Lula se reúne com Campos Neto pela 1ª vez nesta quarta; relembre críticas do petista ao chefe do BC


Ao longo do ano, presidente se referiu ao dirigente do Banco Central como ‘esse cidadão’; em 2022, enquanto candidato, Lula chamou Campos Neto de ‘economista competente’

Por Caio Spechoto e Sofia Aguiar
Atualização:

BRASÍLIA - A reunião marcada para a quarta-feira, 27, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, será a primeira desde que o petista assumiu o governo, em janeiro. Eles haviam conversado durante a transição.

O encontro entre Lula e Campos Neto, que contará também com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é importante porque o presidente da República e seus aliados têm feito críticas o chefe da autoridade monetária. O governo criticava o patamar da taxa de juros, que agora começa a ser reduzido pelo Banco Central.

A relação entre os dois, porém, nem sempre foi tensa. Em setembro do ano passado, durante uma entrevista ainda como candidato à Presidência da República, Lula elogiou Campos Neto, a quem chamou de “economista competente”.

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As críticas começaram no início deste ano, quando a taxa básica de juros estava em 13,75% ao ano — atualmente, a Selic está em 12,75%, em trajetória de queda.

Campos Neto, presidente do BC, tem sido alvo de críticas de Lula e de integrantes do governo Foto: Wilton Junior/Estadão

Em suas falas, Campos Neto tem defendido a autonomia do BC por ajudar a diminuir a volatilidade do mercado e já disse que sua figura era “irrelevante”, pois, se saísse da direção da instituição, as decisões “não mudariam muito”. “Eu devo meu trabalho a todo mundo que se esforçou pela autonomia e, de novo, Roberto Campos como figura, sou irrelevante nesses processos. É um processo de melhorar a instituição do Banco Central”, afirmou.

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Relembre a seguir algumas das críticas de Lula ao presidente do Banco Central:

Janeiro

O presidente chamou a autonomia do BC de bobagem. “Neste País, se brigou muito para ter um Banco Central independente, achando que ia melhorar o quê? Eu posso dizer com a minha experiência: é uma bobagem. Achar que o presidente do Banco Central vai fazer mais do que quando o presidente era que indicava”, disse.

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Ele também criticou a meta de inflação e disse que persegui-la trava o crescimento econômico do País. “Você estabelece uma meta de inflação de 3,7%. Quando você faz isso, você é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir aqueles 3,7%. Por que vai fazer 3,7%? Por que não fazer 4,5%, como nós fizemos? A economia brasileira precisa voltar a crescer e nós precisamos fazer distribuição de renda”, afirmou.

Fevereiro

O petista afirmou que “não deveria ser normal” o presidente da República discutir com o chefe do BC, mas cobrou Campos Neto. “Eu não discuto com o presidente do Banco Central. Eu fiz duas críticas à imprensa. Ele deve explicações não a mim. Ele deve explicações ao Congresso Nacional, a quem o indicou”, disse.

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No mesmo mês, o presidente afirmou que pretendia levar o dirigente do BC para ver os “lugares mais miseráveis do País”. “Ele (Campos Neto) tem que saber que, neste País, a gente tem que governar para as pessoas que mais necessitam”, declarou. Lula também chamou a autonomia da instituição de “bobagem”.

Março

O presidente se referiu a Campos Neto como um “cidadão, que não foi eleito para nada” e que “acha que tem o poder de decidir as coisas” e ajudar o País. “Não, você não tem que pensar como ajudar o Brasil, tem que pensar como reduzir a taxa de juros”, comentou. “Ele tem que estar preocupado com inflação, emprego e crescimento da economia. Este País não pode ser refém de um único homem”, pontuou o presidente.

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Ainda em março, o petista disse que a manutenção dos juros em 13,75% “não tem explicação nenhuma no mundo” e que Campos Neto “tem que cumprir a lei”.

“Quando eu tinha o (ex-presidente do BC Henrique) Meirelles, que foi um indicado meu, eu conversava com o Meirelles. Se esse cidadão (Campos Neto) quiser, ele nem precisa conversar comigo. Ele só tem que cumprir a lei, que estabeleceu a autonomia do Banco Central. Ele precisa cuidar da política monetária, mas ele precisa cuidar também do emprego, cuidar da inflação e cuidar da renda do povo. Todo mundo sabe que ele não está fazendo isso. Se ele estivesse fazendo, eu não estava reclamando”, disse.

