Economista e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, Luís Eduardo Assis escreve quinzenalmente

Opinião|Admirável mundo velho


Em um mundo onde vivem cada vez menos jovens, é imprescindível nos livrarmos de ideias velhas – eis a ironia do nosso tempo

Por Luís Eduardo Assis

O envelhecimento da população talvez seja o fato mais notável dos tempos recentes. Em 1900, antes de ontem, a expectativa de vida ao nascer no mundo era de 32 anos (Our World in Data). A mesma de um chimpanzé. Passou para 46,5 anos em 1950 e 71,7 anos em 2022. Vai continuar subindo, dizem os modelos, e deve atingir 77,3 anos em 2050 (United Nations Population Division). O futuro é dos velhos.

Mas, como os velhos têm o péssimo hábito de morrer, a ONU prevê que em 2050 pelo menos 55 países terão uma população menor do que tinham em 2019 (“Esse tique-taque dos relógios é a máquina de costura do tempo a fabricar mortalhas”, já dizia Mário Quintana).

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No Brasil, é quase igual. Em 1980, 38,2% da população brasileira era de jovens com menos de 14 anos, ao passo que os idosos com mais de 65 anos representavam apenas 4% do contingente total. Em números absolutos, tínhamos 46,7 milhões de jovens e 4,9 milhões de idosos, quase dez jovens para cada idoso.

Envelhecimento da população brasileira avança e requer mudanças na Previdência Foto: Matt Bennett/Unsplash.com

Em 2022, o quadro era outro. A proporção de jovens caiu para 19,8%, 40,2 milhões, enquanto os mais velhos compunham 10,9%, 22,1 milhões de pessoas. Menos de dois jovens para cada idoso. Mais impressionante: entre 2010 e 2022, o número absoluto de jovens caiu 13%.

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Novos problemas

São novos tempos, com novos problemas. Há países como o Japão, por exemplo, onde a venda de fraldas geriátricas já supera a venda de fraldas infantis. Em países do norte da Europa é cada vez mais comum que famílias mantenham seus idosos em instituições especializadas na Tailândia, onde os custos são menores (estamos preparados para exportar nossos velhos para a Bolívia?).

A queda na criminalidade é, por outro lado, um efeito colateral positivo nos países que envelheceram (43% da população carcerária no Brasil tem entre 18 e 29 anos). Também será inevitável entre nós o aumento dos gastos públicos com Previdência e saúde.

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Teremos, por outro lado, menor pressão dos gastos com educação fundamental, já que a população em idade escolar diminui. Isso tudo mostra a incongruência da volta da vinculação de gastos nesses dois grandes itens do Orçamento federal. Igualmente, é urgente discutirmos a desvinculação das aposentadorias do salário mínimo, bem como a equiparação da idade de aposentadoria entre homens e mulheres, a despeito da ojeriza que esses temas provocam no governo petista.

A diferença entre nós é que o Brasil envelheceu antes de ficar rico, o que torna tudo mais difícil. Tudo é novo nesse mundo de velhos. Novos tempos exigem novos paradigmas. Em um mundo onde vivem cada vez menos jovens é imprescindível nos livrarmos de ideias velhas – eis a ironia do nosso tempo.

O envelhecimento da população talvez seja o fato mais notável dos tempos recentes. Em 1900, antes de ontem, a expectativa de vida ao nascer no mundo era de 32 anos (Our World in Data). A mesma de um chimpanzé. Passou para 46,5 anos em 1950 e 71,7 anos em 2022. Vai continuar subindo, dizem os modelos, e deve atingir 77,3 anos em 2050 (United Nations Population Division). O futuro é dos velhos.

Mas, como os velhos têm o péssimo hábito de morrer, a ONU prevê que em 2050 pelo menos 55 países terão uma população menor do que tinham em 2019 (“Esse tique-taque dos relógios é a máquina de costura do tempo a fabricar mortalhas”, já dizia Mário Quintana).

No Brasil, é quase igual. Em 1980, 38,2% da população brasileira era de jovens com menos de 14 anos, ao passo que os idosos com mais de 65 anos representavam apenas 4% do contingente total. Em números absolutos, tínhamos 46,7 milhões de jovens e 4,9 milhões de idosos, quase dez jovens para cada idoso.

Envelhecimento da população brasileira avança e requer mudanças na Previdência Foto: Matt Bennett/Unsplash.com

Em 2022, o quadro era outro. A proporção de jovens caiu para 19,8%, 40,2 milhões, enquanto os mais velhos compunham 10,9%, 22,1 milhões de pessoas. Menos de dois jovens para cada idoso. Mais impressionante: entre 2010 e 2022, o número absoluto de jovens caiu 13%.

Novos problemas

São novos tempos, com novos problemas. Há países como o Japão, por exemplo, onde a venda de fraldas geriátricas já supera a venda de fraldas infantis. Em países do norte da Europa é cada vez mais comum que famílias mantenham seus idosos em instituições especializadas na Tailândia, onde os custos são menores (estamos preparados para exportar nossos velhos para a Bolívia?).

