Lucro de grandes bancos dos EUA aumenta 17,4% em meio a cenário de turbulência financeira


Gigantes de Wall Street lucraram US$ 36,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano; valor supera o aporte de US$ 30 bilhões que grupo fez para socorrer o First Republic Bank

Por Aline Bronzati

NOVA YORK - Enquanto três bancos sumiram do mapa financeiro dos Estados Unidos, os pesos pesados de Wall Street conseguiram engordar os lucros no primeiro trimestre de 2023, turbinados por juros mais altos, uma vez que os negócios de mercado de capitais seguem em marcha lenta. Diferentemente da crise de 2009, desta vez os maiores bancos do país se veem como parte da solução da turbulência, que foi de um lado ao outro do Atlântico em março e colocou investidores à caça de novos alvos. O pior parece que foi superado, mas ainda há riscos de “crises pontuais”, considerando que os juros nos EUA ainda devem subir mais – e ficar elevados por mais tempo.

O lucro líquido combinado de JPMorgan Chase, Bank of America, Wells Fargo, Citigroup, Goldman Sachs e Morgan Stanley alcançou US$ 36,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano, montante 17,4% superior ao registrado em igual intervalo de 2022. Com exceção dos dois últimos, todos conseguiram ampliar os seus ganhos no período.

Em apenas um trimestre, os grandes nomes de Wall Street lucraram mais do que o empréstimo de US$ 30 bilhões que um grupo de 11 bancos americanos fez ao First Republic Bank, baseado em São Francisco, para socorrê-lo diante de questionamentos sobre a sua saúde financeira após a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank. Apesar de criticados por gurus do mercado como o ex-secretário do Tesouro dos EUA, Larry Summers, e do megainvestidor Bill Ackman, banqueiros recorreram a autoelogios pelo resgate ao destrinchar os resultados a investidores.

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“Alguém que viveu os dias mais sombrios de 2009, quando o Morgan Stanley era visto como parte do problema, é realmente gratificante estar aqui 14 anos depois, como parte da solução”, disse o presidente do Morgan Stanley, James Gorman, em teleconferência com analistas e investidores, na quarta-feira, 19.

Para o executivo, os problemas atuais no setor bancário dos EUA não são comparáveis com aqueles que originaram a turbulência financeira internacional de 2009. Ele reforçou ainda o coro de que não há uma “crise” no segmento, mas alertou para riscos de novas “crises” em alguns bancos.

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First Republic Bank recebeu aporte de US$ 30 bilhões de um grupo de 11 bancos americanos para não quebrar Foto: Mike Segar/Reuters

“Embora um pequeno punhado de instituições ainda tenha desafios a superar, o sistema financeiro dos EUA permanece incomparável globalmente”, avaliou a presidente do Citigroup, Jane Fraser, em conversa com analistas e investidores, na semana passada, acrescentando que pode fazer tal afirmação com confiança por ter trabalhado em diferentes sistemas ao redor do mundo.

A executiva destacou ainda que os americanos buscaram um “porto seguro” na tempestade em referência à enxurrada de recursos que os chamados “too big to fail” ou “grandes demais para quebrar” receberam de clientes órfãos dos bancos que colapsaram e outros temerosos com a queda de mais dominós no setor. No entanto, somente o JPMorgan Chase, o maior dos EUA, elevou os depósitos no primeiro trimestre. O motivo é a base de comparação, influenciada pela retomada econômica após a pandemia. No Bank of America, por exemplo, os depósitos ao fim de março eram 34% maiores ante o período pré-covid, enquanto, no sistema, a expansão foi de 31%, na mesma base de comparação.

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Entre analistas, a dúvida é o quão estáveis são esses novos depósitos que vieram em meio à turbulência bancária nos EUA. “Por definição, esses são depósitos um tanto inconstantes porque acabaram de entrar, então, é prudente e apropriado assumirmos que eles não serão particularmente estáveis”, respondeu o diretor financeiro do JPMorgan Chase, Jeremy Barnum, em conversa com investidores e analistas.

Ano difícil

A britânica Capital Economics prevê um “ano difícil” para o setor bancário americano a despeito dos números dos grandes nomes no trimestre. Até mesmo porque a fortaleza de Wall Street não se refletiu nos credores de menor porte, que têm apresentado um quadro mais pessimista na esteira da turbulência recente. “Embora os ganhos de alguns dos maiores bancos dos EUA possam ter sido um pouco mais altos do que o esperado, eles provavelmente nunca mostrariam muito impacto dos problemas recentes”, diz o economista da Capital Economics, Bradley Saunders, acrescentando que os resultados recentes não refletem necessariamente onde os grandes bancos americanos estão hoje.

