Economista e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, Luís Eduardo Assis escreve quinzenalmente

Opinião|Alvíssaras: Indicação de Galípolo para a presidência do BC abre um amplo espectro de novidades


Novo presidente do Banco Central tem o conhecimento, a motivação, o engenho e a arte para conduzir esse debate com a serenidade necessária

Por Luís Eduardo Assis

A indicação do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, para a presidência do Banco Central (Bacen) abre um amplo espectro de novidades. Sempre pragmático, o mercado financeiro assumiu a hipótese de que a nova gestão trará poucas novidades, já que o conjunto de hipóteses que sustentam o regime de metas de inflação consolidou-se a ponto de adquirir um caráter dogmático. Não que estejamos no precipício de uma nova matriz econômica versão Bacen, incompatível com a prudência que caracteriza o novo presidente, mas há espaço para mudanças que podem ser significativas.

A limitação que temos hoje é conhecida: a manipulação da taxa Selic é o único instrumento de combate à inflação, o que é notoriamente ineficaz se isso ocorre simultaneamente a uma política fiscal expansionista, no contexto de uma economia ainda indexada e onde a flutuação dos preços internacionais – pouco afeitos à taxa de juros doméstica – determina uma grande parte da variação do IPCA.

Galípolo foi indicado à presidência do BC por Lula e terá de passar por sabatina no Senado Federal. Foto: Lula Marques/Agência Brasil
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A ampliação desse debate poderá se dar em duas instâncias. Para fora do Bacen, o novo presidente poderá engrossar o coral, regido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tenta convencer o presidente Lula que uma política fiscal expansionista quando a inflação está acima da meta força a elevação dos juros, o que aguça a concentração de renda, anátema dos postulados petistas.

O novo presidente também poderá induzir o governo a adotar um duplo mandato para o Bacen, a exemplo do que ocorre em outros países, com o que se formalizaria uma vida mais difícil para a autoridade monetária, hoje dispensada de enfrentar dilemas. Adotar como meta o núcleo da inflação também significaria um aperfeiçoamento no regime atual, aliviando a fúria dos juros em caso de choques de oferta de produtos agrícolas, por exemplo. Desindexar a economia aumentaria a potência da política monetária, mas o governo petista tem ouvidos calafetados para essa discussão.

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No âmbito da autoridade monetária também há espaço para mudanças. Usar os depósitos compulsórios como forma de controlar o crédito é uma forma clássica de conter a demanda que consta dos manuais de macroeconomia – por mais que isso provoque cólicas nos bancos. Atuar mais ativamente na taxa de câmbio, reduzindo sua oscilação, também é algo ao alcance do Banco Central. Da mesma forma, operar na curva de juros, não só na taxa Selic, poderia aumentar a potência da política monetária.

Há muito que pode ser feito, sem assustar as crianças na sala. O novo presidente do Banco Central tem o conhecimento, a motivação, o engenho e a arte para conduzir esse debate com a serenidade necessária.

A indicação do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, para a presidência do Banco Central (Bacen) abre um amplo espectro de novidades. Sempre pragmático, o mercado financeiro assumiu a hipótese de que a nova gestão trará poucas novidades, já que o conjunto de hipóteses que sustentam o regime de metas de inflação consolidou-se a ponto de adquirir um caráter dogmático. Não que estejamos no precipício de uma nova matriz econômica versão Bacen, incompatível com a prudência que caracteriza o novo presidente, mas há espaço para mudanças que podem ser significativas.

A limitação que temos hoje é conhecida: a manipulação da taxa Selic é o único instrumento de combate à inflação, o que é notoriamente ineficaz se isso ocorre simultaneamente a uma política fiscal expansionista, no contexto de uma economia ainda indexada e onde a flutuação dos preços internacionais – pouco afeitos à taxa de juros doméstica – determina uma grande parte da variação do IPCA.

Galípolo foi indicado à presidência do BC por Lula e terá de passar por sabatina no Senado Federal. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

A ampliação desse debate poderá se dar em duas instâncias. Para fora do Bacen, o novo presidente poderá engrossar o coral, regido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tenta convencer o presidente Lula que uma política fiscal expansionista quando a inflação está acima da meta força a elevação dos juros, o que aguça a concentração de renda, anátema dos postulados petistas.

O novo presidente também poderá induzir o governo a adotar um duplo mandato para o Bacen, a exemplo do que ocorre em outros países, com o que se formalizaria uma vida mais difícil para a autoridade monetária, hoje dispensada de enfrentar dilemas. Adotar como meta o núcleo da inflação também significaria um aperfeiçoamento no regime atual, aliviando a fúria dos juros em caso de choques de oferta de produtos agrícolas, por exemplo. Desindexar a economia aumentaria a potência da política monetária, mas o governo petista tem ouvidos calafetados para essa discussão.

No âmbito da autoridade monetária também há espaço para mudanças. Usar os depósitos compulsórios como forma de controlar o crédito é uma forma clássica de conter a demanda que consta dos manuais de macroeconomia – por mais que isso provoque cólicas nos bancos. Atuar mais ativamente na taxa de câmbio, reduzindo sua oscilação, também é algo ao alcance do Banco Central. Da mesma forma, operar na curva de juros, não só na taxa Selic, poderia aumentar a potência da política monetária.

Há muito que pode ser feito, sem assustar as crianças na sala. O novo presidente do Banco Central tem o conhecimento, a motivação, o engenho e a arte para conduzir esse debate com a serenidade necessária.

