Veja o que você não vê

Opinião|Rolefulness e a Tríade da Saúde: Um Chamado à Reflexão Coletiva


Por Claudia Miranda Gonçalves

Quase um ano atrás, escrevi um artigo sobre rolefulness, explorando como esse conceito avançado da psicologia, desenvolvido pelo Prof. Daiki Kato e pela pesquisadora Mikie Suzuki, se integra à filosofia japonesa através das ideias de ikigai e yarigai. Desde então, minha jornada de aprendizado sobre esses temas me levou a refletir ainda mais sobre a conexão entre o bem-estar individual e as comunidades. É fascinante perceber como a interdependência entre esses conceitos pode enriquecer nossa compreensão sobre saúde mental, física e social.

   

Neste artigo, quero ampliar a discussão sobre a importância da saúde social como uma dimensão essencial do tripé da saúde, que inclui a saúde física e mental. Para contextualizar essa reflexão, é importante definir os três termos fundamentais: ikigai, yarigai e rolefulness, além de entender o que é saúde social.

continua após a publicidade

IKIGAI (????) indica a fonte de valor na vida de uma pessoa, as coisas que fazem a vida valer a pena. Em um nível mais profundo, ikigai é o processo de cultivar o seu potencial interior, algo que todos nós buscamos para tornar nossas vidas significativas.

YARIGAI (????), por outro lado, pode ser traduzido como "o que vale a pena fazer". Essa palavra ajuda os japoneses a entenderem suas atividades diárias e orienta a valorização dos esforços, dando motivação para enfrentar novos desafios.

ROLEFULNESS refere-se ao "sentimento contínuo de satisfação com o papel que temos em nossas vidas diárias". Este conceito inclui dois subfatores: o *rolefulness social*, que se baseia nas experiências sociais e relacionamentos, e o *rolefulness interno*, que deriva da internalização da satisfação social, envolvendo identidade e autoconfiança.

continua após a publicidade

Por fim, SAÚDE SOCIAL, segundo Robert D. Russel, é "a dimensão do bem-estar de uma pessoa que diz respeito a quanto ela se dá bem com outras pessoas, como as pessoas reagem a ela e como ela interage com as instituições e costumes sociais." Essa definição ressalta a importância das interações sociais e das relações interpessoais para o bem-estar geral.

O Oposto de Rolefulness: O Impacto do Rolelessness

Enquanto o rolefulness promove um sentido de realização e conexão, seu oposto, o rolelessness, é caracterizado pela ausência de um papel reconhecido e satisfatório na vida de uma pessoa. Essa falta de definição e propósito pode ser profundamente debilitante. A ausência de papéis significativos pode gerar ansiedade e depressão, pois as pessoas começam a sentir que não possuem valor ou contribuição para a sociedade, levando a um estado de desamparo.

continua após a publicidade

As consequências do rolelessness são particularmente preocupantes, criando o que podemos chamar de "patologias da ausência". Tais patologias incluem o isolamento e a solidão, que podem se agravar e cronificar a condição de ansiedade e depressão. Indivíduos que não se sentem conectados ou que não possuem um papel social reconhecido podem entrar em ciclos viciosos de auto isolamento. O sentimento de não pertencer pode ser paralisante, levando a longos períodos de solidão e à deterioração das relações sociais.

A Escuta nas Redes de Relacionamento como Antídoto

Uma das abordagens mais eficazes para combater as consequências do rolelessness e as patologias da ausência é a prática da escuta aberta nas redes de relacionamentos. Criar um espaço seguro onde as pessoas se sintam ouvidas e valorizadas é fundamental para contribuir com o bem-estar emocional.

continua após a publicidade

A escuta aberta permite que os indivíduos compartilhem suas experiências, sentimentos e desafios, proporcionando uma via de conexão que pode ajudar a mitigar a sensação de solidão e isolamento. Quando as pessoas se sentem ouvidas, elas começam a desenvolver uma nova perspectiva sobre si mesmas e sobre seus papéis dentro dos grupos sociais. Isso, por sua vez, pode resultar em um aumento na confiança e autoestima, combatendo a ansiedade e a depressão.