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Regulação mais dura

Outro tema que preocupa o mercado é o tamanho da mão regulatória que virá na sequência do fechamento de três bancos nos EUA e que quebraram o jejum de 28 meses sem falências no sistema americano. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) está revendo várias regras do sistema, especialmente, para os bancos médios após o colapso do SVB e do Signature. A expectativa é de que o novo arcabouço traga requisitos mais rígidos de capital e liquidez para aqueles que somam ativos entre US$ 50 bilhões e US$ 250 bilhões - e são cerca de três dezenas nos EUA.

O maior executivo de bancos do mundo, Jamie Dimon, presidente do JPMorgan, espera que os reguladores “respirem fundo”, avaliem os estragos e também a régua regulatória em vigor. Dito isso, ele prevê maior escrutínio para a forma como os bancos lidam com títulos que têm de carregar até o seu vencimento, sobre a exposição à taxa de juros, que foi exatamente o que ajudou a colapsar o SVB, além de exigências de capital mais altas. “Não precisa ser uma reformulação de todo o sistema, apenas recalibrar as coisas da maneira certa”, sugeriu Dimon em conversa com analistas e investidores.

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O impacto da regulação adiante preocupa, principalmente, em um cenário de mais aperto nas condições financeiras dos EUA e de desaceleração econômica. Economistas esperam que o crédito mais escasso como resultado das elevadas taxas de juros e da recente turbulência bancária coloque o país em um ritmo ainda mais abaixo do seu potencial. O Livro Bege do Fed, divulgado nesta quarta-feira, foi outra evidência da desaceleração americana.

“Esperamos uma recessão leve, com o Produto Interno Bruto (PIB) anualizado dos EUA apresentando queda de 0,5% a 1% no terceiro, quarto e primeiro trimestres e depois de volta ao positivo”, previu o presidente do Bank of America, Brian Moynihan, ao falar a investidores e analistas, essa semana.

Mercado de capitais ainda em baixa

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Nesse cenário, agravado pela recente turbulência bancária, a retomada da atividade de mercado de capitais deve ser ainda mais retardada. No primeiro trimestre, os resultados dos grandes nomes de Wall Street foram impulsionados por maiores receitas de crédito em meio às taxas altas, enquanto o lucro líquido dos bancos de investimento encolheram quase um quinto no período, conforme o britânico Financial Times.

Para o CEO do Morgan Stanley, a retomada dos negócios pode não ocorrer até meados de 2024. Na área de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), o banqueiro vê ritmo “moderado”, mas um pipeline crescente à frente. “Dito isso, permanece em grande parte uma história do segundo semestre de 2023 e do ano inteiro de 2024″, disse Gorman, em teleconferência, nesta quarta-feira.

NOVA YORK - Enquanto três bancos sumiram do mapa financeiro dos Estados Unidos, os pesos pesados de Wall Street conseguiram engordar os lucros no primeiro trimestre de 2023, turbinados por juros mais altos, uma vez que os negócios de mercado de capitais seguem em marcha lenta. Diferentemente da crise de 2009, desta vez os maiores bancos do país se veem como parte da solução da turbulência, que foi de um lado ao outro do Atlântico em março e colocou investidores à caça de novos alvos. O pior parece que foi superado, mas ainda há riscos de “crises pontuais”, considerando que os juros nos EUA ainda devem subir mais – e ficar elevados por mais tempo.

O lucro líquido combinado de JPMorgan Chase, Bank of America, Wells Fargo, Citigroup, Goldman Sachs e Morgan Stanley alcançou US$ 36,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano, montante 17,4% superior ao registrado em igual intervalo de 2022. Com exceção dos dois últimos, todos conseguiram ampliar os seus ganhos no período.

Em apenas um trimestre, os grandes nomes de Wall Street lucraram mais do que o empréstimo de US$ 30 bilhões que um grupo de 11 bancos americanos fez ao First Republic Bank, baseado em São Francisco, para socorrê-lo diante de questionamentos sobre a sua saúde financeira após a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank. Apesar de criticados por gurus do mercado como o ex-secretário do Tesouro dos EUA, Larry Summers, e do megainvestidor Bill Ackman, banqueiros recorreram a autoelogios pelo resgate ao destrinchar os resultados a investidores.

