Lula e Fernández anunciam estudos para criar ‘moeda sul-americana comum’: a ‘sur’


À véspera do encontro entre os dois na Argentina, os chefes de Estado escreveram que a nova moeda seria usada para transações comerciais e financeiras

Por Talita Nascimento e Eduardo Laguna
Atualização:

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Alberto Fernández, querem criar uma moeda comum sul-americana para transações tanto comerciais quanto financeiras. Ambos assinaram um artigo no jornal argentino Perfil com o anúncio da medida, à véspera do primeiro encontro bilateral entre presidentes dos dois países em mais de três anos.

“Pretendemos quebrar as barreiras em nossas trocas, simplificar e modernizar as regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum que possa ser usada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo custos operacionais e nossa vulnerabilidade externa”, escreveram Lula e Fernandez.

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Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández em encontro logo após a vitória do brasileiro nas eleições Foto: Eraldo Peres / AP

O objetivo inicial não é fazer com que os países deixem de usar suas próprias moedas - o real os peso argentino -, mas sim formatar uma moeda comum para as transações comerciais entre eles, sem depender do dólar. A ideia também difere da criação de uma moeda única, como o euro, moeda oficial dos países-membros da União Europeia.

No ano passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e seu secretário-executivo, Gabriel Galípolo, escreveram um artigo propondo o uso de uma moeda comum no comércio sul-americano para impulsionar a integração na região e fortalecer a soberania monetária dos países do continente. O instrumento único para transações no bloco não é uma ideia nova e já foi defendida inclusive pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes.

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Como mostrou o Estadão em maio, a moeda comum proposta por Haddad e Galípolo seria utilizada para fluxos comerciais e financeiros entre os mercados da região e teria um câmbio flutuante entre as moedas dos países – que poderiam adotá-la ou não domesticamente. A estratégia por trás de sua criação é a de “acelerar o processo de integração regional, constituindo um poderoso instrumento de coordenação política e econômica para os povos sul-americanos”, diz o artigo de ambos.

A criação de uma moeda comum na América Latina é vista com ceticismo por especialistas. Ainda que a adoção de uma política monetária unificada em diferentes países possa resultar em uma maior eficiência, aumentando o potencial de crescimento dos mercado envolvidos, colocar uma medida dessas seria muito difícil dadas as discrepâncias econômicas entre países como Brasil e Argentina.

Haddad chegou a se reunir com o embaixador da Argentina, Daniel Scioli, para discutir o tema e se irritou no início do mês quando foi questionado por jornalista a respeito da nova moeda. “Não existe proposta de moeda única do Mercosul, vai se informar primeiro”, disse.

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Apesar de ser um diário pouco conhecido no Brasil, o artigo publicado no Perfil repercutiu nos grandes jornais argentinos, como o Clarin. O britânico Financial Times também deu espaço hoje para a criação da moeda comum. Segundo reportagem do Financial Times, o movimento pode eventualmente criar a segunda maior moeda de um bloco econômico do mundo. O ministro da economia argentino, Sergio Massa, afirmou ao veículo inglês que serão estudados os parâmetros necessários para uma moeda comum, mas que é o primeiro passo de um longo caminho a trilhar. De acordo com o jornal, o Brasil sugere que o nome dado à nova moeda seja chamada de “sur”.

Segundo o Clarin, a ideia de que Argentina e Brasil tenham uma moeda em comum para trocas comerciais transcendeu as rachaduras políticas entre os países. “Lula da Silva a propôs assim que foi eleito para seu primeiro mandato, em 2002, a ideia foi retomada anos depois pelos governos de Jair Bolsonaro e Mauricio Macri, e agora Lula e Alberto Fernández sonham com ela”, lembrou o jornal argentino.

A Argentina é o terceiro país que mais comprou produtos brasileiros em 2022. No ano, o saldo da balança comercial com os argentinos ficou positivo em US$ 2,2 bilhões, com o aumento de quase 30% nas exportações na comparação com o ano anterior.

