Obsessão de Lula com estaleiros, ideia que já deu errado, é um dos motivos da queda de Prates


Sete Brasil, criada em 2010, no governo petista, para fornecer sondas à Petrobras e tendo fundos de pensão estatais como sócios, foi investigada por corrupção e acabou quebrando, com dívidas bilionárias

Por Redação
Atualização:

“Quero que vocês tenham certeza que a gente vai recuperar a indústria naval brasileira”, disse o presidente Lula em um evento em Niterói (RJ), no início do mês passado. Esse tema é quase uma obsessão para o presidente, que fala sobre a retomada da construção de navios no Brasil praticamente desde a sua posse. Isso, no entanto, passa diretamente pelos investimentos da Petrobras. E a suposta “lentidão” do presidente da estatal, Jean Paul Prates, em tirar esses projetos do papel foi um dos motivos que levaram à sua demissão.

Lula já tentou estabelecer um polo naval no Brasil, em seus mandatos anteriores, com resultados desastrosos. O maior símbolo dessa tentativa foi a empresa Sete Brasil, criada em 2010 com o objetivo de gerenciar a construção de 28 navios-sonda para a exploração do pré-sal. A própria Petrobras tinha 10% de participação na empresa, que também contava com fundos de pensão de estatais e bancos entre os acionistas.

Desses 28 navios, apenas quatro foram entregues. Alvo de investigações de corrupção dentro da Operação Lava Jato, a Sete Brasil pediu recuperação judicial em 2016, com dívidas estimadas à época em cerca de R$ 20 bilhões. Este ano, o administrador da recuperação judicial pediu a falência definitiva da companhia.

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Um relatório de uma comissão interna de apuração da Petrobrás, concluída em 2016, revelou que riscos de engenharia e prejuízos superiores a US$ 16 bilhões no projeto de construção e afretamento dos navios-sonda eram conhecidos e foram desconsiderados pela estatal.

Plano de Lula é mais uma vez usar a Petrobras para recriar a indústria naval no País Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Em delação premiada, Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda de Lula e ex-Casa Civil de Dilma, disse que a construção das sondas em estaleiros no Brasil foi ordenada pelo ex-presidente Lula e tinha como objetivo viabilizar o projeto político de nacionalizar a indústria naval e também um projeto eleitoral de arrecadar recursos ilícitos para “quatro ou cinco” campanhas do PT.

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De acordo com o ex-ministro, havia uma exigência do governo petista de arrecadação de recursos dos estaleiros, além de uma cobrança em cima do dirigentes dos fundos de pensão de estatais federais Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal) a investirem no negócio, sem avaliar.

Estaleiros sem encomenda

Um levantamento recente feito pelo Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) apontou que há no Brasil atualmente 48 estaleiros de variados portes. Desse total, pelo menos seis estão desativados e nove estão ativos, mas não têm nenhuma demanda de projetos navais.

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Entre os estaleiros que não tem demanda estão exatamente os dois maiores do País: Enseada, na Bahia, e Atlântico Sul, em Pernambuco. Juntos, os dois têm capacidade para processar mais de 200 mil toneladas de aço por ano, ou seja, 40% da capacidade instalada na indústria naval brasileira.

O grande cliente dos estaleiros brasileiros de maior porte - provavelmente o único - é mesmo a Petrobras, como a principal operadora do setor de petróleo no Brasil. Mas, economicamente, é muito mais barato contratar esses equipamentos no exterior. Mesmo assim, Lula tem insistido nesses investimentos aqui.

“Estamos recuperando a Petrobras e vamos recuperar a indústria naval deste País. Vamos voltar a construir navios aqui, fazer plataforma e sonda. Vamos voltar a investir no Rio de Janeiro, porque o Estado não nasceu para ficar nas páginas policiais”, disse durante um evento no Rio, em fevereiro.

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Na semana passada, em um encontro do setor petrolífero mundial em Houston, nos Estados Unidos, houve uma movimentação nesse sentido. A Petrobras organizou uma primeira rodada de conversas entre executivos de estaleiros nacionais e estrangeiros para viabilizar parcerias e aumentar a construção de partes dos navios-plataforma e outras embarcações no Brasil. A ideia, de acordo com a estatal, era de que essas empresas sigam se frequentando e organizem visitas técnicas que terminem em negócios efetivos no Brasil.

