Economista

Opinião|O que se soma ao mérito dos homens em posições de poder são as oportunidades


Vivemos em uma sociedade que promove alguns homens brancos medíocres a posições de destaque, enquanto mulheres e pessoas negras capazes seguem sendo excluídas desses espaços

Por Laura Karpuska

Na minha coluna passada (Cadê os progressistas?), escrevi que a indicação recente do ministro Zanin ao Supremo divergia da indicação progressista de Joaquim Barbosa há 20 anos. Destaquei a importância de termos nossa demografia representada em espaços de poder.

Recebi comentários de colegas e e-mails de leitores. Alguns concordaram com a ideia da diversidade, enquanto outros enfatizaram que o requisito fundamental para ser ministro do Supremo deve ser o “mérito”. Argumentaram que gênero, cor da pele e experiência de vida devem ser deixados de lado nessa escolha, pois focar demais nesses aspectos pode resultar na nomeação de um ministro inadequado para o Supremo. Um comentário recorrente é o de que as cotas criam injustiças, uma vez que permitem que pessoas sem capacidade ocupem funções que requerem excelência.

Ao observar a maioria de homens brancos em posições de poder, ao mesmo tempo que se defende mérito, estamos implicitamente assumindo que todos os homens que ocupam essas posições de poder têm mérito e, mais ainda, que mulheres e pessoas negras não o possuem. Afinal, se o tivessem estariam ocupando as tais posições de destaque.

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Esse pensamento parte de uma hipótese implícita de que homens são melhores do que mulheres e brancos são melhores do que negros. Se apenas observamos homens brancos em posições de poder, atribuindo sua ascensão estritamente ao mérito, isso implicaria que eles seriam intrinsecamente melhores.

Lula terá que indicar substituto da ministra Rosa Weber ao STF após ela atingir a idade para aposentadoria; principais cotados são homens Foto: Wilton Junior / Estadão

A evidência mostra que, quando consideramos diferenças em escolaridade, experiência profissional e apoio familiar, entre outras variáveis observáveis que nos distinguem, todos nós, como seres humanos, somos iguais. Chega a ser surpreendente ter de afirmar isso nesta coluna. Mas, de fato, somos iguais em termos de habilidades quando recebemos as mesmas oportunidades.

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Apesar dessa igualdade de capacidades, a desigualdade social e econômica é multifacetada e se acumula ao longo da vida de cada um de nós. Alguns “chegam lá”; outros, não. O que se soma ao mérito são oportunidades. O mérito é ampliado pelas oportunidades. Homens brancos têm mais oportunidades do que mulheres e pessoas negras.

Logo, o que há hoje, implicitamente — e, às vezes, até explicitamente —, é um subsídio a homens brancos, que recebem mais oportunidades do que mulheres e pessoas negras. A injustiça acontece aí, ao vivermos em uma sociedade que acaba promovendo alguns homens brancos medíocres a posições de destaque, enquanto existem mulheres e pessoas negras capazes, mas que seguem sendo excluídas desses espaços. Há muito potencial que segue sendo desperdiçado.

Na minha coluna passada (Cadê os progressistas?), escrevi que a indicação recente do ministro Zanin ao Supremo divergia da indicação progressista de Joaquim Barbosa há 20 anos. Destaquei a importância de termos nossa demografia representada em espaços de poder.

Recebi comentários de colegas e e-mails de leitores. Alguns concordaram com a ideia da diversidade, enquanto outros enfatizaram que o requisito fundamental para ser ministro do Supremo deve ser o “mérito”. Argumentaram que gênero, cor da pele e experiência de vida devem ser deixados de lado nessa escolha, pois focar demais nesses aspectos pode resultar na nomeação de um ministro inadequado para o Supremo. Um comentário recorrente é o de que as cotas criam injustiças, uma vez que permitem que pessoas sem capacidade ocupem funções que requerem excelência.

Ao observar a maioria de homens brancos em posições de poder, ao mesmo tempo que se defende mérito, estamos implicitamente assumindo que todos os homens que ocupam essas posições de poder têm mérito e, mais ainda, que mulheres e pessoas negras não o possuem. Afinal, se o tivessem estariam ocupando as tais posições de destaque.

Esse pensamento parte de uma hipótese implícita de que homens são melhores do que mulheres e brancos são melhores do que negros. Se apenas observamos homens brancos em posições de poder, atribuindo sua ascensão estritamente ao mérito, isso implicaria que eles seriam intrinsecamente melhores.

