Economista

Opinião|Quem deve regular o espaço digital e como?


Deixar essa responsabilidade só com as empresas privadas tem se mostrado problemático. Tampouco parece apropriado que decisões tão impactantes sejam tomadas unilateralmente pelo Judiciário, ou por parte dele

Por Laura Karpuska

Lembra quando a internet era divertida? Descobrir um site novo, jogar um joguinho no navegador ou ver fotos daquela amiga – ou inimiga – de infância que você não vê há décadas. Nossa relação com a internet mudou.

Essas experiências não parecem mais tão disponíveis. Conglomerados de redes sociais tomaram o espaço aberto da internet, centralizando e homogeneizando nossas interações por meio de sistemas opacos de classificação de conteúdo. Hoje, meu Instagram é um mar de anúncios de coisas que posso ou não querer comprar, ou de influencers tentando me vender estilos de vida irreais.

Navegar pela plataforma X (antigo Twitter) significa ver menos posts de conhecidos e mais conteúdos promovidos por personalidades, muitas delas duvidáveis. Andrew Tate, ex-kickboxer anglo-americano e autodeclarado misógino, aguarda julgamento na Romênia por acusações graves, incluindo tráfico humano e estupro, que ele nega. Tate tem quase 10 milhões de seguidores na plataforma. Seu perfil foi banido em 2017, mas restaurado em 2022, após Elon Musk comprar o X.

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Suspensão da plataforma X no Brasil reaquece debate sobre a regulação das redes sociais Foto: Mauro Pimentel/AFP

Tate é apenas um exemplo do tipo de influência que essas plataformas promovem. A maioria dos países ainda carece de uma regulação adequada para lidar com esse novo cenário. No Brasil, o Marco Civil da Internet, no inciso IV do artigo 3.º, estabelece a “neutralidade da rede”, usada pelas plataformas para justificar a não assunção de responsabilidades sobre o conteúdo. A única responsabilidade efetiva surge do artigo 19, que só exige a remoção de conteúdo ilegal após ordem judicial específica. Esse marco foi pensado em “um outro mundo”, como bem apontou um colega.

A Europa parece estar anos à nossa frente. O DSA (Digital Services Act) e o DMA (Digital Markets Act) exigem transparência, moderação eficaz de conteúdo e garantem uma concorrência mais justa entre as grandes plataformas. Diferentemente do Marco Civil, que só atua após uma ordem judicial, os regulamentos europeus enfrentam de forma proativa o poder das big techs, protegendo os usuários desde o início. Isso cria um ambiente mais seguro e competitivo.

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A questão é: quem deve regular o espaço digital e como? Deixar essa responsabilidade só com as empresas privadas tem se mostrado problemático. Tampouco parece apropriado que decisões tão impactantes sejam tomadas unilateralmente pelo Judiciário, ou por parte dele. O DSA e o DMA, que tiveram suas elaborações lideradas por Margrethe Vestager e Thierry Breton, da Comissão Europeia, são uma tentativa de equilibrar esse poder. Muita cabeça pensou junto ali.

Só sei que estou com saudades do Orkut.

Lembra quando a internet era divertida? Descobrir um site novo, jogar um joguinho no navegador ou ver fotos daquela amiga – ou inimiga – de infância que você não vê há décadas. Nossa relação com a internet mudou.

Essas experiências não parecem mais tão disponíveis. Conglomerados de redes sociais tomaram o espaço aberto da internet, centralizando e homogeneizando nossas interações por meio de sistemas opacos de classificação de conteúdo. Hoje, meu Instagram é um mar de anúncios de coisas que posso ou não querer comprar, ou de influencers tentando me vender estilos de vida irreais.

Navegar pela plataforma X (antigo Twitter) significa ver menos posts de conhecidos e mais conteúdos promovidos por personalidades, muitas delas duvidáveis. Andrew Tate, ex-kickboxer anglo-americano e autodeclarado misógino, aguarda julgamento na Romênia por acusações graves, incluindo tráfico humano e estupro, que ele nega. Tate tem quase 10 milhões de seguidores na plataforma. Seu perfil foi banido em 2017, mas restaurado em 2022, após Elon Musk comprar o X.

Suspensão da plataforma X no Brasil reaquece debate sobre a regulação das redes sociais Foto: Mauro Pimentel/AFP

Tate é apenas um exemplo do tipo de influência que essas plataformas promovem. A maioria dos países ainda carece de uma regulação adequada para lidar com esse novo cenário. No Brasil, o Marco Civil da Internet, no inciso IV do artigo 3.º, estabelece a “neutralidade da rede”, usada pelas plataformas para justificar a não assunção de responsabilidades sobre o conteúdo. A única responsabilidade efetiva surge do artigo 19, que só exige a remoção de conteúdo ilegal após ordem judicial específica. Esse marco foi pensado em “um outro mundo”, como bem apontou um colega.

