Lula critica Vale e Gleisi defende Mantega no conselho da empresa; ações caem


Ações ordinárias da mineradora tocaram o valor mínimo de R$ 69,31, com queda de 0,86%, após a publicação da presidente do PT

Por Mariana Carneiro
Atualização:

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi a público nesta quinta-feira, 25, em defesa da indicação do ex-ministro Guido Mantega para o comando da Vale. Nas redes sociais, ela afirmou que o ministro é um dos “pouquíssimos brasileiros” qualificados para compor o conselho de administração da empresa, grupo do qual fazem parte os representantes dos acionistas.

As ações ordinárias da Vale tocaram o valor mínimo de R$ 69,31, com queda de 0,86%, logo após a publicação. As ações da Vale têm perda acumulada de 10,14% em 2024, por causa da pressão do governo para colocar Mantega no conselho e ter atuação mais ativa na empresa.

Gleisi Hoffmann, foi a público em defesa da indicação do ex-ministro Guido Mantega para o comando da Vale  Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO
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Lula também foi às redes, mas não mencionou Mantega. Citou os acidentes em Brumadinho e Mariana, em barragens de resíduos provenientes de mineração da Vale, para criticar a empresa.

“Hoje faz 5 anos do crime que deixou Brumadinho debaixo de lama, tirando vidas e destruindo o meio ambiente. 5 anos e a Vale nada fez para reparar a destruição causada. É necessário o amparo às famílias das vítimas, recuperação ambiental e, principalmente, fiscalização e prevenção em projetos de mineração, para não termos novas tragédias como Brumadinho e Mariana”, escreveu.

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O ministro Alexandre Silveira também fez referências, porém veladas, à companhia, ao tratar dos cinco anos do desastre em Brumadinho.

“Nossos recursos naturais devem servir ao povo, não o contrário. Precisam ser utilizados de forma responsável, garantindo o crescimento da atividade segura, com retorno social, e gerando emprego e renda para a população”, escreveu Silveira.

Pressão

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Na quarta-feira, 24, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, telefonou para conselheiros da empresa para defender a indicação de Mantega para a presidência da companhia, alegando se tratar de uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação foi revelada pelo Globo e confirmada por um dos conselheiros ao Estadão.

Foi uma iniciativa que indicou a aposta redobrada do governo em influenciar na sucessão da Vale, ainda que a governança interna e a participação reduzida do governo na mineradora, privatizada em 1997, sejam obstáculos. O conselho da Vale vai se reunir na próxima terça-feira, 30, para deliberar sobre o assunto.

Como revelou o Estadão, auxiliares de Lula e acionistas privados da Vale debateram um arranjo em que Mantega iria para o conselho de administração. O atual presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, permaneceria por um mandato mais curto (mais um ano) à frente da empresa e o nome da Cosan no conselho, Luis Henrique Guimarães, iria para o comitê executivo.

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O arranjo segue na mesa, segundo apurou a reportagem. Mas de acordo auxiliares do presidente, o governo Lula deseja que Mantega tenha um papel de destaque no comando da empresa e não seja apenas um coadjuvante.

Na postagem, Gleisi citou números do período em que Mantega foi ministro (2006 a 2014) para defender que sua administração foi exitosa. Lembrou, por exemplo, que em 2008 o Brasil obteve o grau de investimento pelas agências de classificação de risco, título que perdeu em 2015 ainda no governo Dilma Rousseff (PT). Atualmente, o Brasil está dois degraus abaixo do grau de investimento.

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Ela disse ainda que Mantega provou sua inocência contra “acusações falsas do lavajatismo” e que o ministro é vítima de injustiça da mídia.

“Guido não está sendo atacado por defeitos ou erros que tenha cometido. É atacado (e até odiado) por causa da inestimável contribuição que deu à estabilidade, qualidade e crescimento da economia em nosso país. Por tudo que fez pelo Brasil, Guido Mantega merece todo respeito e nossa irrestrita solidariedade”, escreveu Gleisi.