“Alguém que viveu os dias mais sombrios de 2009, quando o Morgan Stanley era visto como parte do problema, é realmente gratificante estar aqui 14 anos depois, como parte da solução”, disse o presidente do Morgan Stanley, James Gorman, em teleconferência com analistas e investidores, na quarta-feira, 19.

Para o executivo, os problemas atuais no setor bancário dos EUA não são comparáveis com aqueles que originaram a turbulência financeira internacional de 2009. Ele reforçou ainda o coro de que não há uma “crise” no segmento, mas alertou para riscos de novas “crises” em alguns bancos.

First Republic Bank recebeu aporte de US$ 30 bilhões de um grupo de 11 bancos americanos para não quebrar Foto: Mike Segar/Reuters

“Embora um pequeno punhado de instituições ainda tenha desafios a superar, o sistema financeiro dos EUA permanece incomparável globalmente”, avaliou a presidente do Citigroup, Jane Fraser, em conversa com analistas e investidores, na semana passada, acrescentando que pode fazer tal afirmação com confiança por ter trabalhado em diferentes sistemas ao redor do mundo.

A executiva destacou ainda que os americanos buscaram um “porto seguro” na tempestade em referência à enxurrada de recursos que os chamados “too big to fail” ou “grandes demais para quebrar” receberam de clientes órfãos dos bancos que colapsaram e outros temerosos com a queda de mais dominós no setor. No entanto, somente o JPMorgan Chase, o maior dos EUA, elevou os depósitos no primeiro trimestre. O motivo é a base de comparação, influenciada pela retomada econômica após a pandemia. No Bank of America, por exemplo, os depósitos ao fim de março eram 34% maiores ante o período pré-covid, enquanto, no sistema, a expansão foi de 31%, na mesma base de comparação.

Entre analistas, a dúvida é o quão estáveis são esses novos depósitos que vieram em meio à turbulência bancária nos EUA. “Por definição, esses são depósitos um tanto inconstantes porque acabaram de entrar, então, é prudente e apropriado assumirmos que eles não serão particularmente estáveis”, respondeu o diretor financeiro do JPMorgan Chase, Jeremy Barnum, em conversa com investidores e analistas.

Ano difícil

A britânica Capital Economics prevê um “ano difícil” para o setor bancário americano a despeito dos números dos grandes nomes no trimestre. Até mesmo porque a fortaleza de Wall Street não se refletiu nos credores de menor porte, que têm apresentado um quadro mais pessimista na esteira da turbulência recente. “Embora os ganhos de alguns dos maiores bancos dos EUA possam ter sido um pouco mais altos do que o esperado, eles provavelmente nunca mostrariam muito impacto dos problemas recentes”, diz o economista da Capital Economics, Bradley Saunders, acrescentando que os resultados recentes não refletem necessariamente onde os grandes bancos americanos estão hoje.

Regulação mais dura

Outro tema que preocupa o mercado é o tamanho da mão regulatória que virá na sequência do fechamento de três bancos nos EUA e que quebraram o jejum de 28 meses sem falências no sistema americano. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) está revendo várias regras do sistema, especialmente, para os bancos médios após o colapso do SVB e do Signature. A expectativa é de que o novo arcabouço traga requisitos mais rígidos de capital e liquidez para aqueles que somam ativos entre US$ 50 bilhões e US$ 250 bilhões - e são cerca de três dezenas nos EUA.

O maior executivo de bancos do mundo, Jamie Dimon, presidente do JPMorgan, espera que os reguladores “respirem fundo”, avaliem os estragos e também a régua regulatória em vigor. Dito isso, ele prevê maior escrutínio para a forma como os bancos lidam com títulos que têm de carregar até o seu vencimento, sobre a exposição à taxa de juros, que foi exatamente o que ajudou a colapsar o SVB, além de exigências de capital mais altas. “Não precisa ser uma reformulação de todo o sistema, apenas recalibrar as coisas da maneira certa”, sugeriu Dimon em conversa com analistas e investidores.

O impacto da regulação adiante preocupa, principalmente, em um cenário de mais aperto nas condições financeiras dos EUA e de desaceleração econômica. Economistas esperam que o crédito mais escasso como resultado das elevadas taxas de juros e da recente turbulência bancária coloque o país em um ritmo ainda mais abaixo do seu potencial. O Livro Bege do Fed, divulgado nesta quarta-feira, foi outra evidência da desaceleração americana.