Do lado brasileiro, segundo apurou o Estadão/Broadcast, estavam as empresas Andrade Gutierrez, Bravante, CBO, EBR, ECB, Ecovix, Enseada, EAS, Mauá, Edson Chouest, Mac Laren, Ocean Pact, OSX, Porto do Açu, São Jacinto e Triunfo. Entre os estrangeiros, estavam Samsung, CIMC Raffles, Saipem, Dubai Drydocks, Cosco, Shapoorji, SBM, Modec, BW Offshore, Yinson, CNOOC, Hanwha, Ocyan e Seatrium.

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A Petrobras já divulgou ao mercado que vai lançar entre este ano e 2025 editais para contratação de 38 barcos de apoio offshore, a serem construídos no País, além de um plano para contratar cerca de 200 embarcações. O pacote vai demandar investimentos da ordem de US$ 2,5 bilhões até 2030.

No encontro em Houston também foi apresentada não só essa demanda futura de barcos de apoio, que custam entre US$ 60 milhões e US$ 70 milhões cada, como também a demanda por módulos de plataformas.

A avaliação de Jean Paul Prates, portanto, era de que as demandas do presidente Lula relativas ao investimento na indústria naval estavam sendo atendidas. Mas, pelo jeito, na visão do presidente, não no tempo correto.

“Quero que vocês tenham certeza que a gente vai recuperar a indústria naval brasileira”, disse o presidente Lula em um evento em Niterói (RJ), no início do mês passado. Esse tema é quase uma obsessão para o presidente, que fala sobre a retomada da construção de navios no Brasil praticamente desde a sua posse. Isso, no entanto, passa diretamente pelos investimentos da Petrobras. E a suposta “lentidão” do presidente da estatal, Jean Paul Prates, em tirar esses projetos do papel foi um dos motivos que levaram à sua demissão.

Lula já tentou estabelecer um polo naval no Brasil, em seus mandatos anteriores, com resultados desastrosos. O maior símbolo dessa tentativa foi a empresa Sete Brasil, criada em 2010 com o objetivo de gerenciar a construção de 28 navios-sonda para a exploração do pré-sal. A própria Petrobras tinha 10% de participação na empresa, que também contava com fundos de pensão de estatais e bancos entre os acionistas.

Desses 28 navios, apenas quatro foram entregues. Alvo de investigações de corrupção dentro da Operação Lava Jato, a Sete Brasil pediu recuperação judicial em 2016, com dívidas estimadas à época em cerca de R$ 20 bilhões. Este ano, o administrador da recuperação judicial pediu a falência definitiva da companhia.

Um relatório de uma comissão interna de apuração da Petrobrás, concluída em 2016, revelou que riscos de engenharia e prejuízos superiores a US$ 16 bilhões no projeto de construção e afretamento dos navios-sonda eram conhecidos e foram desconsiderados pela estatal.

Plano de Lula é mais uma vez usar a Petrobras para recriar a indústria naval no País Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Em delação premiada, Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda de Lula e ex-Casa Civil de Dilma, disse que a construção das sondas em estaleiros no Brasil foi ordenada pelo ex-presidente Lula e tinha como objetivo viabilizar o projeto político de nacionalizar a indústria naval e também um projeto eleitoral de arrecadar recursos ilícitos para “quatro ou cinco” campanhas do PT.

De acordo com o ex-ministro, havia uma exigência do governo petista de arrecadação de recursos dos estaleiros, além de uma cobrança em cima do dirigentes dos fundos de pensão de estatais federais Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal) a investirem no negócio, sem avaliar.

Estaleiros sem encomenda

Um levantamento recente feito pelo Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) apontou que há no Brasil atualmente 48 estaleiros de variados portes. Desse total, pelo menos seis estão desativados e nove estão ativos, mas não têm nenhuma demanda de projetos navais.

Entre os estaleiros que não tem demanda estão exatamente os dois maiores do País: Enseada, na Bahia, e Atlântico Sul, em Pernambuco. Juntos, os dois têm capacidade para processar mais de 200 mil toneladas de aço por ano, ou seja, 40% da capacidade instalada na indústria naval brasileira.