Em 2016, Mantega foi inabilitado pelo Tribunal de Contas da União a assumir cargos públicos em razão de sua participação nas “pedaladas” fiscais do segundo governo Dilma Rousseff e que levaram a então presidente ao impeachment. No ano passado, porém, a decisão foi suspensa pelo TRF-1 (Tribunal Regional Federal).

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Ele também havia se tornado réu em uma ação que investigou a sua responsabilidade na edição de medidas provisórias, em 2008 e 2009, que permitiram a adesão de empresas como a Braskem (controlada pela Odebrecht) em programas de parcelamentos de dívidas tributárias, o que ficou conhecido como Refis da Crise. Em 2019, o STF declarou incompetência da Vara da Justiça Federal de Curitiba em julgar o ex-ministro.

A operação conduzida pelo governo para tentar emplacar Mantega na presidência da companhia é considerada de alto risco por conselheiros privados, porque a chance de o ministro ser eleito pela maioria é tratada como improvável. Isso porque o governo já não tem a influência que um dia já teve na mineradora.

Um cenário de Mantega no conselho é avaliado como menos tortuoso, porque ele poderia ocupar um dos dois assentos da Previ no comitê. Um dos representantes dos sócios privados disse, sob reserva, que Mantega no conselho seria até “útil” para levar a agenda da Vale para o governo e não funcionar apenas na direção oposta.

A Vale funciona como uma “corporation”, em que nenhum acionista tem mais de 10% da empresa. Os maiores são a Previ, por meio da qual o governo exerce sua influência, seguida por BlackRock, Mitsui, Cosan e Bradespar. Dos 13 conselheiros, oito são independentes./ COLABOROU JÚLIA PESTANA

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi a público nesta quinta-feira, 25, em defesa da indicação do ex-ministro Guido Mantega para o comando da Vale. Nas redes sociais, ela afirmou que o ministro é um dos “pouquíssimos brasileiros” qualificados para compor o conselho de administração da empresa, grupo do qual fazem parte os representantes dos acionistas.

As ações ordinárias da Vale tocaram o valor mínimo de R$ 69,31, com queda de 0,86%, logo após a publicação. As ações da Vale têm perda acumulada de 10,14% em 2024, por causa da pressão do governo para colocar Mantega no conselho e ter atuação mais ativa na empresa.

Gleisi Hoffmann, foi a público em defesa da indicação do ex-ministro Guido Mantega para o comando da Vale  Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Lula também foi às redes, mas não mencionou Mantega. Citou os acidentes em Brumadinho e Mariana, em barragens de resíduos provenientes de mineração da Vale, para criticar a empresa.

“Hoje faz 5 anos do crime que deixou Brumadinho debaixo de lama, tirando vidas e destruindo o meio ambiente. 5 anos e a Vale nada fez para reparar a destruição causada. É necessário o amparo às famílias das vítimas, recuperação ambiental e, principalmente, fiscalização e prevenção em projetos de mineração, para não termos novas tragédias como Brumadinho e Mariana”, escreveu.

O ministro Alexandre Silveira também fez referências, porém veladas, à companhia, ao tratar dos cinco anos do desastre em Brumadinho.

“Nossos recursos naturais devem servir ao povo, não o contrário. Precisam ser utilizados de forma responsável, garantindo o crescimento da atividade segura, com retorno social, e gerando emprego e renda para a população”, escreveu Silveira.

Pressão

Na quarta-feira, 24, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, telefonou para conselheiros da empresa para defender a indicação de Mantega para a presidência da companhia, alegando se tratar de uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação foi revelada pelo Globo e confirmada por um dos conselheiros ao Estadão.

Foi uma iniciativa que indicou a aposta redobrada do governo em influenciar na sucessão da Vale, ainda que a governança interna e a participação reduzida do governo na mineradora, privatizada em 1997, sejam obstáculos. O conselho da Vale vai se reunir na próxima terça-feira, 30, para deliberar sobre o assunto.

Como revelou o Estadão, auxiliares de Lula e acionistas privados da Vale debateram um arranjo em que Mantega iria para o conselho de administração. O atual presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, permaneceria por um mandato mais curto (mais um ano) à frente da empresa e o nome da Cosan no conselho, Luis Henrique Guimarães, iria para o comitê executivo.