Junho

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Lula afirmou que o nível da Selic era “irracional” e que a direção do Banco Central jogava contra os interesses do País. “É irracional o que está acontecendo no Brasil, uma taxa de 13,75% e inflação de 5%”, afirmou, sem citar Roberto Campos Neto, presidente do BC.

“O Plano Safra terá R$ 364 bilhões de reais, a uma média, não sei o total, de 10% de juro ao ano. É caro, é muito caro. Esse juro poderia ser mais barato. Mas é que tem um cidadão no Banco Central, a gente não sabe quem colocou ele lá, que traz o juro (básico) em 13,75%”, declarou.

Agosto

O petista disse que o presidente do BC não entendia de Brasil. “Acontece que esse rapaz que está no Banco Central, me parece que ele, não sei do que ele entende, mas ele não entende de Brasil, e não entende de povo”, afirmou. Lula afirmou ainda que Campos Neto não estava servindo “aos interesses do Brasil”.

Setembro

No começo do mês, Lula voltou a mencionar Campos Neto, ainda que sem citar seu nome. “Esse cidadão, se ele conversa com alguém, não é comigo. Ele deve conversar com quem o indicou. E quem o indicou (Jair Bolsonaro) não fez coisas boas neste País.”

Na ocasião, Lula afirmou ainda que Campos Neto “precisa saber que é presidente do Banco Central do Brasil, e não do Banco Central de um país que não seja o Brasil”.

BRASÍLIA - A reunião marcada para a quarta-feira, 27, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, será a primeira desde que o petista assumiu o governo, em janeiro. Eles haviam conversado durante a transição.

O encontro entre Lula e Campos Neto, que contará também com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é importante porque o presidente da República e seus aliados têm feito críticas o chefe da autoridade monetária. O governo criticava o patamar da taxa de juros, que agora começa a ser reduzido pelo Banco Central.

A relação entre os dois, porém, nem sempre foi tensa. Em setembro do ano passado, durante uma entrevista ainda como candidato à Presidência da República, Lula elogiou Campos Neto, a quem chamou de “economista competente”.

As críticas começaram no início deste ano, quando a taxa básica de juros estava em 13,75% ao ano — atualmente, a Selic está em 12,75%, em trajetória de queda.

Campos Neto, presidente do BC, tem sido alvo de críticas de Lula e de integrantes do governo Foto: Wilton Junior/Estadão

Em suas falas, Campos Neto tem defendido a autonomia do BC por ajudar a diminuir a volatilidade do mercado e já disse que sua figura era “irrelevante”, pois, se saísse da direção da instituição, as decisões “não mudariam muito”. “Eu devo meu trabalho a todo mundo que se esforçou pela autonomia e, de novo, Roberto Campos como figura, sou irrelevante nesses processos. É um processo de melhorar a instituição do Banco Central”, afirmou.

Relembre a seguir algumas das críticas de Lula ao presidente do Banco Central:

Janeiro

O presidente chamou a autonomia do BC de bobagem. “Neste País, se brigou muito para ter um Banco Central independente, achando que ia melhorar o quê? Eu posso dizer com a minha experiência: é uma bobagem. Achar que o presidente do Banco Central vai fazer mais do que quando o presidente era que indicava”, disse.

Ele também criticou a meta de inflação e disse que persegui-la trava o crescimento econômico do País. “Você estabelece uma meta de inflação de 3,7%. Quando você faz isso, você é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir aqueles 3,7%. Por que vai fazer 3,7%? Por que não fazer 4,5%, como nós fizemos? A economia brasileira precisa voltar a crescer e nós precisamos fazer distribuição de renda”, afirmou.

Fevereiro

O petista afirmou que “não deveria ser normal” o presidente da República discutir com o chefe do BC, mas cobrou Campos Neto. “Eu não discuto com o presidente do Banco Central. Eu fiz duas críticas à imprensa. Ele deve explicações não a mim. Ele deve explicações ao Congresso Nacional, a quem o indicou”, disse.

