Light: ‘Teremos proposta para negociar com credores num prazo de 10 a 20 dias’, diz presidente


Octavio Lopes afirmou que conversa ‘direta ou indiretamente com esmagadora maioria’ dos credores para tratar de dívidas que somam R$ 11 bilhões

Por Luciana Collet
Atualização:

O grupo Light espera conseguir apresentar gradativamente a seus credores, num prazo de 10 a 20 dias, uma proposta de negociação para uma solução financeira da companhia, no âmbito do processo de recuperação judicial pedido junto à Justiça do Rio de Janeiro nesta sexta-feira, 12. Segundo o presidente da Light SA, Octavio Lopes, a companhia já está “bem próxima de ter 100% estruturada uma proposta de uma solução para credores”.

Após dar início a um processo de negociação extrajudicial e perceber que não seria bem-sucedida nessa empreitada, a companhia solicitou há um mês à Justiça a suspensão do pagamento de obrigações financeiras e uma mediação judicial, o que foi concedido liminarmente pelo prazo de 30 dias, mas exigindo que o mérito da ação fosse feito apresentando durante esse período.

O pedido de recuperação judicial no âmbito da holding ajuizado nesta sexta corresponde justamente ao mérito da ação e considerou as dificuldades enfrentadas nos últimos dias.

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Nesta sexta, os papéis da empresa chegaram a cair 21,29%, e a B3, que opera a Bolsa de Valores de São Paulo, confirmou a exclusão das ações da Light de seus índices a partir da segunda-feira, 15, após o fechamento do mercado.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Lopes disse que durante a mediação judicial, a Light conseguiu identificar diferentes grupos de credores, por interesse, tendo em vista a dispersão de suas dívidas pelo mercado, e obteve o engajamento de alguns grupos para a construção de uma solução.

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Por outro lado, admitiu que um grupo de credores seguiu hostil e deu início a uma “estratégia suicida”, que levaria a execuções de dívida, a partir da queda da liminar, que resultariam na disrupção do serviço. “Teria consequências para a população, para a concessão, inadimplência de créditos setoriais, tudo o que a gente não quer fazer e seria obrigado a fazer; neste contexto é que fomos para a opção muito forte”, disse, referindo-se ao pedido de recuperação judicial.

Para presidente da Light, solução do grupo envolve separação entre as duas subsidiárias de geração da empresa Foto: Wilton Junior/AE

Ele evitou dizer qual seria o nível de engajamento dos credores, diante do total de R$ 11 bilhões de dívidas, mas afirmou que “conversa direta ou indiretamente com esmagadora maioria”. Segundo ele, há diálogo com os 10% da dívida correspondentes a instituições financeiras, e com mais da metade dos bondholders, que detém cerca de um terço da dívida total. Mas admitiu dificuldades em diálogo com as pessoas físicas detentoras de títulos de dívida.

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“Não tem como engajar com pessoa física, mas temos trabalho construtivo com os private que têm maior exposição à companhia e temos um grupo de gestoras que está engajado”, disse. Ele minimizou o agravo impetrado por um grupo de gestores, que disse corresponder a menos de 10% da dívida total.

O presidente da Light salientou que o pedido foi feito no nível da holding, tendo em vista que a empresa é codevedora de todas as obrigações de suas subsidiárias e considerou que solução endereça o desejo dos stakeholders, porque cumpria fielmente a demanda das autoridades de proteção da concessão e de garantia do direito dos consumidores e de obrigações intrasetoriais, ao mesmo tempo em que abre ambiente “propício para negociação”.

“Quando juiz deferir nosso pedido, o que esperamos que ocorra semana que vem, não muda nada da operação do dia a dia: os 2 mil pessoas da Light estarão na rua trabalhando, não impacta fornecedor, colaborador, compromisso intrasetorial e pagamento de impostos”, disse. Vale lembrar que a distribuidora está diretamente impedida por lei de pedir recuperação judicial.

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Solução

Lopes comentou que a solução do grupo Light envolve uma separação entre as duas subsidiárias de geração (Light Energia) e de distribuição (Light Sesa). Na primeira, ele considerou a solução é mais simples, uma vez que o volume de dívida é compatível com a empresa, que apenas foi contaminada pela situação do grupo porque a holding é devedora em todos os títulos. Portanto, seria necessário apenas um reescalonamento em função do não pagamento de obrigações.