O estabelecimento de redes de apoio baseadas na escuta mútua e no reconhecimento dos papéis pode promover um ambiente onde o rolefulness possa florescer. Quando cada indivíduo se sente parte de um todo, é mais provável que encontrem um ikigai e yarigai em suas atividades diárias e relacionamentos.

Uma Visão Geral

continua após a publicidade

O papel desempenha um papel crucial, tanto no coletivo quanto no individual. A satisfação que um indivíduo sente em relação ao seu papel no grupo é fundamental para construir a confiança e a identidade pessoal. Quando as pessoas se sentem reconhecidas e têm um papel significativo, isso não só aumenta a sua autoconfiança, mas também contribui para a saúde mental e social. Estudos indicam que há uma forte correlação entre rolefulness e saúde mental, enquanto a confusão de papéis - a antítese do rolefulness - está associada a desajustes sociais e mentais.

O que esses conceitos nos revelam sobre as relações sociais e a dinâmica organizacional? Precisamos entender que a busca pela auto expressão e pela colaboração é essencial para encontrar satisfação e significado. A auto expressão é promovida pelo yarigai e pelo ikigai, criando um ciclo de realização.

Aqui está a questão: como estamos desenhando os papéis nas nossas empresas? Será que as reflexões que fazemos sobre esses papéis são as adequadas? É fundamental criar um ambiente onde os colaboradores possam vivenciar autenticidade, significado e conexão. Evitar a confusão de papéis, que leva à dificuldade de ver valor nas atividades desempenhadas, é um passo vital para garantir o bem-estar no ambiente de trabalho.

continua após a publicidade

A eficácia no trabalho e a saúde mental estão intrinsecamente conectadas. Começamos a repensar a ideia de que "primeiro as obrigações, depois a diversão". O que se mostra mais relevante é que a satisfação no trabalho não deve ser vista como um objetivo a ser alcançado, mas sim como um indicador da eficiência nos papéis e atividades que sustentam essa satisfação.

Assim como o ikigai, o rolefulness está presente nas atividades cotidianas. É através dos pequenos gestos diários, como cumprimentar colegas e se engajar em ações coletivas, que podemos integrar as partes social e interna do rolefulness. As afirmações da escala de rolefulness desenvolvida por Kato e Suzuki oferecem um caminho para refletirmos sobre isso:

Rolefulness social:

- Sou útil no grupo a que pertenço.

- Meu papel é necessário para outras pessoas.

- Tenho um papel no grupo de que faço parte.

 

Rolefulness interno:

- Ganho confiança por causa do meu papel.

- Meu papel traz à tona minha individualidade.

- Estou satisfeito com meu papel.

 

Imagine o impacto que essas reflexões podem ter no desenho organizacional, se formos capazes de ouvir essas vozes e implementar mudanças efetivas. A saúde social deve ser vista como uma parte essencial na promoção do bem-estar coletivo. Quando as empresas começam a reconhecer a importância do papel que os colaboradores desempenham, estão, na verdade, contribuindo para a construção de um ambiente mais saudável e produtivo.

Convido os leitores a refletirem sobre como podemos aplicar esses conceitos em nossas vidas e comunidades. Juntos, podemos promover um espaço onde todos se sintam valorizados e engajados, preparando o terreno para uma verdadeira revolução no cuidado com a saúde mental e social.

 

Quase um ano atrás, escrevi um artigo sobre rolefulness, explorando como esse conceito avançado da psicologia, desenvolvido pelo Prof. Daiki Kato e pela pesquisadora Mikie Suzuki, se integra à filosofia japonesa através das ideias de ikigai e yarigai. Desde então, minha jornada de aprendizado sobre esses temas me levou a refletir ainda mais sobre a conexão entre o bem-estar individual e as comunidades. É fascinante perceber como a interdependência entre esses conceitos pode enriquecer nossa compreensão sobre saúde mental, física e social.

   

Neste artigo, quero ampliar a discussão sobre a importância da saúde social como uma dimensão essencial do tripé da saúde, que inclui a saúde física e mental. Para contextualizar essa reflexão, é importante definir os três termos fundamentais: ikigai, yarigai e rolefulness, além de entender o que é saúde social.

