outubro, acho, fiz a ele uma proposta inicial com o que a gente tinha juntado e depois ele trabalhou até fevereiro numa nova versão, posteriormente aprimorada no trabalho conjunto com a editora, que fez uma excelente edição, corrigindo citações imprecisas e eliminando algumas frases que não estavam à altura das outras”, disse o economista.

Veja algumas frases reunidas sob os tópicos em que aparecem no livro

BOLSONARICES

“Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado. Eu sei que custa caro. Tem um idiota: ‘Ah, tem que comprar é feijão’. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar.”

JAIR BOLSONARO, presidente da república

“Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga.”

JAIR BOLSONARO, nos Estados Unidos, em 10 de março de 2020

“Não sou coveiro, tá certo?”

JAIR BOLSONARO, ao ser questionado sobre o número de mortes provocadas pela pandemia de Covid-19, em 2020

CAMPEÕES NACIONAIS

“O BNDES financiou de tudo: do alfinete ao foguete.”

CLAUDIA PRATES, ex-diretora do BNDES

DELÍRIO

“Depois que nós anunciamos o pré-sal, em 2007, [os Estados Unidos] renovaram a Quarta Frota para tomar conta do Atlântico.”

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, ex-presidente da República, em comício, em novembro de 2016

“Hoje é um dia memorável.”

MICHELLE BOLSONARO, primeira-dama da República, ao inaugurar a exposição com as roupas que ela e o marido usaram na posse em Brasília

DILMICE

“Na verdade, seria incompreensível se a consciência de minha presença no mundo não significasse já a impossibilidade de minha ausência na construção da própria presença.”

PAULO FREIRE (1921-1997), educador, em “Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa, de 1996

“Quem puder apagar uma luz na casa, apague, eu peço por favor. Não usem elevador. Tomar banho é bom, mas, se a pessoa puder tomar banho frio, é muito mais saudável. Ajude o Brasil.”

JAIR BOLSONARO, diante do risco de racionamento energético

DISTANCIAMENTO SOCIAL

“Arranjem para ele um lugar bem longe do dinheiro.”

TANCREDO NEVES (1910-1985), político, a seus assessores, acerca do apoio de um político de má fama, mas com força legislativa

“Não costumo assistir aos filmes que critico para não deixar que a obra interfira na minha análise independente.”

MARCELO MADUREIRA, humorista

“Nunca estive na casa do presidente no Rio. Estive no Palácio da Alvorada a trabalho e em um almoço, mesmo assim não abri a geladeira.”

ANTONIO BARRA TORRES, médico, contra-almirante, diretor presidente da Anvisa

NOVA MATRIZ

“Às vezes, finjo ser outra pessoa. Às vezes eu sou a Janete.”

DILMA ROUSSEFF, ex-presidente da República, explicando o que faz quando recebe ligações de vendedores de serviços das operadoras telefônicas

“Dilma atingiu o máximo de sua popularidade de curto prazo quando estava no máximo de seus erros de longo prazo.”

ANTONIO DELFIM NETTO, ex-ministro da Fazenda

ECONOMISTAS NO GOVERNO

“Goleiro é uma posição tão amaldiçoada que onde ele pisa nem grama nasce.”

NENÉM PRANCHA (1906-1976), “filósofo” do futebol

“Não existe mulher feia. O que existe é mulher observada pelo ângulo errado.”

PAULO GUEDES, ministro da Economia, em palestra de 2019

SOBREPREÇO

“Eu estou sempre aqui, governador. Os senhores é que mudam.”

SEBASTIÃO CAMARGO (1909-1994), presidente da construtora Camargo Corrêa, na posse do governador de São Paulo, ao encontrar o ex-governador, que lhe disse: “Sebastião Camargo, você por aqui?”

“Foi uma coisa que foi acontecendo dos dois lados. Tanto um oferece quanto o outro recebe, vai estreitando o relacionamento, vai surgindo, e, quando a gente vê, está no meio desse processo. Uma coisa contínua, quando a gente vê, já está acontecendo.”