A indicação do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, para a presidência do Banco Central (Bacen) abre um amplo espectro de novidades. Sempre pragmático, o mercado financeiro assumiu a hipótese de que a nova gestão trará poucas novidades, já que o conjunto de hipóteses que sustentam o regime de metas de inflação consolidou-se a ponto de adquirir um caráter dogmático. Não que estejamos no precipício de uma nova matriz econômica versão Bacen, incompatível com a prudência que caracteriza o novo presidente, mas há espaço para mudanças que podem ser significativas.

A limitação que temos hoje é conhecida: a manipulação da taxa Selic é o único instrumento de combate à inflação, o que é notoriamente ineficaz se isso ocorre simultaneamente a uma política fiscal expansionista, no contexto de uma economia ainda indexada e onde a flutuação dos preços internacionais – pouco afeitos à taxa de juros doméstica – determina uma grande parte da variação do IPCA.

Galípolo foi indicado à presidência do BC por Lula e terá de passar por sabatina no Senado Federal. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

A ampliação desse debate poderá se dar em duas instâncias. Para fora do Bacen, o novo presidente poderá engrossar o coral, regido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tenta convencer o presidente Lula que uma política fiscal expansionista quando a inflação está acima da meta força a elevação dos juros, o que aguça a concentração de renda, anátema dos postulados petistas.

O novo presidente também poderá induzir o governo a adotar um duplo mandato para o Bacen, a exemplo do que ocorre em outros países, com o que se formalizaria uma vida mais difícil para a autoridade monetária, hoje dispensada de enfrentar dilemas. Adotar como meta o núcleo da inflação também significaria um aperfeiçoamento no regime atual, aliviando a fúria dos juros em caso de choques de oferta de produtos agrícolas, por exemplo. Desindexar a economia aumentaria a potência da política monetária, mas o governo petista tem ouvidos calafetados para essa discussão.

No âmbito da autoridade monetária também há espaço para mudanças. Usar os depósitos compulsórios como forma de controlar o crédito é uma forma clássica de conter a demanda que consta dos manuais de macroeconomia – por mais que isso provoque cólicas nos bancos. Atuar mais ativamente na taxa de câmbio, reduzindo sua oscilação, também é algo ao alcance do Banco Central. Da mesma forma, operar na curva de juros, não só na taxa Selic, poderia aumentar a potência da política monetária.

Há muito que pode ser feito, sem assustar as crianças na sala. O novo presidente do Banco Central tem o conhecimento, a motivação, o engenho e a arte para conduzir esse debate com a serenidade necessária.

A indicação do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, para a presidência do Banco Central (Bacen) abre um amplo espectro de novidades. Sempre pragmático, o mercado financeiro assumiu a hipótese de que a nova gestão trará poucas novidades, já que o conjunto de hipóteses que sustentam o regime de metas de inflação consolidou-se a ponto de adquirir um caráter dogmático. Não que estejamos no precipício de uma nova matriz econômica versão Bacen, incompatível com a prudência que caracteriza o novo presidente, mas há espaço para mudanças que podem ser significativas.

A limitação que temos hoje é conhecida: a manipulação da taxa Selic é o único instrumento de combate à inflação, o que é notoriamente ineficaz se isso ocorre simultaneamente a uma política fiscal expansionista, no contexto de uma economia ainda indexada e onde a flutuação dos preços internacionais – pouco afeitos à taxa de juros doméstica – determina uma grande parte da variação do IPCA.

Galípolo foi indicado à presidência do BC por Lula e terá de passar por sabatina no Senado Federal. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

A ampliação desse debate poderá se dar em duas instâncias. Para fora do Bacen, o novo presidente poderá engrossar o coral, regido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tenta convencer o presidente Lula que uma política fiscal expansionista quando a inflação está acima da meta força a elevação dos juros, o que aguça a concentração de renda, anátema dos postulados petistas.

O novo presidente também poderá induzir o governo a adotar um duplo mandato para o Bacen, a exemplo do que ocorre em outros países, com o que se formalizaria uma vida mais difícil para a autoridade monetária, hoje dispensada de enfrentar dilemas. Adotar como meta o núcleo da inflação também significaria um aperfeiçoamento no regime atual, aliviando a fúria dos juros em caso de choques de oferta de produtos agrícolas, por exemplo. Desindexar a economia aumentaria a potência da política monetária, mas o governo petista tem ouvidos calafetados para essa discussão.

No âmbito da autoridade monetária também há espaço para mudanças. Usar os depósitos compulsórios como forma de controlar o crédito é uma forma clássica de conter a demanda que consta dos manuais de macroeconomia – por mais que isso provoque cólicas nos bancos. Atuar mais ativamente na taxa de câmbio, reduzindo sua oscilação, também é algo ao alcance do Banco Central. Da mesma forma, operar na curva de juros, não só na taxa Selic, poderia aumentar a potência da política monetária.

Há muito que pode ser feito, sem assustar as crianças na sala. O novo presidente do Banco Central tem o conhecimento, a motivação, o engenho e a arte para conduzir esse debate com a serenidade necessária.

Opinião por Luís Eduardo Assis

Economista. Autor de 'O Poder das Ideias Erradas' (Ed.Almedina). Foi diretor de Política Monetária do Banco Central e professor de Economia da PUC-SP e FGV-SP

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