IKIGAI (????) indica a fonte de valor na vida de uma pessoa, as coisas que fazem a vida valer a pena. Em um nível mais profundo, ikigai é o processo de cultivar o seu potencial interior, algo que todos nós buscamos para tornar nossas vidas significativas.

YARIGAI (????), por outro lado, pode ser traduzido como "o que vale a pena fazer". Essa palavra ajuda os japoneses a entenderem suas atividades diárias e orienta a valorização dos esforços, dando motivação para enfrentar novos desafios.

ROLEFULNESS refere-se ao "sentimento contínuo de satisfação com o papel que temos em nossas vidas diárias". Este conceito inclui dois subfatores: o *rolefulness social*, que se baseia nas experiências sociais e relacionamentos, e o *rolefulness interno*, que deriva da internalização da satisfação social, envolvendo identidade e autoconfiança.

Por fim, SAÚDE SOCIAL, segundo Robert D. Russel, é "a dimensão do bem-estar de uma pessoa que diz respeito a quanto ela se dá bem com outras pessoas, como as pessoas reagem a ela e como ela interage com as instituições e costumes sociais." Essa definição ressalta a importância das interações sociais e das relações interpessoais para o bem-estar geral.

O Oposto de Rolefulness: O Impacto do Rolelessness

Enquanto o rolefulness promove um sentido de realização e conexão, seu oposto, o rolelessness, é caracterizado pela ausência de um papel reconhecido e satisfatório na vida de uma pessoa. Essa falta de definição e propósito pode ser profundamente debilitante. A ausência de papéis significativos pode gerar ansiedade e depressão, pois as pessoas começam a sentir que não possuem valor ou contribuição para a sociedade, levando a um estado de desamparo.

As consequências do rolelessness são particularmente preocupantes, criando o que podemos chamar de "patologias da ausência". Tais patologias incluem o isolamento e a solidão, que podem se agravar e cronificar a condição de ansiedade e depressão. Indivíduos que não se sentem conectados ou que não possuem um papel social reconhecido podem entrar em ciclos viciosos de auto isolamento. O sentimento de não pertencer pode ser paralisante, levando a longos períodos de solidão e à deterioração das relações sociais.

A Escuta nas Redes de Relacionamento como Antídoto

Uma das abordagens mais eficazes para combater as consequências do rolelessness e as patologias da ausência é a prática da escuta aberta nas redes de relacionamentos. Criar um espaço seguro onde as pessoas se sintam ouvidas e valorizadas é fundamental para contribuir com o bem-estar emocional.

A escuta aberta permite que os indivíduos compartilhem suas experiências, sentimentos e desafios, proporcionando uma via de conexão que pode ajudar a mitigar a sensação de solidão e isolamento. Quando as pessoas se sentem ouvidas, elas começam a desenvolver uma nova perspectiva sobre si mesmas e sobre seus papéis dentro dos grupos sociais. Isso, por sua vez, pode resultar em um aumento na confiança e autoestima, combatendo a ansiedade e a depressão.

O estabelecimento de redes de apoio baseadas na escuta mútua e no reconhecimento dos papéis pode promover um ambiente onde o rolefulness possa florescer. Quando cada indivíduo se sente parte de um todo, é mais provável que encontrem um ikigai e yarigai em suas atividades diárias e relacionamentos.

Uma Visão Geral

O papel desempenha um papel crucial, tanto no coletivo quanto no individual. A satisfação que um indivíduo sente em relação ao seu papel no grupo é fundamental para construir a confiança e a identidade pessoal. Quando as pessoas se sentem reconhecidas e têm um papel significativo, isso não só aumenta a sua autoconfiança, mas também contribui para a saúde mental e social. Estudos indicam que há uma forte correlação entre rolefulness e saúde mental, enquanto a confusão de papéis - a antítese do rolefulness - está associada a desajustes sociais e mentais.

O que esses conceitos nos revelam sobre as relações sociais e a dinâmica organizacional? Precisamos entender que a busca pela auto expressão e pela colaboração é essencial para encontrar satisfação e significado. A auto expressão é promovida pelo yarigai e pelo ikigai, criando um ciclo de realização.