A Europa parece estar anos à nossa frente. O DSA (Digital Services Act) e o DMA (Digital Markets Act) exigem transparência, moderação eficaz de conteúdo e garantem uma concorrência mais justa entre as grandes plataformas. Diferentemente do Marco Civil, que só atua após uma ordem judicial, os regulamentos europeus enfrentam de forma proativa o poder das big techs, protegendo os usuários desde o início. Isso cria um ambiente mais seguro e competitivo.

A questão é: quem deve regular o espaço digital e como? Deixar essa responsabilidade só com as empresas privadas tem se mostrado problemático. Tampouco parece apropriado que decisões tão impactantes sejam tomadas unilateralmente pelo Judiciário, ou por parte dele. O DSA e o DMA, que tiveram suas elaborações lideradas por Margrethe Vestager e Thierry Breton, da Comissão Europeia, são uma tentativa de equilibrar esse poder. Muita cabeça pensou junto ali.

Só sei que estou com saudades do Orkut.

Lembra quando a internet era divertida? Descobrir um site novo, jogar um joguinho no navegador ou ver fotos daquela amiga – ou inimiga – de infância que você não vê há décadas. Nossa relação com a internet mudou.

Essas experiências não parecem mais tão disponíveis. Conglomerados de redes sociais tomaram o espaço aberto da internet, centralizando e homogeneizando nossas interações por meio de sistemas opacos de classificação de conteúdo. Hoje, meu Instagram é um mar de anúncios de coisas que posso ou não querer comprar, ou de influencers tentando me vender estilos de vida irreais.

Navegar pela plataforma X (antigo Twitter) significa ver menos posts de conhecidos e mais conteúdos promovidos por personalidades, muitas delas duvidáveis. Andrew Tate, ex-kickboxer anglo-americano e autodeclarado misógino, aguarda julgamento na Romênia por acusações graves, incluindo tráfico humano e estupro, que ele nega. Tate tem quase 10 milhões de seguidores na plataforma. Seu perfil foi banido em 2017, mas restaurado em 2022, após Elon Musk comprar o X.

Suspensão da plataforma X no Brasil reaquece debate sobre a regulação das redes sociais Foto: Mauro Pimentel/AFP

Tate é apenas um exemplo do tipo de influência que essas plataformas promovem. A maioria dos países ainda carece de uma regulação adequada para lidar com esse novo cenário. No Brasil, o Marco Civil da Internet, no inciso IV do artigo 3.º, estabelece a “neutralidade da rede”, usada pelas plataformas para justificar a não assunção de responsabilidades sobre o conteúdo. A única responsabilidade efetiva surge do artigo 19, que só exige a remoção de conteúdo ilegal após ordem judicial específica. Esse marco foi pensado em “um outro mundo”, como bem apontou um colega.

A Europa parece estar anos à nossa frente. O DSA (Digital Services Act) e o DMA (Digital Markets Act) exigem transparência, moderação eficaz de conteúdo e garantem uma concorrência mais justa entre as grandes plataformas. Diferentemente do Marco Civil, que só atua após uma ordem judicial, os regulamentos europeus enfrentam de forma proativa o poder das big techs, protegendo os usuários desde o início. Isso cria um ambiente mais seguro e competitivo.

A questão é: quem deve regular o espaço digital e como? Deixar essa responsabilidade só com as empresas privadas tem se mostrado problemático. Tampouco parece apropriado que decisões tão impactantes sejam tomadas unilateralmente pelo Judiciário, ou por parte dele. O DSA e o DMA, que tiveram suas elaborações lideradas por Margrethe Vestager e Thierry Breton, da Comissão Europeia, são uma tentativa de equilibrar esse poder. Muita cabeça pensou junto ali.

Só sei que estou com saudades do Orkut.

Lembra quando a internet era divertida? Descobrir um site novo, jogar um joguinho no navegador ou ver fotos daquela amiga – ou inimiga – de infância que você não vê há décadas. Nossa relação com a internet mudou.

Essas experiências não parecem mais tão disponíveis. Conglomerados de redes sociais tomaram o espaço aberto da internet, centralizando e homogeneizando nossas interações por meio de sistemas opacos de classificação de conteúdo. Hoje, meu Instagram é um mar de anúncios de coisas que posso ou não querer comprar, ou de influencers tentando me vender estilos de vida irreais.

Navegar pela plataforma X (antigo Twitter) significa ver menos posts de conhecidos e mais conteúdos promovidos por personalidades, muitas delas duvidáveis. Andrew Tate, ex-kickboxer anglo-americano e autodeclarado misógino, aguarda julgamento na Romênia por acusações graves, incluindo tráfico humano e estupro, que ele nega. Tate tem quase 10 milhões de seguidores na plataforma. Seu perfil foi banido em 2017, mas restaurado em 2022, após Elon Musk comprar o X.