O grande cliente dos estaleiros brasileiros de maior porte - provavelmente o único - é mesmo a Petrobras, como a principal operadora do setor de petróleo no Brasil. Mas, economicamente, é muito mais barato contratar esses equipamentos no exterior. Mesmo assim, Lula tem insistido nesses investimentos aqui.

“Estamos recuperando a Petrobras e vamos recuperar a indústria naval deste País. Vamos voltar a construir navios aqui, fazer plataforma e sonda. Vamos voltar a investir no Rio de Janeiro, porque o Estado não nasceu para ficar nas páginas policiais”, disse durante um evento no Rio, em fevereiro.

Na semana passada, em um encontro do setor petrolífero mundial em Houston, nos Estados Unidos, houve uma movimentação nesse sentido. A Petrobras organizou uma primeira rodada de conversas entre executivos de estaleiros nacionais e estrangeiros para viabilizar parcerias e aumentar a construção de partes dos navios-plataforma e outras embarcações no Brasil. A ideia, de acordo com a estatal, era de que essas empresas sigam se frequentando e organizem visitas técnicas que terminem em negócios efetivos no Brasil.

Do lado brasileiro, segundo apurou o Estadão/Broadcast, estavam as empresas Andrade Gutierrez, Bravante, CBO, EBR, ECB, Ecovix, Enseada, EAS, Mauá, Edson Chouest, Mac Laren, Ocean Pact, OSX, Porto do Açu, São Jacinto e Triunfo. Entre os estrangeiros, estavam Samsung, CIMC Raffles, Saipem, Dubai Drydocks, Cosco, Shapoorji, SBM, Modec, BW Offshore, Yinson, CNOOC, Hanwha, Ocyan e Seatrium.

A Petrobras já divulgou ao mercado que vai lançar entre este ano e 2025 editais para contratação de 38 barcos de apoio offshore, a serem construídos no País, além de um plano para contratar cerca de 200 embarcações. O pacote vai demandar investimentos da ordem de US$ 2,5 bilhões até 2030.

No encontro em Houston também foi apresentada não só essa demanda futura de barcos de apoio, que custam entre US$ 60 milhões e US$ 70 milhões cada, como também a demanda por módulos de plataformas.

A avaliação de Jean Paul Prates, portanto, era de que as demandas do presidente Lula relativas ao investimento na indústria naval estavam sendo atendidas. Mas, pelo jeito, na visão do presidente, não no tempo correto.

“Quero que vocês tenham certeza que a gente vai recuperar a indústria naval brasileira”, disse o presidente Lula em um evento em Niterói (RJ), no início do mês passado. Esse tema é quase uma obsessão para o presidente, que fala sobre a retomada da construção de navios no Brasil praticamente desde a sua posse. Isso, no entanto, passa diretamente pelos investimentos da Petrobras. E a suposta “lentidão” do presidente da estatal, Jean Paul Prates, em tirar esses projetos do papel foi um dos motivos que levaram à sua demissão.

Lula já tentou estabelecer um polo naval no Brasil, em seus mandatos anteriores, com resultados desastrosos. O maior símbolo dessa tentativa foi a empresa Sete Brasil, criada em 2010 com o objetivo de gerenciar a construção de 28 navios-sonda para a exploração do pré-sal. A própria Petrobras tinha 10% de participação na empresa, que também contava com fundos de pensão de estatais e bancos entre os acionistas.

Desses 28 navios, apenas quatro foram entregues. Alvo de investigações de corrupção dentro da Operação Lava Jato, a Sete Brasil pediu recuperação judicial em 2016, com dívidas estimadas à época em cerca de R$ 20 bilhões. Este ano, o administrador da recuperação judicial pediu a falência definitiva da companhia.

Um relatório de uma comissão interna de apuração da Petrobrás, concluída em 2016, revelou que riscos de engenharia e prejuízos superiores a US$ 16 bilhões no projeto de construção e afretamento dos navios-sonda eram conhecidos e foram desconsiderados pela estatal.

Plano de Lula é mais uma vez usar a Petrobras para recriar a indústria naval no País Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Em delação premiada, Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda de Lula e ex-Casa Civil de Dilma, disse que a construção das sondas em estaleiros no Brasil foi ordenada pelo ex-presidente Lula e tinha como objetivo viabilizar o projeto político de nacionalizar a indústria naval e também um projeto eleitoral de arrecadar recursos ilícitos para “quatro ou cinco” campanhas do PT.

