Haddad conta com Campos Neto para defender meta fiscal a Lula; leia bastidor da 1ª reunião


Encontro com presidente do BC é o primeiro desde que petista assumiu o governo e ocorre após o Copom cortar os juros duas vezes seguidas; Lula já chamou Campos Neto de ‘esse cidadão’ ao criticar a política de juros do banco

Por Adriana Fernandes e Mariana Carneiro
Atualização:

BRASÍLIA – Isolado dentro do próprio governo por setores críticos à meta de zerar o déficit fiscal no ano que vem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, espera que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se torne seu aliado na defesa do objetivo frente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Congresso.

A reunião de Lula, Campos Neto e Haddad na noite desta terça-feira, 27, no Palácio do Planalto, é a primeira em que o presidente conversa cara a cara com o chefe do BC e ocorre após o Comitê de Política Monetária do Banco Central cortar a taxa básica de juros (Selic) duas vezes consecutivas. Lula já chamou Campos Neto de “esse cidadão” ao criticar a política de juros do BC.

Segundo apurou o Estadão, Haddad foi o principal articulador desse encontro, com o objetivo de mostrar para o presidente que uma mudança agora poderia atrapalhar o ciclo de corte de juros com prejuízo para a retomada da economia, tudo o que Lula não quer agora.

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Lula já chamou Campos Neto de “esse cidadão” ao criticar a política de juros do BC. Foto: WILTON JUNIOR

Para solicitar o encontro, Campos Neto escreveu há 15 dias uma carta para o presidente Lula. Desde o início do ano, quando os ataques do petista à política de juros do BC se intensificaram, Campos Neto já vinha se colocando à disposição para conversar. Durante o programa Roda Viva, em fevereiro, ele manifestou publicamente o desejo de se reunir com o presidente, mas a reunião nunca foi marcada.

Auxiliares de Lula, políticos do PT e parlamentares têm feito críticas nos bastidores à meta fiscal, alegando que ela pode atrapalhar o governo, ao conter a expansão de gastos públicos, e defendem a revisão da projeção. Haddad, por sua vez, rejeita a mudança e tem ficado cada vez mais sozinho na defesa do objetivo de zerar o déficit nas contas do governo em 2024. Campos Neto, então, se torna seu aliado nessa batalha.

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Já do ponto de vista do presidente do BC, a reunião ajuda na construção do diálogo com o governo num momento em que ele está pressionado pela paralisação dos servidores do banco, que compromete as entregas que ele planejou até o fim do mandato, no fim de 2024.

Há uma percepção no corpo de servidores do BC de que o banco está sendo prejudicado pelo governo nas negociações salariais e também em novos concursos, porque o seu presidente tem a imagem atrelada ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Aproximar-se de Lula e de Haddad mostraria, por seu turno, que o presidente do BC não está isolado no governo.

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Campos Neto pode ajudar Haddad também no Congresso, em um momento de baixa do ministro da Fazenda entre parlamentares, sendo que o governo precisa aprovar medidas para aumentar a arrecadação.

O presidente do BC circula entre políticos de diferentes partidos, tanto dos mais alinhados a Lula quanto entre bolsonaristas. Em jantares e encontros recentes, vem falando da relevância da meta fiscal e explicando o impacto que o aumento das despesas públicas pode ter em preços de mercado, como taxas de juros, dólar e Bolsa de Valores.

Haddad conta com Campos Neto para defender meta fiscal a Lula. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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Como trabalhou no governo Jair Bolsonaro e hoje prossegue no BC sob Lula, Campos Neto é visto como um “meio-termo”: não é parte do governo a ponto de defendê-lo a qualquer custo nem é da oposição. Por isso, sua opinião é levada em conta principalmente em setores políticos mais distantes da polarização, que veem nele um representante da “voz do mercado”.

Apesar da desconfiança de aliados de Lula com a proximidade que Campos Neto adquiriu com o Centrão, na equipe econômica a avaliação é que a ajuda é importante.

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Lula deve fazer uma nova indicação para a diretoria do BC ainda neste ano, mas o tema é considerado lateral no momento em que os três tentam uma aproximação em novos termos. O próprio Lula não tem aberto a porta para discutir sobre indicações que são de sua prerrogativa.

Após o encontro, Haddad afirmou que a reunião havia sido “muito boa, produtiva e cordial” e que as conversas entre os três vão se repetir. “Foi um encontro institucional, de construção de relação, de pactuação em torno de conversas periódicas. Foi excelente”, disse.

