L’Oréal troca diesel por biometano em sua frota de caminhões e impõe cota para motoristas mulheres


Empresa estima que a troca de combustíveis reduzirá em 94% a pegada de carbono e metano de cada caminhão contratado, ou o equivalente à fixação de 135 árvores por mês

Por Gabriel Vasconcelos

RIO - O grupo francês L’Oréal vai impor à sua frota de caminhões contratada no Brasil a substituição gradual de diesel e GNV por biometano, um combustível limpo.

Foi assinado um primeiro contrato com a fornecedora Gás Verde, do Grupo Urca, envolvendo 3,6 milhões de metros cúbicos de biometano para a frota dedicada que faz os percursos entre a fábrica da L’Oreal em Vila Jaguará, São Paulo, e o centro de distribuição localizado no município de Jarinu (SP).

A Gás Verde é dona de usinas que ficam em aterros sanitários e purificam o biogás gerado a partir do lixo.

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Até março de 2024, o biometano servirá a todos os 11 caminhões com motor Scania de fábrica ou transformados, que realizam entre 800 e 1 mil viagens por mês. Os caminhões não são propriedade da L’Oréal, e sim contratados. Além da exigência futura de veículos híbridos, a L’Oréal também vai impor às transportadoras uma cota de motoristas mulheres, a fim de cumprir de uma só vez as metas de descarbonização e diversidade do grupo.

O abastecimento vai acontecer em um posto instalado pela L’Oréal no condomínio em que seu Centro de Distribuição está localizado, em Jarinu (SP), podendo ser acessado também por outras empresas que atuam no local ou transportadoras que usam a rodovia Dom Pedro como rota. É esse o principal investimento feito pela companhia, cujo montante não foi revelado.

Grupo francês distribui atualmente, no Brasil, 97% de seus produtos pelo modal rodoviário e o restante via rios Foto: Roberto Loffel/L'Oréal
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Em uma segunda etapa do projeto, serão incluídos os caminhões que distribuem os produtos L’Oréal para o Estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paraná e Santa Catarina.

“Até o fim de 2024, o plano é atender ao menos o Estado de São Paulo com 30 caminhões a biometano. Já mapeamos cinco transportadoras com veículos habilitados ao combustível”, disse ao Estadão/Broadcast o diretor de operações da L’Oréal Brasil, Jeferson Fernandes. Somente em São Paulo o número de viagens a pontos de venda fica entre 3 mil e 4 mil por mês.

“Depois, para 2025 e 2026, vamos levar o projeto para caminhões que entregam em todo o Brasil, em linha com os planos de expansão (do fornecimento) da Gás Verde”, completa.

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Hoje, no Brasil, o grupo francês distribui 97% de seus produtos pelo modal rodoviário e o restante via rios. “Isso vale para todo o País, inclusive o Norte. Acaba sendo mais trabalhoso e complexo, mas o transporte aéreo polui mais e vai contra as metas de descarbonização”, diz Fernandes.

Meta

O grupo tem como meta no mundo reduzir em 50% as emissões de gases do efeito estufa até 2030, o que a subsidiária brasileira planeja alcançar até 2027, diz Fernandes. A crescente exigência do uso de biometano visa mitigar as chamadas emissões de escopo 3, aquelas pelas quais a empresa é indiretamente responsável, caso da poluição atmosférica dos serviços terceirizados. O escopo 1 envolve emissões diretas de uma empresa e, o escopo 2, as ligadas à geração da energia por ela consumida.

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Em 2022, a L’Oréal Brasil chegou ao carbono neutro em todas as unidades locais, o que se aplica à fábrica, sede administrativa, centro de pesquisa e inovação, além do centro de distribuição. O escopo 3 é o próximo passo.

“Esse é um esforço para ir além da porta da fábrica”, resume Fernandes. A L’Oréal estima que a troca de combustíveis reduzirá em 94% a pegada de carbono e metano de cada caminhão contratado, ou o equivalente à fixação de 135 árvores por mês.