No mesmo mês, o presidente afirmou que pretendia levar o dirigente do BC para ver os “lugares mais miseráveis do País”. “Ele (Campos Neto) tem que saber que, neste País, a gente tem que governar para as pessoas que mais necessitam”, declarou. Lula também chamou a autonomia da instituição de “bobagem”.

Março

O presidente se referiu a Campos Neto como um “cidadão, que não foi eleito para nada” e que “acha que tem o poder de decidir as coisas” e ajudar o País. “Não, você não tem que pensar como ajudar o Brasil, tem que pensar como reduzir a taxa de juros”, comentou. “Ele tem que estar preocupado com inflação, emprego e crescimento da economia. Este País não pode ser refém de um único homem”, pontuou o presidente.

Ainda em março, o petista disse que a manutenção dos juros em 13,75% “não tem explicação nenhuma no mundo” e que Campos Neto “tem que cumprir a lei”.

“Quando eu tinha o (ex-presidente do BC Henrique) Meirelles, que foi um indicado meu, eu conversava com o Meirelles. Se esse cidadão (Campos Neto) quiser, ele nem precisa conversar comigo. Ele só tem que cumprir a lei, que estabeleceu a autonomia do Banco Central. Ele precisa cuidar da política monetária, mas ele precisa cuidar também do emprego, cuidar da inflação e cuidar da renda do povo. Todo mundo sabe que ele não está fazendo isso. Se ele estivesse fazendo, eu não estava reclamando”, disse.

Junho

Lula afirmou que o nível da Selic era “irracional” e que a direção do Banco Central jogava contra os interesses do País. “É irracional o que está acontecendo no Brasil, uma taxa de 13,75% e inflação de 5%”, afirmou, sem citar Roberto Campos Neto, presidente do BC.

“O Plano Safra terá R$ 364 bilhões de reais, a uma média, não sei o total, de 10% de juro ao ano. É caro, é muito caro. Esse juro poderia ser mais barato. Mas é que tem um cidadão no Banco Central, a gente não sabe quem colocou ele lá, que traz o juro (básico) em 13,75%”, declarou.

Agosto

O petista disse que o presidente do BC não entendia de Brasil. “Acontece que esse rapaz que está no Banco Central, me parece que ele, não sei do que ele entende, mas ele não entende de Brasil, e não entende de povo”, afirmou. Lula afirmou ainda que Campos Neto não estava servindo “aos interesses do Brasil”.

Setembro

No começo do mês, Lula voltou a mencionar Campos Neto, ainda que sem citar seu nome. “Esse cidadão, se ele conversa com alguém, não é comigo. Ele deve conversar com quem o indicou. E quem o indicou (Jair Bolsonaro) não fez coisas boas neste País.”

Na ocasião, Lula afirmou ainda que Campos Neto “precisa saber que é presidente do Banco Central do Brasil, e não do Banco Central de um país que não seja o Brasil”.

BRASÍLIA - A reunião marcada para a quarta-feira, 27, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, será a primeira desde que o petista assumiu o governo, em janeiro. Eles haviam conversado durante a transição.

O encontro entre Lula e Campos Neto, que contará também com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é importante porque o presidente da República e seus aliados têm feito críticas o chefe da autoridade monetária. O governo criticava o patamar da taxa de juros, que agora começa a ser reduzido pelo Banco Central.

A relação entre os dois, porém, nem sempre foi tensa. Em setembro do ano passado, durante uma entrevista ainda como candidato à Presidência da República, Lula elogiou Campos Neto, a quem chamou de “economista competente”.

As críticas começaram no início deste ano, quando a taxa básica de juros estava em 13,75% ao ano — atualmente, a Selic está em 12,75%, em trajetória de queda.

Campos Neto, presidente do BC, tem sido alvo de críticas de Lula e de integrantes do governo Foto: Wilton Junior/Estadão

Em suas falas, Campos Neto tem defendido a autonomia do BC por ajudar a diminuir a volatilidade do mercado e já disse que sua figura era “irrelevante”, pois, se saísse da direção da instituição, as decisões “não mudariam muito”. “Eu devo meu trabalho a todo mundo que se esforçou pela autonomia e, de novo, Roberto Campos como figura, sou irrelevante nesses processos. É um processo de melhorar a instituição do Banco Central”, afirmou.