PEDRO BARUSCO, delator do Petrolão, em depoimento à Justiça

Serviço

Antologia da maldade 2: epígrafes para um país estressado

Editora: Zahar

Número de páginas: 184

Preço: R$ 89,90 ou R$ 39,90 (e-book)

Lançamento: quarta-feira, 24 de agosto, na Livraria da Travesa do Shopping Leblon (Av. Afrânio de Melo Franco, 290)

RIO - Sete anos depois, os economistas Fabio Giambiagi e Gustavo Franco estão de volta às livrarias com o segundo volume do livro de citações “Antologia da Maldade” (Zahar). O lançamento será marcado por uma sessão de autógrafos com os autores no próximo dia 24, no Rio. O estilo é o mesmo do primeiro volume, de 2015.

Organizadas em verbetes, as citações são frases de artistas, jornalistas, políticos, entre outros, que ganharam destaque no noticiário, além de clássicos centenários da literatura, da ciência e da filosofia. A taxonomia não é marcada por temas. Tem, isso sim, a função de criar associações maliciosas, irônicas, maldosas, ou venenosas - para ficar na definição dos próprios autores.

O economista Gustavo Franco, um dos autores do segundo volume do livro "Antologia da Maldade"  Foto: Estadão Conteúdo

“Muito da maldade, ou do veneno, reside em se abduzirem as frases de seu local de origem: tirá-las de seu contexto original de forma maldosa, eis a receita, e os verbetes procuram auxiliar o leitor quando tiver a necessidade de praticar a arcana arte do envenenamento verbal ou escrito”, escrevem Francos e Giambiagi, num trecho da apresentação do segundo volume.

Ironia

Se o estilo foi mantido, o cenário político, cultural e até sanitário - por que não? - do País é outro. “Onde tínhamos ‘contabilidade criativa’ e ‘pedaladas’, bem como a armazenagem do vento, agora temos outras esquisitices, como o ‘negacionismo’ e aquelas decorrentes da polarização política extrema, sem esquecer as vacinas que convertem seres humanos em jacarés”, diz outro trecho da apresentação.

A diferença aparece também no subtítulo de cada volume. No primeiro, era “Um dicionário de citações, associações ilícitas e ligações perigosas”. Agora, no segundo, é “Epígrafes para um país estressado”. Se o momento do País parece mais grave, para os autores, a ironia pode servir para “aguçar o senso de ridículo” dos exageros atuais, dialogando com “a realidade de um país nervoso, meio dilacerado em refeições familiares que terminam em gritos e palavras amargas de recriminação” e nos quais “todos ralham e ninguém mais se entende”.

‘Nunca escutei tanta besteira’

Ao Estadão, Giambiagi disse que os dois contextos são muito ruins, mas o momento atual é pior. Em 2015, “havia uma situação econômica terrível”. O humor, então, “era uma forma de ajudar a nós e aos leitores a lidar com essas angústias do dia a dia”. Agora, continua o economista, “o buraco é mais embaixo”, porque o País “regrediu”.

“Primeiro, em termos políticos: naquela época se discutiu um impeachment dentro das quatro linhas do campo de jogo e agora estamos discutindo se o resultado das urnas será aceito ou não pelo perdedor. Segundo, em termos civilizatórios: antes lidávamos com as frases às vezes ridículas da (ex-presidente) Dilma (Rousseff) e agora estamos lidando com a barbárie, como a indiferença diante da morte de quase 700 mil pessoas, do desmatamento da Amazônia, etc. E terceiro, em termos mentais: eu nasci aqui, mas fui para a Argentina com apenas 10 meses de idade e voltei com 14 anos. Em 46 anos de Brasil, nunca escutei tanta besteira como nos últimos quatro anos e nunca vi tantas pessoas desqualificadas emitindo opiniões absurdas sobre temas relevantes. Vale a frase citada no texto, do Augusto Frederico Schmidt, ‘o Brasil virou um país considerado idiota’. Isso entristece”, disse Giambiagi.

O economista Fabio Giambiagi fala sobre o novo livro "Antologia da Maldade" ao Estadão  Foto: Wilton Júnior/Estadão

A diferença de cenário passa também pelos líderes políticos. Se a ex-presidente Dilma Rousseff, no poder quando do lançamento do primeiro volume, produzia uma “profusão de tiradas extraordinárias”, o presidente Jair Bolsonaro (PL) “raramente é irônico e leve, quase sempre é truculento e, amiúde, destituído de qualquer compostura”, escrevem os autores na apresentação.