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Hoje um dos limitadores da aceleração do projeto é a falta de caminhões que aceitam biometano no mercado. Haveria longa fila de espera por caminhões com motor híbrido, mas os executivos envolvidos esperam que a oferta se regularize nos próximos anos.

“Não adianta ter muito posto de biometano e não ter veículo. A expansão do combustível só vai acontecer com esse tipo de política. Além de orientar a demanda, a L’Oréal está construindo o primeiro posto de biometano para veículos dedicados do País”, diz o presidente da Gás Verde, Marcel Jorand. Já existem postos do tipo para o abastecimento de veículos leves.

Gás Verde e Biometano

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As primeiras cargas de biometano para o transporte da L’Oréal sairão da usina da Gás Verde, que fica no Aterro Sanitário de Seropédica (RJ), o maior da América Latina. Nos próximos anos, essa origem deve se diversificar em linha com a expansão da empresa do grupo Urca.

A carteira de clientes da Gás Verde, que agora recebe a L’Oréal e suas transportadoras, já conta com a fabricante de aço Ternium, de bebidas Ambev, e de materiais de construção Saint Gobain, que usam o insumo em seus fornos.

Está nos planos da Gás Verde a incorporação de duas usinas de biometano nas cidades de Nova Iguaçu e São Gonçalo, ambas no Rio. Além disso, no início de junho, a empresa comprou a portuguesa ENC Energy com suas oito térmicas a biogás, agora em fase de conversão para unidades de biometano até 2026 a um investimento de R$ 600 milhões. Com isso, a empresa reforçará presença nos mercados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Maranhão. Em três anos, Jorand estima que a empresa poderá fornecer 650 mil m³ de biometano por dia ao universo de clientes.

Processo

Resumidamente, o lixo é colocado no aterro sanitário e achatado em camadas de argila. A decomposição do resíduo gera o chorume (líquido) e o biogás, recolhidos separadamente por tubulações com uma extensão de 70 quilômetros.

Em seguida, o gás é purificado, com a retirada do CO₂, e comprimido a 220 bares para o transporte em carretas de gás natural comprimido. Cada carreta leva cerca de 6 mil metros cúbicos por viagem, carga que é descomprimida em terminais como o posto da L’Oréal.

RIO - O grupo francês L’Oréal vai impor à sua frota de caminhões contratada no Brasil a substituição gradual de diesel e GNV por biometano, um combustível limpo.

Foi assinado um primeiro contrato com a fornecedora Gás Verde, do Grupo Urca, envolvendo 3,6 milhões de metros cúbicos de biometano para a frota dedicada que faz os percursos entre a fábrica da L’Oreal em Vila Jaguará, São Paulo, e o centro de distribuição localizado no município de Jarinu (SP).

A Gás Verde é dona de usinas que ficam em aterros sanitários e purificam o biogás gerado a partir do lixo.

Até março de 2024, o biometano servirá a todos os 11 caminhões com motor Scania de fábrica ou transformados, que realizam entre 800 e 1 mil viagens por mês. Os caminhões não são propriedade da L’Oréal, e sim contratados. Além da exigência futura de veículos híbridos, a L’Oréal também vai impor às transportadoras uma cota de motoristas mulheres, a fim de cumprir de uma só vez as metas de descarbonização e diversidade do grupo.

O abastecimento vai acontecer em um posto instalado pela L’Oréal no condomínio em que seu Centro de Distribuição está localizado, em Jarinu (SP), podendo ser acessado também por outras empresas que atuam no local ou transportadoras que usam a rodovia Dom Pedro como rota. É esse o principal investimento feito pela companhia, cujo montante não foi revelado.

Grupo francês distribui atualmente, no Brasil, 97% de seus produtos pelo modal rodoviário e o restante via rios Foto: Roberto Loffel/L'Oréal

Em uma segunda etapa do projeto, serão incluídos os caminhões que distribuem os produtos L’Oréal para o Estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paraná e Santa Catarina.

