O estrago provocado pelo pedido de recuperação judicial da Americanas afeta também os shoppings, onde a empresa aluga espaços para manter a operação das lojas físicas. Segundo as cifras que constam na lista de credores do processo de recuperação judicial da varejista, entregue à Justiça do Rio de Janeiro, a companhia deve R$ 11,6 milhões aos shoppings espalhados por diversas regiões do País.
A reportagem consolidou as cifras devidas a 90 credores de shopping centers. Os valores não estão discriminados pelo tipo de despesas, mas, provavelmente, se referem a aluguéis e condomínios.
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Os dez maiores shoppings credores concentram quase 80% das pendências da Americanas com setor. A maior dívida da varejista, de R$ 2,6 milhões, é com o Shopping Pantanal, de Cuiabá (MT), do grupo Ancar.
Na sequência vem o shopping Esplanada de Sorocaba (SP), da Iguatemi, cuja pendência da Americanas é de R$ 1,6 milhão. Se for somada a essa cifra, a pendência de R$ 741 mil com o Shopping Iguatemi de São Paulo, a dívida da Americanas com o grupo soma R$ 2,364 milhões.
Em terceiro lugar no ranking de credores dos shopping está o Grupo AD, com R$ 2,103 milhões a haver, referente aos shoppings Penha (R$ 1,170 milhão), ABC (R$ 660 mil) e Praça da Moça em Diadema, São Paulo (R$ 273 mil).
Com o West Shopping Rio, em Campo Grande, do grupo Argo, a dívida da Americanas é de R$ 1,223 milhão.
Procurado para detalhar a origem das dívidas e as expectativas de quitação dos pagamentos em aberto, o West Shopping Rio informou, por meio de sua assessoria, que não iria se pronunciar sobre o tema.
O Grupo Ancar, o maior credor do setor com a varejista, informou, por meio de sua assessoria, que não vai se posicionar sobre o assunto. Também o Grupo AD esclareceu, por meio de nota, “que não comenta sobre questões contratuais relacionadas aos seus empreendimentos”.
A Iguatemi esclareceu, por meio de comunicado, “que os aluguéis pagos pela Americanas representam menos de 1% do faturamento total da rede, que conta com um portfólio sólido e diversificado em todas as praças de atuação”.
De acordo com a Americanas, “os valores de aluguéis vencidos e não pagos até a data do pedido da Recuperação Judicial constituem dívidas que seguirão as exigências do processo, que a impede de efetuar pagamentos cujo evento de origem seja anterior ao início do pedido realizado”, esclarece o comunicado.
No caso de eventos posteriores ao início da recuperação, a varejista disse que a operação da companhia segue em regime de normalidade. Sem dar maiores detalhes, a Americanas argumentou que “reforça seu compromisso na busca de uma solução de curto prazo com os seus credores”.
Risco pulverizado
Para o consultor Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvêa Malls, as cifras devidas pela Americanas não é tão significativa no universo dos shoppings, a ponto de ter impacto no resultado dos empreendimentos. “R$ 2 milhões é um valor que o shopping pode estar investindo na obra de uma loja”, exemplifica.
Ele observa que as pendências são pulverizadas entre vários empreendimentos que, por sua vez, têm vários sócios. Isso dilui o risco para o setor.
Na opinião do consultor, a maior preocupação dos shoppings neste momento em relação à Americanas é se a companhia conseguirá sair da Recuperação Judicial como uma operação viável. É que a varejista está presente em um número muito grande de empreendimentos.
A tendência, segundo o consultor, é que a companhia honre o pagamento dos aluguéis e despesas de condomínio nos shoppings. “Se a empresa não honrar os pagamentos, ela terá dificuldades em relação Recuperação Judicial, porque estará incorrendo em novos débitos e isso pode gerar liquidação (da empresa).”
Confira as maiores dívidas da Americanas com os shoppings:
1- Shopping Pantanal (MT): R$ 2,589 milhões
2- Esplanada Shopping - Sorocaba (SP): R$ R$ 1,623 milhão
3- West Shopping Rio: R$ 1,223 milhão
4- Shopping Penha (SP): R$ 1,170
5- Shopping Iguatemi São Paulo: R$ 741,8 mil
6- Shopping ABC (SP): R$ 660,4 mil
7- Plaza Sul (SP): R$ 581,2 mil
8- Shopping Ibirapuera (SP): R$ 391,1 mil
9- Shopping Praça da Moça -Diadema (SP): R$ 273,3 mil
10- Shopping Cidade- Belo Horizonte (MG): R$ 257,2 mil