“Esperamos uma recessão leve, com o Produto Interno Bruto (PIB) anualizado dos EUA apresentando queda de 0,5% a 1% no terceiro, quarto e primeiro trimestres e depois de volta ao positivo”, previu o presidente do Bank of America, Brian Moynihan, ao falar a investidores e analistas, essa semana.

Mercado de capitais ainda em baixa

Nesse cenário, agravado pela recente turbulência bancária, a retomada da atividade de mercado de capitais deve ser ainda mais retardada. No primeiro trimestre, os resultados dos grandes nomes de Wall Street foram impulsionados por maiores receitas de crédito em meio às taxas altas, enquanto o lucro líquido dos bancos de investimento encolheram quase um quinto no período, conforme o britânico Financial Times.

Para o CEO do Morgan Stanley, a retomada dos negócios pode não ocorrer até meados de 2024. Na área de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), o banqueiro vê ritmo “moderado”, mas um pipeline crescente à frente. “Dito isso, permanece em grande parte uma história do segundo semestre de 2023 e do ano inteiro de 2024″, disse Gorman, em teleconferência, nesta quarta-feira.

NOVA YORK - Enquanto três bancos sumiram do mapa financeiro dos Estados Unidos, os pesos pesados de Wall Street conseguiram engordar os lucros no primeiro trimestre de 2023, turbinados por juros mais altos, uma vez que os negócios de mercado de capitais seguem em marcha lenta. Diferentemente da crise de 2009, desta vez os maiores bancos do país se veem como parte da solução da turbulência, que foi de um lado ao outro do Atlântico em março e colocou investidores à caça de novos alvos. O pior parece que foi superado, mas ainda há riscos de “crises pontuais”, considerando que os juros nos EUA ainda devem subir mais – e ficar elevados por mais tempo.

O lucro líquido combinado de JPMorgan Chase, Bank of America, Wells Fargo, Citigroup, Goldman Sachs e Morgan Stanley alcançou US$ 36,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano, montante 17,4% superior ao registrado em igual intervalo de 2022. Com exceção dos dois últimos, todos conseguiram ampliar os seus ganhos no período.

Em apenas um trimestre, os grandes nomes de Wall Street lucraram mais do que o empréstimo de US$ 30 bilhões que um grupo de 11 bancos americanos fez ao First Republic Bank, baseado em São Francisco, para socorrê-lo diante de questionamentos sobre a sua saúde financeira após a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank. Apesar de criticados por gurus do mercado como o ex-secretário do Tesouro dos EUA, Larry Summers, e do megainvestidor Bill Ackman, banqueiros recorreram a autoelogios pelo resgate ao destrinchar os resultados a investidores.

“Alguém que viveu os dias mais sombrios de 2009, quando o Morgan Stanley era visto como parte do problema, é realmente gratificante estar aqui 14 anos depois, como parte da solução”, disse o presidente do Morgan Stanley, James Gorman, em teleconferência com analistas e investidores, na quarta-feira, 19.

Para o executivo, os problemas atuais no setor bancário dos EUA não são comparáveis com aqueles que originaram a turbulência financeira internacional de 2009. Ele reforçou ainda o coro de que não há uma “crise” no segmento, mas alertou para riscos de novas “crises” em alguns bancos.

First Republic Bank recebeu aporte de US$ 30 bilhões de um grupo de 11 bancos americanos para não quebrar Foto: Mike Segar/Reuters

“Embora um pequeno punhado de instituições ainda tenha desafios a superar, o sistema financeiro dos EUA permanece incomparável globalmente”, avaliou a presidente do Citigroup, Jane Fraser, em conversa com analistas e investidores, na semana passada, acrescentando que pode fazer tal afirmação com confiança por ter trabalhado em diferentes sistemas ao redor do mundo.

A executiva destacou ainda que os americanos buscaram um “porto seguro” na tempestade em referência à enxurrada de recursos que os chamados “too big to fail” ou “grandes demais para quebrar” receberam de clientes órfãos dos bancos que colapsaram e outros temerosos com a queda de mais dominós no setor. No entanto, somente o JPMorgan Chase, o maior dos EUA, elevou os depósitos no primeiro trimestre. O motivo é a base de comparação, influenciada pela retomada econômica após a pandemia. No Bank of America, por exemplo, os depósitos ao fim de março eram 34% maiores ante o período pré-covid, enquanto, no sistema, a expansão foi de 31%, na mesma base de comparação.