“Até o fim de 2024, o plano é atender ao menos o Estado de São Paulo com 30 caminhões a biometano. Já mapeamos cinco transportadoras com veículos habilitados ao combustível”, disse ao Estadão/Broadcast o diretor de operações da L’Oréal Brasil, Jeferson Fernandes. Somente em São Paulo o número de viagens a pontos de venda fica entre 3 mil e 4 mil por mês.

“Depois, para 2025 e 2026, vamos levar o projeto para caminhões que entregam em todo o Brasil, em linha com os planos de expansão (do fornecimento) da Gás Verde”, completa.

Hoje, no Brasil, o grupo francês distribui 97% de seus produtos pelo modal rodoviário e o restante via rios. “Isso vale para todo o País, inclusive o Norte. Acaba sendo mais trabalhoso e complexo, mas o transporte aéreo polui mais e vai contra as metas de descarbonização”, diz Fernandes.

Meta

O grupo tem como meta no mundo reduzir em 50% as emissões de gases do efeito estufa até 2030, o que a subsidiária brasileira planeja alcançar até 2027, diz Fernandes. A crescente exigência do uso de biometano visa mitigar as chamadas emissões de escopo 3, aquelas pelas quais a empresa é indiretamente responsável, caso da poluição atmosférica dos serviços terceirizados. O escopo 1 envolve emissões diretas de uma empresa e, o escopo 2, as ligadas à geração da energia por ela consumida.

Em 2022, a L’Oréal Brasil chegou ao carbono neutro em todas as unidades locais, o que se aplica à fábrica, sede administrativa, centro de pesquisa e inovação, além do centro de distribuição. O escopo 3 é o próximo passo.

“Esse é um esforço para ir além da porta da fábrica”, resume Fernandes. A L’Oréal estima que a troca de combustíveis reduzirá em 94% a pegada de carbono e metano de cada caminhão contratado, ou o equivalente à fixação de 135 árvores por mês.

Hoje um dos limitadores da aceleração do projeto é a falta de caminhões que aceitam biometano no mercado. Haveria longa fila de espera por caminhões com motor híbrido, mas os executivos envolvidos esperam que a oferta se regularize nos próximos anos.

“Não adianta ter muito posto de biometano e não ter veículo. A expansão do combustível só vai acontecer com esse tipo de política. Além de orientar a demanda, a L’Oréal está construindo o primeiro posto de biometano para veículos dedicados do País”, diz o presidente da Gás Verde, Marcel Jorand. Já existem postos do tipo para o abastecimento de veículos leves.

Gás Verde e Biometano

As primeiras cargas de biometano para o transporte da L’Oréal sairão da usina da Gás Verde, que fica no Aterro Sanitário de Seropédica (RJ), o maior da América Latina. Nos próximos anos, essa origem deve se diversificar em linha com a expansão da empresa do grupo Urca.

A carteira de clientes da Gás Verde, que agora recebe a L’Oréal e suas transportadoras, já conta com a fabricante de aço Ternium, de bebidas Ambev, e de materiais de construção Saint Gobain, que usam o insumo em seus fornos.

Está nos planos da Gás Verde a incorporação de duas usinas de biometano nas cidades de Nova Iguaçu e São Gonçalo, ambas no Rio. Além disso, no início de junho, a empresa comprou a portuguesa ENC Energy com suas oito térmicas a biogás, agora em fase de conversão para unidades de biometano até 2026 a um investimento de R$ 600 milhões. Com isso, a empresa reforçará presença nos mercados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Maranhão. Em três anos, Jorand estima que a empresa poderá fornecer 650 mil m³ de biometano por dia ao universo de clientes.

Processo

Resumidamente, o lixo é colocado no aterro sanitário e achatado em camadas de argila. A decomposição do resíduo gera o chorume (líquido) e o biogás, recolhidos separadamente por tubulações com uma extensão de 70 quilômetros.