“Nós não conversamos sobre tópicos específicos. O presidente deixou claro o respeito que tem pela instituição, a reciprocidade foi muito boa da parte do Roberto. Então, uma conversa realmente de alto nível. Perguntado se teria trabalhado pela aproximação, o ministro afirmou que “não havia necessidade”: “esse encontro iria acontecer. Eu ajudo no que eu posso”.

BRASÍLIA – Isolado dentro do próprio governo por setores críticos à meta de zerar o déficit fiscal no ano que vem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, espera que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se torne seu aliado na defesa do objetivo frente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Congresso.

A reunião de Lula, Campos Neto e Haddad na noite desta terça-feira, 27, no Palácio do Planalto, é a primeira em que o presidente conversa cara a cara com o chefe do BC e ocorre após o Comitê de Política Monetária do Banco Central cortar a taxa básica de juros (Selic) duas vezes consecutivas. Lula já chamou Campos Neto de “esse cidadão” ao criticar a política de juros do BC.

Segundo apurou o Estadão, Haddad foi o principal articulador desse encontro, com o objetivo de mostrar para o presidente que uma mudança agora poderia atrapalhar o ciclo de corte de juros com prejuízo para a retomada da economia, tudo o que Lula não quer agora.

Lula já chamou Campos Neto de “esse cidadão” ao criticar a política de juros do BC. Foto: WILTON JUNIOR

Para solicitar o encontro, Campos Neto escreveu há 15 dias uma carta para o presidente Lula. Desde o início do ano, quando os ataques do petista à política de juros do BC se intensificaram, Campos Neto já vinha se colocando à disposição para conversar. Durante o programa Roda Viva, em fevereiro, ele manifestou publicamente o desejo de se reunir com o presidente, mas a reunião nunca foi marcada.

Auxiliares de Lula, políticos do PT e parlamentares têm feito críticas nos bastidores à meta fiscal, alegando que ela pode atrapalhar o governo, ao conter a expansão de gastos públicos, e defendem a revisão da projeção. Haddad, por sua vez, rejeita a mudança e tem ficado cada vez mais sozinho na defesa do objetivo de zerar o déficit nas contas do governo em 2024. Campos Neto, então, se torna seu aliado nessa batalha.

Já do ponto de vista do presidente do BC, a reunião ajuda na construção do diálogo com o governo num momento em que ele está pressionado pela paralisação dos servidores do banco, que compromete as entregas que ele planejou até o fim do mandato, no fim de 2024.

Há uma percepção no corpo de servidores do BC de que o banco está sendo prejudicado pelo governo nas negociações salariais e também em novos concursos, porque o seu presidente tem a imagem atrelada ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Aproximar-se de Lula e de Haddad mostraria, por seu turno, que o presidente do BC não está isolado no governo.

Campos Neto pode ajudar Haddad também no Congresso, em um momento de baixa do ministro da Fazenda entre parlamentares, sendo que o governo precisa aprovar medidas para aumentar a arrecadação.

O presidente do BC circula entre políticos de diferentes partidos, tanto dos mais alinhados a Lula quanto entre bolsonaristas. Em jantares e encontros recentes, vem falando da relevância da meta fiscal e explicando o impacto que o aumento das despesas públicas pode ter em preços de mercado, como taxas de juros, dólar e Bolsa de Valores.

Haddad conta com Campos Neto para defender meta fiscal a Lula. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Como trabalhou no governo Jair Bolsonaro e hoje prossegue no BC sob Lula, Campos Neto é visto como um “meio-termo”: não é parte do governo a ponto de defendê-lo a qualquer custo nem é da oposição. Por isso, sua opinião é levada em conta principalmente em setores políticos mais distantes da polarização, que veem nele um representante da “voz do mercado”.

Apesar da desconfiança de aliados de Lula com a proximidade que Campos Neto adquiriu com o Centrão, na equipe econômica a avaliação é que a ajuda é importante.

Lula deve fazer uma nova indicação para a diretoria do BC ainda neste ano, mas o tema é considerado lateral no momento em que os três tentam uma aproximação em novos termos. O próprio Lula não tem aberto a porta para discutir sobre indicações que são de sua prerrogativa.

Após o encontro, Haddad afirmou que a reunião havia sido “muito boa, produtiva e cordial” e que as conversas entre os três vão se repetir. “Foi um encontro institucional, de construção de relação, de pactuação em torno de conversas periódicas. Foi excelente”, disse.