Já no caso da distribuidora, a solução é mais complexa, porque envolve a redução de dívidas, além do alongamento de prazo, sem contar o processo paralelo de renovação da concessão. “A dívida é muito grande, mesmo pensando no que seria a rentabilidade da companhia se ela tivesse o repasse integral das perdas e da inadimplência - o que na nossa visão seria o correto - não se chega ao nível de rentabilidade que permite sustentar R$ 10 bilhões de endividamento, que é o que a companhia tem”, disse. Para ele, a renovação da concessão não é viável com montante de dívida atual.

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Segundo Lopes, seria necessária uma redução do endividamento da distribuidora da ordem de 30% a 50%, dependendo de outras variáveis. “Na distribuidora, vamos apresentar um leque de opções, que têm de levar em conta a heterogeneidade dos credores”, disse. Ele lembrou haver grupos que querem liquidez imediata, enquanto outros não têm pressão de liquidez e possuem flexibilidade para reescalonamento de longo prazo.

A proposta também prevê uma injeção de recurso novo na Light Sesa, mas Lopes não detalhou como seria feito. “Existem inúmeras opções de financiamento, estamos observando várias”, disse.

Em uma crítica indireta à proposta que Nelson Tanure, que vem ganhando peso como acionista nos últimos dias, teria feito a credores, de aporte de mais de R$ 1 bilhão, Lopes disse que um aporte de R$ 1 bilhão ou até mesmo R$ 2 bilhões não resolveria a situação de curto prazo da Light Sesa, tendo em vista que somente entre 2023 e 2024 a companhia tem necessidade de recursos de entre R$ 5 bilhões e R$ 7 bilhões, entre amortizações de dívida, despesas de juros e devoluções de PIS/Cofins. “A solução, infelizmente, não é R$ 500 milhões, R$ 1 bilhão ou até R$ 2 bilhões, que de uma hora para outra resolve o problema”, disse.

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Renovação da concessão

Lopes afirmou que a reestruturação financeira e da estrutura de capital da Light Sesa deveria ocorrer ainda este ano, e anteriormente à renovação da concessão, com parte da solução de longo prazo condicionada a este processo. Embora ele tenha dito acreditar na possibilidade de uma renovação ainda este ano, lembrou que ela pode acontecer até 2026, quando efetivamente encerra o contrato atual, e disse que a ambição da companhia é conseguir o novo contrato no próximo ano.

A despeito de alerta do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre preocupações com a concessão da Light, Lopes disse estar confiante em um desfecho favorável à empresa, tendo em vista não haver histórico de não renovação de concessionária de energia no País. Além disso, salientou que apesar do problema financeiro, a empresa permaneceu em normalidade operacional. “A estrutura de capital da Light Sesa é incompatível com a renovação da concessão, então estamos buscando a adequação, mas em termos de gestão fazemos um bom trabalho”, disse.

O grupo Light espera conseguir apresentar gradativamente a seus credores, num prazo de 10 a 20 dias, uma proposta de negociação para uma solução financeira da companhia, no âmbito do processo de recuperação judicial pedido junto à Justiça do Rio de Janeiro nesta sexta-feira, 12. Segundo o presidente da Light SA, Octavio Lopes, a companhia já está “bem próxima de ter 100% estruturada uma proposta de uma solução para credores”.

Após dar início a um processo de negociação extrajudicial e perceber que não seria bem-sucedida nessa empreitada, a companhia solicitou há um mês à Justiça a suspensão do pagamento de obrigações financeiras e uma mediação judicial, o que foi concedido liminarmente pelo prazo de 30 dias, mas exigindo que o mérito da ação fosse feito apresentando durante esse período.

O pedido de recuperação judicial no âmbito da holding ajuizado nesta sexta corresponde justamente ao mérito da ação e considerou as dificuldades enfrentadas nos últimos dias.

Nesta sexta, os papéis da empresa chegaram a cair 21,29%, e a B3, que opera a Bolsa de Valores de São Paulo, confirmou a exclusão das ações da Light de seus índices a partir da segunda-feira, 15, após o fechamento do mercado.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Lopes disse que durante a mediação judicial, a Light conseguiu identificar diferentes grupos de credores, por interesse, tendo em vista a dispersão de suas dívidas pelo mercado, e obteve o engajamento de alguns grupos para a construção de uma solução.