Lula terá que indicar substituto da ministra Rosa Weber ao STF após ela atingir a idade para aposentadoria; principais cotados são homens Foto: Wilton Junior / Estadão

A evidência mostra que, quando consideramos diferenças em escolaridade, experiência profissional e apoio familiar, entre outras variáveis observáveis que nos distinguem, todos nós, como seres humanos, somos iguais. Chega a ser surpreendente ter de afirmar isso nesta coluna. Mas, de fato, somos iguais em termos de habilidades quando recebemos as mesmas oportunidades.

Apesar dessa igualdade de capacidades, a desigualdade social e econômica é multifacetada e se acumula ao longo da vida de cada um de nós. Alguns “chegam lá”; outros, não. O que se soma ao mérito são oportunidades. O mérito é ampliado pelas oportunidades. Homens brancos têm mais oportunidades do que mulheres e pessoas negras.

Logo, o que há hoje, implicitamente — e, às vezes, até explicitamente —, é um subsídio a homens brancos, que recebem mais oportunidades do que mulheres e pessoas negras. A injustiça acontece aí, ao vivermos em uma sociedade que acaba promovendo alguns homens brancos medíocres a posições de destaque, enquanto existem mulheres e pessoas negras capazes, mas que seguem sendo excluídas desses espaços. Há muito potencial que segue sendo desperdiçado.

Na minha coluna passada (Cadê os progressistas?), escrevi que a indicação recente do ministro Zanin ao Supremo divergia da indicação progressista de Joaquim Barbosa há 20 anos. Destaquei a importância de termos nossa demografia representada em espaços de poder.

Recebi comentários de colegas e e-mails de leitores. Alguns concordaram com a ideia da diversidade, enquanto outros enfatizaram que o requisito fundamental para ser ministro do Supremo deve ser o “mérito”. Argumentaram que gênero, cor da pele e experiência de vida devem ser deixados de lado nessa escolha, pois focar demais nesses aspectos pode resultar na nomeação de um ministro inadequado para o Supremo. Um comentário recorrente é o de que as cotas criam injustiças, uma vez que permitem que pessoas sem capacidade ocupem funções que requerem excelência.

Ao observar a maioria de homens brancos em posições de poder, ao mesmo tempo que se defende mérito, estamos implicitamente assumindo que todos os homens que ocupam essas posições de poder têm mérito e, mais ainda, que mulheres e pessoas negras não o possuem. Afinal, se o tivessem estariam ocupando as tais posições de destaque.

Esse pensamento parte de uma hipótese implícita de que homens são melhores do que mulheres e brancos são melhores do que negros. Se apenas observamos homens brancos em posições de poder, atribuindo sua ascensão estritamente ao mérito, isso implicaria que eles seriam intrinsecamente melhores.

Lula terá que indicar substituto da ministra Rosa Weber ao STF após ela atingir a idade para aposentadoria; principais cotados são homens Foto: Wilton Junior / Estadão

A evidência mostra que, quando consideramos diferenças em escolaridade, experiência profissional e apoio familiar, entre outras variáveis observáveis que nos distinguem, todos nós, como seres humanos, somos iguais. Chega a ser surpreendente ter de afirmar isso nesta coluna. Mas, de fato, somos iguais em termos de habilidades quando recebemos as mesmas oportunidades.

Apesar dessa igualdade de capacidades, a desigualdade social e econômica é multifacetada e se acumula ao longo da vida de cada um de nós. Alguns “chegam lá”; outros, não. O que se soma ao mérito são oportunidades. O mérito é ampliado pelas oportunidades. Homens brancos têm mais oportunidades do que mulheres e pessoas negras.

Logo, o que há hoje, implicitamente — e, às vezes, até explicitamente —, é um subsídio a homens brancos, que recebem mais oportunidades do que mulheres e pessoas negras. A injustiça acontece aí, ao vivermos em uma sociedade que acaba promovendo alguns homens brancos medíocres a posições de destaque, enquanto existem mulheres e pessoas negras capazes, mas que seguem sendo excluídas desses espaços. Há muito potencial que segue sendo desperdiçado.

Na minha coluna passada (Cadê os progressistas?), escrevi que a indicação recente do ministro Zanin ao Supremo divergia da indicação progressista de Joaquim Barbosa há 20 anos. Destaquei a importância de termos nossa demografia representada em espaços de poder.

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Ao observar a maioria de homens brancos em posições de poder, ao mesmo tempo que se defende mérito, estamos implicitamente assumindo que todos os homens que ocupam essas posições de poder têm mérito e, mais ainda, que mulheres e pessoas negras não o possuem. Afinal, se o tivessem estariam ocupando as tais posições de destaque.