“Nós não conversamos sobre tópicos específicos. O presidente deixou claro o respeito que tem pela instituição, a reciprocidade foi muito boa da parte do Roberto. Então, uma conversa realmente de alto nível. Perguntado se teria trabalhado pela aproximação, o ministro afirmou que “não havia necessidade”: “esse encontro iria acontecer. Eu ajudo no que eu posso”.

BRASÍLIA – Isolado dentro do próprio governo por setores críticos à meta de zerar o déficit fiscal no ano que vem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, espera que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se torne seu aliado na defesa do objetivo frente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Congresso.

A reunião de Lula, Campos Neto e Haddad na noite desta terça-feira, 27, no Palácio do Planalto, é a primeira em que o presidente conversa cara a cara com o chefe do BC e ocorre após o Comitê de Política Monetária do Banco Central cortar a taxa básica de juros (Selic) duas vezes consecutivas. Lula já chamou Campos Neto de “esse cidadão” ao criticar a política de juros do BC.

Segundo apurou o Estadão, Haddad foi o principal articulador desse encontro, com o objetivo de mostrar para o presidente que uma mudança agora poderia atrapalhar o ciclo de corte de juros com prejuízo para a retomada da economia, tudo o que Lula não quer agora.

Lula já chamou Campos Neto de “esse cidadão” ao criticar a política de juros do BC. Foto: WILTON JUNIOR

Para solicitar o encontro, Campos Neto escreveu há 15 dias uma carta para o presidente Lula. Desde o início do ano, quando os ataques do petista à política de juros do BC se intensificaram, Campos Neto já vinha se colocando à disposição para conversar. Durante o programa Roda Viva, em fevereiro, ele manifestou publicamente o desejo de se reunir com o presidente, mas a reunião nunca foi marcada.

Auxiliares de Lula, políticos do PT e parlamentares têm feito críticas nos bastidores à meta fiscal, alegando que ela pode atrapalhar o governo, ao conter a expansão de gastos públicos, e defendem a revisão da projeção. Haddad, por sua vez, rejeita a mudança e tem ficado cada vez mais sozinho na defesa do objetivo de zerar o déficit nas contas do governo em 2024. Campos Neto, então, se torna seu aliado nessa batalha.

Já do ponto de vista do presidente do BC, a reunião ajuda na construção do diálogo com o governo num momento em que ele está pressionado pela paralisação dos servidores do banco, que compromete as entregas que ele planejou até o fim do mandato, no fim de 2024.

Há uma percepção no corpo de servidores do BC de que o banco está sendo prejudicado pelo governo nas negociações salariais e também em novos concursos, porque o seu presidente tem a imagem atrelada ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Aproximar-se de Lula e de Haddad mostraria, por seu turno, que o presidente do BC não está isolado no governo.

Campos Neto pode ajudar Haddad também no Congresso, em um momento de baixa do ministro da Fazenda entre parlamentares, sendo que o governo precisa aprovar medidas para aumentar a arrecadação.

O presidente do BC circula entre políticos de diferentes partidos, tanto dos mais alinhados a Lula quanto entre bolsonaristas. Em jantares e encontros recentes, vem falando da relevância da meta fiscal e explicando o impacto que o aumento das despesas públicas pode ter em preços de mercado, como taxas de juros, dólar e Bolsa de Valores.

Haddad conta com Campos Neto para defender meta fiscal a Lula. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Como trabalhou no governo Jair Bolsonaro e hoje prossegue no BC sob Lula, Campos Neto é visto como um “meio-termo”: não é parte do governo a ponto de defendê-lo a qualquer custo nem é da oposição. Por isso, sua opinião é levada em conta principalmente em setores políticos mais distantes da polarização, que veem nele um representante da “voz do mercado”.

Apesar da desconfiança de aliados de Lula com a proximidade que Campos Neto adquiriu com o Centrão, na equipe econômica a avaliação é que a ajuda é importante.

Lula deve fazer uma nova indicação para a diretoria do BC ainda neste ano, mas o tema é considerado lateral no momento em que os três tentam uma aproximação em novos termos. O próprio Lula não tem aberto a porta para discutir sobre indicações que são de sua prerrogativa.

Após o encontro, Haddad afirmou que a reunião havia sido “muito boa, produtiva e cordial” e que as conversas entre os três vão se repetir. “Foi um encontro institucional, de construção de relação, de pactuação em torno de conversas periódicas. Foi excelente”, disse.

“Nós não conversamos sobre tópicos específicos. O presidente deixou claro o respeito que tem pela instituição, a reciprocidade foi muito boa da parte do Roberto. Então, uma conversa realmente de alto nível. Perguntado se teria trabalhado pela aproximação, o ministro afirmou que “não havia necessidade”: “esse encontro iria acontecer. Eu ajudo no que eu posso”.