Relembre a seguir algumas das críticas de Lula ao presidente do Banco Central:

Janeiro

O presidente chamou a autonomia do BC de bobagem. “Neste País, se brigou muito para ter um Banco Central independente, achando que ia melhorar o quê? Eu posso dizer com a minha experiência: é uma bobagem. Achar que o presidente do Banco Central vai fazer mais do que quando o presidente era que indicava”, disse.

Ele também criticou a meta de inflação e disse que persegui-la trava o crescimento econômico do País. “Você estabelece uma meta de inflação de 3,7%. Quando você faz isso, você é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir aqueles 3,7%. Por que vai fazer 3,7%? Por que não fazer 4,5%, como nós fizemos? A economia brasileira precisa voltar a crescer e nós precisamos fazer distribuição de renda”, afirmou.

Fevereiro

O petista afirmou que “não deveria ser normal” o presidente da República discutir com o chefe do BC, mas cobrou Campos Neto. “Eu não discuto com o presidente do Banco Central. Eu fiz duas críticas à imprensa. Ele deve explicações não a mim. Ele deve explicações ao Congresso Nacional, a quem o indicou”, disse.

No mesmo mês, o presidente afirmou que pretendia levar o dirigente do BC para ver os “lugares mais miseráveis do País”. “Ele (Campos Neto) tem que saber que, neste País, a gente tem que governar para as pessoas que mais necessitam”, declarou. Lula também chamou a autonomia da instituição de “bobagem”.

Março

O presidente se referiu a Campos Neto como um “cidadão, que não foi eleito para nada” e que “acha que tem o poder de decidir as coisas” e ajudar o País. “Não, você não tem que pensar como ajudar o Brasil, tem que pensar como reduzir a taxa de juros”, comentou. “Ele tem que estar preocupado com inflação, emprego e crescimento da economia. Este País não pode ser refém de um único homem”, pontuou o presidente.

Ainda em março, o petista disse que a manutenção dos juros em 13,75% “não tem explicação nenhuma no mundo” e que Campos Neto “tem que cumprir a lei”.

“Quando eu tinha o (ex-presidente do BC Henrique) Meirelles, que foi um indicado meu, eu conversava com o Meirelles. Se esse cidadão (Campos Neto) quiser, ele nem precisa conversar comigo. Ele só tem que cumprir a lei, que estabeleceu a autonomia do Banco Central. Ele precisa cuidar da política monetária, mas ele precisa cuidar também do emprego, cuidar da inflação e cuidar da renda do povo. Todo mundo sabe que ele não está fazendo isso. Se ele estivesse fazendo, eu não estava reclamando”, disse.

Junho

Lula afirmou que o nível da Selic era “irracional” e que a direção do Banco Central jogava contra os interesses do País. “É irracional o que está acontecendo no Brasil, uma taxa de 13,75% e inflação de 5%”, afirmou, sem citar Roberto Campos Neto, presidente do BC.

“O Plano Safra terá R$ 364 bilhões de reais, a uma média, não sei o total, de 10% de juro ao ano. É caro, é muito caro. Esse juro poderia ser mais barato. Mas é que tem um cidadão no Banco Central, a gente não sabe quem colocou ele lá, que traz o juro (básico) em 13,75%”, declarou.

Agosto

O petista disse que o presidente do BC não entendia de Brasil. “Acontece que esse rapaz que está no Banco Central, me parece que ele, não sei do que ele entende, mas ele não entende de Brasil, e não entende de povo”, afirmou. Lula afirmou ainda que Campos Neto não estava servindo “aos interesses do Brasil”.

Setembro

No começo do mês, Lula voltou a mencionar Campos Neto, ainda que sem citar seu nome. “Esse cidadão, se ele conversa com alguém, não é comigo. Ele deve conversar com quem o indicou. E quem o indicou (Jair Bolsonaro) não fez coisas boas neste País.”

Na ocasião, Lula afirmou ainda que Campos Neto “precisa saber que é presidente do Banco Central do Brasil, e não do Banco Central de um país que não seja o Brasil”.

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