Por outro lado, admitiu que um grupo de credores seguiu hostil e deu início a uma “estratégia suicida”, que levaria a execuções de dívida, a partir da queda da liminar, que resultariam na disrupção do serviço. “Teria consequências para a população, para a concessão, inadimplência de créditos setoriais, tudo o que a gente não quer fazer e seria obrigado a fazer; neste contexto é que fomos para a opção muito forte”, disse, referindo-se ao pedido de recuperação judicial.

Para presidente da Light, solução do grupo envolve separação entre as duas subsidiárias de geração da empresa Foto: Wilton Junior/AE

Ele evitou dizer qual seria o nível de engajamento dos credores, diante do total de R$ 11 bilhões de dívidas, mas afirmou que “conversa direta ou indiretamente com esmagadora maioria”. Segundo ele, há diálogo com os 10% da dívida correspondentes a instituições financeiras, e com mais da metade dos bondholders, que detém cerca de um terço da dívida total. Mas admitiu dificuldades em diálogo com as pessoas físicas detentoras de títulos de dívida.

“Não tem como engajar com pessoa física, mas temos trabalho construtivo com os private que têm maior exposição à companhia e temos um grupo de gestoras que está engajado”, disse. Ele minimizou o agravo impetrado por um grupo de gestores, que disse corresponder a menos de 10% da dívida total.

O presidente da Light salientou que o pedido foi feito no nível da holding, tendo em vista que a empresa é codevedora de todas as obrigações de suas subsidiárias e considerou que solução endereça o desejo dos stakeholders, porque cumpria fielmente a demanda das autoridades de proteção da concessão e de garantia do direito dos consumidores e de obrigações intrasetoriais, ao mesmo tempo em que abre ambiente “propício para negociação”.

“Quando juiz deferir nosso pedido, o que esperamos que ocorra semana que vem, não muda nada da operação do dia a dia: os 2 mil pessoas da Light estarão na rua trabalhando, não impacta fornecedor, colaborador, compromisso intrasetorial e pagamento de impostos”, disse. Vale lembrar que a distribuidora está diretamente impedida por lei de pedir recuperação judicial.

Solução

Lopes comentou que a solução do grupo Light envolve uma separação entre as duas subsidiárias de geração (Light Energia) e de distribuição (Light Sesa). Na primeira, ele considerou a solução é mais simples, uma vez que o volume de dívida é compatível com a empresa, que apenas foi contaminada pela situação do grupo porque a holding é devedora em todos os títulos. Portanto, seria necessário apenas um reescalonamento em função do não pagamento de obrigações.

Já no caso da distribuidora, a solução é mais complexa, porque envolve a redução de dívidas, além do alongamento de prazo, sem contar o processo paralelo de renovação da concessão. “A dívida é muito grande, mesmo pensando no que seria a rentabilidade da companhia se ela tivesse o repasse integral das perdas e da inadimplência - o que na nossa visão seria o correto - não se chega ao nível de rentabilidade que permite sustentar R$ 10 bilhões de endividamento, que é o que a companhia tem”, disse. Para ele, a renovação da concessão não é viável com montante de dívida atual.

Segundo Lopes, seria necessária uma redução do endividamento da distribuidora da ordem de 30% a 50%, dependendo de outras variáveis. “Na distribuidora, vamos apresentar um leque de opções, que têm de levar em conta a heterogeneidade dos credores”, disse. Ele lembrou haver grupos que querem liquidez imediata, enquanto outros não têm pressão de liquidez e possuem flexibilidade para reescalonamento de longo prazo.

A proposta também prevê uma injeção de recurso novo na Light Sesa, mas Lopes não detalhou como seria feito. “Existem inúmeras opções de financiamento, estamos observando várias”, disse.

Em uma crítica indireta à proposta que Nelson Tanure, que vem ganhando peso como acionista nos últimos dias, teria feito a credores, de aporte de mais de R$ 1 bilhão, Lopes disse que um aporte de R$ 1 bilhão ou até mesmo R$ 2 bilhões não resolveria a situação de curto prazo da Light Sesa, tendo em vista que somente entre 2023 e 2024 a companhia tem necessidade de recursos de entre R$ 5 bilhões e R$ 7 bilhões, entre amortizações de dívida, despesas de juros e devoluções de PIS/Cofins. “A solução, infelizmente, não é R$ 500 milhões, R$ 1 bilhão ou até R$ 2 bilhões, que de uma hora para outra resolve o problema”, disse.