BRASÍLIA – Isolado dentro do próprio governo por setores críticos à meta de zerar o déficit fiscal no ano que vem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, espera que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se torne seu aliado na defesa do objetivo frente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Congresso.

A reunião de Lula, Campos Neto e Haddad na noite desta terça-feira, 27, no Palácio do Planalto, é a primeira em que o presidente conversa cara a cara com o chefe do BC e ocorre após o Comitê de Política Monetária do Banco Central cortar a taxa básica de juros (Selic) duas vezes consecutivas. Lula já chamou Campos Neto de “esse cidadão” ao criticar a política de juros do BC.

Segundo apurou o Estadão, Haddad foi o principal articulador desse encontro, com o objetivo de mostrar para o presidente que uma mudança agora poderia atrapalhar o ciclo de corte de juros com prejuízo para a retomada da economia, tudo o que Lula não quer agora.

Lula já chamou Campos Neto de “esse cidadão” ao criticar a política de juros do BC. Foto: WILTON JUNIOR

Para solicitar o encontro, Campos Neto escreveu há 15 dias uma carta para o presidente Lula. Desde o início do ano, quando os ataques do petista à política de juros do BC se intensificaram, Campos Neto já vinha se colocando à disposição para conversar. Durante o programa Roda Viva, em fevereiro, ele manifestou publicamente o desejo de se reunir com o presidente, mas a reunião nunca foi marcada.

Auxiliares de Lula, políticos do PT e parlamentares têm feito críticas nos bastidores à meta fiscal, alegando que ela pode atrapalhar o governo, ao conter a expansão de gastos públicos, e defendem a revisão da projeção. Haddad, por sua vez, rejeita a mudança e tem ficado cada vez mais sozinho na defesa do objetivo de zerar o déficit nas contas do governo em 2024. Campos Neto, então, se torna seu aliado nessa batalha.

Já do ponto de vista do presidente do BC, a reunião ajuda na construção do diálogo com o governo num momento em que ele está pressionado pela paralisação dos servidores do banco, que compromete as entregas que ele planejou até o fim do mandato, no fim de 2024.

Há uma percepção no corpo de servidores do BC de que o banco está sendo prejudicado pelo governo nas negociações salariais e também em novos concursos, porque o seu presidente tem a imagem atrelada ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Aproximar-se de Lula e de Haddad mostraria, por seu turno, que o presidente do BC não está isolado no governo.

Campos Neto pode ajudar Haddad também no Congresso, em um momento de baixa do ministro da Fazenda entre parlamentares, sendo que o governo precisa aprovar medidas para aumentar a arrecadação.

O presidente do BC circula entre políticos de diferentes partidos, tanto dos mais alinhados a Lula quanto entre bolsonaristas. Em jantares e encontros recentes, vem falando da relevância da meta fiscal e explicando o impacto que o aumento das despesas públicas pode ter em preços de mercado, como taxas de juros, dólar e Bolsa de Valores.

Haddad conta com Campos Neto para defender meta fiscal a Lula. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Como trabalhou no governo Jair Bolsonaro e hoje prossegue no BC sob Lula, Campos Neto é visto como um “meio-termo”: não é parte do governo a ponto de defendê-lo a qualquer custo nem é da oposição. Por isso, sua opinião é levada em conta principalmente em setores políticos mais distantes da polarização, que veem nele um representante da “voz do mercado”.

Apesar da desconfiança de aliados de Lula com a proximidade que Campos Neto adquiriu com o Centrão, na equipe econômica a avaliação é que a ajuda é importante.

Lula deve fazer uma nova indicação para a diretoria do BC ainda neste ano, mas o tema é considerado lateral no momento em que os três tentam uma aproximação em novos termos. O próprio Lula não tem aberto a porta para discutir sobre indicações que são de sua prerrogativa.

Após o encontro, Haddad afirmou que a reunião havia sido “muito boa, produtiva e cordial” e que as conversas entre os três vão se repetir. “Foi um encontro institucional, de construção de relação, de pactuação em torno de conversas periódicas. Foi excelente”, disse.

“Nós não conversamos sobre tópicos específicos. O presidente deixou claro o respeito que tem pela instituição, a reciprocidade foi muito boa da parte do Roberto. Então, uma conversa realmente de alto nível. Perguntado se teria trabalhado pela aproximação, o ministro afirmou que “não havia necessidade”: “esse encontro iria acontecer. Eu ajudo no que eu posso”.