Aqui está a questão: como estamos desenhando os papéis nas nossas empresas? Será que as reflexões que fazemos sobre esses papéis são as adequadas? É fundamental criar um ambiente onde os colaboradores possam vivenciar autenticidade, significado e conexão. Evitar a confusão de papéis, que leva à dificuldade de ver valor nas atividades desempenhadas, é um passo vital para garantir o bem-estar no ambiente de trabalho.

A eficácia no trabalho e a saúde mental estão intrinsecamente conectadas. Começamos a repensar a ideia de que "primeiro as obrigações, depois a diversão". O que se mostra mais relevante é que a satisfação no trabalho não deve ser vista como um objetivo a ser alcançado, mas sim como um indicador da eficiência nos papéis e atividades que sustentam essa satisfação.

Assim como o ikigai, o rolefulness está presente nas atividades cotidianas. É através dos pequenos gestos diários, como cumprimentar colegas e se engajar em ações coletivas, que podemos integrar as partes social e interna do rolefulness. As afirmações da escala de rolefulness desenvolvida por Kato e Suzuki oferecem um caminho para refletirmos sobre isso:

Rolefulness social:

- Sou útil no grupo a que pertenço.

- Meu papel é necessário para outras pessoas.

- Tenho um papel no grupo de que faço parte.

 

Rolefulness interno:

- Ganho confiança por causa do meu papel.

- Meu papel traz à tona minha individualidade.

- Estou satisfeito com meu papel.

 

Imagine o impacto que essas reflexões podem ter no desenho organizacional, se formos capazes de ouvir essas vozes e implementar mudanças efetivas. A saúde social deve ser vista como uma parte essencial na promoção do bem-estar coletivo. Quando as empresas começam a reconhecer a importância do papel que os colaboradores desempenham, estão, na verdade, contribuindo para a construção de um ambiente mais saudável e produtivo.

Convido os leitores a refletirem sobre como podemos aplicar esses conceitos em nossas vidas e comunidades. Juntos, podemos promover um espaço onde todos se sintam valorizados e engajados, preparando o terreno para uma verdadeira revolução no cuidado com a saúde mental e social.

 

Quase um ano atrás, escrevi um artigo sobre rolefulness, explorando como esse conceito avançado da psicologia, desenvolvido pelo Prof. Daiki Kato e pela pesquisadora Mikie Suzuki, se integra à filosofia japonesa através das ideias de ikigai e yarigai. Desde então, minha jornada de aprendizado sobre esses temas me levou a refletir ainda mais sobre a conexão entre o bem-estar individual e as comunidades. É fascinante perceber como a interdependência entre esses conceitos pode enriquecer nossa compreensão sobre saúde mental, física e social.

   

Neste artigo, quero ampliar a discussão sobre a importância da saúde social como uma dimensão essencial do tripé da saúde, que inclui a saúde física e mental. Para contextualizar essa reflexão, é importante definir os três termos fundamentais: ikigai, yarigai e rolefulness, além de entender o que é saúde social.

IKIGAI (????) indica a fonte de valor na vida de uma pessoa, as coisas que fazem a vida valer a pena. Em um nível mais profundo, ikigai é o processo de cultivar o seu potencial interior, algo que todos nós buscamos para tornar nossas vidas significativas.

YARIGAI (????), por outro lado, pode ser traduzido como "o que vale a pena fazer". Essa palavra ajuda os japoneses a entenderem suas atividades diárias e orienta a valorização dos esforços, dando motivação para enfrentar novos desafios.

ROLEFULNESS refere-se ao "sentimento contínuo de satisfação com o papel que temos em nossas vidas diárias". Este conceito inclui dois subfatores: o *rolefulness social*, que se baseia nas experiências sociais e relacionamentos, e o *rolefulness interno*, que deriva da internalização da satisfação social, envolvendo identidade e autoconfiança.

Por fim, SAÚDE SOCIAL, segundo Robert D. Russel, é "a dimensão do bem-estar de uma pessoa que diz respeito a quanto ela se dá bem com outras pessoas, como as pessoas reagem a ela e como ela interage com as instituições e costumes sociais." Essa definição ressalta a importância das interações sociais e das relações interpessoais para o bem-estar geral.