“Bolsonarices”

Questionado se o estilo de Bolsonaro se presta menos às “maldades” propostas pela obra, Giambiagi reconheceu que “algumas frases realmente não se encaixaram no espírito do livro”. Segundo o economista, a versão inicial da obra trazia mais citações do atual presidente da República. “Depois, relendo as frases, havia algumas tão escatológicas e outras tão frias, que revelavam tal grau de espantosa falta de empatia com os dramas da pandemia, que entendemos que seria meio chocante colocar todas”, afirmou Giambiagi. Para as citações de Bolsonaro, há inclusive um verbete específico, “Bolsonarices”.

Assim como no primeiro volume, Franco e Giambiagi não poupam os colegas economistas da ironia, mas, no segundo volume, chama a atenção a profusão de frases do ministro da Economia, Paulo Guedes. Questionado se o fato de Guedes - polemista conhecido pela língua ferina, que não parece ter papas - estar no comando da política econômica do País elevou a quantidade de veneno destilado contra os colegas economistas, Giambiagi citou um antigo político mineiro, sem dar nomes: “Criticar o Governo é tão gostoso que não deveria ser privilégio da oposição”.

Capa do segundo volume do livro Antologia da Maldade Foto: Divulgação

“Guedes levantava a bola com as frases dele e a gente chutava em gol. Observe que no Maldades 1 havia apenas duas frases do Pedro Malan (ministro da Fazenda de 1995 a 2002, durante o governo Fernando Henrique Cardoso) e ambas eram bem interessantes, uma delas aquela famosa de que aqui (no Brasil) ‘até o passado é incerto’. Por quê? Porque o Pedro foi um ministro que ficou oito anos no cargo e não cometeu um único deslize verbal. O autocontrole dele para medir cada palavra era uma coisa invejável. Já o Paulo Guedes tem uma verborragia incontrolável e produz três boas frases por semana, das quais duas deixam ele ou o governo muito mal. Como ministro, o Pedro Malan trouxe mais resultados para o País em matéria de reformas, mas, como frasista, eu como autor de livros, prefiro muito mais o Paulo Guedes. Ele virou praticamente um sócio nosso com sua loquacidade”, disse Giambiagi.

No cenário atual, uma citação do jornalista Carlos Alberto Sardenberg, sobre os rumos do País diante das eleições gerais de outubro - “Não tem graça votar no Bolsonaro para derrotar o Lula e agora votar no Lula para derrotar o Bolsonaro” - é “um fiel retrato de época”, segundo Giambiagi. “Se você perguntasse aos eleitores de Bolsonaro em 2018 por que votavam nele, a resposta era: ‘Para não ter o PT no Poder’. E hoje a campanha do PT é para quê? Não para eleger uma proposta programática, pois esta é um mistério, e, sim, ‘para tirar o Bolsonaro do Poder’. O Sardenberg reportou uma realidade inegável, um dado da realidade”, afirmou o economista.

Troca de mensagens no WhatsApp

Conforme Giambiagi, o trabalho para o segundo volume começou logo após terminar o do primeiro. A ideia de organizar as antologias da maldade, inspirada na obra de Ambrose Bierce - “Dicionário do Diabo”, publicado no início do século 20 -, tem muito a ver com o perfil dos autores. A ironia fina é uma marca das manifestações dos dois economistas no debate público. Por ocasião do lançamento do primeiro volume, em 2015, Franco contou, em entrevista ao Estadão, que tudo começou quando Giambiagi falou de seu “acervo” de citações, que colecionou a vida inteira. “Peguei as citações do Fábio e ele pegou as minhas. Organizamos em verbetes. Depois fomos olhar as da atualidade. Isso a gente fez em cinco minutos. Mas, a partir daí, a atualidade foi assoberbando a gente de tal forma, que era todo dia uma nova (citação)”, contou Franco, em 2015. O trabalho todo do primeiro volume levou cinco meses.

Já as citações do volume recém-lançado, eles começaram a compilar tão logo terminaram o primeiro volume “por uma razão muito simples: a realidade produzia frases de forma incessante”, contou Giambiagi. “Nesses anos ficamos trocando mensagens de WhatsApp com alguma frequência dizendo ‘olha essa frase para o Maldades 2 que bem cairia’. O projeto atual começou a ganhar forma em 2021, quando eu levei ao Gustavo uma proposta de cronograma. Na altura de setembro ou outubro, acho, fiz a ele uma proposta inicial com o que a gente tinha juntado e depois ele trabalhou até fevereiro numa nova versão, posteriormente aprimorada no trabalho conjunto com a editora, que fez uma excelente edição, corrigindo citações imprecisas e eliminando algumas frases que não estavam à altura das outras”, disse o economista.

