Os números do PIB do primeiro trimestre vieram em sintonia com as expectativas mais otimistas do mercado. Após dois trimestres de uma quase estagnação, o crescimento de 0,8% foi uma surpresa alentadora. Nos últimos doze meses, a alta acumulada alcançou 2,5%.
A composição também melhorou, com um crescimento de 16,9% na taxa de investimento (formação bruta de capital fixo). O PIB agropecuário, com alta de 11,3%, foi o setor que apresentou maior expansão. Alcançou a segunda maior taxa da história, só perdendo para a do ano passado.
Do lado da demanda, o consumo das famílias e os serviços foram relevantes. Os números do emprego permanecem sólidos e apontam para a resiliência do consumo. E uma inflação sob controle aumenta o poder de compra das famílias.
Foi um desempenho bom para um cenário desafiador. A trajetória da política monetária nos EUA é a incerteza-chave para os rumos da economia mundial. Não sabemos quando os juros nos EUA devem iniciar o ciclo de queda, o que atrasa a flexibilização monetária também por aqui. E há pontos de atenção domésticos, como as articulações políticas para fazer avançar o programa fiscal e a regulamentação da reforma tributária.
O PIB reflete o passado, mas pode ser um indicador antecedente do futuro. O investimento aumentou mais do que a variação da atividade econômica, dando sinais de que a capacidade produtiva está robusta.
O potencial de desenvolvimento do Brasil é reconhecido. Temos uma agenda de oportunidades. A primeira delas representa a soma da qualidade do seu capital humano, bem como a abundância de recursos naturais, infraestrutura em ciclo de modernização, o tamanho do mercado e a capacidade empreendedora. A segunda é uma rara combinação de fatores que nos colocam em condições de liderar a transição verde global. São âncoras poderosas.
A terceira oportunidade precisa ser resgatada. Trata-se do legado de políticas de Estado que construímos ao longo do tempo para superar as crises pelas quais passamos e que, até hoje, dão resiliência ao País. Os dois exemplos principais são o Plano Real, que completa 30 anos neste mês, e o regime de metas de inflação, que tem 25 anos.
São evidências de que o Brasil é capaz de produzir políticas econômicas consistentes em ambiente democrático. Sabemos fazer. O principal é perseverar, ter paciência e transmitir à sociedade a sensação de que é possível trabalhar com o pensamento voltado ao planejamento de longo prazo. l