O Oposto de Rolefulness: O Impacto do Rolelessness

Enquanto o rolefulness promove um sentido de realização e conexão, seu oposto, o rolelessness, é caracterizado pela ausência de um papel reconhecido e satisfatório na vida de uma pessoa. Essa falta de definição e propósito pode ser profundamente debilitante. A ausência de papéis significativos pode gerar ansiedade e depressão, pois as pessoas começam a sentir que não possuem valor ou contribuição para a sociedade, levando a um estado de desamparo.

As consequências do rolelessness são particularmente preocupantes, criando o que podemos chamar de "patologias da ausência". Tais patologias incluem o isolamento e a solidão, que podem se agravar e cronificar a condição de ansiedade e depressão. Indivíduos que não se sentem conectados ou que não possuem um papel social reconhecido podem entrar em ciclos viciosos de auto isolamento. O sentimento de não pertencer pode ser paralisante, levando a longos períodos de solidão e à deterioração das relações sociais.

A Escuta nas Redes de Relacionamento como Antídoto

Uma das abordagens mais eficazes para combater as consequências do rolelessness e as patologias da ausência é a prática da escuta aberta nas redes de relacionamentos. Criar um espaço seguro onde as pessoas se sintam ouvidas e valorizadas é fundamental para contribuir com o bem-estar emocional.

A escuta aberta permite que os indivíduos compartilhem suas experiências, sentimentos e desafios, proporcionando uma via de conexão que pode ajudar a mitigar a sensação de solidão e isolamento. Quando as pessoas se sentem ouvidas, elas começam a desenvolver uma nova perspectiva sobre si mesmas e sobre seus papéis dentro dos grupos sociais. Isso, por sua vez, pode resultar em um aumento na confiança e autoestima, combatendo a ansiedade e a depressão.

O estabelecimento de redes de apoio baseadas na escuta mútua e no reconhecimento dos papéis pode promover um ambiente onde o rolefulness possa florescer. Quando cada indivíduo se sente parte de um todo, é mais provável que encontrem um ikigai e yarigai em suas atividades diárias e relacionamentos.

Uma Visão Geral

O papel desempenha um papel crucial, tanto no coletivo quanto no individual. A satisfação que um indivíduo sente em relação ao seu papel no grupo é fundamental para construir a confiança e a identidade pessoal. Quando as pessoas se sentem reconhecidas e têm um papel significativo, isso não só aumenta a sua autoconfiança, mas também contribui para a saúde mental e social. Estudos indicam que há uma forte correlação entre rolefulness e saúde mental, enquanto a confusão de papéis - a antítese do rolefulness - está associada a desajustes sociais e mentais.

O que esses conceitos nos revelam sobre as relações sociais e a dinâmica organizacional? Precisamos entender que a busca pela auto expressão e pela colaboração é essencial para encontrar satisfação e significado. A auto expressão é promovida pelo yarigai e pelo ikigai, criando um ciclo de realização.

Aqui está a questão: como estamos desenhando os papéis nas nossas empresas? Será que as reflexões que fazemos sobre esses papéis são as adequadas? É fundamental criar um ambiente onde os colaboradores possam vivenciar autenticidade, significado e conexão. Evitar a confusão de papéis, que leva à dificuldade de ver valor nas atividades desempenhadas, é um passo vital para garantir o bem-estar no ambiente de trabalho.

A eficácia no trabalho e a saúde mental estão intrinsecamente conectadas. Começamos a repensar a ideia de que "primeiro as obrigações, depois a diversão". O que se mostra mais relevante é que a satisfação no trabalho não deve ser vista como um objetivo a ser alcançado, mas sim como um indicador da eficiência nos papéis e atividades que sustentam essa satisfação.

Assim como o ikigai, o rolefulness está presente nas atividades cotidianas. É através dos pequenos gestos diários, como cumprimentar colegas e se engajar em ações coletivas, que podemos integrar as partes social e interna do rolefulness. As afirmações da escala de rolefulness desenvolvida por Kato e Suzuki oferecem um caminho para refletirmos sobre isso:

Rolefulness social:

- Sou útil no grupo a que pertenço.