Esse pensamento parte de uma hipótese implícita de que homens são melhores do que mulheres e brancos são melhores do que negros. Se apenas observamos homens brancos em posições de poder, atribuindo sua ascensão estritamente ao mérito, isso implicaria que eles seriam intrinsecamente melhores.

Lula terá que indicar substituto da ministra Rosa Weber ao STF após ela atingir a idade para aposentadoria; principais cotados são homens Foto: Wilton Junior / Estadão

A evidência mostra que, quando consideramos diferenças em escolaridade, experiência profissional e apoio familiar, entre outras variáveis observáveis que nos distinguem, todos nós, como seres humanos, somos iguais. Chega a ser surpreendente ter de afirmar isso nesta coluna. Mas, de fato, somos iguais em termos de habilidades quando recebemos as mesmas oportunidades.

Apesar dessa igualdade de capacidades, a desigualdade social e econômica é multifacetada e se acumula ao longo da vida de cada um de nós. Alguns “chegam lá”; outros, não. O que se soma ao mérito são oportunidades. O mérito é ampliado pelas oportunidades. Homens brancos têm mais oportunidades do que mulheres e pessoas negras.

Logo, o que há hoje, implicitamente — e, às vezes, até explicitamente —, é um subsídio a homens brancos, que recebem mais oportunidades do que mulheres e pessoas negras. A injustiça acontece aí, ao vivermos em uma sociedade que acaba promovendo alguns homens brancos medíocres a posições de destaque, enquanto existem mulheres e pessoas negras capazes, mas que seguem sendo excluídas desses espaços. Há muito potencial que segue sendo desperdiçado.

Na minha coluna passada (Cadê os progressistas?), escrevi que a indicação recente do ministro Zanin ao Supremo divergia da indicação progressista de Joaquim Barbosa há 20 anos. Destaquei a importância de termos nossa demografia representada em espaços de poder.

Recebi comentários de colegas e e-mails de leitores. Alguns concordaram com a ideia da diversidade, enquanto outros enfatizaram que o requisito fundamental para ser ministro do Supremo deve ser o “mérito”. Argumentaram que gênero, cor da pele e experiência de vida devem ser deixados de lado nessa escolha, pois focar demais nesses aspectos pode resultar na nomeação de um ministro inadequado para o Supremo. Um comentário recorrente é o de que as cotas criam injustiças, uma vez que permitem que pessoas sem capacidade ocupem funções que requerem excelência.

Ao observar a maioria de homens brancos em posições de poder, ao mesmo tempo que se defende mérito, estamos implicitamente assumindo que todos os homens que ocupam essas posições de poder têm mérito e, mais ainda, que mulheres e pessoas negras não o possuem. Afinal, se o tivessem estariam ocupando as tais posições de destaque.

Esse pensamento parte de uma hipótese implícita de que homens são melhores do que mulheres e brancos são melhores do que negros. Se apenas observamos homens brancos em posições de poder, atribuindo sua ascensão estritamente ao mérito, isso implicaria que eles seriam intrinsecamente melhores.

Lula terá que indicar substituto da ministra Rosa Weber ao STF após ela atingir a idade para aposentadoria; principais cotados são homens Foto: Wilton Junior / Estadão

A evidência mostra que, quando consideramos diferenças em escolaridade, experiência profissional e apoio familiar, entre outras variáveis observáveis que nos distinguem, todos nós, como seres humanos, somos iguais. Chega a ser surpreendente ter de afirmar isso nesta coluna. Mas, de fato, somos iguais em termos de habilidades quando recebemos as mesmas oportunidades.

Apesar dessa igualdade de capacidades, a desigualdade social e econômica é multifacetada e se acumula ao longo da vida de cada um de nós. Alguns “chegam lá”; outros, não. O que se soma ao mérito são oportunidades. O mérito é ampliado pelas oportunidades. Homens brancos têm mais oportunidades do que mulheres e pessoas negras.

Logo, o que há hoje, implicitamente — e, às vezes, até explicitamente —, é um subsídio a homens brancos, que recebem mais oportunidades do que mulheres e pessoas negras. A injustiça acontece aí, ao vivermos em uma sociedade que acaba promovendo alguns homens brancos medíocres a posições de destaque, enquanto existem mulheres e pessoas negras capazes, mas que seguem sendo excluídas desses espaços. Há muito potencial que segue sendo desperdiçado.

Opinião por Laura Karpuska

Professora do Insper, Ph.D. em Economia pela Universidade de Nova York em Stony Brook

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