Veja algumas frases reunidas sob os tópicos em que aparecem no livro

BOLSONARICES

“Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado. Eu sei que custa caro. Tem um idiota: ‘Ah, tem que comprar é feijão’. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar.”

JAIR BOLSONARO, presidente da república

“Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga.”

JAIR BOLSONARO, nos Estados Unidos, em 10 de março de 2020

“Não sou coveiro, tá certo?”

JAIR BOLSONARO, ao ser questionado sobre o número de mortes provocadas pela pandemia de Covid-19, em 2020

CAMPEÕES NACIONAIS

“O BNDES financiou de tudo: do alfinete ao foguete.”

CLAUDIA PRATES, ex-diretora do BNDES

DELÍRIO

“Depois que nós anunciamos o pré-sal, em 2007, [os Estados Unidos] renovaram a Quarta Frota para tomar conta do Atlântico.”

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, ex-presidente da República, em comício, em novembro de 2016

“Hoje é um dia memorável.”

MICHELLE BOLSONARO, primeira-dama da República, ao inaugurar a exposição com as roupas que ela e o marido usaram na posse em Brasília

DILMICE

“Na verdade, seria incompreensível se a consciência de minha presença no mundo não significasse já a impossibilidade de minha ausência na construção da própria presença.”

PAULO FREIRE (1921-1997), educador, em “Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa, de 1996

“Quem puder apagar uma luz na casa, apague, eu peço por favor. Não usem elevador. Tomar banho é bom, mas, se a pessoa puder tomar banho frio, é muito mais saudável. Ajude o Brasil.”

JAIR BOLSONARO, diante do risco de racionamento energético

DISTANCIAMENTO SOCIAL

“Arranjem para ele um lugar bem longe do dinheiro.”

TANCREDO NEVES (1910-1985), político, a seus assessores, acerca do apoio de um político de má fama, mas com força legislativa

“Não costumo assistir aos filmes que critico para não deixar que a obra interfira na minha análise independente.”

MARCELO MADUREIRA, humorista

“Nunca estive na casa do presidente no Rio. Estive no Palácio da Alvorada a trabalho e em um almoço, mesmo assim não abri a geladeira.”

ANTONIO BARRA TORRES, médico, contra-almirante, diretor presidente da Anvisa

NOVA MATRIZ

“Às vezes, finjo ser outra pessoa. Às vezes eu sou a Janete.”

DILMA ROUSSEFF, ex-presidente da República, explicando o que faz quando recebe ligações de vendedores de serviços das operadoras telefônicas

“Dilma atingiu o máximo de sua popularidade de curto prazo quando estava no máximo de seus erros de longo prazo.”

ANTONIO DELFIM NETTO, ex-ministro da Fazenda

ECONOMISTAS NO GOVERNO

“Goleiro é uma posição tão amaldiçoada que onde ele pisa nem grama nasce.”

NENÉM PRANCHA (1906-1976), “filósofo” do futebol

“Não existe mulher feia. O que existe é mulher observada pelo ângulo errado.”

PAULO GUEDES, ministro da Economia, em palestra de 2019

SOBREPREÇO

“Eu estou sempre aqui, governador. Os senhores é que mudam.”

SEBASTIÃO CAMARGO (1909-1994), presidente da construtora Camargo Corrêa, na posse do governador de São Paulo, ao encontrar o ex-governador, que lhe disse: “Sebastião Camargo, você por aqui?”

“Foi uma coisa que foi acontecendo dos dois lados. Tanto um oferece quanto o outro recebe, vai estreitando o relacionamento, vai surgindo, e, quando a gente vê, está no meio desse processo. Uma coisa contínua, quando a gente vê, já está acontecendo.”