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No artigo, os dois presidentes também condenam todas as formas de extremismo antidemocrático e violência política, numa clara referência aos atentados, de duas semanas atrás em Brasília, contra as sedes dos três poderes da República. “Os laços entre Argentina e Brasil se sustentam na consolidação da paz e da democracia. Queremos democracia para sempre. Ditadura nunca mais.”

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Alberto Fernández, querem criar uma moeda comum sul-americana para transações tanto comerciais quanto financeiras. Ambos assinaram um artigo no jornal argentino Perfil com o anúncio da medida, à véspera do primeiro encontro bilateral entre presidentes dos dois países em mais de três anos.

“Pretendemos quebrar as barreiras em nossas trocas, simplificar e modernizar as regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum que possa ser usada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo custos operacionais e nossa vulnerabilidade externa”, escreveram Lula e Fernandez.

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández em encontro logo após a vitória do brasileiro nas eleições Foto: Eraldo Peres / AP

O objetivo inicial não é fazer com que os países deixem de usar suas próprias moedas - o real os peso argentino -, mas sim formatar uma moeda comum para as transações comerciais entre eles, sem depender do dólar. A ideia também difere da criação de uma moeda única, como o euro, moeda oficial dos países-membros da União Europeia.

No ano passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e seu secretário-executivo, Gabriel Galípolo, escreveram um artigo propondo o uso de uma moeda comum no comércio sul-americano para impulsionar a integração na região e fortalecer a soberania monetária dos países do continente. O instrumento único para transações no bloco não é uma ideia nova e já foi defendida inclusive pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes.

Como mostrou o Estadão em maio, a moeda comum proposta por Haddad e Galípolo seria utilizada para fluxos comerciais e financeiros entre os mercados da região e teria um câmbio flutuante entre as moedas dos países – que poderiam adotá-la ou não domesticamente. A estratégia por trás de sua criação é a de “acelerar o processo de integração regional, constituindo um poderoso instrumento de coordenação política e econômica para os povos sul-americanos”, diz o artigo de ambos.

A criação de uma moeda comum na América Latina é vista com ceticismo por especialistas. Ainda que a adoção de uma política monetária unificada em diferentes países possa resultar em uma maior eficiência, aumentando o potencial de crescimento dos mercado envolvidos, colocar uma medida dessas seria muito difícil dadas as discrepâncias econômicas entre países como Brasil e Argentina.

Haddad chegou a se reunir com o embaixador da Argentina, Daniel Scioli, para discutir o tema e se irritou no início do mês quando foi questionado por jornalista a respeito da nova moeda. “Não existe proposta de moeda única do Mercosul, vai se informar primeiro”, disse.

Apesar de ser um diário pouco conhecido no Brasil, o artigo publicado no Perfil repercutiu nos grandes jornais argentinos, como o Clarin. O britânico Financial Times também deu espaço hoje para a criação da moeda comum. Segundo reportagem do Financial Times, o movimento pode eventualmente criar a segunda maior moeda de um bloco econômico do mundo. O ministro da economia argentino, Sergio Massa, afirmou ao veículo inglês que serão estudados os parâmetros necessários para uma moeda comum, mas que é o primeiro passo de um longo caminho a trilhar. De acordo com o jornal, o Brasil sugere que o nome dado à nova moeda seja chamada de “sur”.

Segundo o Clarin, a ideia de que Argentina e Brasil tenham uma moeda em comum para trocas comerciais transcendeu as rachaduras políticas entre os países. “Lula da Silva a propôs assim que foi eleito para seu primeiro mandato, em 2002, a ideia foi retomada anos depois pelos governos de Jair Bolsonaro e Mauricio Macri, e agora Lula e Alberto Fernández sonham com ela”, lembrou o jornal argentino.

A Argentina é o terceiro país que mais comprou produtos brasileiros em 2022. No ano, o saldo da balança comercial com os argentinos ficou positivo em US$ 2,2 bilhões, com o aumento de quase 30% nas exportações na comparação com o ano anterior.