Suspensão da plataforma X no Brasil reaquece debate sobre a regulação das redes sociais Foto: Mauro Pimentel/AFP

Tate é apenas um exemplo do tipo de influência que essas plataformas promovem. A maioria dos países ainda carece de uma regulação adequada para lidar com esse novo cenário. No Brasil, o Marco Civil da Internet, no inciso IV do artigo 3.º, estabelece a “neutralidade da rede”, usada pelas plataformas para justificar a não assunção de responsabilidades sobre o conteúdo. A única responsabilidade efetiva surge do artigo 19, que só exige a remoção de conteúdo ilegal após ordem judicial específica. Esse marco foi pensado em “um outro mundo”, como bem apontou um colega.

A Europa parece estar anos à nossa frente. O DSA (Digital Services Act) e o DMA (Digital Markets Act) exigem transparência, moderação eficaz de conteúdo e garantem uma concorrência mais justa entre as grandes plataformas. Diferentemente do Marco Civil, que só atua após uma ordem judicial, os regulamentos europeus enfrentam de forma proativa o poder das big techs, protegendo os usuários desde o início. Isso cria um ambiente mais seguro e competitivo.

A questão é: quem deve regular o espaço digital e como? Deixar essa responsabilidade só com as empresas privadas tem se mostrado problemático. Tampouco parece apropriado que decisões tão impactantes sejam tomadas unilateralmente pelo Judiciário, ou por parte dele. O DSA e o DMA, que tiveram suas elaborações lideradas por Margrethe Vestager e Thierry Breton, da Comissão Europeia, são uma tentativa de equilibrar esse poder. Muita cabeça pensou junto ali.

Só sei que estou com saudades do Orkut.

Lembra quando a internet era divertida? Descobrir um site novo, jogar um joguinho no navegador ou ver fotos daquela amiga – ou inimiga – de infância que você não vê há décadas. Nossa relação com a internet mudou.

Essas experiências não parecem mais tão disponíveis. Conglomerados de redes sociais tomaram o espaço aberto da internet, centralizando e homogeneizando nossas interações por meio de sistemas opacos de classificação de conteúdo. Hoje, meu Instagram é um mar de anúncios de coisas que posso ou não querer comprar, ou de influencers tentando me vender estilos de vida irreais.

Navegar pela plataforma X (antigo Twitter) significa ver menos posts de conhecidos e mais conteúdos promovidos por personalidades, muitas delas duvidáveis. Andrew Tate, ex-kickboxer anglo-americano e autodeclarado misógino, aguarda julgamento na Romênia por acusações graves, incluindo tráfico humano e estupro, que ele nega. Tate tem quase 10 milhões de seguidores na plataforma. Seu perfil foi banido em 2017, mas restaurado em 2022, após Elon Musk comprar o X.

Suspensão da plataforma X no Brasil reaquece debate sobre a regulação das redes sociais Foto: Mauro Pimentel/AFP

Tate é apenas um exemplo do tipo de influência que essas plataformas promovem. A maioria dos países ainda carece de uma regulação adequada para lidar com esse novo cenário. No Brasil, o Marco Civil da Internet, no inciso IV do artigo 3.º, estabelece a “neutralidade da rede”, usada pelas plataformas para justificar a não assunção de responsabilidades sobre o conteúdo. A única responsabilidade efetiva surge do artigo 19, que só exige a remoção de conteúdo ilegal após ordem judicial específica. Esse marco foi pensado em “um outro mundo”, como bem apontou um colega.

A Europa parece estar anos à nossa frente. O DSA (Digital Services Act) e o DMA (Digital Markets Act) exigem transparência, moderação eficaz de conteúdo e garantem uma concorrência mais justa entre as grandes plataformas. Diferentemente do Marco Civil, que só atua após uma ordem judicial, os regulamentos europeus enfrentam de forma proativa o poder das big techs, protegendo os usuários desde o início. Isso cria um ambiente mais seguro e competitivo.

A questão é: quem deve regular o espaço digital e como? Deixar essa responsabilidade só com as empresas privadas tem se mostrado problemático. Tampouco parece apropriado que decisões tão impactantes sejam tomadas unilateralmente pelo Judiciário, ou por parte dele. O DSA e o DMA, que tiveram suas elaborações lideradas por Margrethe Vestager e Thierry Breton, da Comissão Europeia, são uma tentativa de equilibrar esse poder. Muita cabeça pensou junto ali.

Só sei que estou com saudades do Orkut.

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Opinião por Laura Karpuska

Professora do Insper, Ph.D. em Economia pela Universidade de Nova York em Stony Brook

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