PEDRO BARUSCO, delator do Petrolão, em depoimento à Justiça

Serviço

Antologia da maldade 2: epígrafes para um país estressado

Editora: Zahar

Número de páginas: 184

Preço: R$ 89,90 ou R$ 39,90 (e-book)

Lançamento: quarta-feira, 24 de agosto, na Livraria da Travesa do Shopping Leblon (Av. Afrânio de Melo Franco, 290)

RIO - Sete anos depois, os economistas Fabio Giambiagi e Gustavo Franco estão de volta às livrarias com o segundo volume do livro de citações “Antologia da Maldade” (Zahar). O lançamento será marcado por uma sessão de autógrafos com os autores no próximo dia 24, no Rio. O estilo é o mesmo do primeiro volume, de 2015.

Organizadas em verbetes, as citações são frases de artistas, jornalistas, políticos, entre outros, que ganharam destaque no noticiário, além de clássicos centenários da literatura, da ciência e da filosofia. A taxonomia não é marcada por temas. Tem, isso sim, a função de criar associações maliciosas, irônicas, maldosas, ou venenosas - para ficar na definição dos próprios autores.

O economista Gustavo Franco, um dos autores do segundo volume do livro "Antologia da Maldade"  Foto: Estadão Conteúdo

“Muito da maldade, ou do veneno, reside em se abduzirem as frases de seu local de origem: tirá-las de seu contexto original de forma maldosa, eis a receita, e os verbetes procuram auxiliar o leitor quando tiver a necessidade de praticar a arcana arte do envenenamento verbal ou escrito”, escrevem Francos e Giambiagi, num trecho da apresentação do segundo volume.

Ironia

Se o estilo foi mantido, o cenário político, cultural e até sanitário - por que não? - do País é outro. “Onde tínhamos ‘contabilidade criativa’ e ‘pedaladas’, bem como a armazenagem do vento, agora temos outras esquisitices, como o ‘negacionismo’ e aquelas decorrentes da polarização política extrema, sem esquecer as vacinas que convertem seres humanos em jacarés”, diz outro trecho da apresentação.

A diferença aparece também no subtítulo de cada volume. No primeiro, era “Um dicionário de citações, associações ilícitas e ligações perigosas”. Agora, no segundo, é “Epígrafes para um país estressado”. Se o momento do País parece mais grave, para os autores, a ironia pode servir para “aguçar o senso de ridículo” dos exageros atuais, dialogando com “a realidade de um país nervoso, meio dilacerado em refeições familiares que terminam em gritos e palavras amargas de recriminação” e nos quais “todos ralham e ninguém mais se entende”.

‘Nunca escutei tanta besteira’

Ao Estadão, Giambiagi disse que os dois contextos são muito ruins, mas o momento atual é pior. Em 2015, “havia uma situação econômica terrível”. O humor, então, “era uma forma de ajudar a nós e aos leitores a lidar com essas angústias do dia a dia”. Agora, continua o economista, “o buraco é mais embaixo”, porque o País “regrediu”.

“Primeiro, em termos políticos: naquela época se discutiu um impeachment dentro das quatro linhas do campo de jogo e agora estamos discutindo se o resultado das urnas será aceito ou não pelo perdedor. Segundo, em termos civilizatórios: antes lidávamos com as frases às vezes ridículas da (ex-presidente) Dilma (Rousseff) e agora estamos lidando com a barbárie, como a indiferença diante da morte de quase 700 mil pessoas, do desmatamento da Amazônia, etc. E terceiro, em termos mentais: eu nasci aqui, mas fui para a Argentina com apenas 10 meses de idade e voltei com 14 anos. Em 46 anos de Brasil, nunca escutei tanta besteira como nos últimos quatro anos e nunca vi tantas pessoas desqualificadas emitindo opiniões absurdas sobre temas relevantes. Vale a frase citada no texto, do Augusto Frederico Schmidt, ‘o Brasil virou um país considerado idiota’. Isso entristece”, disse Giambiagi.

O economista Fabio Giambiagi fala sobre o novo livro "Antologia da Maldade" ao Estadão  Foto: Wilton Júnior/Estadão

A diferença de cenário passa também pelos líderes políticos. Se a ex-presidente Dilma Rousseff, no poder quando do lançamento do primeiro volume, produzia uma “profusão de tiradas extraordinárias”, o presidente Jair Bolsonaro (PL) “raramente é irônico e leve, quase sempre é truculento e, amiúde, destituído de qualquer compostura”, escrevem os autores na apresentação.

