Economista

Opinião|Problema fiscal existe e é material, mas nossa dificuldade fundamental é política


Hoje, no Brasil, a política está no centro do palco; ela tomou conta das nossas preocupações e conversas rotineiras, precede objetivos econômicos no desenho de políticas públicas e se apropriou do Orçamento público

Por Laura Karpuska

It’s the economics, stupid.” A famosa frase, cunhada em 1992 por James Carville, estrategista da campanha do democrata Bill Clinton contra o então presidente George H. W. Bush, sintetiza não apenas a campanha vencedora de Clinton – que ganhou tração ao explorar a recessão econômica do período Bush –, mas também a importância da conjuntura econômica para a reeleição de um presidente. Bush perdeu a reeleição e entrou para a história como um dos 10 presidentes que não foram reeleitos entre os 46 dos Estados Unidos.

Claro, a economia importa para a política. Nós, economistas, adoramos lembrar colegas cientistas políticos disso. Hoje, no Brasil, a política está no centro do palco. Ela tomou conta das nossas preocupações e conversas rotineiras, precede objetivos econômicos no desenho de políticas públicas e se apropriou do Orçamento público. Agora, ela chegou ao balanço de riscos do Banco Central do Brasil.

Na decisão da última semana – em que o Banco Central do Brasil aumentou a taxa de juros em 1,5 ponto porcentual, levando a Selic para 7,75% ao ano –, pela primeira vez em muito tempo o BC retirou do seu comunicado menções a “reformas”, que poderiam ajudar na “recuperação sustentável” da economia. O foco, dessa vez, foi explicitar o risco de desancoragem de expectativas por conta de “recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal”. Essa preocupação ficou ainda mais evidente na ata da reunião, que explicitou o aumento do juro neutro – aquele em que oferta e demanda são equiparadas sem pressões inflacionárias, no curto e no longo prazo.

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Palácio do Planalto, em Brasília; especialistas debatem sobre a principal âncora fiscal do País Foto: Dida Sampaio/Estadão

São mudanças consideráveis no discurso da autoridade monetária brasileira. Seu foco, proteger o poder de compra da população e a solidez do mercado financeiro, parece abalado pela falta de compromisso com o Orçamento público por parte do governo. Como discuti na coluna Apropriação, Expropriação, de 22 de outubro, o debate sobre políticas sociais foi deturpado, se distanciando da técnica e da análise custo-benefício para servir apenas a objetivos políticos da elite com acesso ao poder.

O problema fiscal brasileiro existe e é material e quantificável. Mas nosso problema fundamental, hoje, é político. Estamos reféns da política. O País segue sem um projeto de governo claro. O ambiente é de alta incerteza. Vimos que a apropriação do Orçamento público para fins eleitoreiros continua de forma cada vez mais escancarada. Vimos também que a política monetária passou a atuar sozinha na estabilidade macroeconômica do País. It’s the politics, stupid

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*PROFESSORA DO INSPER, PH.D. EM ECONOMIA PELA UNIVERSIDADE DE NOVA YORK EM STONY BROOK

It’s the economics, stupid.” A famosa frase, cunhada em 1992 por James Carville, estrategista da campanha do democrata Bill Clinton contra o então presidente George H. W. Bush, sintetiza não apenas a campanha vencedora de Clinton – que ganhou tração ao explorar a recessão econômica do período Bush –, mas também a importância da conjuntura econômica para a reeleição de um presidente. Bush perdeu a reeleição e entrou para a história como um dos 10 presidentes que não foram reeleitos entre os 46 dos Estados Unidos.

Claro, a economia importa para a política. Nós, economistas, adoramos lembrar colegas cientistas políticos disso. Hoje, no Brasil, a política está no centro do palco. Ela tomou conta das nossas preocupações e conversas rotineiras, precede objetivos econômicos no desenho de políticas públicas e se apropriou do Orçamento público. Agora, ela chegou ao balanço de riscos do Banco Central do Brasil.

Na decisão da última semana – em que o Banco Central do Brasil aumentou a taxa de juros em 1,5 ponto porcentual, levando a Selic para 7,75% ao ano –, pela primeira vez em muito tempo o BC retirou do seu comunicado menções a “reformas”, que poderiam ajudar na “recuperação sustentável” da economia. O foco, dessa vez, foi explicitar o risco de desancoragem de expectativas por conta de “recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal”. Essa preocupação ficou ainda mais evidente na ata da reunião, que explicitou o aumento do juro neutro – aquele em que oferta e demanda são equiparadas sem pressões inflacionárias, no curto e no longo prazo.