Em seguida, o gás é purificado, com a retirada do CO₂, e comprimido a 220 bares para o transporte em carretas de gás natural comprimido. Cada carreta leva cerca de 6 mil metros cúbicos por viagem, carga que é descomprimida em terminais como o posto da L’Oréal.

RIO - O grupo francês L’Oréal vai impor à sua frota de caminhões contratada no Brasil a substituição gradual de diesel e GNV por biometano, um combustível limpo.

Foi assinado um primeiro contrato com a fornecedora Gás Verde, do Grupo Urca, envolvendo 3,6 milhões de metros cúbicos de biometano para a frota dedicada que faz os percursos entre a fábrica da L’Oreal em Vila Jaguará, São Paulo, e o centro de distribuição localizado no município de Jarinu (SP).

A Gás Verde é dona de usinas que ficam em aterros sanitários e purificam o biogás gerado a partir do lixo.

Até março de 2024, o biometano servirá a todos os 11 caminhões com motor Scania de fábrica ou transformados, que realizam entre 800 e 1 mil viagens por mês. Os caminhões não são propriedade da L’Oréal, e sim contratados. Além da exigência futura de veículos híbridos, a L’Oréal também vai impor às transportadoras uma cota de motoristas mulheres, a fim de cumprir de uma só vez as metas de descarbonização e diversidade do grupo.

O abastecimento vai acontecer em um posto instalado pela L’Oréal no condomínio em que seu Centro de Distribuição está localizado, em Jarinu (SP), podendo ser acessado também por outras empresas que atuam no local ou transportadoras que usam a rodovia Dom Pedro como rota. É esse o principal investimento feito pela companhia, cujo montante não foi revelado.

Grupo francês distribui atualmente, no Brasil, 97% de seus produtos pelo modal rodoviário e o restante via rios Foto: Roberto Loffel/L'Oréal

Em uma segunda etapa do projeto, serão incluídos os caminhões que distribuem os produtos L’Oréal para o Estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paraná e Santa Catarina.

“Até o fim de 2024, o plano é atender ao menos o Estado de São Paulo com 30 caminhões a biometano. Já mapeamos cinco transportadoras com veículos habilitados ao combustível”, disse ao Estadão/Broadcast o diretor de operações da L’Oréal Brasil, Jeferson Fernandes. Somente em São Paulo o número de viagens a pontos de venda fica entre 3 mil e 4 mil por mês.

“Depois, para 2025 e 2026, vamos levar o projeto para caminhões que entregam em todo o Brasil, em linha com os planos de expansão (do fornecimento) da Gás Verde”, completa.

Hoje, no Brasil, o grupo francês distribui 97% de seus produtos pelo modal rodoviário e o restante via rios. “Isso vale para todo o País, inclusive o Norte. Acaba sendo mais trabalhoso e complexo, mas o transporte aéreo polui mais e vai contra as metas de descarbonização”, diz Fernandes.

Meta

O grupo tem como meta no mundo reduzir em 50% as emissões de gases do efeito estufa até 2030, o que a subsidiária brasileira planeja alcançar até 2027, diz Fernandes. A crescente exigência do uso de biometano visa mitigar as chamadas emissões de escopo 3, aquelas pelas quais a empresa é indiretamente responsável, caso da poluição atmosférica dos serviços terceirizados. O escopo 1 envolve emissões diretas de uma empresa e, o escopo 2, as ligadas à geração da energia por ela consumida.

Em 2022, a L’Oréal Brasil chegou ao carbono neutro em todas as unidades locais, o que se aplica à fábrica, sede administrativa, centro de pesquisa e inovação, além do centro de distribuição. O escopo 3 é o próximo passo.

“Esse é um esforço para ir além da porta da fábrica”, resume Fernandes. A L’Oréal estima que a troca de combustíveis reduzirá em 94% a pegada de carbono e metano de cada caminhão contratado, ou o equivalente à fixação de 135 árvores por mês.

Hoje um dos limitadores da aceleração do projeto é a falta de caminhões que aceitam biometano no mercado. Haveria longa fila de espera por caminhões com motor híbrido, mas os executivos envolvidos esperam que a oferta se regularize nos próximos anos.

