Economista

Opinião|Por que não temos mais mulheres na política?


Nestas eleições, 790 municípios no País não elegeram mulheres para suas Casas legislativas

Por Laura Karpuska

Elisa Kauffmann Abramovich foi a primeira mulher vereadora da cidade de São Paulo. Eleita em 1947, não pode assumir o cargo. Sua candidatura foi cassada por ela ser socialista. Ana Lamberga Zéglio finalmente se tornaria a primeira mulher a exercer, efetivamente, o cargo em 1952. Apenas em 1968, com Theodosina Rosário Ribeiro, teríamos a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo.

O mundo mudou, o Brasil, também; e hoje a participação das mulheres na política é maior. Mas não é lugar comum. O Brasil ocupa uma das piores posições na paridade de gênero na política entre os países da América Latina. Nestas eleições, 790 municípios brasileiros não elegeram nenhuma mulher para suas Casas legislativas, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). São 15,3 milhões de mulheres brasileiras que residem em cidades sem representantes mulheres em nível municipal. Em 2.870 municípios, não há nenhuma mulher negra eleita, privando 20,1 milhões de mulheres negras de representação local.

Mas por que a representatividade demográfica importa na política? Quando diferentes grupos estão presentes nas Casas legislativas, suas experiências e necessidades específicas têm mais chances de serem reconhecidas e atendidas. Mulheres e, especialmente, mulheres negras enfrentam desafios e realidades distintas, que impactam suas comunidades de maneira única. Ter representantes que compartilhem dessas vivências contribui para a criação de políticas públicas mais inclusivas e eficazes, que reflitam a diversidade da população e ajudem a reduzir as desigualdades. Além disso, a presença feminina na política rompe estereótipos e incentiva a participação de novas gerações de mulheres, fortalecendo a democracia e promovendo uma sociedade mais justa e equitativa.

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Brasil fica nas últimas posições em ranking de paridade de gênero na política na América Latina Foto: Antonio Augusto / TSE

Por que não temos mulheres na política? A ausência de mulheres na política resulta de barreiras históricas e estruturais, como redes de poder dominadas por homens e a falta de apoio partidário. Os desafios continuam na consolidação da política. Uma vez eleitas, mulheres enfrentam barreiras como isolamento nas Casas legislativas, a pouca experiência com a linguagem institucional, além de violência política de gênero e raça.

As eleições municipais de 2024 trouxeram um pequeno avanço na ocupação das mulheres nas Câmaras Municipais. Passamos de 16,1% para 18,3% das cadeiras ocupadas por vereadoras. No entanto, com essa taxa de crescimento a paridade de gênero só será alcançada em 60 anos. Qual nosso papel nesse processo de mudança?

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*Esta coluna foi escrita em colaboração com Amanda de Albuquerque, economista, co-fundadora e diretora executiva da Rede A Ponte.

Elisa Kauffmann Abramovich foi a primeira mulher vereadora da cidade de São Paulo. Eleita em 1947, não pode assumir o cargo. Sua candidatura foi cassada por ela ser socialista. Ana Lamberga Zéglio finalmente se tornaria a primeira mulher a exercer, efetivamente, o cargo em 1952. Apenas em 1968, com Theodosina Rosário Ribeiro, teríamos a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo.

O mundo mudou, o Brasil, também; e hoje a participação das mulheres na política é maior. Mas não é lugar comum. O Brasil ocupa uma das piores posições na paridade de gênero na política entre os países da América Latina. Nestas eleições, 790 municípios brasileiros não elegeram nenhuma mulher para suas Casas legislativas, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). São 15,3 milhões de mulheres brasileiras que residem em cidades sem representantes mulheres em nível municipal. Em 2.870 municípios, não há nenhuma mulher negra eleita, privando 20,1 milhões de mulheres negras de representação local.

Mas por que a representatividade demográfica importa na política? Quando diferentes grupos estão presentes nas Casas legislativas, suas experiências e necessidades específicas têm mais chances de serem reconhecidas e atendidas. Mulheres e, especialmente, mulheres negras enfrentam desafios e realidades distintas, que impactam suas comunidades de maneira única. Ter representantes que compartilhem dessas vivências contribui para a criação de políticas públicas mais inclusivas e eficazes, que reflitam a diversidade da população e ajudem a reduzir as desigualdades. Além disso, a presença feminina na política rompe estereótipos e incentiva a participação de novas gerações de mulheres, fortalecendo a democracia e promovendo uma sociedade mais justa e equitativa.

Brasil fica nas últimas posições em ranking de paridade de gênero na política na América Latina Foto: Antonio Augusto / TSE

Por que não temos mulheres na política? A ausência de mulheres na política resulta de barreiras históricas e estruturais, como redes de poder dominadas por homens e a falta de apoio partidário. Os desafios continuam na consolidação da política. Uma vez eleitas, mulheres enfrentam barreiras como isolamento nas Casas legislativas, a pouca experiência com a linguagem institucional, além de violência política de gênero e raça.

As eleições municipais de 2024 trouxeram um pequeno avanço na ocupação das mulheres nas Câmaras Municipais. Passamos de 16,1% para 18,3% das cadeiras ocupadas por vereadoras. No entanto, com essa taxa de crescimento a paridade de gênero só será alcançada em 60 anos. Qual nosso papel nesse processo de mudança?

*Esta coluna foi escrita em colaboração com Amanda de Albuquerque, economista, co-fundadora e diretora executiva da Rede A Ponte.

