Mais de 161 milhões de pessoas com 10 anos ou mais tiveram acesso à internet no Brasil nos últimos anos, segundo dados da Pnad Contínua, do IBGE, referente a 2022. O grande número de brasileiros utilizando a web, no entanto, tem sido um chamariz para crimes virtuais. Os criminosos aplicam diversos tipos de golpes, especialmente por meio de links falsos.
Uma maneira usual de aplicar golpes online tem sido por meio de anúncios falsos. O internauta é persuadido a clicar em um link que está no anúncio para preencher informações pessoais, como número de documentos, contas bancárias, senhas e telefone. Os golpistas utilizam os dados para abrir contas digitais, fazer compras em nome da vítima e clonar o WhatsApp para pedir dinheiro a familiares e amigos.
“Todas as informações parecem verdadeiras”
“A engenharia social aplicada por esses criminosos vai sendo aperfeiçoada. O que muda é apenas o modus operandi. Por mais que a gente tenha um aperfeiçoamento de ferramentas de segurança, existem brechas para os golpistas se aproveitarem da fragilidade dos consumidores”, avalia Kelly Carvalho, assessora técnica da Fecomércio-SP.
Os links são enviados principalmente por WhatsApp, e-mail, SMS e redes sociais. Além de capturar dados pessoais, os golpistas usam os anúncios falsos com o objetivo oferecer produtos e serviços que não existem. Para efetuar o pagamento, sites clandestinos apresentam números de Pix ou boletos bancários para o consumidor transferir o dinheiro aos criminosos.
“A pessoa, que acredita estar comprando em um site verdadeiro, recebe um boleto para finalizar a compra. Todas as informações nesse boleto parecem verdadeiras, mas sempre tem um pequeno detalhe diferente dos dados da loja oficial, que muitos consumidores não se atentam”, alerta Kelly,
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“É importante pesquisar”
Em pesquisas na internet por produtos e serviços podem aparecer nos resultados sites e páginas em redes sociais de empresas menos conhecidas ou cópias daquelas que têm mais credibilidade. É nesses casos que os criminosos aproveitam a oportunidade para enganar mais pessoas. Eles geralmente anunciam que os produtos estão prestes a acabar e oferecem promoções com preços muito abaixo dos apresentados por outras marcas.
“É importante pesquisar o site original da empresa, os comentários de outros consumidores sobre aquela marca e se o endereço digital tem o certificado (começa com o “http)”, orienta Kelly Carvalho.
De acordo com o especialista em direito digital Pedro Sanches, há dois métodos de aplicações de fraudes virtuais. O primeiro depende apenas da vítima fazer todo o processo do golpe, como clicar em links e fazer pagamentos. Por outro lado, há crimes que dependem tanto da inocência do consumidor como das ações dos criminosos, como nas capturas de dados para clonagem de WhatsApp. Como os dois métodos precisam da ação das vítimas, o crime geralmente acontece em momentos de estresse ou de urgência.
“O internauta acaba caindo nesses golpes quando não está 100% focado em fazer aquela tarefa. Um exemplo é o caso do Rio Grande do Sul em que pessoas foram enganadas porque, em meio a uma situação de emergência, não prestaram atenção na hora de fazer as doações”, argumenta Pedro.
Confira como se prevenir do golpe dos links suspeitos na internet, segundo especialistas
- Evite clicar em links estranhos enviados por WhatsApp, SMS ou e-mail.
- Utilize senhas fortes em seus dispositivos, a autenticação de dois fatores e nunca passe para terceiros. Essas medidas evitam que as contas em redes, como WhatsApp, sejam clonadas e utilizadas por golpistas para que apliquem golpes em parentes e amigos.
- Verifique se o site em que deseja realizar a compra possui o certificado digital, ou seja, links que comecem com o “https”.
- Evite passar dados pessoais por ligação. Os criminosos utilizam essas informações para enviar links falsos na tentativa de aplicar golpes.
- Monitore seu CPF regularmente para saber se não há registros. Dessa forma, o consumidor consegue saber de forma mais rápido se o seu nome está sendo usado por terceiros.
- Verifique os comentários de outros consumidores. O consumidor pode conferir a reputação da empresa por meio de sites, como o Reclame Aqui.
- Desconfie de ofertas com grandes diferenças de preços e últimos itens no estoque.
- Verifique se os dados da empresa, como razão social e CNPJ, estão corretos em boletos bancários e antes de finalizar transações via Pix.
- Desconfie de produtos e serviços oferecidos por páginas de redes sociais sem selo autenticação e baixo número de seguidores.
- Evite pagamentos fora da página em que os produtos e serviços foram escolhidos. Os criminosos fazem isso para evitar o bloqueio da transferência do dinheiro depois de uma denúncia.