Palácio do Planalto, em Brasília; especialistas debatem sobre a principal âncora fiscal do País Foto: Dida Sampaio/Estadão

São mudanças consideráveis no discurso da autoridade monetária brasileira. Seu foco, proteger o poder de compra da população e a solidez do mercado financeiro, parece abalado pela falta de compromisso com o Orçamento público por parte do governo. Como discuti na coluna Apropriação, Expropriação, de 22 de outubro, o debate sobre políticas sociais foi deturpado, se distanciando da técnica e da análise custo-benefício para servir apenas a objetivos políticos da elite com acesso ao poder.

O problema fiscal brasileiro existe e é material e quantificável. Mas nosso problema fundamental, hoje, é político. Estamos reféns da política. O País segue sem um projeto de governo claro. O ambiente é de alta incerteza. Vimos que a apropriação do Orçamento público para fins eleitoreiros continua de forma cada vez mais escancarada. Vimos também que a política monetária passou a atuar sozinha na estabilidade macroeconômica do País. It’s the politics, stupid

*PROFESSORA DO INSPER, PH.D. EM ECONOMIA PELA UNIVERSIDADE DE NOVA YORK EM STONY BROOK

It’s the economics, stupid.” A famosa frase, cunhada em 1992 por James Carville, estrategista da campanha do democrata Bill Clinton contra o então presidente George H. W. Bush, sintetiza não apenas a campanha vencedora de Clinton – que ganhou tração ao explorar a recessão econômica do período Bush –, mas também a importância da conjuntura econômica para a reeleição de um presidente. Bush perdeu a reeleição e entrou para a história como um dos 10 presidentes que não foram reeleitos entre os 46 dos Estados Unidos.

Claro, a economia importa para a política. Nós, economistas, adoramos lembrar colegas cientistas políticos disso. Hoje, no Brasil, a política está no centro do palco. Ela tomou conta das nossas preocupações e conversas rotineiras, precede objetivos econômicos no desenho de políticas públicas e se apropriou do Orçamento público. Agora, ela chegou ao balanço de riscos do Banco Central do Brasil.

Na decisão da última semana – em que o Banco Central do Brasil aumentou a taxa de juros em 1,5 ponto porcentual, levando a Selic para 7,75% ao ano –, pela primeira vez em muito tempo o BC retirou do seu comunicado menções a “reformas”, que poderiam ajudar na “recuperação sustentável” da economia. O foco, dessa vez, foi explicitar o risco de desancoragem de expectativas por conta de “recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal”. Essa preocupação ficou ainda mais evidente na ata da reunião, que explicitou o aumento do juro neutro – aquele em que oferta e demanda são equiparadas sem pressões inflacionárias, no curto e no longo prazo.

Palácio do Planalto, em Brasília; especialistas debatem sobre a principal âncora fiscal do País Foto: Dida Sampaio/Estadão

São mudanças consideráveis no discurso da autoridade monetária brasileira. Seu foco, proteger o poder de compra da população e a solidez do mercado financeiro, parece abalado pela falta de compromisso com o Orçamento público por parte do governo. Como discuti na coluna Apropriação, Expropriação, de 22 de outubro, o debate sobre políticas sociais foi deturpado, se distanciando da técnica e da análise custo-benefício para servir apenas a objetivos políticos da elite com acesso ao poder.

O problema fiscal brasileiro existe e é material e quantificável. Mas nosso problema fundamental, hoje, é político. Estamos reféns da política. O País segue sem um projeto de governo claro. O ambiente é de alta incerteza. Vimos que a apropriação do Orçamento público para fins eleitoreiros continua de forma cada vez mais escancarada. Vimos também que a política monetária passou a atuar sozinha na estabilidade macroeconômica do País. It’s the politics, stupid

*PROFESSORA DO INSPER, PH.D. EM ECONOMIA PELA UNIVERSIDADE DE NOVA YORK EM STONY BROOK

It’s the economics, stupid.” A famosa frase, cunhada em 1992 por James Carville, estrategista da campanha do democrata Bill Clinton contra o então presidente George H. W. Bush, sintetiza não apenas a campanha vencedora de Clinton – que ganhou tração ao explorar a recessão econômica do período Bush –, mas também a importância da conjuntura econômica para a reeleição de um presidente. Bush perdeu a reeleição e entrou para a história como um dos 10 presidentes que não foram reeleitos entre os 46 dos Estados Unidos.