A queda na criminalidade é, por outro lado, um efeito colateral positivo nos países que envelheceram (43% da população carcerária no Brasil tem entre 18 e 29 anos). Também será inevitável entre nós o aumento dos gastos públicos com Previdência e saúde.

Teremos, por outro lado, menor pressão dos gastos com educação fundamental, já que a população em idade escolar diminui. Isso tudo mostra a incongruência da volta da vinculação de gastos nesses dois grandes itens do Orçamento federal. Igualmente, é urgente discutirmos a desvinculação das aposentadorias do salário mínimo, bem como a equiparação da idade de aposentadoria entre homens e mulheres, a despeito da ojeriza que esses temas provocam no governo petista.

A diferença entre nós é que o Brasil envelheceu antes de ficar rico, o que torna tudo mais difícil. Tudo é novo nesse mundo de velhos. Novos tempos exigem novos paradigmas. Em um mundo onde vivem cada vez menos jovens é imprescindível nos livrarmos de ideias velhas – eis a ironia do nosso tempo.

O envelhecimento da população talvez seja o fato mais notável dos tempos recentes. Em 1900, antes de ontem, a expectativa de vida ao nascer no mundo era de 32 anos (Our World in Data). A mesma de um chimpanzé. Passou para 46,5 anos em 1950 e 71,7 anos em 2022. Vai continuar subindo, dizem os modelos, e deve atingir 77,3 anos em 2050 (United Nations Population Division). O futuro é dos velhos.

Mas, como os velhos têm o péssimo hábito de morrer, a ONU prevê que em 2050 pelo menos 55 países terão uma população menor do que tinham em 2019 (“Esse tique-taque dos relógios é a máquina de costura do tempo a fabricar mortalhas”, já dizia Mário Quintana).

No Brasil, é quase igual. Em 1980, 38,2% da população brasileira era de jovens com menos de 14 anos, ao passo que os idosos com mais de 65 anos representavam apenas 4% do contingente total. Em números absolutos, tínhamos 46,7 milhões de jovens e 4,9 milhões de idosos, quase dez jovens para cada idoso.

Envelhecimento da população brasileira avança e requer mudanças na Previdência Foto: Matt Bennett/Unsplash.com

Em 2022, o quadro era outro. A proporção de jovens caiu para 19,8%, 40,2 milhões, enquanto os mais velhos compunham 10,9%, 22,1 milhões de pessoas. Menos de dois jovens para cada idoso. Mais impressionante: entre 2010 e 2022, o número absoluto de jovens caiu 13%.

Novos problemas

São novos tempos, com novos problemas. Há países como o Japão, por exemplo, onde a venda de fraldas geriátricas já supera a venda de fraldas infantis. Em países do norte da Europa é cada vez mais comum que famílias mantenham seus idosos em instituições especializadas na Tailândia, onde os custos são menores (estamos preparados para exportar nossos velhos para a Bolívia?).

A queda na criminalidade é, por outro lado, um efeito colateral positivo nos países que envelheceram (43% da população carcerária no Brasil tem entre 18 e 29 anos). Também será inevitável entre nós o aumento dos gastos públicos com Previdência e saúde.

Teremos, por outro lado, menor pressão dos gastos com educação fundamental, já que a população em idade escolar diminui. Isso tudo mostra a incongruência da volta da vinculação de gastos nesses dois grandes itens do Orçamento federal. Igualmente, é urgente discutirmos a desvinculação das aposentadorias do salário mínimo, bem como a equiparação da idade de aposentadoria entre homens e mulheres, a despeito da ojeriza que esses temas provocam no governo petista.

A diferença entre nós é que o Brasil envelheceu antes de ficar rico, o que torna tudo mais difícil. Tudo é novo nesse mundo de velhos. Novos tempos exigem novos paradigmas. Em um mundo onde vivem cada vez menos jovens é imprescindível nos livrarmos de ideias velhas – eis a ironia do nosso tempo.

O envelhecimento da população talvez seja o fato mais notável dos tempos recentes. Em 1900, antes de ontem, a expectativa de vida ao nascer no mundo era de 32 anos (Our World in Data). A mesma de um chimpanzé. Passou para 46,5 anos em 1950 e 71,7 anos em 2022. Vai continuar subindo, dizem os modelos, e deve atingir 77,3 anos em 2050 (United Nations Population Division). O futuro é dos velhos.

Mas, como os velhos têm o péssimo hábito de morrer, a ONU prevê que em 2050 pelo menos 55 países terão uma população menor do que tinham em 2019 (“Esse tique-taque dos relógios é a máquina de costura do tempo a fabricar mortalhas”, já dizia Mário Quintana).

No Brasil, é quase igual. Em 1980, 38,2% da população brasileira era de jovens com menos de 14 anos, ao passo que os idosos com mais de 65 anos representavam apenas 4% do contingente total. Em números absolutos, tínhamos 46,7 milhões de jovens e 4,9 milhões de idosos, quase dez jovens para cada idoso.

