Economista e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, Luís Eduardo Assis escreve quinzenalmente

Opinião|Tudo sugere que vivemos os melhores tempos do mercado de trabalho; melhor comemorar logo


Difícil imaginar como os números do desemprego no País possam permanecer tão viçosos nos próximos meses

Por Luís Eduardo Assis

Os economistas, sabe-se, têm um vocabulário particular. Ultimamente, adicionaram uma nova contribuição ao léxico e passaram a chamar de “surpresa” todas as previsões que deram errado.

No início de 2023, os analistas consultados pelo Banco Central do Brasil (Bacen) estimavam um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano de 0,8% apenas. Bancos, como o J.P. Morgan ou o Citibank, tinham previsões mais lúgubres, com avanço de 0,2% e 0,3%, respectivamente. Houve quem falasse em recessão.

Até que ponto esse cenário peçonhento refletia o mau-humor com o governo recém-eleito é difícil aferir, mas o fato é que agora o mercado acredita que o PIB possa crescer algo como 2,8%, 3,5 vezes mais do que estimava em janeiro. Uma grande surpresa.

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As estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) — que registra o mercado de trabalho formal — mostram também um dinamismo surpreendente. O total de pessoas empregadas alcançou 44,22 milhões, o número mais alto da série histórica. Também a taxa de desocupação, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caiu para 7,6% em outubro, a mais baixa desde fevereiro de 2015.

Já se constata desaceleração no índice de atividade medido pelo Bacen, um indicador antecedente do emprego Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Mas nem tudo são flores no mercado de trabalho. Esse viço todo é incompatível com juros ainda em níveis siderais e o legado é perverso. No acumulado de 12 meses, o Caged registra 1,33 milhão de vagas criadas, mas esse dado vem caindo quase monotonicamente desde o pico de 3,1 milhões, em outubro de 2021.

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A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE registra, com outra metodologia, que o total de pessoas ocupadas no setor privado com carteira assinada era de 37,6 milhões em outubro, número quase igual ao que tínhamos em outubro de 2014 (37,5 milhões). Há muito tempo estamos atolados.

Mesmo a baixa taxa de desemprego tem seus senões. O número de pessoas fora da força de trabalho (que não estão trabalhando nem procurando trabalho) registrou 66,6 milhões em outubro, 5,4 milhões a mais do que na média de 2019, antes da pandemia. Talvez isso decorra do forte aumento do Bolsa Família, que cresceu 387% nos últimos quatro anos.

Difícil imaginar como os números do desemprego possam permanecer tão viçosos nos próximos meses. O mastodôntico impulso fiscal de 2023 não se repetirá em 2024. Já se constata desaceleração no índice de atividade medido pelo Bacen, um indicador antecedente do emprego (a correlação mais significativa é com um intervalo de cinco meses).

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A indústria de transformação apresenta uma queda de 0,8% na variação anualizada. O governo ainda não engendrou um projeto de crescimento viável, que compatibilize elevação dos investimentos com responsabilidade fiscal. Tudo sugere que estamos vivendo os melhores tempos no mercado de trabalho. Salvo, claro, alguma surpresa.

Os economistas, sabe-se, têm um vocabulário particular. Ultimamente, adicionaram uma nova contribuição ao léxico e passaram a chamar de “surpresa” todas as previsões que deram errado.

No início de 2023, os analistas consultados pelo Banco Central do Brasil (Bacen) estimavam um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano de 0,8% apenas. Bancos, como o J.P. Morgan ou o Citibank, tinham previsões mais lúgubres, com avanço de 0,2% e 0,3%, respectivamente. Houve quem falasse em recessão.

Até que ponto esse cenário peçonhento refletia o mau-humor com o governo recém-eleito é difícil aferir, mas o fato é que agora o mercado acredita que o PIB possa crescer algo como 2,8%, 3,5 vezes mais do que estimava em janeiro. Uma grande surpresa.

As estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) — que registra o mercado de trabalho formal — mostram também um dinamismo surpreendente. O total de pessoas empregadas alcançou 44,22 milhões, o número mais alto da série histórica. Também a taxa de desocupação, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caiu para 7,6% em outubro, a mais baixa desde fevereiro de 2015.

Já se constata desaceleração no índice de atividade medido pelo Bacen, um indicador antecedente do emprego Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Mas nem tudo são flores no mercado de trabalho. Esse viço todo é incompatível com juros ainda em níveis siderais e o legado é perverso. No acumulado de 12 meses, o Caged registra 1,33 milhão de vagas criadas, mas esse dado vem caindo quase monotonicamente desde o pico de 3,1 milhões, em outubro de 2021.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE registra, com outra metodologia, que o total de pessoas ocupadas no setor privado com carteira assinada era de 37,6 milhões em outubro, número quase igual ao que tínhamos em outubro de 2014 (37,5 milhões). Há muito tempo estamos atolados.

Mesmo a baixa taxa de desemprego tem seus senões. O número de pessoas fora da força de trabalho (que não estão trabalhando nem procurando trabalho) registrou 66,6 milhões em outubro, 5,4 milhões a mais do que na média de 2019, antes da pandemia. Talvez isso decorra do forte aumento do Bolsa Família, que cresceu 387% nos últimos quatro anos.

Difícil imaginar como os números do desemprego possam permanecer tão viçosos nos próximos meses. O mastodôntico impulso fiscal de 2023 não se repetirá em 2024. Já se constata desaceleração no índice de atividade medido pelo Bacen, um indicador antecedente do emprego (a correlação mais significativa é com um intervalo de cinco meses).

A indústria de transformação apresenta uma queda de 0,8% na variação anualizada. O governo ainda não engendrou um projeto de crescimento viável, que compatibilize elevação dos investimentos com responsabilidade fiscal. Tudo sugere que estamos vivendo os melhores tempos no mercado de trabalho. Salvo, claro, alguma surpresa.

Os economistas, sabe-se, têm um vocabulário particular. Ultimamente, adicionaram uma nova contribuição ao léxico e passaram a chamar de “surpresa” todas as previsões que deram errado.

No início de 2023, os analistas consultados pelo Banco Central do Brasil (Bacen) estimavam um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano de 0,8% apenas. Bancos, como o J.P. Morgan ou o Citibank, tinham previsões mais lúgubres, com avanço de 0,2% e 0,3%, respectivamente. Houve quem falasse em recessão.

Até que ponto esse cenário peçonhento refletia o mau-humor com o governo recém-eleito é difícil aferir, mas o fato é que agora o mercado acredita que o PIB possa crescer algo como 2,8%, 3,5 vezes mais do que estimava em janeiro. Uma grande surpresa.

As estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) — que registra o mercado de trabalho formal — mostram também um dinamismo surpreendente. O total de pessoas empregadas alcançou 44,22 milhões, o número mais alto da série histórica. Também a taxa de desocupação, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caiu para 7,6% em outubro, a mais baixa desde fevereiro de 2015.

Já se constata desaceleração no índice de atividade medido pelo Bacen, um indicador antecedente do emprego Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Mas nem tudo são flores no mercado de trabalho. Esse viço todo é incompatível com juros ainda em níveis siderais e o legado é perverso. No acumulado de 12 meses, o Caged registra 1,33 milhão de vagas criadas, mas esse dado vem caindo quase monotonicamente desde o pico de 3,1 milhões, em outubro de 2021.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE registra, com outra metodologia, que o total de pessoas ocupadas no setor privado com carteira assinada era de 37,6 milhões em outubro, número quase igual ao que tínhamos em outubro de 2014 (37,5 milhões). Há muito tempo estamos atolados.

