A libra atingiu mínima histórica ante o dólar no domingo, 25, em meio às repercussões sobre o pacote econômico anunciado pelo governo britânico na semana passada. A libra chegou a recuar a US$ 1,0351, abaixo do piso histórico anterior, de 1985.
As medidas do pacote econômico incluem cortes de impostos e aumento de gastos, que podem impulsionar a demanda e reduzir as chances de uma recessão no Reino Unido. Analistas alertam, porém, que as ações devem acelerar a inflação, o que elevaria riscos de um aperto monetário mais agressivo do Banco da Inglaterra (BOE).
O tombo da libra à mínima histórica ante o dólar demanda uma resposta do Banco da Inglaterra (BoE), argumenta a Capital Economics. A moeda é pressionada por incertezas fiscais após o governo britânico anunciar o pacote econômico.
Entre as possíveis ações, a consultoria indica que o presidente do BoE, Andrew Bailey, poderia reforçar a mensagem de que pretende aumentar juros agressivamente no encontro de novembro. Na semana passada, o BC do país insular subiu a taxa bancária em 50 pontos-base, a 2,25%.
Se coordenado com um compromisso do governo pela sustentabilidade fiscal, o discurso de Bailey poderia restaurar a confiança do mercado e estancar a depreciação da libra, avalia a Capital.
“Mas não estamos convencidos de que Bailey tenha crédito suficiente no banco para conseguir isso e a reunião do MPC [Comitê de Política Monetária] de novembro parece muito distante agora”, pondera.
A consultoria entende que uma opção mais efetiva seria a antecipação do aumento de juros, com elevação de 100 pontos-base ou 150 pontos-base possivelmente já na manhã desta segunda-feira, 26. O Banco, assim, demonstraria inequívoco empenho com a estabilidade de preços. “Isso ajudaria muito a aliviar a crise”, destaca.
Seja qual for a alternativa, a Capital avalia que o resultado será semelhante: juros mais altos e preocupações sobre a trajetória fiscal. “Tudo isso vai pesar na economia”, prevê.
O ING avalia que as autoridades britânicas têm opções incertezas para conter a onda de vendas “desordenada” da moeda britânica.
O movimento foi deflagrado pelo anúncio de um pacote de cortes de impostos do governo britânico, mas o banco holandês acredita que Londres não deve mudar o curso de sua política fiscal. O ING também considera improvável que o Banco da Inglaterra (BOE) decida subir juros em uma reunião emergencial.
“Alternativamente, há intervenção cambial, mas o Reino Unido tem apenas cerca de US$ 80 bilhões em reservas líquidas cambiais - mal o suficiente para cobrir dois meses de importações”, explica.
Para o Rabobank, o pacote fiscal anunciado pelo governo britânico contradiz os planos do Banco da Inglaterra (BoE) de subir juros para conter a inflação. O banco avalia que o cenário amplia especulações de que a autoridade monetária terá que intensificar o ritmo de aperto para compensar a expansão dos gastos e a redução dos impostos.
Segundo a análise, o ritmo moderado de aumento de juros do BoE não foi suficiente para proteger a moeda, que atingiu mínima histórica durante a madrugada. Na semana passada, o BC do país insular subiu a taxa bancária em 50 pontos-base, a 2,25%.
“Assim, surgiram especulações de que o MPC [Comitê de Política Monetário] pode ser forçado a considerar grandes aumentos nas taxas de estilo de economias emergentes para evitar novas perdas acentuadas no valor da libra”, explica.
Os analistas do Rabobank acrescentam que o Reino Unido tem alto nível de déficit na conta corrente. “Não é um cenário atraente para os investidores, o que explica por que a libra despencou na sexta-feira e continuou sua espiral mais baixa durante a noite passada, antes de recuperar o nível US$ 1,06 nesta manhã”, destaca. / COM INFORMAÇÕES DA DOW JONES NEWSWIRES