Máquinas vêm substituindo o trabalho humano há séculos: tecelões, ascensoristas, operadores de telefonia, datilógrafos e linotipistas. Os otimistas destacam que sobrevivemos às automações e seguimos aqui, vivos, para contar a história. Os pessimistas temem que a nova revolução tecnológica, seja ela qual for, possa ser a derradeira.
É difícil pensar em automação sem lembrar dos ludistas quebrando máquinas na Inglaterra no século 18. Durante as Guerras Napoleônicas, muitos trabalhadores da indústria têxtil foram recrutados para o serviço militar, causando escassez de mão de obra. Com o avanço tecnológico disponível, muitas fábricas puderam utilizar máquinas para compensar a falta de trabalhadores humanos. A guerra também reduzia a atividade econômica, e aumentava os níveis de preços. As máquinas representavam uma ameaça à subsistência e às condições dignas de trabalho.
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A automação pode transformar o mercado de trabalho, substituindo completamente certas ocupações e resultando em uma redução na demanda por trabalhadores e queda nos salários. No entanto, também ocorre um efeito de deslocamento. A automação aumenta a produtividade, o que pode gerar uma maior demanda por empregos que não podem ser automatizados. Além disso, a automação pode criar novos tipos de trabalho. Esse efeito pode ser amplificado se os trabalhadores adquirirem mais habilidades e tiverem a capacidade de migrar entre setores.
Há quem acredite que em pouco tempo muitos trabalhadores possam ser afetados pela inteligência artificial ou pelos avanços da robotização. A velocidade e o alcance dessas transformações levantam preocupações, pois tornariam mais difíceis a implementação de políticas contracíclicas que possam mitigar os efeitos negativos sobre os trabalhadores.
Além disso, a automação também suscita preocupações sobre a sustentação da democracia. Temos testemunhado um ressurgimento do populismo, com líderes que se apresentam como antagonistas da elite tradicional no poder. Embora seja difícil apontar uma única causa para o surgimento do populismo, historicamente observa-se uma correlação entre sua ascensão e crises econômicas. Com a crise de 2008 e a pandemia, estamos em um estado de fragilidade, sujeitos a outros choques que possam ocorrer.
“Conab debaterá automação industrial.” Chamada da página 56 do Estadão de 10 de junho de 1983. O Congresso Nacional de Automação Industrial focou na inevitabilidade da automação e seu impacto social. Não achei nenhuma reportagem contando sobre as conclusões da Conab. Talvez não tenha tido nenhuma. Talvez, de alguma forma, estejamos todos nessa reunião ainda.