Mesmo a baixa taxa de desemprego tem seus senões. O número de pessoas fora da força de trabalho (que não estão trabalhando nem procurando trabalho) registrou 66,6 milhões em outubro, 5,4 milhões a mais do que na média de 2019, antes da pandemia. Talvez isso decorra do forte aumento do Bolsa Família, que cresceu 387% nos últimos quatro anos.

Difícil imaginar como os números do desemprego possam permanecer tão viçosos nos próximos meses. O mastodôntico impulso fiscal de 2023 não se repetirá em 2024. Já se constata desaceleração no índice de atividade medido pelo Bacen, um indicador antecedente do emprego (a correlação mais significativa é com um intervalo de cinco meses).

A indústria de transformação apresenta uma queda de 0,8% na variação anualizada. O governo ainda não engendrou um projeto de crescimento viável, que compatibilize elevação dos investimentos com responsabilidade fiscal. Tudo sugere que estamos vivendo os melhores tempos no mercado de trabalho. Salvo, claro, alguma surpresa.

Os economistas, sabe-se, têm um vocabulário particular. Ultimamente, adicionaram uma nova contribuição ao léxico e passaram a chamar de “surpresa” todas as previsões que deram errado.

No início de 2023, os analistas consultados pelo Banco Central do Brasil (Bacen) estimavam um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano de 0,8% apenas. Bancos, como o J.P. Morgan ou o Citibank, tinham previsões mais lúgubres, com avanço de 0,2% e 0,3%, respectivamente. Houve quem falasse em recessão.

Até que ponto esse cenário peçonhento refletia o mau-humor com o governo recém-eleito é difícil aferir, mas o fato é que agora o mercado acredita que o PIB possa crescer algo como 2,8%, 3,5 vezes mais do que estimava em janeiro. Uma grande surpresa.

As estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) — que registra o mercado de trabalho formal — mostram também um dinamismo surpreendente. O total de pessoas empregadas alcançou 44,22 milhões, o número mais alto da série histórica. Também a taxa de desocupação, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caiu para 7,6% em outubro, a mais baixa desde fevereiro de 2015.

Já se constata desaceleração no índice de atividade medido pelo Bacen, um indicador antecedente do emprego Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Mas nem tudo são flores no mercado de trabalho. Esse viço todo é incompatível com juros ainda em níveis siderais e o legado é perverso. No acumulado de 12 meses, o Caged registra 1,33 milhão de vagas criadas, mas esse dado vem caindo quase monotonicamente desde o pico de 3,1 milhões, em outubro de 2021.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE registra, com outra metodologia, que o total de pessoas ocupadas no setor privado com carteira assinada era de 37,6 milhões em outubro, número quase igual ao que tínhamos em outubro de 2014 (37,5 milhões). Há muito tempo estamos atolados.

Mesmo a baixa taxa de desemprego tem seus senões. O número de pessoas fora da força de trabalho (que não estão trabalhando nem procurando trabalho) registrou 66,6 milhões em outubro, 5,4 milhões a mais do que na média de 2019, antes da pandemia. Talvez isso decorra do forte aumento do Bolsa Família, que cresceu 387% nos últimos quatro anos.

Difícil imaginar como os números do desemprego possam permanecer tão viçosos nos próximos meses. O mastodôntico impulso fiscal de 2023 não se repetirá em 2024. Já se constata desaceleração no índice de atividade medido pelo Bacen, um indicador antecedente do emprego (a correlação mais significativa é com um intervalo de cinco meses).

A indústria de transformação apresenta uma queda de 0,8% na variação anualizada. O governo ainda não engendrou um projeto de crescimento viável, que compatibilize elevação dos investimentos com responsabilidade fiscal. Tudo sugere que estamos vivendo os melhores tempos no mercado de trabalho. Salvo, claro, alguma surpresa.

Opinião por Luís Eduardo Assis

Economista. Autor de 'O Poder das Ideias Erradas' (Ed.Almedina). Foi diretor de Política Monetária do Banco Central e professor de Economia da PUC-SP e FGV-SP

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