Renovação da concessão

Lopes afirmou que a reestruturação financeira e da estrutura de capital da Light Sesa deveria ocorrer ainda este ano, e anteriormente à renovação da concessão, com parte da solução de longo prazo condicionada a este processo. Embora ele tenha dito acreditar na possibilidade de uma renovação ainda este ano, lembrou que ela pode acontecer até 2026, quando efetivamente encerra o contrato atual, e disse que a ambição da companhia é conseguir o novo contrato no próximo ano.

A despeito de alerta do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre preocupações com a concessão da Light, Lopes disse estar confiante em um desfecho favorável à empresa, tendo em vista não haver histórico de não renovação de concessionária de energia no País. Além disso, salientou que apesar do problema financeiro, a empresa permaneceu em normalidade operacional. “A estrutura de capital da Light Sesa é incompatível com a renovação da concessão, então estamos buscando a adequação, mas em termos de gestão fazemos um bom trabalho”, disse.

O grupo Light espera conseguir apresentar gradativamente a seus credores, num prazo de 10 a 20 dias, uma proposta de negociação para uma solução financeira da companhia, no âmbito do processo de recuperação judicial pedido junto à Justiça do Rio de Janeiro nesta sexta-feira, 12. Segundo o presidente da Light SA, Octavio Lopes, a companhia já está “bem próxima de ter 100% estruturada uma proposta de uma solução para credores”.

Após dar início a um processo de negociação extrajudicial e perceber que não seria bem-sucedida nessa empreitada, a companhia solicitou há um mês à Justiça a suspensão do pagamento de obrigações financeiras e uma mediação judicial, o que foi concedido liminarmente pelo prazo de 30 dias, mas exigindo que o mérito da ação fosse feito apresentando durante esse período.

O pedido de recuperação judicial no âmbito da holding ajuizado nesta sexta corresponde justamente ao mérito da ação e considerou as dificuldades enfrentadas nos últimos dias.

Nesta sexta, os papéis da empresa chegaram a cair 21,29%, e a B3, que opera a Bolsa de Valores de São Paulo, confirmou a exclusão das ações da Light de seus índices a partir da segunda-feira, 15, após o fechamento do mercado.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Lopes disse que durante a mediação judicial, a Light conseguiu identificar diferentes grupos de credores, por interesse, tendo em vista a dispersão de suas dívidas pelo mercado, e obteve o engajamento de alguns grupos para a construção de uma solução.

Por outro lado, admitiu que um grupo de credores seguiu hostil e deu início a uma “estratégia suicida”, que levaria a execuções de dívida, a partir da queda da liminar, que resultariam na disrupção do serviço. “Teria consequências para a população, para a concessão, inadimplência de créditos setoriais, tudo o que a gente não quer fazer e seria obrigado a fazer; neste contexto é que fomos para a opção muito forte”, disse, referindo-se ao pedido de recuperação judicial.

Para presidente da Light, solução do grupo envolve separação entre as duas subsidiárias de geração da empresa Foto: Wilton Junior/AE

Ele evitou dizer qual seria o nível de engajamento dos credores, diante do total de R$ 11 bilhões de dívidas, mas afirmou que “conversa direta ou indiretamente com esmagadora maioria”. Segundo ele, há diálogo com os 10% da dívida correspondentes a instituições financeiras, e com mais da metade dos bondholders, que detém cerca de um terço da dívida total. Mas admitiu dificuldades em diálogo com as pessoas físicas detentoras de títulos de dívida.

“Não tem como engajar com pessoa física, mas temos trabalho construtivo com os private que têm maior exposição à companhia e temos um grupo de gestoras que está engajado”, disse. Ele minimizou o agravo impetrado por um grupo de gestores, que disse corresponder a menos de 10% da dívida total.

O presidente da Light salientou que o pedido foi feito no nível da holding, tendo em vista que a empresa é codevedora de todas as obrigações de suas subsidiárias e considerou que solução endereça o desejo dos stakeholders, porque cumpria fielmente a demanda das autoridades de proteção da concessão e de garantia do direito dos consumidores e de obrigações intrasetoriais, ao mesmo tempo em que abre ambiente “propício para negociação”.