O arranjo segue na mesa, segundo apurou a reportagem. Mas de acordo auxiliares do presidente, o governo Lula deseja que Mantega tenha um papel de destaque no comando da empresa e não seja apenas um coadjuvante.

Na postagem, Gleisi citou números do período em que Mantega foi ministro (2006 a 2014) para defender que sua administração foi exitosa. Lembrou, por exemplo, que em 2008 o Brasil obteve o grau de investimento pelas agências de classificação de risco, título que perdeu em 2015 ainda no governo Dilma Rousseff (PT). Atualmente, o Brasil está dois degraus abaixo do grau de investimento.

Ela disse ainda que Mantega provou sua inocência contra “acusações falsas do lavajatismo” e que o ministro é vítima de injustiça da mídia.

“Guido não está sendo atacado por defeitos ou erros que tenha cometido. É atacado (e até odiado) por causa da inestimável contribuição que deu à estabilidade, qualidade e crescimento da economia em nosso país. Por tudo que fez pelo Brasil, Guido Mantega merece todo respeito e nossa irrestrita solidariedade”, escreveu Gleisi.

Em 2016, Mantega foi inabilitado pelo Tribunal de Contas da União a assumir cargos públicos em razão de sua participação nas “pedaladas” fiscais do segundo governo Dilma Rousseff e que levaram a então presidente ao impeachment. No ano passado, porém, a decisão foi suspensa pelo TRF-1 (Tribunal Regional Federal).

Ele também havia se tornado réu em uma ação que investigou a sua responsabilidade na edição de medidas provisórias, em 2008 e 2009, que permitiram a adesão de empresas como a Braskem (controlada pela Odebrecht) em programas de parcelamentos de dívidas tributárias, o que ficou conhecido como Refis da Crise. Em 2019, o STF declarou incompetência da Vara da Justiça Federal de Curitiba em julgar o ex-ministro.

A operação conduzida pelo governo para tentar emplacar Mantega na presidência da companhia é considerada de alto risco por conselheiros privados, porque a chance de o ministro ser eleito pela maioria é tratada como improvável. Isso porque o governo já não tem a influência que um dia já teve na mineradora.

Um cenário de Mantega no conselho é avaliado como menos tortuoso, porque ele poderia ocupar um dos dois assentos da Previ no comitê. Um dos representantes dos sócios privados disse, sob reserva, que Mantega no conselho seria até “útil” para levar a agenda da Vale para o governo e não funcionar apenas na direção oposta.

A Vale funciona como uma “corporation”, em que nenhum acionista tem mais de 10% da empresa. Os maiores são a Previ, por meio da qual o governo exerce sua influência, seguida por BlackRock, Mitsui, Cosan e Bradespar. Dos 13 conselheiros, oito são independentes./ COLABOROU JÚLIA PESTANA

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi a público nesta quinta-feira, 25, em defesa da indicação do ex-ministro Guido Mantega para o comando da Vale. Nas redes sociais, ela afirmou que o ministro é um dos “pouquíssimos brasileiros” qualificados para compor o conselho de administração da empresa, grupo do qual fazem parte os representantes dos acionistas.

As ações ordinárias da Vale tocaram o valor mínimo de R$ 69,31, com queda de 0,86%, logo após a publicação. As ações da Vale têm perda acumulada de 10,14% em 2024, por causa da pressão do governo para colocar Mantega no conselho e ter atuação mais ativa na empresa.

Gleisi Hoffmann, foi a público em defesa da indicação do ex-ministro Guido Mantega para o comando da Vale  Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Lula também foi às redes, mas não mencionou Mantega. Citou os acidentes em Brumadinho e Mariana, em barragens de resíduos provenientes de mineração da Vale, para criticar a empresa.

“Hoje faz 5 anos do crime que deixou Brumadinho debaixo de lama, tirando vidas e destruindo o meio ambiente. 5 anos e a Vale nada fez para reparar a destruição causada. É necessário o amparo às famílias das vítimas, recuperação ambiental e, principalmente, fiscalização e prevenção em projetos de mineração, para não termos novas tragédias como Brumadinho e Mariana”, escreveu.

