Em um ano marcado pela sequência de ajustes para cima nas projeções da economia brasileira, informação que veio de Marrakesh, no Marrocos, durante a reunião anual do FMI, em outubro, chamou a atenção. Ao ampliar a previsão do crescimento brasileiro de 2023 para 3,1%, após iniciar o ano com estimativa de 0,9%, o órgão antecipou que o Brasil voltaria ao grupo das dez maiores economias do mundo já neste ano, ocupando a 9.ª posição, com um PIB de US$ 2,127 trilhões.
A conclusão é de que o Brasil confirma suas muitas virtudes, entre elas, a capacidade para reagir aos cenários desafiadores com inegável e surpreendente vigor. Ao reingressar na lista das dez maiores economias do planeta, ultrapassamos a Coreia do Sul e o Canadá.
Para lembrar, entre 2010 e 2014 o Brasil se manteve como a 7.ª economia do planeta. Saiu do grupo dos 10 em meio às mudanças econômicas globais geradas pela crise bancária nos EUA, a pandemia, a guerra entre Rússia e Ucrânia, a alta da inflação e aumentos de juros nas maiores economias do planeta.
O Brasil concretizou reformas econômicas importantes nessa fase, como a trabalhista e a previdenciária. Consolidou, ao mesmo tempo, vantagens competitivas e ampliou a liderança global em diversas frentes do agronegócio e das commodities, além de preservar a força de seu mercado interno.
Segundo o IBGE, a economia deve apresentar um saldo positivo de 2 milhões de empregos formais até dezembro – semana passada, o desemprego atingiu 7,7%, a menor taxa desde 2014.
O início da flexibilização monetária após a quebra do ciclo inflacionário e a apreciação do real frente ao dólar são mais dois fatores que justificam o desempenho acima das expectativas originais. Além disso, se consolida a agenda fiscal com o avanço das reformas tributária e fiscal, e do novo arcabouço.
Desde a queda no PIB de 2020, em consequência direta da pandemia, a economia brasileira confirma a sua característica de superação. Em junho deste ano, o Brasil registrou o oitavo trimestre seguido de crescimento.
Segundo o FMI, teremos a 8.ª posição no ranking global entre 2025 e 2028. Para 2024, devemos trabalhar para manter essa dinâmica. O Brasil guarda capacidades reprimidas que podem ser exploradas, pelos efeitos plenos da aprovação das reformas fiscal e tributária na formação de novas expectativas entre os agentes econômicos, e o cumprimento das metas de ajuste fiscal.
As surpresas de 2023 poderão ser inerciais para 2024 caso se somem medidas de modernização já engatilhadas, como os marcos de garantias e de seguros. O sonho do ingresso do País no G7 continua presente.