“Quando juiz deferir nosso pedido, o que esperamos que ocorra semana que vem, não muda nada da operação do dia a dia: os 2 mil pessoas da Light estarão na rua trabalhando, não impacta fornecedor, colaborador, compromisso intrasetorial e pagamento de impostos”, disse. Vale lembrar que a distribuidora está diretamente impedida por lei de pedir recuperação judicial.

Solução

Lopes comentou que a solução do grupo Light envolve uma separação entre as duas subsidiárias de geração (Light Energia) e de distribuição (Light Sesa). Na primeira, ele considerou a solução é mais simples, uma vez que o volume de dívida é compatível com a empresa, que apenas foi contaminada pela situação do grupo porque a holding é devedora em todos os títulos. Portanto, seria necessário apenas um reescalonamento em função do não pagamento de obrigações.

Já no caso da distribuidora, a solução é mais complexa, porque envolve a redução de dívidas, além do alongamento de prazo, sem contar o processo paralelo de renovação da concessão. “A dívida é muito grande, mesmo pensando no que seria a rentabilidade da companhia se ela tivesse o repasse integral das perdas e da inadimplência - o que na nossa visão seria o correto - não se chega ao nível de rentabilidade que permite sustentar R$ 10 bilhões de endividamento, que é o que a companhia tem”, disse. Para ele, a renovação da concessão não é viável com montante de dívida atual.

Segundo Lopes, seria necessária uma redução do endividamento da distribuidora da ordem de 30% a 50%, dependendo de outras variáveis. “Na distribuidora, vamos apresentar um leque de opções, que têm de levar em conta a heterogeneidade dos credores”, disse. Ele lembrou haver grupos que querem liquidez imediata, enquanto outros não têm pressão de liquidez e possuem flexibilidade para reescalonamento de longo prazo.

A proposta também prevê uma injeção de recurso novo na Light Sesa, mas Lopes não detalhou como seria feito. “Existem inúmeras opções de financiamento, estamos observando várias”, disse.

Em uma crítica indireta à proposta que Nelson Tanure, que vem ganhando peso como acionista nos últimos dias, teria feito a credores, de aporte de mais de R$ 1 bilhão, Lopes disse que um aporte de R$ 1 bilhão ou até mesmo R$ 2 bilhões não resolveria a situação de curto prazo da Light Sesa, tendo em vista que somente entre 2023 e 2024 a companhia tem necessidade de recursos de entre R$ 5 bilhões e R$ 7 bilhões, entre amortizações de dívida, despesas de juros e devoluções de PIS/Cofins. “A solução, infelizmente, não é R$ 500 milhões, R$ 1 bilhão ou até R$ 2 bilhões, que de uma hora para outra resolve o problema”, disse.

Renovação da concessão

Lopes afirmou que a reestruturação financeira e da estrutura de capital da Light Sesa deveria ocorrer ainda este ano, e anteriormente à renovação da concessão, com parte da solução de longo prazo condicionada a este processo. Embora ele tenha dito acreditar na possibilidade de uma renovação ainda este ano, lembrou que ela pode acontecer até 2026, quando efetivamente encerra o contrato atual, e disse que a ambição da companhia é conseguir o novo contrato no próximo ano.

A despeito de alerta do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre preocupações com a concessão da Light, Lopes disse estar confiante em um desfecho favorável à empresa, tendo em vista não haver histórico de não renovação de concessionária de energia no País. Além disso, salientou que apesar do problema financeiro, a empresa permaneceu em normalidade operacional. “A estrutura de capital da Light Sesa é incompatível com a renovação da concessão, então estamos buscando a adequação, mas em termos de gestão fazemos um bom trabalho”, disse.

O grupo Light espera conseguir apresentar gradativamente a seus credores, num prazo de 10 a 20 dias, uma proposta de negociação para uma solução financeira da companhia, no âmbito do processo de recuperação judicial pedido junto à Justiça do Rio de Janeiro nesta sexta-feira, 12. Segundo o presidente da Light SA, Octavio Lopes, a companhia já está “bem próxima de ter 100% estruturada uma proposta de uma solução para credores”.

Após dar início a um processo de negociação extrajudicial e perceber que não seria bem-sucedida nessa empreitada, a companhia solicitou há um mês à Justiça a suspensão do pagamento de obrigações financeiras e uma mediação judicial, o que foi concedido liminarmente pelo prazo de 30 dias, mas exigindo que o mérito da ação fosse feito apresentando durante esse período.