Claro, a economia importa para a política. Nós, economistas, adoramos lembrar colegas cientistas políticos disso. Hoje, no Brasil, a política está no centro do palco. Ela tomou conta das nossas preocupações e conversas rotineiras, precede objetivos econômicos no desenho de políticas públicas e se apropriou do Orçamento público. Agora, ela chegou ao balanço de riscos do Banco Central do Brasil.

Na decisão da última semana – em que o Banco Central do Brasil aumentou a taxa de juros em 1,5 ponto porcentual, levando a Selic para 7,75% ao ano –, pela primeira vez em muito tempo o BC retirou do seu comunicado menções a “reformas”, que poderiam ajudar na “recuperação sustentável” da economia. O foco, dessa vez, foi explicitar o risco de desancoragem de expectativas por conta de “recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal”. Essa preocupação ficou ainda mais evidente na ata da reunião, que explicitou o aumento do juro neutro – aquele em que oferta e demanda são equiparadas sem pressões inflacionárias, no curto e no longo prazo.

Palácio do Planalto, em Brasília; especialistas debatem sobre a principal âncora fiscal do País Foto: Dida Sampaio/Estadão

São mudanças consideráveis no discurso da autoridade monetária brasileira. Seu foco, proteger o poder de compra da população e a solidez do mercado financeiro, parece abalado pela falta de compromisso com o Orçamento público por parte do governo. Como discuti na coluna Apropriação, Expropriação, de 22 de outubro, o debate sobre políticas sociais foi deturpado, se distanciando da técnica e da análise custo-benefício para servir apenas a objetivos políticos da elite com acesso ao poder.

O problema fiscal brasileiro existe e é material e quantificável. Mas nosso problema fundamental, hoje, é político. Estamos reféns da política. O País segue sem um projeto de governo claro. O ambiente é de alta incerteza. Vimos que a apropriação do Orçamento público para fins eleitoreiros continua de forma cada vez mais escancarada. Vimos também que a política monetária passou a atuar sozinha na estabilidade macroeconômica do País. It’s the politics, stupid

*PROFESSORA DO INSPER, PH.D. EM ECONOMIA PELA UNIVERSIDADE DE NOVA YORK EM STONY BROOK

It’s the economics, stupid.” A famosa frase, cunhada em 1992 por James Carville, estrategista da campanha do democrata Bill Clinton contra o então presidente George H. W. Bush, sintetiza não apenas a campanha vencedora de Clinton – que ganhou tração ao explorar a recessão econômica do período Bush –, mas também a importância da conjuntura econômica para a reeleição de um presidente. Bush perdeu a reeleição e entrou para a história como um dos 10 presidentes que não foram reeleitos entre os 46 dos Estados Unidos.

Claro, a economia importa para a política. Nós, economistas, adoramos lembrar colegas cientistas políticos disso. Hoje, no Brasil, a política está no centro do palco. Ela tomou conta das nossas preocupações e conversas rotineiras, precede objetivos econômicos no desenho de políticas públicas e se apropriou do Orçamento público. Agora, ela chegou ao balanço de riscos do Banco Central do Brasil.

Na decisão da última semana – em que o Banco Central do Brasil aumentou a taxa de juros em 1,5 ponto porcentual, levando a Selic para 7,75% ao ano –, pela primeira vez em muito tempo o BC retirou do seu comunicado menções a “reformas”, que poderiam ajudar na “recuperação sustentável” da economia. O foco, dessa vez, foi explicitar o risco de desancoragem de expectativas por conta de “recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal”. Essa preocupação ficou ainda mais evidente na ata da reunião, que explicitou o aumento do juro neutro – aquele em que oferta e demanda são equiparadas sem pressões inflacionárias, no curto e no longo prazo.

Palácio do Planalto, em Brasília; especialistas debatem sobre a principal âncora fiscal do País Foto: Dida Sampaio/Estadão

São mudanças consideráveis no discurso da autoridade monetária brasileira. Seu foco, proteger o poder de compra da população e a solidez do mercado financeiro, parece abalado pela falta de compromisso com o Orçamento público por parte do governo. Como discuti na coluna Apropriação, Expropriação, de 22 de outubro, o debate sobre políticas sociais foi deturpado, se distanciando da técnica e da análise custo-benefício para servir apenas a objetivos políticos da elite com acesso ao poder.

O problema fiscal brasileiro existe e é material e quantificável. Mas nosso problema fundamental, hoje, é político. Estamos reféns da política. O País segue sem um projeto de governo claro. O ambiente é de alta incerteza. Vimos que a apropriação do Orçamento público para fins eleitoreiros continua de forma cada vez mais escancarada. Vimos também que a política monetária passou a atuar sozinha na estabilidade macroeconômica do País. It’s the politics, stupid

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