“Bolsonarices”

Questionado se o estilo de Bolsonaro se presta menos às “maldades” propostas pela obra, Giambiagi reconheceu que “algumas frases realmente não se encaixaram no espírito do livro”. Segundo o economista, a versão inicial da obra trazia mais citações do atual presidente da República. “Depois, relendo as frases, havia algumas tão escatológicas e outras tão frias, que revelavam tal grau de espantosa falta de empatia com os dramas da pandemia, que entendemos que seria meio chocante colocar todas”, afirmou Giambiagi. Para as citações de Bolsonaro, há inclusive um verbete específico, “Bolsonarices”.

Assim como no primeiro volume, Franco e Giambiagi não poupam os colegas economistas da ironia, mas, no segundo volume, chama a atenção a profusão de frases do ministro da Economia, Paulo Guedes. Questionado se o fato de Guedes - polemista conhecido pela língua ferina, que não parece ter papas - estar no comando da política econômica do País elevou a quantidade de veneno destilado contra os colegas economistas, Giambiagi citou um antigo político mineiro, sem dar nomes: “Criticar o Governo é tão gostoso que não deveria ser privilégio da oposição”.

Capa do segundo volume do livro Antologia da Maldade Foto: Divulgação

“Guedes levantava a bola com as frases dele e a gente chutava em gol. Observe que no Maldades 1 havia apenas duas frases do Pedro Malan (ministro da Fazenda de 1995 a 2002, durante o governo Fernando Henrique Cardoso) e ambas eram bem interessantes, uma delas aquela famosa de que aqui (no Brasil) ‘até o passado é incerto’. Por quê? Porque o Pedro foi um ministro que ficou oito anos no cargo e não cometeu um único deslize verbal. O autocontrole dele para medir cada palavra era uma coisa invejável. Já o Paulo Guedes tem uma verborragia incontrolável e produz três boas frases por semana, das quais duas deixam ele ou o governo muito mal. Como ministro, o Pedro Malan trouxe mais resultados para o País em matéria de reformas, mas, como frasista, eu como autor de livros, prefiro muito mais o Paulo Guedes. Ele virou praticamente um sócio nosso com sua loquacidade”, disse Giambiagi.

No cenário atual, uma citação do jornalista Carlos Alberto Sardenberg, sobre os rumos do País diante das eleições gerais de outubro - “Não tem graça votar no Bolsonaro para derrotar o Lula e agora votar no Lula para derrotar o Bolsonaro” - é “um fiel retrato de época”, segundo Giambiagi. “Se você perguntasse aos eleitores de Bolsonaro em 2018 por que votavam nele, a resposta era: ‘Para não ter o PT no Poder’. E hoje a campanha do PT é para quê? Não para eleger uma proposta programática, pois esta é um mistério, e, sim, ‘para tirar o Bolsonaro do Poder’. O Sardenberg reportou uma realidade inegável, um dado da realidade”, afirmou o economista.

Troca de mensagens no WhatsApp

Conforme Giambiagi, o trabalho para o segundo volume começou logo após terminar o do primeiro. A ideia de organizar as antologias da maldade, inspirada na obra de Ambrose Bierce - “Dicionário do Diabo”, publicado no início do século 20 -, tem muito a ver com o perfil dos autores. A ironia fina é uma marca das manifestações dos dois economistas no debate público. Por ocasião do lançamento do primeiro volume, em 2015, Franco contou, em entrevista ao Estadão, que tudo começou quando Giambiagi falou de seu “acervo” de citações, que colecionou a vida inteira. “Peguei as citações do Fábio e ele pegou as minhas. Organizamos em verbetes. Depois fomos olhar as da atualidade. Isso a gente fez em cinco minutos. Mas, a partir daí, a atualidade foi assoberbando a gente de tal forma, que era todo dia uma nova (citação)”, contou Franco, em 2015. O trabalho todo do primeiro volume levou cinco meses.

Já as citações do volume recém-lançado, eles começaram a compilar tão logo terminaram o primeiro volume “por uma razão muito simples: a realidade produzia frases de forma incessante”, contou Giambiagi. “Nesses anos ficamos trocando mensagens de WhatsApp com alguma frequência dizendo ‘olha essa frase para o Maldades 2 que bem cairia’. O projeto atual começou a ganhar forma em 2021, quando eu levei ao Gustavo uma proposta de cronograma. Na altura de setembro ou outubro, acho, fiz a ele uma proposta inicial com o que a gente tinha juntado e depois ele trabalhou até fevereiro numa nova versão, posteriormente aprimorada no trabalho conjunto com a editora, que fez uma excelente edição, corrigindo citações imprecisas e eliminando algumas frases que não estavam à altura das outras”, disse o economista.