Envelhecimento da população brasileira avança e requer mudanças na Previdência Foto: Matt Bennett/Unsplash.com

Em 2022, o quadro era outro. A proporção de jovens caiu para 19,8%, 40,2 milhões, enquanto os mais velhos compunham 10,9%, 22,1 milhões de pessoas. Menos de dois jovens para cada idoso. Mais impressionante: entre 2010 e 2022, o número absoluto de jovens caiu 13%.

Novos problemas

São novos tempos, com novos problemas. Há países como o Japão, por exemplo, onde a venda de fraldas geriátricas já supera a venda de fraldas infantis. Em países do norte da Europa é cada vez mais comum que famílias mantenham seus idosos em instituições especializadas na Tailândia, onde os custos são menores (estamos preparados para exportar nossos velhos para a Bolívia?).

A queda na criminalidade é, por outro lado, um efeito colateral positivo nos países que envelheceram (43% da população carcerária no Brasil tem entre 18 e 29 anos). Também será inevitável entre nós o aumento dos gastos públicos com Previdência e saúde.

Teremos, por outro lado, menor pressão dos gastos com educação fundamental, já que a população em idade escolar diminui. Isso tudo mostra a incongruência da volta da vinculação de gastos nesses dois grandes itens do Orçamento federal. Igualmente, é urgente discutirmos a desvinculação das aposentadorias do salário mínimo, bem como a equiparação da idade de aposentadoria entre homens e mulheres, a despeito da ojeriza que esses temas provocam no governo petista.

A diferença entre nós é que o Brasil envelheceu antes de ficar rico, o que torna tudo mais difícil. Tudo é novo nesse mundo de velhos. Novos tempos exigem novos paradigmas. Em um mundo onde vivem cada vez menos jovens é imprescindível nos livrarmos de ideias velhas – eis a ironia do nosso tempo.

O envelhecimento da população talvez seja o fato mais notável dos tempos recentes. Em 1900, antes de ontem, a expectativa de vida ao nascer no mundo era de 32 anos (Our World in Data). A mesma de um chimpanzé. Passou para 46,5 anos em 1950 e 71,7 anos em 2022. Vai continuar subindo, dizem os modelos, e deve atingir 77,3 anos em 2050 (United Nations Population Division). O futuro é dos velhos.

Mas, como os velhos têm o péssimo hábito de morrer, a ONU prevê que em 2050 pelo menos 55 países terão uma população menor do que tinham em 2019 (“Esse tique-taque dos relógios é a máquina de costura do tempo a fabricar mortalhas”, já dizia Mário Quintana).

No Brasil, é quase igual. Em 1980, 38,2% da população brasileira era de jovens com menos de 14 anos, ao passo que os idosos com mais de 65 anos representavam apenas 4% do contingente total. Em números absolutos, tínhamos 46,7 milhões de jovens e 4,9 milhões de idosos, quase dez jovens para cada idoso.

Envelhecimento da população brasileira avança e requer mudanças na Previdência Foto: Matt Bennett/Unsplash.com

Em 2022, o quadro era outro. A proporção de jovens caiu para 19,8%, 40,2 milhões, enquanto os mais velhos compunham 10,9%, 22,1 milhões de pessoas. Menos de dois jovens para cada idoso. Mais impressionante: entre 2010 e 2022, o número absoluto de jovens caiu 13%.

Novos problemas

São novos tempos, com novos problemas. Há países como o Japão, por exemplo, onde a venda de fraldas geriátricas já supera a venda de fraldas infantis. Em países do norte da Europa é cada vez mais comum que famílias mantenham seus idosos em instituições especializadas na Tailândia, onde os custos são menores (estamos preparados para exportar nossos velhos para a Bolívia?).

A queda na criminalidade é, por outro lado, um efeito colateral positivo nos países que envelheceram (43% da população carcerária no Brasil tem entre 18 e 29 anos). Também será inevitável entre nós o aumento dos gastos públicos com Previdência e saúde.

Teremos, por outro lado, menor pressão dos gastos com educação fundamental, já que a população em idade escolar diminui. Isso tudo mostra a incongruência da volta da vinculação de gastos nesses dois grandes itens do Orçamento federal. Igualmente, é urgente discutirmos a desvinculação das aposentadorias do salário mínimo, bem como a equiparação da idade de aposentadoria entre homens e mulheres, a despeito da ojeriza que esses temas provocam no governo petista.

A diferença entre nós é que o Brasil envelheceu antes de ficar rico, o que torna tudo mais difícil. Tudo é novo nesse mundo de velhos. Novos tempos exigem novos paradigmas. Em um mundo onde vivem cada vez menos jovens é imprescindível nos livrarmos de ideias velhas – eis a ironia do nosso tempo.

Opinião por Luís Eduardo Assis

Economista. Autor de 'O Poder das Ideias Erradas' (Ed.Almedina). Foi diretor de Política Monetária do Banco Central e professor de Economia da PUC-SP e FGV-SP

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