BRASÍLIA – Isolado dentro do próprio governo por setores críticos à meta de zerar o déficit fiscal no ano que vem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, espera que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se torne seu aliado na defesa do objetivo frente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Congresso.

A reunião de Lula, Campos Neto e Haddad na noite desta terça-feira, 27, no Palácio do Planalto, é a primeira em que o presidente conversa cara a cara com o chefe do BC e ocorre após o Comitê de Política Monetária do Banco Central cortar a taxa básica de juros (Selic) duas vezes consecutivas. Lula já chamou Campos Neto de “esse cidadão” ao criticar a política de juros do BC.

Segundo apurou o Estadão, Haddad foi o principal articulador desse encontro, com o objetivo de mostrar para o presidente que uma mudança agora poderia atrapalhar o ciclo de corte de juros com prejuízo para a retomada da economia, tudo o que Lula não quer agora.

Lula já chamou Campos Neto de “esse cidadão” ao criticar a política de juros do BC. Foto: WILTON JUNIOR

Para solicitar o encontro, Campos Neto escreveu há 15 dias uma carta para o presidente Lula. Desde o início do ano, quando os ataques do petista à política de juros do BC se intensificaram, Campos Neto já vinha se colocando à disposição para conversar. Durante o programa Roda Viva, em fevereiro, ele manifestou publicamente o desejo de se reunir com o presidente, mas a reunião nunca foi marcada.

Auxiliares de Lula, políticos do PT e parlamentares têm feito críticas nos bastidores à meta fiscal, alegando que ela pode atrapalhar o governo, ao conter a expansão de gastos públicos, e defendem a revisão da projeção. Haddad, por sua vez, rejeita a mudança e tem ficado cada vez mais sozinho na defesa do objetivo de zerar o déficit nas contas do governo em 2024. Campos Neto, então, se torna seu aliado nessa batalha.

Já do ponto de vista do presidente do BC, a reunião ajuda na construção do diálogo com o governo num momento em que ele está pressionado pela paralisação dos servidores do banco, que compromete as entregas que ele planejou até o fim do mandato, no fim de 2024.

Há uma percepção no corpo de servidores do BC de que o banco está sendo prejudicado pelo governo nas negociações salariais e também em novos concursos, porque o seu presidente tem a imagem atrelada ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Aproximar-se de Lula e de Haddad mostraria, por seu turno, que o presidente do BC não está isolado no governo.

Campos Neto pode ajudar Haddad também no Congresso, em um momento de baixa do ministro da Fazenda entre parlamentares, sendo que o governo precisa aprovar medidas para aumentar a arrecadação.

O presidente do BC circula entre políticos de diferentes partidos, tanto dos mais alinhados a Lula quanto entre bolsonaristas. Em jantares e encontros recentes, vem falando da relevância da meta fiscal e explicando o impacto que o aumento das despesas públicas pode ter em preços de mercado, como taxas de juros, dólar e Bolsa de Valores.

Haddad conta com Campos Neto para defender meta fiscal a Lula. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Como trabalhou no governo Jair Bolsonaro e hoje prossegue no BC sob Lula, Campos Neto é visto como um “meio-termo”: não é parte do governo a ponto de defendê-lo a qualquer custo nem é da oposição. Por isso, sua opinião é levada em conta principalmente em setores políticos mais distantes da polarização, que veem nele um representante da “voz do mercado”.

Apesar da desconfiança de aliados de Lula com a proximidade que Campos Neto adquiriu com o Centrão, na equipe econômica a avaliação é que a ajuda é importante.

Lula deve fazer uma nova indicação para a diretoria do BC ainda neste ano, mas o tema é considerado lateral no momento em que os três tentam uma aproximação em novos termos. O próprio Lula não tem aberto a porta para discutir sobre indicações que são de sua prerrogativa.

Após o encontro, Haddad afirmou que a reunião havia sido “muito boa, produtiva e cordial” e que as conversas entre os três vão se repetir. “Foi um encontro institucional, de construção de relação, de pactuação em torno de conversas periódicas. Foi excelente”, disse.

“Nós não conversamos sobre tópicos específicos. O presidente deixou claro o respeito que tem pela instituição, a reciprocidade foi muito boa da parte do Roberto. Então, uma conversa realmente de alto nível. Perguntado se teria trabalhado pela aproximação, o ministro afirmou que “não havia necessidade”: “esse encontro iria acontecer. Eu ajudo no que eu posso”.

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