Veja algumas frases reunidas sob os tópicos em que aparecem no livro

BOLSONARICES

“Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado. Eu sei que custa caro. Tem um idiota: ‘Ah, tem que comprar é feijão’. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar.”

JAIR BOLSONARO, presidente da república

“Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga.”

JAIR BOLSONARO, nos Estados Unidos, em 10 de março de 2020

“Não sou coveiro, tá certo?”

JAIR BOLSONARO, ao ser questionado sobre o número de mortes provocadas pela pandemia de Covid-19, em 2020

CAMPEÕES NACIONAIS

“O BNDES financiou de tudo: do alfinete ao foguete.”

CLAUDIA PRATES, ex-diretora do BNDES

DELÍRIO

“Depois que nós anunciamos o pré-sal, em 2007, [os Estados Unidos] renovaram a Quarta Frota para tomar conta do Atlântico.”

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, ex-presidente da República, em comício, em novembro de 2016

“Hoje é um dia memorável.”

MICHELLE BOLSONARO, primeira-dama da República, ao inaugurar a exposição com as roupas que ela e o marido usaram na posse em Brasília

DILMICE

“Na verdade, seria incompreensível se a consciência de minha presença no mundo não significasse já a impossibilidade de minha ausência na construção da própria presença.”

PAULO FREIRE (1921-1997), educador, em “Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa, de 1996

“Quem puder apagar uma luz na casa, apague, eu peço por favor. Não usem elevador. Tomar banho é bom, mas, se a pessoa puder tomar banho frio, é muito mais saudável. Ajude o Brasil.”

JAIR BOLSONARO, diante do risco de racionamento energético

DISTANCIAMENTO SOCIAL

“Arranjem para ele um lugar bem longe do dinheiro.”

TANCREDO NEVES (1910-1985), político, a seus assessores, acerca do apoio de um político de má fama, mas com força legislativa

“Não costumo assistir aos filmes que critico para não deixar que a obra interfira na minha análise independente.”

MARCELO MADUREIRA, humorista

“Nunca estive na casa do presidente no Rio. Estive no Palácio da Alvorada a trabalho e em um almoço, mesmo assim não abri a geladeira.”

ANTONIO BARRA TORRES, médico, contra-almirante, diretor presidente da Anvisa

NOVA MATRIZ

“Às vezes, finjo ser outra pessoa. Às vezes eu sou a Janete.”

DILMA ROUSSEFF, ex-presidente da República, explicando o que faz quando recebe ligações de vendedores de serviços das operadoras telefônicas

“Dilma atingiu o máximo de sua popularidade de curto prazo quando estava no máximo de seus erros de longo prazo.”

ANTONIO DELFIM NETTO, ex-ministro da Fazenda

ECONOMISTAS NO GOVERNO

“Goleiro é uma posição tão amaldiçoada que onde ele pisa nem grama nasce.”

NENÉM PRANCHA (1906-1976), “filósofo” do futebol

“Não existe mulher feia. O que existe é mulher observada pelo ângulo errado.”

PAULO GUEDES, ministro da Economia, em palestra de 2019

SOBREPREÇO

“Eu estou sempre aqui, governador. Os senhores é que mudam.”

SEBASTIÃO CAMARGO (1909-1994), presidente da construtora Camargo Corrêa, na posse do governador de São Paulo, ao encontrar o ex-governador, que lhe disse: “Sebastião Camargo, você por aqui?”

“Foi uma coisa que foi acontecendo dos dois lados. Tanto um oferece quanto o outro recebe, vai estreitando o relacionamento, vai surgindo, e, quando a gente vê, está no meio desse processo. Uma coisa contínua, quando a gente vê, já está acontecendo.”

PEDRO BARUSCO, delator do Petrolão, em depoimento à Justiça

Serviço

Antologia da maldade 2: epígrafes para um país estressado

Editora: Zahar

Número de páginas: 184

Preço: R$ 89,90 ou R$ 39,90 (e-book)

Lançamento: quarta-feira, 24 de agosto, na Livraria da Travesa do Shopping Leblon (Av. Afrânio de Melo Franco, 290)

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