Economista

Opinião|Sonhos coletivos


O desejo mais ‘pedido’ foi saúde, prosperidade ficou em 2º. Família paz e mundo seguiram

Por Laura Karpuska
Atualização:

O que você deseja para 2024? Resolvi fazer um questionário para colecionar desejos para o ano vindouro. Comecei com os mais próximos. Desejos de que o Banco Central permaneça independente, menos injustiça, um Brasil sem trabalho infantil, o fim da corrupção, um País mais honesto foram aparecendo.

Recebi desejos de superávit primário. Pensei que os economistas sonham diferente mesmo. Achei de bom tom espalhar o questionário por aí. Na minha coleta por sonhos, alguns amigos me disseram que não sabiam exatamente o que desejavam. Outros me perguntavam qual deveria ser a natureza do desejo deles. “É para ser algo individual ou coletivo”. Tentei dizer que os desejos coletados seriam anônimos, mesmo para mim, e tentei estimular a liberdade. Que a gente pudesse sonhar com o que quisesse. Será que depois de anos duros de crise econômica, pandemia e polarização política, nossa capacidade de sonhar estava ficando menor?

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Foram algumas centenas de respostas. A polarização política que vem marcando nossa sociedade esteve presente no questionário também. “Impeachment de Lula” e “Bolsonaro na cadeia” apareceram algumas vezes. Mas, conforme os dias foram passando, o questionário foi recebendo outros tipos de respostas, quase que cansando de si mesmo em um movimento involuntário.

Fogos de artifício e papel picado na virada de ano na Avenida Paulista. Foto: NELSON ANTOINE/PAGOS

Beber menos, ser aceito como se é pela família, conseguir se manter empregada, trocar de emprego, ter um chefe melhor, conseguir pagar a prestação da casa própria, conseguir voltar a estudar “mesmo na minha idade”, andar pelas ruas e se sentir segura. Não termos pessoas em situação de rua. Ter uma companheira. Casar. Conseguir descansar. Sossego, paz, equilíbrio, saúde mental. Ter um filho. Conseguir criar meu filho. Encontrar um amor. Sair de uma relação tóxica. Conseguir falar inglês. Crescer minha empresa. Vender minha empresa. Não falir minha empresa. Saber me dar ao respeito. Conseguir quitar minhas dívidas. Que minha mãe continue viva. Conseguir voltar a correr. Que a misericórdia de Deus seja abundante. Conseguir reencontrar minha alegria de viver. Comprar um carro. Dar um carro para meu pai. Aceitar minhas imperfeições. Não me estressar. Estabilidade. Que o preço do mercado fique mais baixo. Um mundo sem guerras, um mundo sem fome, Arrumar um bom emprego de jovem aprendiz. “Consertar tudo o que for possível consertar”.

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Foram muitos desejos. O mais pedido foi saúde. Prosperidade veio em segundo. Família, paz e “mundo” seguiram. Que a gente consiga sempre sonhar. Feliz ano novo a todos.

O que você deseja para 2024? Resolvi fazer um questionário para colecionar desejos para o ano vindouro. Comecei com os mais próximos. Desejos de que o Banco Central permaneça independente, menos injustiça, um Brasil sem trabalho infantil, o fim da corrupção, um País mais honesto foram aparecendo.

Recebi desejos de superávit primário. Pensei que os economistas sonham diferente mesmo. Achei de bom tom espalhar o questionário por aí. Na minha coleta por sonhos, alguns amigos me disseram que não sabiam exatamente o que desejavam. Outros me perguntavam qual deveria ser a natureza do desejo deles. “É para ser algo individual ou coletivo”. Tentei dizer que os desejos coletados seriam anônimos, mesmo para mim, e tentei estimular a liberdade. Que a gente pudesse sonhar com o que quisesse. Será que depois de anos duros de crise econômica, pandemia e polarização política, nossa capacidade de sonhar estava ficando menor?

Foram algumas centenas de respostas. A polarização política que vem marcando nossa sociedade esteve presente no questionário também. “Impeachment de Lula” e “Bolsonaro na cadeia” apareceram algumas vezes. Mas, conforme os dias foram passando, o questionário foi recebendo outros tipos de respostas, quase que cansando de si mesmo em um movimento involuntário.

