BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a interrupção da queda na taxa de juros, recentemente determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), e a atacar o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Em entrevista à Rádio FM O Tempo, nesta sexta-feira, 28, o petista disse que o percentual de 10,5% para a Selic “é irreal para uma inflação de 4%” e que “não tem necessidade” e acrescentou: “Isso vai melhorar quando eu puder indicar o presidente do Banco Central, e vamos construir uma nova filosofia”.
Lula afirmou que o economista “pensa ideologicamente igual” ao governo anterior e que “não está fazendo o que deveria fazer corretamente”. Lula afirmou que pretende escolher um substituto “responsável” para iniciar o mandato no ano que vem.
“O presidente da República não pode ficar brigando com o presidente do Banco Central”, disse Lula. “O presidente da República não vai ficar dando palpite para baixar ou aumentar os juros. O chefe do Executivo tem que confiar no presidente do Banco Central.”
Especulação
Depois de reclamar das notícias que relacionavam a alta do dólar às suas declarações, associou a alta na cotação da moeda norte-americana à especulação, em vez da desconfiança do mercado sobre o controle dos gastos do governo. Lula defendeu a abertura de uma investigação pelo Banco Central sobre a suposta especulação com derivativos para valorizar o dólar.
Na mesma entrevista à Rádio FM O Tempo, Lula afirmou que “o dólar está subindo porque tem especulação com derivativos” para enfraquecer a moeda brasileira. Declarações similares já haviam sido feitas na quinta-feira 27 e se referem à alta do dólar ocorrida na véspera, em que o presidente deu uma entrevista ao portal UOL. Depois, Lula ironizou que manchetes tenham atribuído a valorização da moeda americana sobre o real a falas ao site.
“Nós descobrimos que o dólar tinha subido 15 minutos antes da entrevista”, repetiu Lula. “E ontem (quinta-feira) eu fiz a denúncia: por que o dólar está subindo? Porque tem especulação. Tem especulação com derivativos na perspectiva de valorizar o dólar e desvalorizar o real. E o Banco Central tem a obrigação de investigar isso.”