O pedido de recuperação judicial no âmbito da holding ajuizado nesta sexta corresponde justamente ao mérito da ação e considerou as dificuldades enfrentadas nos últimos dias.

Nesta sexta, os papéis da empresa chegaram a cair 21,29%, e a B3, que opera a Bolsa de Valores de São Paulo, confirmou a exclusão das ações da Light de seus índices a partir da segunda-feira, 15, após o fechamento do mercado.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Lopes disse que durante a mediação judicial, a Light conseguiu identificar diferentes grupos de credores, por interesse, tendo em vista a dispersão de suas dívidas pelo mercado, e obteve o engajamento de alguns grupos para a construção de uma solução.

Por outro lado, admitiu que um grupo de credores seguiu hostil e deu início a uma “estratégia suicida”, que levaria a execuções de dívida, a partir da queda da liminar, que resultariam na disrupção do serviço. “Teria consequências para a população, para a concessão, inadimplência de créditos setoriais, tudo o que a gente não quer fazer e seria obrigado a fazer; neste contexto é que fomos para a opção muito forte”, disse, referindo-se ao pedido de recuperação judicial.

Para presidente da Light, solução do grupo envolve separação entre as duas subsidiárias de geração da empresa Foto: Wilton Junior/AE

Ele evitou dizer qual seria o nível de engajamento dos credores, diante do total de R$ 11 bilhões de dívidas, mas afirmou que “conversa direta ou indiretamente com esmagadora maioria”. Segundo ele, há diálogo com os 10% da dívida correspondentes a instituições financeiras, e com mais da metade dos bondholders, que detém cerca de um terço da dívida total. Mas admitiu dificuldades em diálogo com as pessoas físicas detentoras de títulos de dívida.

“Não tem como engajar com pessoa física, mas temos trabalho construtivo com os private que têm maior exposição à companhia e temos um grupo de gestoras que está engajado”, disse. Ele minimizou o agravo impetrado por um grupo de gestores, que disse corresponder a menos de 10% da dívida total.

O presidente da Light salientou que o pedido foi feito no nível da holding, tendo em vista que a empresa é codevedora de todas as obrigações de suas subsidiárias e considerou que solução endereça o desejo dos stakeholders, porque cumpria fielmente a demanda das autoridades de proteção da concessão e de garantia do direito dos consumidores e de obrigações intrasetoriais, ao mesmo tempo em que abre ambiente “propício para negociação”.

“Quando juiz deferir nosso pedido, o que esperamos que ocorra semana que vem, não muda nada da operação do dia a dia: os 2 mil pessoas da Light estarão na rua trabalhando, não impacta fornecedor, colaborador, compromisso intrasetorial e pagamento de impostos”, disse. Vale lembrar que a distribuidora está diretamente impedida por lei de pedir recuperação judicial.

Solução

Lopes comentou que a solução do grupo Light envolve uma separação entre as duas subsidiárias de geração (Light Energia) e de distribuição (Light Sesa). Na primeira, ele considerou a solução é mais simples, uma vez que o volume de dívida é compatível com a empresa, que apenas foi contaminada pela situação do grupo porque a holding é devedora em todos os títulos. Portanto, seria necessário apenas um reescalonamento em função do não pagamento de obrigações.

Já no caso da distribuidora, a solução é mais complexa, porque envolve a redução de dívidas, além do alongamento de prazo, sem contar o processo paralelo de renovação da concessão. “A dívida é muito grande, mesmo pensando no que seria a rentabilidade da companhia se ela tivesse o repasse integral das perdas e da inadimplência - o que na nossa visão seria o correto - não se chega ao nível de rentabilidade que permite sustentar R$ 10 bilhões de endividamento, que é o que a companhia tem”, disse. Para ele, a renovação da concessão não é viável com montante de dívida atual.

Segundo Lopes, seria necessária uma redução do endividamento da distribuidora da ordem de 30% a 50%, dependendo de outras variáveis. “Na distribuidora, vamos apresentar um leque de opções, que têm de levar em conta a heterogeneidade dos credores”, disse. Ele lembrou haver grupos que querem liquidez imediata, enquanto outros não têm pressão de liquidez e possuem flexibilidade para reescalonamento de longo prazo.