Fogos de artifício e papel picado na virada de ano na Avenida Paulista. Foto: NELSON ANTOINE/PAGOS

Beber menos, ser aceito como se é pela família, conseguir se manter empregada, trocar de emprego, ter um chefe melhor, conseguir pagar a prestação da casa própria, conseguir voltar a estudar “mesmo na minha idade”, andar pelas ruas e se sentir segura. Não termos pessoas em situação de rua. Ter uma companheira. Casar. Conseguir descansar. Sossego, paz, equilíbrio, saúde mental. Ter um filho. Conseguir criar meu filho. Encontrar um amor. Sair de uma relação tóxica. Conseguir falar inglês. Crescer minha empresa. Vender minha empresa. Não falir minha empresa. Saber me dar ao respeito. Conseguir quitar minhas dívidas. Que minha mãe continue viva. Conseguir voltar a correr. Que a misericórdia de Deus seja abundante. Conseguir reencontrar minha alegria de viver. Comprar um carro. Dar um carro para meu pai. Aceitar minhas imperfeições. Não me estressar. Estabilidade. Que o preço do mercado fique mais baixo. Um mundo sem guerras, um mundo sem fome, Arrumar um bom emprego de jovem aprendiz. “Consertar tudo o que for possível consertar”.

Foram muitos desejos. O mais pedido foi saúde. Prosperidade veio em segundo. Família, paz e “mundo” seguiram. Que a gente consiga sempre sonhar. Feliz ano novo a todos.

O que você deseja para 2024? Resolvi fazer um questionário para colecionar desejos para o ano vindouro. Comecei com os mais próximos. Desejos de que o Banco Central permaneça independente, menos injustiça, um Brasil sem trabalho infantil, o fim da corrupção, um País mais honesto foram aparecendo.

Recebi desejos de superávit primário. Pensei que os economistas sonham diferente mesmo. Achei de bom tom espalhar o questionário por aí. Na minha coleta por sonhos, alguns amigos me disseram que não sabiam exatamente o que desejavam. Outros me perguntavam qual deveria ser a natureza do desejo deles. “É para ser algo individual ou coletivo”. Tentei dizer que os desejos coletados seriam anônimos, mesmo para mim, e tentei estimular a liberdade. Que a gente pudesse sonhar com o que quisesse. Será que depois de anos duros de crise econômica, pandemia e polarização política, nossa capacidade de sonhar estava ficando menor?

Foram algumas centenas de respostas. A polarização política que vem marcando nossa sociedade esteve presente no questionário também. “Impeachment de Lula” e “Bolsonaro na cadeia” apareceram algumas vezes. Mas, conforme os dias foram passando, o questionário foi recebendo outros tipos de respostas, quase que cansando de si mesmo em um movimento involuntário.

Fogos de artifício e papel picado na virada de ano na Avenida Paulista. Foto: NELSON ANTOINE/PAGOS

Beber menos, ser aceito como se é pela família, conseguir se manter empregada, trocar de emprego, ter um chefe melhor, conseguir pagar a prestação da casa própria, conseguir voltar a estudar “mesmo na minha idade”, andar pelas ruas e se sentir segura. Não termos pessoas em situação de rua. Ter uma companheira. Casar. Conseguir descansar. Sossego, paz, equilíbrio, saúde mental. Ter um filho. Conseguir criar meu filho. Encontrar um amor. Sair de uma relação tóxica. Conseguir falar inglês. Crescer minha empresa. Vender minha empresa. Não falir minha empresa. Saber me dar ao respeito. Conseguir quitar minhas dívidas. Que minha mãe continue viva. Conseguir voltar a correr. Que a misericórdia de Deus seja abundante. Conseguir reencontrar minha alegria de viver. Comprar um carro. Dar um carro para meu pai. Aceitar minhas imperfeições. Não me estressar. Estabilidade. Que o preço do mercado fique mais baixo. Um mundo sem guerras, um mundo sem fome, Arrumar um bom emprego de jovem aprendiz. “Consertar tudo o que for possível consertar”.

Foram muitos desejos. O mais pedido foi saúde. Prosperidade veio em segundo. Família, paz e “mundo” seguiram. Que a gente consiga sempre sonhar. Feliz ano novo a todos.

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Opinião por Laura Karpuska

Professora do Insper, Ph.D. em Economia pela Universidade de Nova York em Stony Brook

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