O primeiro turno das eleições gerais mostrou uma consolidação da direita com o bolsonarismo no Brasil. O grande destaque ficou no Legislativo. MDB e PSD que tinham a maior bancada no Senado perderam o posto para o PL e o União Brasil, partido resultante da fusão do DEM com o PSL.
Ricardo Salles, Marcos Pontes, Damares Alves, Eduardo Pazuello são alguns nomes que saíram do governo Bolsonaro como indicações políticas e foram sancionados pelo voto popular para ocupar cadeiras na Câmara dos Deputados, apesar do desempenho como ministros.
A disputa presidencial ficou mais acirrada do que indicado pelas últimas pesquisas, sugerindo que há certo constrangimento de parte do eleitorado para declarar seu voto aos pesquisadores. A diferença entre Lula e Bolsonaro é de 5 milhões de votos, com 98% das urnas apuradas. A campanha será difícil e os candidatos usarão todos os instrumentos possíveis para angariar votos.
Para Lula, a melhor estratégia parece ser fazer alianças para buscar os eleitores de Simone Tebet e Ciro Gomes. Com 8 milhões de votos, alianças com a terceiro e o quarto colocados na disputa presidencial ditará a possibilidade de Lula vencer a estratégia bolsonarista.
Além disso, Lula precisará ser mais explícito com sua agenda e seu time econômico. Quem será seu ministro da economia caso ganhe? Em pesquisas informais que circulam no mercado financeiro, a maioria dos analistas acredita que o melhor para o Brasil é uma vitória de Bolsonaro nas eleições. Lula tem o desafio de manter um diálogo mais explícito com o establishment econômico sobre seu plano de governo. Bolsonaro já havia usado a máquina do governo para tentar vencer as eleições.
Este ano, estima-se que Bolsonaro gastou R$ 41 bilhões na PEC de bondades. Auxílio Brasil expandido sem desenho ou análise técnica, vale-taxista, vale-caminhoneiro, auxílio gás e subsídio a combustível não apenas custaram caro para os cofres públicos como também enfraqueceram nosso sistema de accountability orçamentário, possibilitando aumentos de despesas fora do teto de gastos e em período eleitoral.
A disputa acirrada também pode contar com uma piora da desinformação. Em 2018, a organização Avaaz estimou que 98% dos eleitores foram expostos a notícias falsas – e 89% acreditaram que as notícias fossem verdadeiras. Segundo o Aos Fatos, no mesmo período fake news foram compartilhadas quase 4 milhões de vezes. Com um segundo turno apertado, é esperada uma piora da desinformação e dos ataques diretos dos candidatos. Quem perde, somos nós.