Entre analistas, a dúvida é o quão estáveis são esses novos depósitos que vieram em meio à turbulência bancária nos EUA. “Por definição, esses são depósitos um tanto inconstantes porque acabaram de entrar, então, é prudente e apropriado assumirmos que eles não serão particularmente estáveis”, respondeu o diretor financeiro do JPMorgan Chase, Jeremy Barnum, em conversa com investidores e analistas.

Ano difícil

A britânica Capital Economics prevê um “ano difícil” para o setor bancário americano a despeito dos números dos grandes nomes no trimestre. Até mesmo porque a fortaleza de Wall Street não se refletiu nos credores de menor porte, que têm apresentado um quadro mais pessimista na esteira da turbulência recente. “Embora os ganhos de alguns dos maiores bancos dos EUA possam ter sido um pouco mais altos do que o esperado, eles provavelmente nunca mostrariam muito impacto dos problemas recentes”, diz o economista da Capital Economics, Bradley Saunders, acrescentando que os resultados recentes não refletem necessariamente onde os grandes bancos americanos estão hoje.

Regulação mais dura

Outro tema que preocupa o mercado é o tamanho da mão regulatória que virá na sequência do fechamento de três bancos nos EUA e que quebraram o jejum de 28 meses sem falências no sistema americano. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) está revendo várias regras do sistema, especialmente, para os bancos médios após o colapso do SVB e do Signature. A expectativa é de que o novo arcabouço traga requisitos mais rígidos de capital e liquidez para aqueles que somam ativos entre US$ 50 bilhões e US$ 250 bilhões - e são cerca de três dezenas nos EUA.

O maior executivo de bancos do mundo, Jamie Dimon, presidente do JPMorgan, espera que os reguladores “respirem fundo”, avaliem os estragos e também a régua regulatória em vigor. Dito isso, ele prevê maior escrutínio para a forma como os bancos lidam com títulos que têm de carregar até o seu vencimento, sobre a exposição à taxa de juros, que foi exatamente o que ajudou a colapsar o SVB, além de exigências de capital mais altas. “Não precisa ser uma reformulação de todo o sistema, apenas recalibrar as coisas da maneira certa”, sugeriu Dimon em conversa com analistas e investidores.

O impacto da regulação adiante preocupa, principalmente, em um cenário de mais aperto nas condições financeiras dos EUA e de desaceleração econômica. Economistas esperam que o crédito mais escasso como resultado das elevadas taxas de juros e da recente turbulência bancária coloque o país em um ritmo ainda mais abaixo do seu potencial. O Livro Bege do Fed, divulgado nesta quarta-feira, foi outra evidência da desaceleração americana.

“Esperamos uma recessão leve, com o Produto Interno Bruto (PIB) anualizado dos EUA apresentando queda de 0,5% a 1% no terceiro, quarto e primeiro trimestres e depois de volta ao positivo”, previu o presidente do Bank of America, Brian Moynihan, ao falar a investidores e analistas, essa semana.

Mercado de capitais ainda em baixa

Nesse cenário, agravado pela recente turbulência bancária, a retomada da atividade de mercado de capitais deve ser ainda mais retardada. No primeiro trimestre, os resultados dos grandes nomes de Wall Street foram impulsionados por maiores receitas de crédito em meio às taxas altas, enquanto o lucro líquido dos bancos de investimento encolheram quase um quinto no período, conforme o britânico Financial Times.

Para o CEO do Morgan Stanley, a retomada dos negócios pode não ocorrer até meados de 2024. Na área de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), o banqueiro vê ritmo “moderado”, mas um pipeline crescente à frente. “Dito isso, permanece em grande parte uma história do segundo semestre de 2023 e do ano inteiro de 2024″, disse Gorman, em teleconferência, nesta quarta-feira.

NOVA YORK - Enquanto três bancos sumiram do mapa financeiro dos Estados Unidos, os pesos pesados de Wall Street conseguiram engordar os lucros no primeiro trimestre de 2023, turbinados por juros mais altos, uma vez que os negócios de mercado de capitais seguem em marcha lenta. Diferentemente da crise de 2009, desta vez os maiores bancos do país se veem como parte da solução da turbulência, que foi de um lado ao outro do Atlântico em março e colocou investidores à caça de novos alvos. O pior parece que foi superado, mas ainda há riscos de “crises pontuais”, considerando que os juros nos EUA ainda devem subir mais – e ficar elevados por mais tempo.