A proposta também prevê uma injeção de recurso novo na Light Sesa, mas Lopes não detalhou como seria feito. “Existem inúmeras opções de financiamento, estamos observando várias”, disse.

Em uma crítica indireta à proposta que Nelson Tanure, que vem ganhando peso como acionista nos últimos dias, teria feito a credores, de aporte de mais de R$ 1 bilhão, Lopes disse que um aporte de R$ 1 bilhão ou até mesmo R$ 2 bilhões não resolveria a situação de curto prazo da Light Sesa, tendo em vista que somente entre 2023 e 2024 a companhia tem necessidade de recursos de entre R$ 5 bilhões e R$ 7 bilhões, entre amortizações de dívida, despesas de juros e devoluções de PIS/Cofins. “A solução, infelizmente, não é R$ 500 milhões, R$ 1 bilhão ou até R$ 2 bilhões, que de uma hora para outra resolve o problema”, disse.

Renovação da concessão

Lopes afirmou que a reestruturação financeira e da estrutura de capital da Light Sesa deveria ocorrer ainda este ano, e anteriormente à renovação da concessão, com parte da solução de longo prazo condicionada a este processo. Embora ele tenha dito acreditar na possibilidade de uma renovação ainda este ano, lembrou que ela pode acontecer até 2026, quando efetivamente encerra o contrato atual, e disse que a ambição da companhia é conseguir o novo contrato no próximo ano.

A despeito de alerta do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre preocupações com a concessão da Light, Lopes disse estar confiante em um desfecho favorável à empresa, tendo em vista não haver histórico de não renovação de concessionária de energia no País. Além disso, salientou que apesar do problema financeiro, a empresa permaneceu em normalidade operacional. “A estrutura de capital da Light Sesa é incompatível com a renovação da concessão, então estamos buscando a adequação, mas em termos de gestão fazemos um bom trabalho”, disse.

O grupo Light espera conseguir apresentar gradativamente a seus credores, num prazo de 10 a 20 dias, uma proposta de negociação para uma solução financeira da companhia, no âmbito do processo de recuperação judicial pedido junto à Justiça do Rio de Janeiro nesta sexta-feira, 12. Segundo o presidente da Light SA, Octavio Lopes, a companhia já está “bem próxima de ter 100% estruturada uma proposta de uma solução para credores”.

Após dar início a um processo de negociação extrajudicial e perceber que não seria bem-sucedida nessa empreitada, a companhia solicitou há um mês à Justiça a suspensão do pagamento de obrigações financeiras e uma mediação judicial, o que foi concedido liminarmente pelo prazo de 30 dias, mas exigindo que o mérito da ação fosse feito apresentando durante esse período.

O pedido de recuperação judicial no âmbito da holding ajuizado nesta sexta corresponde justamente ao mérito da ação e considerou as dificuldades enfrentadas nos últimos dias.

Nesta sexta, os papéis da empresa chegaram a cair 21,29%, e a B3, que opera a Bolsa de Valores de São Paulo, confirmou a exclusão das ações da Light de seus índices a partir da segunda-feira, 15, após o fechamento do mercado.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Lopes disse que durante a mediação judicial, a Light conseguiu identificar diferentes grupos de credores, por interesse, tendo em vista a dispersão de suas dívidas pelo mercado, e obteve o engajamento de alguns grupos para a construção de uma solução.

Por outro lado, admitiu que um grupo de credores seguiu hostil e deu início a uma “estratégia suicida”, que levaria a execuções de dívida, a partir da queda da liminar, que resultariam na disrupção do serviço. “Teria consequências para a população, para a concessão, inadimplência de créditos setoriais, tudo o que a gente não quer fazer e seria obrigado a fazer; neste contexto é que fomos para a opção muito forte”, disse, referindo-se ao pedido de recuperação judicial.

Para presidente da Light, solução do grupo envolve separação entre as duas subsidiárias de geração da empresa Foto: Wilton Junior/AE

Ele evitou dizer qual seria o nível de engajamento dos credores, diante do total de R$ 11 bilhões de dívidas, mas afirmou que “conversa direta ou indiretamente com esmagadora maioria”. Segundo ele, há diálogo com os 10% da dívida correspondentes a instituições financeiras, e com mais da metade dos bondholders, que detém cerca de um terço da dívida total. Mas admitiu dificuldades em diálogo com as pessoas físicas detentoras de títulos de dívida.