“Não adianta ter muito posto de biometano e não ter veículo. A expansão do combustível só vai acontecer com esse tipo de política. Além de orientar a demanda, a L’Oréal está construindo o primeiro posto de biometano para veículos dedicados do País”, diz o presidente da Gás Verde, Marcel Jorand. Já existem postos do tipo para o abastecimento de veículos leves.

Gás Verde e Biometano

As primeiras cargas de biometano para o transporte da L’Oréal sairão da usina da Gás Verde, que fica no Aterro Sanitário de Seropédica (RJ), o maior da América Latina. Nos próximos anos, essa origem deve se diversificar em linha com a expansão da empresa do grupo Urca.

A carteira de clientes da Gás Verde, que agora recebe a L’Oréal e suas transportadoras, já conta com a fabricante de aço Ternium, de bebidas Ambev, e de materiais de construção Saint Gobain, que usam o insumo em seus fornos.

Está nos planos da Gás Verde a incorporação de duas usinas de biometano nas cidades de Nova Iguaçu e São Gonçalo, ambas no Rio. Além disso, no início de junho, a empresa comprou a portuguesa ENC Energy com suas oito térmicas a biogás, agora em fase de conversão para unidades de biometano até 2026 a um investimento de R$ 600 milhões. Com isso, a empresa reforçará presença nos mercados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Maranhão. Em três anos, Jorand estima que a empresa poderá fornecer 650 mil m³ de biometano por dia ao universo de clientes.

Processo

Resumidamente, o lixo é colocado no aterro sanitário e achatado em camadas de argila. A decomposição do resíduo gera o chorume (líquido) e o biogás, recolhidos separadamente por tubulações com uma extensão de 70 quilômetros.

Em seguida, o gás é purificado, com a retirada do CO₂, e comprimido a 220 bares para o transporte em carretas de gás natural comprimido. Cada carreta leva cerca de 6 mil metros cúbicos por viagem, carga que é descomprimida em terminais como o posto da L’Oréal.

RIO - O grupo francês L’Oréal vai impor à sua frota de caminhões contratada no Brasil a substituição gradual de diesel e GNV por biometano, um combustível limpo.

Foi assinado um primeiro contrato com a fornecedora Gás Verde, do Grupo Urca, envolvendo 3,6 milhões de metros cúbicos de biometano para a frota dedicada que faz os percursos entre a fábrica da L’Oreal em Vila Jaguará, São Paulo, e o centro de distribuição localizado no município de Jarinu (SP).

A Gás Verde é dona de usinas que ficam em aterros sanitários e purificam o biogás gerado a partir do lixo.

Até março de 2024, o biometano servirá a todos os 11 caminhões com motor Scania de fábrica ou transformados, que realizam entre 800 e 1 mil viagens por mês. Os caminhões não são propriedade da L’Oréal, e sim contratados. Além da exigência futura de veículos híbridos, a L’Oréal também vai impor às transportadoras uma cota de motoristas mulheres, a fim de cumprir de uma só vez as metas de descarbonização e diversidade do grupo.

O abastecimento vai acontecer em um posto instalado pela L’Oréal no condomínio em que seu Centro de Distribuição está localizado, em Jarinu (SP), podendo ser acessado também por outras empresas que atuam no local ou transportadoras que usam a rodovia Dom Pedro como rota. É esse o principal investimento feito pela companhia, cujo montante não foi revelado.

Grupo francês distribui atualmente, no Brasil, 97% de seus produtos pelo modal rodoviário e o restante via rios Foto: Roberto Loffel/L'Oréal

Em uma segunda etapa do projeto, serão incluídos os caminhões que distribuem os produtos L’Oréal para o Estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paraná e Santa Catarina.