O lucro líquido combinado de JPMorgan Chase, Bank of America, Wells Fargo, Citigroup, Goldman Sachs e Morgan Stanley alcançou US$ 36,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano, montante 17,4% superior ao registrado em igual intervalo de 2022. Com exceção dos dois últimos, todos conseguiram ampliar os seus ganhos no período.

Em apenas um trimestre, os grandes nomes de Wall Street lucraram mais do que o empréstimo de US$ 30 bilhões que um grupo de 11 bancos americanos fez ao First Republic Bank, baseado em São Francisco, para socorrê-lo diante de questionamentos sobre a sua saúde financeira após a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank. Apesar de criticados por gurus do mercado como o ex-secretário do Tesouro dos EUA, Larry Summers, e do megainvestidor Bill Ackman, banqueiros recorreram a autoelogios pelo resgate ao destrinchar os resultados a investidores.

“Alguém que viveu os dias mais sombrios de 2009, quando o Morgan Stanley era visto como parte do problema, é realmente gratificante estar aqui 14 anos depois, como parte da solução”, disse o presidente do Morgan Stanley, James Gorman, em teleconferência com analistas e investidores, na quarta-feira, 19.

Para o executivo, os problemas atuais no setor bancário dos EUA não são comparáveis com aqueles que originaram a turbulência financeira internacional de 2009. Ele reforçou ainda o coro de que não há uma “crise” no segmento, mas alertou para riscos de novas “crises” em alguns bancos.

First Republic Bank recebeu aporte de US$ 30 bilhões de um grupo de 11 bancos americanos para não quebrar Foto: Mike Segar/Reuters

“Embora um pequeno punhado de instituições ainda tenha desafios a superar, o sistema financeiro dos EUA permanece incomparável globalmente”, avaliou a presidente do Citigroup, Jane Fraser, em conversa com analistas e investidores, na semana passada, acrescentando que pode fazer tal afirmação com confiança por ter trabalhado em diferentes sistemas ao redor do mundo.

A executiva destacou ainda que os americanos buscaram um “porto seguro” na tempestade em referência à enxurrada de recursos que os chamados “too big to fail” ou “grandes demais para quebrar” receberam de clientes órfãos dos bancos que colapsaram e outros temerosos com a queda de mais dominós no setor. No entanto, somente o JPMorgan Chase, o maior dos EUA, elevou os depósitos no primeiro trimestre. O motivo é a base de comparação, influenciada pela retomada econômica após a pandemia. No Bank of America, por exemplo, os depósitos ao fim de março eram 34% maiores ante o período pré-covid, enquanto, no sistema, a expansão foi de 31%, na mesma base de comparação.

Entre analistas, a dúvida é o quão estáveis são esses novos depósitos que vieram em meio à turbulência bancária nos EUA. “Por definição, esses são depósitos um tanto inconstantes porque acabaram de entrar, então, é prudente e apropriado assumirmos que eles não serão particularmente estáveis”, respondeu o diretor financeiro do JPMorgan Chase, Jeremy Barnum, em conversa com investidores e analistas.

Ano difícil

A britânica Capital Economics prevê um “ano difícil” para o setor bancário americano a despeito dos números dos grandes nomes no trimestre. Até mesmo porque a fortaleza de Wall Street não se refletiu nos credores de menor porte, que têm apresentado um quadro mais pessimista na esteira da turbulência recente. “Embora os ganhos de alguns dos maiores bancos dos EUA possam ter sido um pouco mais altos do que o esperado, eles provavelmente nunca mostrariam muito impacto dos problemas recentes”, diz o economista da Capital Economics, Bradley Saunders, acrescentando que os resultados recentes não refletem necessariamente onde os grandes bancos americanos estão hoje.

Regulação mais dura

Outro tema que preocupa o mercado é o tamanho da mão regulatória que virá na sequência do fechamento de três bancos nos EUA e que quebraram o jejum de 28 meses sem falências no sistema americano. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) está revendo várias regras do sistema, especialmente, para os bancos médios após o colapso do SVB e do Signature. A expectativa é de que o novo arcabouço traga requisitos mais rígidos de capital e liquidez para aqueles que somam ativos entre US$ 50 bilhões e US$ 250 bilhões - e são cerca de três dezenas nos EUA.

O maior executivo de bancos do mundo, Jamie Dimon, presidente do JPMorgan, espera que os reguladores “respirem fundo”, avaliem os estragos e também a régua regulatória em vigor. Dito isso, ele prevê maior escrutínio para a forma como os bancos lidam com títulos que têm de carregar até o seu vencimento, sobre a exposição à taxa de juros, que foi exatamente o que ajudou a colapsar o SVB, além de exigências de capital mais altas. “Não precisa ser uma reformulação de todo o sistema, apenas recalibrar as coisas da maneira certa”, sugeriu Dimon em conversa com analistas e investidores.