- Meu papel é necessário para outras pessoas.

- Tenho um papel no grupo de que faço parte.

 

Rolefulness interno:

- Ganho confiança por causa do meu papel.

- Meu papel traz à tona minha individualidade.

- Estou satisfeito com meu papel.

 

Imagine o impacto que essas reflexões podem ter no desenho organizacional, se formos capazes de ouvir essas vozes e implementar mudanças efetivas. A saúde social deve ser vista como uma parte essencial na promoção do bem-estar coletivo. Quando as empresas começam a reconhecer a importância do papel que os colaboradores desempenham, estão, na verdade, contribuindo para a construção de um ambiente mais saudável e produtivo.

Convido os leitores a refletirem sobre como podemos aplicar esses conceitos em nossas vidas e comunidades. Juntos, podemos promover um espaço onde todos se sintam valorizados e engajados, preparando o terreno para uma verdadeira revolução no cuidado com a saúde mental e social.

 

Quase um ano atrás, escrevi um artigo sobre rolefulness, explorando como esse conceito avançado da psicologia, desenvolvido pelo Prof. Daiki Kato e pela pesquisadora Mikie Suzuki, se integra à filosofia japonesa através das ideias de ikigai e yarigai. Desde então, minha jornada de aprendizado sobre esses temas me levou a refletir ainda mais sobre a conexão entre o bem-estar individual e as comunidades. É fascinante perceber como a interdependência entre esses conceitos pode enriquecer nossa compreensão sobre saúde mental, física e social.

   

Neste artigo, quero ampliar a discussão sobre a importância da saúde social como uma dimensão essencial do tripé da saúde, que inclui a saúde física e mental. Para contextualizar essa reflexão, é importante definir os três termos fundamentais: ikigai, yarigai e rolefulness, além de entender o que é saúde social.

IKIGAI (????) indica a fonte de valor na vida de uma pessoa, as coisas que fazem a vida valer a pena. Em um nível mais profundo, ikigai é o processo de cultivar o seu potencial interior, algo que todos nós buscamos para tornar nossas vidas significativas.

YARIGAI (????), por outro lado, pode ser traduzido como "o que vale a pena fazer". Essa palavra ajuda os japoneses a entenderem suas atividades diárias e orienta a valorização dos esforços, dando motivação para enfrentar novos desafios.

ROLEFULNESS refere-se ao "sentimento contínuo de satisfação com o papel que temos em nossas vidas diárias". Este conceito inclui dois subfatores: o *rolefulness social*, que se baseia nas experiências sociais e relacionamentos, e o *rolefulness interno*, que deriva da internalização da satisfação social, envolvendo identidade e autoconfiança.

Por fim, SAÚDE SOCIAL, segundo Robert D. Russel, é "a dimensão do bem-estar de uma pessoa que diz respeito a quanto ela se dá bem com outras pessoas, como as pessoas reagem a ela e como ela interage com as instituições e costumes sociais." Essa definição ressalta a importância das interações sociais e das relações interpessoais para o bem-estar geral.

O Oposto de Rolefulness: O Impacto do Rolelessness

Enquanto o rolefulness promove um sentido de realização e conexão, seu oposto, o rolelessness, é caracterizado pela ausência de um papel reconhecido e satisfatório na vida de uma pessoa. Essa falta de definição e propósito pode ser profundamente debilitante. A ausência de papéis significativos pode gerar ansiedade e depressão, pois as pessoas começam a sentir que não possuem valor ou contribuição para a sociedade, levando a um estado de desamparo.

As consequências do rolelessness são particularmente preocupantes, criando o que podemos chamar de "patologias da ausência". Tais patologias incluem o isolamento e a solidão, que podem se agravar e cronificar a condição de ansiedade e depressão. Indivíduos que não se sentem conectados ou que não possuem um papel social reconhecido podem entrar em ciclos viciosos de auto isolamento. O sentimento de não pertencer pode ser paralisante, levando a longos períodos de solidão e à deterioração das relações sociais.