Elisa Kauffmann Abramovich foi a primeira mulher vereadora da cidade de São Paulo. Eleita em 1947, não pode assumir o cargo. Sua candidatura foi cassada por ela ser socialista. Ana Lamberga Zéglio finalmente se tornaria a primeira mulher a exercer, efetivamente, o cargo em 1952. Apenas em 1968, com Theodosina Rosário Ribeiro, teríamos a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo.

O mundo mudou, o Brasil, também; e hoje a participação das mulheres na política é maior. Mas não é lugar comum. O Brasil ocupa uma das piores posições na paridade de gênero na política entre os países da América Latina. Nestas eleições, 790 municípios brasileiros não elegeram nenhuma mulher para suas Casas legislativas, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). São 15,3 milhões de mulheres brasileiras que residem em cidades sem representantes mulheres em nível municipal. Em 2.870 municípios, não há nenhuma mulher negra eleita, privando 20,1 milhões de mulheres negras de representação local.

Mas por que a representatividade demográfica importa na política? Quando diferentes grupos estão presentes nas Casas legislativas, suas experiências e necessidades específicas têm mais chances de serem reconhecidas e atendidas. Mulheres e, especialmente, mulheres negras enfrentam desafios e realidades distintas, que impactam suas comunidades de maneira única. Ter representantes que compartilhem dessas vivências contribui para a criação de políticas públicas mais inclusivas e eficazes, que reflitam a diversidade da população e ajudem a reduzir as desigualdades. Além disso, a presença feminina na política rompe estereótipos e incentiva a participação de novas gerações de mulheres, fortalecendo a democracia e promovendo uma sociedade mais justa e equitativa.

Brasil fica nas últimas posições em ranking de paridade de gênero na política na América Latina Foto: Antonio Augusto / TSE

Por que não temos mulheres na política? A ausência de mulheres na política resulta de barreiras históricas e estruturais, como redes de poder dominadas por homens e a falta de apoio partidário. Os desafios continuam na consolidação da política. Uma vez eleitas, mulheres enfrentam barreiras como isolamento nas Casas legislativas, a pouca experiência com a linguagem institucional, além de violência política de gênero e raça.

As eleições municipais de 2024 trouxeram um pequeno avanço na ocupação das mulheres nas Câmaras Municipais. Passamos de 16,1% para 18,3% das cadeiras ocupadas por vereadoras. No entanto, com essa taxa de crescimento a paridade de gênero só será alcançada em 60 anos. Qual nosso papel nesse processo de mudança?

*Esta coluna foi escrita em colaboração com Amanda de Albuquerque, economista, co-fundadora e diretora executiva da Rede A Ponte.

Elisa Kauffmann Abramovich foi a primeira mulher vereadora da cidade de São Paulo. Eleita em 1947, não pode assumir o cargo. Sua candidatura foi cassada por ela ser socialista. Ana Lamberga Zéglio finalmente se tornaria a primeira mulher a exercer, efetivamente, o cargo em 1952. Apenas em 1968, com Theodosina Rosário Ribeiro, teríamos a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo.

O mundo mudou, o Brasil, também; e hoje a participação das mulheres na política é maior. Mas não é lugar comum. O Brasil ocupa uma das piores posições na paridade de gênero na política entre os países da América Latina. Nestas eleições, 790 municípios brasileiros não elegeram nenhuma mulher para suas Casas legislativas, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). São 15,3 milhões de mulheres brasileiras que residem em cidades sem representantes mulheres em nível municipal. Em 2.870 municípios, não há nenhuma mulher negra eleita, privando 20,1 milhões de mulheres negras de representação local.

Mas por que a representatividade demográfica importa na política? Quando diferentes grupos estão presentes nas Casas legislativas, suas experiências e necessidades específicas têm mais chances de serem reconhecidas e atendidas. Mulheres e, especialmente, mulheres negras enfrentam desafios e realidades distintas, que impactam suas comunidades de maneira única. Ter representantes que compartilhem dessas vivências contribui para a criação de políticas públicas mais inclusivas e eficazes, que reflitam a diversidade da população e ajudem a reduzir as desigualdades. Além disso, a presença feminina na política rompe estereótipos e incentiva a participação de novas gerações de mulheres, fortalecendo a democracia e promovendo uma sociedade mais justa e equitativa.

Brasil fica nas últimas posições em ranking de paridade de gênero na política na América Latina Foto: Antonio Augusto / TSE

Por que não temos mulheres na política? A ausência de mulheres na política resulta de barreiras históricas e estruturais, como redes de poder dominadas por homens e a falta de apoio partidário. Os desafios continuam na consolidação da política. Uma vez eleitas, mulheres enfrentam barreiras como isolamento nas Casas legislativas, a pouca experiência com a linguagem institucional, além de violência política de gênero e raça.

As eleições municipais de 2024 trouxeram um pequeno avanço na ocupação das mulheres nas Câmaras Municipais. Passamos de 16,1% para 18,3% das cadeiras ocupadas por vereadoras. No entanto, com essa taxa de crescimento a paridade de gênero só será alcançada em 60 anos. Qual nosso papel nesse processo de mudança?

*Esta coluna foi escrita em colaboração com Amanda de Albuquerque, economista, co-fundadora e diretora executiva da Rede A Ponte.

Opinião por Laura Karpuska

Professora do Insper, Ph.D. em Economia pela Universidade de Nova York em Stony Brook

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