O impacto da regulação adiante preocupa, principalmente, em um cenário de mais aperto nas condições financeiras dos EUA e de desaceleração econômica. Economistas esperam que o crédito mais escasso como resultado das elevadas taxas de juros e da recente turbulência bancária coloque o país em um ritmo ainda mais abaixo do seu potencial. O Livro Bege do Fed, divulgado nesta quarta-feira, foi outra evidência da desaceleração americana.

“Esperamos uma recessão leve, com o Produto Interno Bruto (PIB) anualizado dos EUA apresentando queda de 0,5% a 1% no terceiro, quarto e primeiro trimestres e depois de volta ao positivo”, previu o presidente do Bank of America, Brian Moynihan, ao falar a investidores e analistas, essa semana.

Mercado de capitais ainda em baixa

Nesse cenário, agravado pela recente turbulência bancária, a retomada da atividade de mercado de capitais deve ser ainda mais retardada. No primeiro trimestre, os resultados dos grandes nomes de Wall Street foram impulsionados por maiores receitas de crédito em meio às taxas altas, enquanto o lucro líquido dos bancos de investimento encolheram quase um quinto no período, conforme o britânico Financial Times.

Para o CEO do Morgan Stanley, a retomada dos negócios pode não ocorrer até meados de 2024. Na área de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), o banqueiro vê ritmo “moderado”, mas um pipeline crescente à frente. “Dito isso, permanece em grande parte uma história do segundo semestre de 2023 e do ano inteiro de 2024″, disse Gorman, em teleconferência, nesta quarta-feira.

NOVA YORK - Enquanto três bancos sumiram do mapa financeiro dos Estados Unidos, os pesos pesados de Wall Street conseguiram engordar os lucros no primeiro trimestre de 2023, turbinados por juros mais altos, uma vez que os negócios de mercado de capitais seguem em marcha lenta. Diferentemente da crise de 2009, desta vez os maiores bancos do país se veem como parte da solução da turbulência, que foi de um lado ao outro do Atlântico em março e colocou investidores à caça de novos alvos. O pior parece que foi superado, mas ainda há riscos de “crises pontuais”, considerando que os juros nos EUA ainda devem subir mais – e ficar elevados por mais tempo.

O lucro líquido combinado de JPMorgan Chase, Bank of America, Wells Fargo, Citigroup, Goldman Sachs e Morgan Stanley alcançou US$ 36,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano, montante 17,4% superior ao registrado em igual intervalo de 2022. Com exceção dos dois últimos, todos conseguiram ampliar os seus ganhos no período.

Em apenas um trimestre, os grandes nomes de Wall Street lucraram mais do que o empréstimo de US$ 30 bilhões que um grupo de 11 bancos americanos fez ao First Republic Bank, baseado em São Francisco, para socorrê-lo diante de questionamentos sobre a sua saúde financeira após a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank. Apesar de criticados por gurus do mercado como o ex-secretário do Tesouro dos EUA, Larry Summers, e do megainvestidor Bill Ackman, banqueiros recorreram a autoelogios pelo resgate ao destrinchar os resultados a investidores.

“Alguém que viveu os dias mais sombrios de 2009, quando o Morgan Stanley era visto como parte do problema, é realmente gratificante estar aqui 14 anos depois, como parte da solução”, disse o presidente do Morgan Stanley, James Gorman, em teleconferência com analistas e investidores, na quarta-feira, 19.

Para o executivo, os problemas atuais no setor bancário dos EUA não são comparáveis com aqueles que originaram a turbulência financeira internacional de 2009. Ele reforçou ainda o coro de que não há uma “crise” no segmento, mas alertou para riscos de novas “crises” em alguns bancos.

First Republic Bank recebeu aporte de US$ 30 bilhões de um grupo de 11 bancos americanos para não quebrar Foto: Mike Segar/Reuters

“Embora um pequeno punhado de instituições ainda tenha desafios a superar, o sistema financeiro dos EUA permanece incomparável globalmente”, avaliou a presidente do Citigroup, Jane Fraser, em conversa com analistas e investidores, na semana passada, acrescentando que pode fazer tal afirmação com confiança por ter trabalhado em diferentes sistemas ao redor do mundo.