A Escuta nas Redes de Relacionamento como Antídoto

Uma das abordagens mais eficazes para combater as consequências do rolelessness e as patologias da ausência é a prática da escuta aberta nas redes de relacionamentos. Criar um espaço seguro onde as pessoas se sintam ouvidas e valorizadas é fundamental para contribuir com o bem-estar emocional.

A escuta aberta permite que os indivíduos compartilhem suas experiências, sentimentos e desafios, proporcionando uma via de conexão que pode ajudar a mitigar a sensação de solidão e isolamento. Quando as pessoas se sentem ouvidas, elas começam a desenvolver uma nova perspectiva sobre si mesmas e sobre seus papéis dentro dos grupos sociais. Isso, por sua vez, pode resultar em um aumento na confiança e autoestima, combatendo a ansiedade e a depressão.

O estabelecimento de redes de apoio baseadas na escuta mútua e no reconhecimento dos papéis pode promover um ambiente onde o rolefulness possa florescer. Quando cada indivíduo se sente parte de um todo, é mais provável que encontrem um ikigai e yarigai em suas atividades diárias e relacionamentos.

Uma Visão Geral

O papel desempenha um papel crucial, tanto no coletivo quanto no individual. A satisfação que um indivíduo sente em relação ao seu papel no grupo é fundamental para construir a confiança e a identidade pessoal. Quando as pessoas se sentem reconhecidas e têm um papel significativo, isso não só aumenta a sua autoconfiança, mas também contribui para a saúde mental e social. Estudos indicam que há uma forte correlação entre rolefulness e saúde mental, enquanto a confusão de papéis - a antítese do rolefulness - está associada a desajustes sociais e mentais.

O que esses conceitos nos revelam sobre as relações sociais e a dinâmica organizacional? Precisamos entender que a busca pela auto expressão e pela colaboração é essencial para encontrar satisfação e significado. A auto expressão é promovida pelo yarigai e pelo ikigai, criando um ciclo de realização.

Aqui está a questão: como estamos desenhando os papéis nas nossas empresas? Será que as reflexões que fazemos sobre esses papéis são as adequadas? É fundamental criar um ambiente onde os colaboradores possam vivenciar autenticidade, significado e conexão. Evitar a confusão de papéis, que leva à dificuldade de ver valor nas atividades desempenhadas, é um passo vital para garantir o bem-estar no ambiente de trabalho.

A eficácia no trabalho e a saúde mental estão intrinsecamente conectadas. Começamos a repensar a ideia de que "primeiro as obrigações, depois a diversão". O que se mostra mais relevante é que a satisfação no trabalho não deve ser vista como um objetivo a ser alcançado, mas sim como um indicador da eficiência nos papéis e atividades que sustentam essa satisfação.

Assim como o ikigai, o rolefulness está presente nas atividades cotidianas. É através dos pequenos gestos diários, como cumprimentar colegas e se engajar em ações coletivas, que podemos integrar as partes social e interna do rolefulness. As afirmações da escala de rolefulness desenvolvida por Kato e Suzuki oferecem um caminho para refletirmos sobre isso:

Rolefulness social:

- Sou útil no grupo a que pertenço.

- Meu papel é necessário para outras pessoas.

- Tenho um papel no grupo de que faço parte.

 

Rolefulness interno:

- Ganho confiança por causa do meu papel.

- Meu papel traz à tona minha individualidade.

- Estou satisfeito com meu papel.

 

Imagine o impacto que essas reflexões podem ter no desenho organizacional, se formos capazes de ouvir essas vozes e implementar mudanças efetivas. A saúde social deve ser vista como uma parte essencial na promoção do bem-estar coletivo. Quando as empresas começam a reconhecer a importância do papel que os colaboradores desempenham, estão, na verdade, contribuindo para a construção de um ambiente mais saudável e produtivo.

Convido os leitores a refletirem sobre como podemos aplicar esses conceitos em nossas vidas e comunidades. Juntos, podemos promover um espaço onde todos se sintam valorizados e engajados, preparando o terreno para uma verdadeira revolução no cuidado com a saúde mental e social.

 

Opinião por Claudia Miranda Gonçalves

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.