“Até o fim de 2024, o plano é atender ao menos o Estado de São Paulo com 30 caminhões a biometano. Já mapeamos cinco transportadoras com veículos habilitados ao combustível”, disse ao Estadão/Broadcast o diretor de operações da L’Oréal Brasil, Jeferson Fernandes. Somente em São Paulo o número de viagens a pontos de venda fica entre 3 mil e 4 mil por mês.

“Depois, para 2025 e 2026, vamos levar o projeto para caminhões que entregam em todo o Brasil, em linha com os planos de expansão (do fornecimento) da Gás Verde”, completa.

Hoje, no Brasil, o grupo francês distribui 97% de seus produtos pelo modal rodoviário e o restante via rios. “Isso vale para todo o País, inclusive o Norte. Acaba sendo mais trabalhoso e complexo, mas o transporte aéreo polui mais e vai contra as metas de descarbonização”, diz Fernandes.

Meta

O grupo tem como meta no mundo reduzir em 50% as emissões de gases do efeito estufa até 2030, o que a subsidiária brasileira planeja alcançar até 2027, diz Fernandes. A crescente exigência do uso de biometano visa mitigar as chamadas emissões de escopo 3, aquelas pelas quais a empresa é indiretamente responsável, caso da poluição atmosférica dos serviços terceirizados. O escopo 1 envolve emissões diretas de uma empresa e, o escopo 2, as ligadas à geração da energia por ela consumida.

Em 2022, a L’Oréal Brasil chegou ao carbono neutro em todas as unidades locais, o que se aplica à fábrica, sede administrativa, centro de pesquisa e inovação, além do centro de distribuição. O escopo 3 é o próximo passo.

“Esse é um esforço para ir além da porta da fábrica”, resume Fernandes. A L’Oréal estima que a troca de combustíveis reduzirá em 94% a pegada de carbono e metano de cada caminhão contratado, ou o equivalente à fixação de 135 árvores por mês.

Hoje um dos limitadores da aceleração do projeto é a falta de caminhões que aceitam biometano no mercado. Haveria longa fila de espera por caminhões com motor híbrido, mas os executivos envolvidos esperam que a oferta se regularize nos próximos anos.

“Não adianta ter muito posto de biometano e não ter veículo. A expansão do combustível só vai acontecer com esse tipo de política. Além de orientar a demanda, a L’Oréal está construindo o primeiro posto de biometano para veículos dedicados do País”, diz o presidente da Gás Verde, Marcel Jorand. Já existem postos do tipo para o abastecimento de veículos leves.

Gás Verde e Biometano

As primeiras cargas de biometano para o transporte da L’Oréal sairão da usina da Gás Verde, que fica no Aterro Sanitário de Seropédica (RJ), o maior da América Latina. Nos próximos anos, essa origem deve se diversificar em linha com a expansão da empresa do grupo Urca.

A carteira de clientes da Gás Verde, que agora recebe a L’Oréal e suas transportadoras, já conta com a fabricante de aço Ternium, de bebidas Ambev, e de materiais de construção Saint Gobain, que usam o insumo em seus fornos.

Está nos planos da Gás Verde a incorporação de duas usinas de biometano nas cidades de Nova Iguaçu e São Gonçalo, ambas no Rio. Além disso, no início de junho, a empresa comprou a portuguesa ENC Energy com suas oito térmicas a biogás, agora em fase de conversão para unidades de biometano até 2026 a um investimento de R$ 600 milhões. Com isso, a empresa reforçará presença nos mercados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Maranhão. Em três anos, Jorand estima que a empresa poderá fornecer 650 mil m³ de biometano por dia ao universo de clientes.

Processo

Resumidamente, o lixo é colocado no aterro sanitário e achatado em camadas de argila. A decomposição do resíduo gera o chorume (líquido) e o biogás, recolhidos separadamente por tubulações com uma extensão de 70 quilômetros.

Em seguida, o gás é purificado, com a retirada do CO₂, e comprimido a 220 bares para o transporte em carretas de gás natural comprimido. Cada carreta leva cerca de 6 mil metros cúbicos por viagem, carga que é descomprimida em terminais como o posto da L’Oréal.

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