A executiva destacou ainda que os americanos buscaram um “porto seguro” na tempestade em referência à enxurrada de recursos que os chamados “too big to fail” ou “grandes demais para quebrar” receberam de clientes órfãos dos bancos que colapsaram e outros temerosos com a queda de mais dominós no setor. No entanto, somente o JPMorgan Chase, o maior dos EUA, elevou os depósitos no primeiro trimestre. O motivo é a base de comparação, influenciada pela retomada econômica após a pandemia. No Bank of America, por exemplo, os depósitos ao fim de março eram 34% maiores ante o período pré-covid, enquanto, no sistema, a expansão foi de 31%, na mesma base de comparação.

Entre analistas, a dúvida é o quão estáveis são esses novos depósitos que vieram em meio à turbulência bancária nos EUA. “Por definição, esses são depósitos um tanto inconstantes porque acabaram de entrar, então, é prudente e apropriado assumirmos que eles não serão particularmente estáveis”, respondeu o diretor financeiro do JPMorgan Chase, Jeremy Barnum, em conversa com investidores e analistas.

Ano difícil

A britânica Capital Economics prevê um “ano difícil” para o setor bancário americano a despeito dos números dos grandes nomes no trimestre. Até mesmo porque a fortaleza de Wall Street não se refletiu nos credores de menor porte, que têm apresentado um quadro mais pessimista na esteira da turbulência recente. “Embora os ganhos de alguns dos maiores bancos dos EUA possam ter sido um pouco mais altos do que o esperado, eles provavelmente nunca mostrariam muito impacto dos problemas recentes”, diz o economista da Capital Economics, Bradley Saunders, acrescentando que os resultados recentes não refletem necessariamente onde os grandes bancos americanos estão hoje.

Regulação mais dura

Outro tema que preocupa o mercado é o tamanho da mão regulatória que virá na sequência do fechamento de três bancos nos EUA e que quebraram o jejum de 28 meses sem falências no sistema americano. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) está revendo várias regras do sistema, especialmente, para os bancos médios após o colapso do SVB e do Signature. A expectativa é de que o novo arcabouço traga requisitos mais rígidos de capital e liquidez para aqueles que somam ativos entre US$ 50 bilhões e US$ 250 bilhões - e são cerca de três dezenas nos EUA.

O maior executivo de bancos do mundo, Jamie Dimon, presidente do JPMorgan, espera que os reguladores “respirem fundo”, avaliem os estragos e também a régua regulatória em vigor. Dito isso, ele prevê maior escrutínio para a forma como os bancos lidam com títulos que têm de carregar até o seu vencimento, sobre a exposição à taxa de juros, que foi exatamente o que ajudou a colapsar o SVB, além de exigências de capital mais altas. “Não precisa ser uma reformulação de todo o sistema, apenas recalibrar as coisas da maneira certa”, sugeriu Dimon em conversa com analistas e investidores.

O impacto da regulação adiante preocupa, principalmente, em um cenário de mais aperto nas condições financeiras dos EUA e de desaceleração econômica. Economistas esperam que o crédito mais escasso como resultado das elevadas taxas de juros e da recente turbulência bancária coloque o país em um ritmo ainda mais abaixo do seu potencial. O Livro Bege do Fed, divulgado nesta quarta-feira, foi outra evidência da desaceleração americana.

“Esperamos uma recessão leve, com o Produto Interno Bruto (PIB) anualizado dos EUA apresentando queda de 0,5% a 1% no terceiro, quarto e primeiro trimestres e depois de volta ao positivo”, previu o presidente do Bank of America, Brian Moynihan, ao falar a investidores e analistas, essa semana.

Mercado de capitais ainda em baixa

Nesse cenário, agravado pela recente turbulência bancária, a retomada da atividade de mercado de capitais deve ser ainda mais retardada. No primeiro trimestre, os resultados dos grandes nomes de Wall Street foram impulsionados por maiores receitas de crédito em meio às taxas altas, enquanto o lucro líquido dos bancos de investimento encolheram quase um quinto no período, conforme o britânico Financial Times.

Para o CEO do Morgan Stanley, a retomada dos negócios pode não ocorrer até meados de 2024. Na área de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), o banqueiro vê ritmo “moderado”, mas um pipeline crescente à frente. “Dito isso, permanece em grande parte uma história do segundo semestre de 2023 e do ano inteiro de 2024″, disse Gorman, em teleconferência, nesta quarta-feira.

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