O ministro Alexandre Silveira também fez referências, porém veladas, à companhia, ao tratar dos cinco anos do desastre em Brumadinho.

“Nossos recursos naturais devem servir ao povo, não o contrário. Precisam ser utilizados de forma responsável, garantindo o crescimento da atividade segura, com retorno social, e gerando emprego e renda para a população”, escreveu Silveira.

Pressão

Na quarta-feira, 24, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, telefonou para conselheiros da empresa para defender a indicação de Mantega para a presidência da companhia, alegando se tratar de uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação foi revelada pelo Globo e confirmada por um dos conselheiros ao Estadão.

Foi uma iniciativa que indicou a aposta redobrada do governo em influenciar na sucessão da Vale, ainda que a governança interna e a participação reduzida do governo na mineradora, privatizada em 1997, sejam obstáculos. O conselho da Vale vai se reunir na próxima terça-feira, 30, para deliberar sobre o assunto.

Como revelou o Estadão, auxiliares de Lula e acionistas privados da Vale debateram um arranjo em que Mantega iria para o conselho de administração. O atual presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, permaneceria por um mandato mais curto (mais um ano) à frente da empresa e o nome da Cosan no conselho, Luis Henrique Guimarães, iria para o comitê executivo.

O arranjo segue na mesa, segundo apurou a reportagem. Mas de acordo auxiliares do presidente, o governo Lula deseja que Mantega tenha um papel de destaque no comando da empresa e não seja apenas um coadjuvante.

Na postagem, Gleisi citou números do período em que Mantega foi ministro (2006 a 2014) para defender que sua administração foi exitosa. Lembrou, por exemplo, que em 2008 o Brasil obteve o grau de investimento pelas agências de classificação de risco, título que perdeu em 2015 ainda no governo Dilma Rousseff (PT). Atualmente, o Brasil está dois degraus abaixo do grau de investimento.

Ela disse ainda que Mantega provou sua inocência contra “acusações falsas do lavajatismo” e que o ministro é vítima de injustiça da mídia.

“Guido não está sendo atacado por defeitos ou erros que tenha cometido. É atacado (e até odiado) por causa da inestimável contribuição que deu à estabilidade, qualidade e crescimento da economia em nosso país. Por tudo que fez pelo Brasil, Guido Mantega merece todo respeito e nossa irrestrita solidariedade”, escreveu Gleisi.

Em 2016, Mantega foi inabilitado pelo Tribunal de Contas da União a assumir cargos públicos em razão de sua participação nas “pedaladas” fiscais do segundo governo Dilma Rousseff e que levaram a então presidente ao impeachment. No ano passado, porém, a decisão foi suspensa pelo TRF-1 (Tribunal Regional Federal).

Ele também havia se tornado réu em uma ação que investigou a sua responsabilidade na edição de medidas provisórias, em 2008 e 2009, que permitiram a adesão de empresas como a Braskem (controlada pela Odebrecht) em programas de parcelamentos de dívidas tributárias, o que ficou conhecido como Refis da Crise. Em 2019, o STF declarou incompetência da Vara da Justiça Federal de Curitiba em julgar o ex-ministro.

A operação conduzida pelo governo para tentar emplacar Mantega na presidência da companhia é considerada de alto risco por conselheiros privados, porque a chance de o ministro ser eleito pela maioria é tratada como improvável. Isso porque o governo já não tem a influência que um dia já teve na mineradora.

Um cenário de Mantega no conselho é avaliado como menos tortuoso, porque ele poderia ocupar um dos dois assentos da Previ no comitê. Um dos representantes dos sócios privados disse, sob reserva, que Mantega no conselho seria até “útil” para levar a agenda da Vale para o governo e não funcionar apenas na direção oposta.

A Vale funciona como uma “corporation”, em que nenhum acionista tem mais de 10% da empresa. Os maiores são a Previ, por meio da qual o governo exerce sua influência, seguida por BlackRock, Mitsui, Cosan e Bradespar. Dos 13 conselheiros, oito são independentes./ COLABOROU JÚLIA PESTANA

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