No artigo, os dois presidentes também condenam todas as formas de extremismo antidemocrático e violência política, numa clara referência aos atentados, de duas semanas atrás em Brasília, contra as sedes dos três poderes da República. “Os laços entre Argentina e Brasil se sustentam na consolidação da paz e da democracia. Queremos democracia para sempre. Ditadura nunca mais.”

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Alberto Fernández, querem criar uma moeda comum sul-americana para transações tanto comerciais quanto financeiras. Ambos assinaram um artigo no jornal argentino Perfil com o anúncio da medida, à véspera do primeiro encontro bilateral entre presidentes dos dois países em mais de três anos.

“Pretendemos quebrar as barreiras em nossas trocas, simplificar e modernizar as regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum que possa ser usada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo custos operacionais e nossa vulnerabilidade externa”, escreveram Lula e Fernandez.

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández em encontro logo após a vitória do brasileiro nas eleições Foto: Eraldo Peres / AP

O objetivo inicial não é fazer com que os países deixem de usar suas próprias moedas - o real os peso argentino -, mas sim formatar uma moeda comum para as transações comerciais entre eles, sem depender do dólar. A ideia também difere da criação de uma moeda única, como o euro, moeda oficial dos países-membros da União Europeia.

No ano passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e seu secretário-executivo, Gabriel Galípolo, escreveram um artigo propondo o uso de uma moeda comum no comércio sul-americano para impulsionar a integração na região e fortalecer a soberania monetária dos países do continente. O instrumento único para transações no bloco não é uma ideia nova e já foi defendida inclusive pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes.

Como mostrou o Estadão em maio, a moeda comum proposta por Haddad e Galípolo seria utilizada para fluxos comerciais e financeiros entre os mercados da região e teria um câmbio flutuante entre as moedas dos países – que poderiam adotá-la ou não domesticamente. A estratégia por trás de sua criação é a de “acelerar o processo de integração regional, constituindo um poderoso instrumento de coordenação política e econômica para os povos sul-americanos”, diz o artigo de ambos.

A criação de uma moeda comum na América Latina é vista com ceticismo por especialistas. Ainda que a adoção de uma política monetária unificada em diferentes países possa resultar em uma maior eficiência, aumentando o potencial de crescimento dos mercado envolvidos, colocar uma medida dessas seria muito difícil dadas as discrepâncias econômicas entre países como Brasil e Argentina.

Haddad chegou a se reunir com o embaixador da Argentina, Daniel Scioli, para discutir o tema e se irritou no início do mês quando foi questionado por jornalista a respeito da nova moeda. “Não existe proposta de moeda única do Mercosul, vai se informar primeiro”, disse.

Apesar de ser um diário pouco conhecido no Brasil, o artigo publicado no Perfil repercutiu nos grandes jornais argentinos, como o Clarin. O britânico Financial Times também deu espaço hoje para a criação da moeda comum. Segundo reportagem do Financial Times, o movimento pode eventualmente criar a segunda maior moeda de um bloco econômico do mundo. O ministro da economia argentino, Sergio Massa, afirmou ao veículo inglês que serão estudados os parâmetros necessários para uma moeda comum, mas que é o primeiro passo de um longo caminho a trilhar. De acordo com o jornal, o Brasil sugere que o nome dado à nova moeda seja chamada de “sur”.

Segundo o Clarin, a ideia de que Argentina e Brasil tenham uma moeda em comum para trocas comerciais transcendeu as rachaduras políticas entre os países. “Lula da Silva a propôs assim que foi eleito para seu primeiro mandato, em 2002, a ideia foi retomada anos depois pelos governos de Jair Bolsonaro e Mauricio Macri, e agora Lula e Alberto Fernández sonham com ela”, lembrou o jornal argentino.

A Argentina é o terceiro país que mais comprou produtos brasileiros em 2022. No ano, o saldo da balança comercial com os argentinos ficou positivo em US$ 2,2 bilhões, com o aumento de quase 30% nas exportações na comparação com o ano anterior.

No artigo, os dois presidentes também condenam todas as formas de extremismo antidemocrático e violência política, numa clara referência aos atentados, de duas semanas atrás em Brasília, contra as sedes dos três poderes da República. “Os laços entre Argentina e Brasil se sustentam na consolidação da paz e da democracia. Queremos democracia para sempre. Ditadura nunca mais.”