“Não tem como engajar com pessoa física, mas temos trabalho construtivo com os private que têm maior exposição à companhia e temos um grupo de gestoras que está engajado”, disse. Ele minimizou o agravo impetrado por um grupo de gestores, que disse corresponder a menos de 10% da dívida total.

O presidente da Light salientou que o pedido foi feito no nível da holding, tendo em vista que a empresa é codevedora de todas as obrigações de suas subsidiárias e considerou que solução endereça o desejo dos stakeholders, porque cumpria fielmente a demanda das autoridades de proteção da concessão e de garantia do direito dos consumidores e de obrigações intrasetoriais, ao mesmo tempo em que abre ambiente “propício para negociação”.

“Quando juiz deferir nosso pedido, o que esperamos que ocorra semana que vem, não muda nada da operação do dia a dia: os 2 mil pessoas da Light estarão na rua trabalhando, não impacta fornecedor, colaborador, compromisso intrasetorial e pagamento de impostos”, disse. Vale lembrar que a distribuidora está diretamente impedida por lei de pedir recuperação judicial.

Solução

Lopes comentou que a solução do grupo Light envolve uma separação entre as duas subsidiárias de geração (Light Energia) e de distribuição (Light Sesa). Na primeira, ele considerou a solução é mais simples, uma vez que o volume de dívida é compatível com a empresa, que apenas foi contaminada pela situação do grupo porque a holding é devedora em todos os títulos. Portanto, seria necessário apenas um reescalonamento em função do não pagamento de obrigações.

Já no caso da distribuidora, a solução é mais complexa, porque envolve a redução de dívidas, além do alongamento de prazo, sem contar o processo paralelo de renovação da concessão. “A dívida é muito grande, mesmo pensando no que seria a rentabilidade da companhia se ela tivesse o repasse integral das perdas e da inadimplência - o que na nossa visão seria o correto - não se chega ao nível de rentabilidade que permite sustentar R$ 10 bilhões de endividamento, que é o que a companhia tem”, disse. Para ele, a renovação da concessão não é viável com montante de dívida atual.

Segundo Lopes, seria necessária uma redução do endividamento da distribuidora da ordem de 30% a 50%, dependendo de outras variáveis. “Na distribuidora, vamos apresentar um leque de opções, que têm de levar em conta a heterogeneidade dos credores”, disse. Ele lembrou haver grupos que querem liquidez imediata, enquanto outros não têm pressão de liquidez e possuem flexibilidade para reescalonamento de longo prazo.

A proposta também prevê uma injeção de recurso novo na Light Sesa, mas Lopes não detalhou como seria feito. “Existem inúmeras opções de financiamento, estamos observando várias”, disse.

Em uma crítica indireta à proposta que Nelson Tanure, que vem ganhando peso como acionista nos últimos dias, teria feito a credores, de aporte de mais de R$ 1 bilhão, Lopes disse que um aporte de R$ 1 bilhão ou até mesmo R$ 2 bilhões não resolveria a situação de curto prazo da Light Sesa, tendo em vista que somente entre 2023 e 2024 a companhia tem necessidade de recursos de entre R$ 5 bilhões e R$ 7 bilhões, entre amortizações de dívida, despesas de juros e devoluções de PIS/Cofins. “A solução, infelizmente, não é R$ 500 milhões, R$ 1 bilhão ou até R$ 2 bilhões, que de uma hora para outra resolve o problema”, disse.

Renovação da concessão

Lopes afirmou que a reestruturação financeira e da estrutura de capital da Light Sesa deveria ocorrer ainda este ano, e anteriormente à renovação da concessão, com parte da solução de longo prazo condicionada a este processo. Embora ele tenha dito acreditar na possibilidade de uma renovação ainda este ano, lembrou que ela pode acontecer até 2026, quando efetivamente encerra o contrato atual, e disse que a ambição da companhia é conseguir o novo contrato no próximo ano.

A despeito de alerta do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre preocupações com a concessão da Light, Lopes disse estar confiante em um desfecho favorável à empresa, tendo em vista não haver histórico de não renovação de concessionária de energia no País. Além disso, salientou que apesar do problema financeiro, a empresa permaneceu em normalidade operacional. “A estrutura de capital da Light Sesa é incompatível com a renovação da concessão, então estamos buscando a adequação, mas em termos de gestão fazemos um bom trabalho”, disse.

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