As cada vez mais frequentes catástrofes associadas às mudanças climáticas mostram que não se trata mais de expectativa. A realidade se impõe. As tragédias em série apresentam sua conta dramática na forma de vidas perdidas e prejuízos financeiros. Indica a necessidade urgente de construir modelos e métricas que possam servir de bússola para prevenção e abrandamento dos custos humanitários e econômicos do aquecimento global.
Para as famílias, os desastres ambientais causam perdas de vidas e destruição patrimonial. Para as empresas, seus efeitos nefastos são a ruptura das cadeias de produção e colapsos no abastecimento da população, como agora na tragédia do Rio Grande do Sul, em que a infraestrutura é destruída.
Os prejuízos econômicos desses eventos inesperados são difíceis de calcular, mas sabemos seu efeito sobre as expectativas econômicas, aumentando as incertezas sobre as contas públicas, as metas fiscais, bem como os rumos da política monetária e a evolução do PIB.
Mesmo nos Estados Unidos, faltam dados objetivos. Depois de meses tentando elaborar um guia tangível sobre como furacões, secas ou outros eventos climáticos extremos podem afetar o risco de suas carteiras, os grandes bancos de lá informaram ao Federal Reserve que não conseguiram, até agora, êxito nesse cálculo.
Há estudos de organismos internacionais. Segundo eles, todos os setores sofrem ou sofrerão consequências. O mais exposto é o agronegócio, que é impactado pelo aumento da temperatura, mudança do regime de chuvas, secas e inundações, pragas e doenças.
O Brasil sofre historicamente com a seca e, nos últimos tempos, também padece com as inundações. O resultado dessa escalada de acontecimentos críticos é a redução brusca do ritmo da atividade. O tempo para com o socorro das vítimas, ações de solidariedade e anúncio das medidas oficiais.
Para todo problema existem alternativas. Na questão patrimonial, será sempre lembrado o papel do seguro como instrumento de compartilhamento de riscos. Também é providencial adotar disciplina de provisões financeiras, por parte da União ou das empresas. Essas são as formas diretas de prevenção.
Mas o Brasil conta com mais opções. Pode e deve se apropriar do bônus da transição verde que o mundo oferece. São investimentos que vão contribuir para mitigar as mudanças no clima, com a contrapartida de novos empregos e estímulo à dinâmica econômica. Evoluir na direção de uma agenda positiva terá como principal ganho a preservação da vida.