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Alberto Fernández, querem criar uma moeda comum sul-americana para transações tanto comerciais quanto financeiras. Ambos assinaram um artigo no jornal argentino Perfil com o anúncio da medida, à véspera do primeiro encontro bilateral entre presidentes dos dois países em mais de três anos.

“Pretendemos quebrar as barreiras em nossas trocas, simplificar e modernizar as regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum que possa ser usada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo custos operacionais e nossa vulnerabilidade externa”, escreveram Lula e Fernandez.

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández em encontro logo após a vitória do brasileiro nas eleições Foto: Eraldo Peres / AP

O objetivo inicial não é fazer com que os países deixem de usar suas próprias moedas - o real os peso argentino -, mas sim formatar uma moeda comum para as transações comerciais entre eles, sem depender do dólar. A ideia também difere da criação de uma moeda única, como o euro, moeda oficial dos países-membros da União Europeia.

No ano passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e seu secretário-executivo, Gabriel Galípolo, escreveram um artigo propondo o uso de uma moeda comum no comércio sul-americano para impulsionar a integração na região e fortalecer a soberania monetária dos países do continente. O instrumento único para transações no bloco não é uma ideia nova e já foi defendida inclusive pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes.

Como mostrou o Estadão em maio, a moeda comum proposta por Haddad e Galípolo seria utilizada para fluxos comerciais e financeiros entre os mercados da região e teria um câmbio flutuante entre as moedas dos países – que poderiam adotá-la ou não domesticamente. A estratégia por trás de sua criação é a de “acelerar o processo de integração regional, constituindo um poderoso instrumento de coordenação política e econômica para os povos sul-americanos”, diz o artigo de ambos.

A criação de uma moeda comum na América Latina é vista com ceticismo por especialistas. Ainda que a adoção de uma política monetária unificada em diferentes países possa resultar em uma maior eficiência, aumentando o potencial de crescimento dos mercado envolvidos, colocar uma medida dessas seria muito difícil dadas as discrepâncias econômicas entre países como Brasil e Argentina.

Haddad chegou a se reunir com o embaixador da Argentina, Daniel Scioli, para discutir o tema e se irritou no início do mês quando foi questionado por jornalista a respeito da nova moeda. “Não existe proposta de moeda única do Mercosul, vai se informar primeiro”, disse.

Apesar de ser um diário pouco conhecido no Brasil, o artigo publicado no Perfil repercutiu nos grandes jornais argentinos, como o Clarin. O britânico Financial Times também deu espaço hoje para a criação da moeda comum. Segundo reportagem do Financial Times, o movimento pode eventualmente criar a segunda maior moeda de um bloco econômico do mundo. O ministro da economia argentino, Sergio Massa, afirmou ao veículo inglês que serão estudados os parâmetros necessários para uma moeda comum, mas que é o primeiro passo de um longo caminho a trilhar. De acordo com o jornal, o Brasil sugere que o nome dado à nova moeda seja chamada de “sur”.

Segundo o Clarin, a ideia de que Argentina e Brasil tenham uma moeda em comum para trocas comerciais transcendeu as rachaduras políticas entre os países. “Lula da Silva a propôs assim que foi eleito para seu primeiro mandato, em 2002, a ideia foi retomada anos depois pelos governos de Jair Bolsonaro e Mauricio Macri, e agora Lula e Alberto Fernández sonham com ela”, lembrou o jornal argentino.

A Argentina é o terceiro país que mais comprou produtos brasileiros em 2022. No ano, o saldo da balança comercial com os argentinos ficou positivo em US$ 2,2 bilhões, com o aumento de quase 30% nas exportações na comparação com o ano anterior.

No artigo, os dois presidentes também condenam todas as formas de extremismo antidemocrático e violência política, numa clara referência aos atentados, de duas semanas atrás em Brasília, contra as sedes dos três poderes da República. “Os laços entre Argentina e Brasil se sustentam na consolidação da paz e da democracia. Queremos democracia para sempre. Ditadura nunca mais.”

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Alberto Fernández, querem criar uma moeda comum sul-americana para transações tanto comerciais quanto financeiras. Ambos assinaram um artigo no jornal argentino Perfil com o anúncio da medida, à véspera do primeiro encontro bilateral entre presidentes dos dois países em mais de três anos.

“Pretendemos quebrar as barreiras em nossas trocas, simplificar e modernizar as regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum que possa ser usada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo custos operacionais e nossa vulnerabilidade externa”, escreveram Lula e Fernandez.

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández em encontro logo após a vitória do brasileiro nas eleições Foto: Eraldo Peres / AP

O objetivo inicial não é fazer com que os países deixem de usar suas próprias moedas - o real os peso argentino -, mas sim formatar uma moeda comum para as transações comerciais entre eles, sem depender do dólar. A ideia também difere da criação de uma moeda única, como o euro, moeda oficial dos países-membros da União Europeia.

No ano passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e seu secretário-executivo, Gabriel Galípolo, escreveram um artigo propondo o uso de uma moeda comum no comércio sul-americano para impulsionar a integração na região e fortalecer a soberania monetária dos países do continente. O instrumento único para transações no bloco não é uma ideia nova e já foi defendida inclusive pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes.

Como mostrou o Estadão em maio, a moeda comum proposta por Haddad e Galípolo seria utilizada para fluxos comerciais e financeiros entre os mercados da região e teria um câmbio flutuante entre as moedas dos países – que poderiam adotá-la ou não domesticamente. A estratégia por trás de sua criação é a de “acelerar o processo de integração regional, constituindo um poderoso instrumento de coordenação política e econômica para os povos sul-americanos”, diz o artigo de ambos.

A criação de uma moeda comum na América Latina é vista com ceticismo por especialistas. Ainda que a adoção de uma política monetária unificada em diferentes países possa resultar em uma maior eficiência, aumentando o potencial de crescimento dos mercado envolvidos, colocar uma medida dessas seria muito difícil dadas as discrepâncias econômicas entre países como Brasil e Argentina.

Haddad chegou a se reunir com o embaixador da Argentina, Daniel Scioli, para discutir o tema e se irritou no início do mês quando foi questionado por jornalista a respeito da nova moeda. “Não existe proposta de moeda única do Mercosul, vai se informar primeiro”, disse.

Apesar de ser um diário pouco conhecido no Brasil, o artigo publicado no Perfil repercutiu nos grandes jornais argentinos, como o Clarin. O britânico Financial Times também deu espaço hoje para a criação da moeda comum. Segundo reportagem do Financial Times, o movimento pode eventualmente criar a segunda maior moeda de um bloco econômico do mundo. O ministro da economia argentino, Sergio Massa, afirmou ao veículo inglês que serão estudados os parâmetros necessários para uma moeda comum, mas que é o primeiro passo de um longo caminho a trilhar. De acordo com o jornal, o Brasil sugere que o nome dado à nova moeda seja chamada de “sur”.

Segundo o Clarin, a ideia de que Argentina e Brasil tenham uma moeda em comum para trocas comerciais transcendeu as rachaduras políticas entre os países. “Lula da Silva a propôs assim que foi eleito para seu primeiro mandato, em 2002, a ideia foi retomada anos depois pelos governos de Jair Bolsonaro e Mauricio Macri, e agora Lula e Alberto Fernández sonham com ela”, lembrou o jornal argentino.

A Argentina é o terceiro país que mais comprou produtos brasileiros em 2022. No ano, o saldo da balança comercial com os argentinos ficou positivo em US$ 2,2 bilhões, com o aumento de quase 30% nas exportações na comparação com o ano anterior.

No artigo, os dois presidentes também condenam todas as formas de extremismo antidemocrático e violência política, numa clara referência aos atentados, de duas semanas atrás em Brasília, contra as sedes dos três poderes da República. “Os laços entre Argentina e Brasil se sustentam na consolidação da paz e da democracia. Queremos democracia para sempre. Ditadura nunca mais.”

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