De acordo com o ex-ministro, havia uma exigência do governo petista de arrecadação de recursos dos estaleiros, além de uma cobrança em cima do dirigentes dos fundos de pensão de estatais federais Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal) a investirem no negócio, sem avaliar.

Estaleiros sem encomenda

Um levantamento recente feito pelo Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) apontou que há no Brasil atualmente 48 estaleiros de variados portes. Desse total, pelo menos seis estão desativados e nove estão ativos, mas não têm nenhuma demanda de projetos navais.

Entre os estaleiros que não tem demanda estão exatamente os dois maiores do País: Enseada, na Bahia, e Atlântico Sul, em Pernambuco. Juntos, os dois têm capacidade para processar mais de 200 mil toneladas de aço por ano, ou seja, 40% da capacidade instalada na indústria naval brasileira.

O grande cliente dos estaleiros brasileiros de maior porte - provavelmente o único - é mesmo a Petrobras, como a principal operadora do setor de petróleo no Brasil. Mas, economicamente, é muito mais barato contratar esses equipamentos no exterior. Mesmo assim, Lula tem insistido nesses investimentos aqui.

“Estamos recuperando a Petrobras e vamos recuperar a indústria naval deste País. Vamos voltar a construir navios aqui, fazer plataforma e sonda. Vamos voltar a investir no Rio de Janeiro, porque o Estado não nasceu para ficar nas páginas policiais”, disse durante um evento no Rio, em fevereiro.

Na semana passada, em um encontro do setor petrolífero mundial em Houston, nos Estados Unidos, houve uma movimentação nesse sentido. A Petrobras organizou uma primeira rodada de conversas entre executivos de estaleiros nacionais e estrangeiros para viabilizar parcerias e aumentar a construção de partes dos navios-plataforma e outras embarcações no Brasil. A ideia, de acordo com a estatal, era de que essas empresas sigam se frequentando e organizem visitas técnicas que terminem em negócios efetivos no Brasil.

Do lado brasileiro, segundo apurou o Estadão/Broadcast, estavam as empresas Andrade Gutierrez, Bravante, CBO, EBR, ECB, Ecovix, Enseada, EAS, Mauá, Edson Chouest, Mac Laren, Ocean Pact, OSX, Porto do Açu, São Jacinto e Triunfo. Entre os estrangeiros, estavam Samsung, CIMC Raffles, Saipem, Dubai Drydocks, Cosco, Shapoorji, SBM, Modec, BW Offshore, Yinson, CNOOC, Hanwha, Ocyan e Seatrium.

A Petrobras já divulgou ao mercado que vai lançar entre este ano e 2025 editais para contratação de 38 barcos de apoio offshore, a serem construídos no País, além de um plano para contratar cerca de 200 embarcações. O pacote vai demandar investimentos da ordem de US$ 2,5 bilhões até 2030.

No encontro em Houston também foi apresentada não só essa demanda futura de barcos de apoio, que custam entre US$ 60 milhões e US$ 70 milhões cada, como também a demanda por módulos de plataformas.

A avaliação de Jean Paul Prates, portanto, era de que as demandas do presidente Lula relativas ao investimento na indústria naval estavam sendo atendidas. Mas, pelo jeito, na visão do presidente, não no tempo correto.

“Quero que vocês tenham certeza que a gente vai recuperar a indústria naval brasileira”, disse o presidente Lula em um evento em Niterói (RJ), no início do mês passado. Esse tema é quase uma obsessão para o presidente, que fala sobre a retomada da construção de navios no Brasil praticamente desde a sua posse. Isso, no entanto, passa diretamente pelos investimentos da Petrobras. E a suposta “lentidão” do presidente da estatal, Jean Paul Prates, em tirar esses projetos do papel foi um dos motivos que levaram à sua demissão.

Lula já tentou estabelecer um polo naval no Brasil, em seus mandatos anteriores, com resultados desastrosos. O maior símbolo dessa tentativa foi a empresa Sete Brasil, criada em 2010 com o objetivo de gerenciar a construção de 28 navios-sonda para a exploração do pré-sal. A própria Petrobras tinha 10% de participação na empresa, que também contava com fundos de pensão de estatais e bancos entre os acionistas.

Desses 28 navios, apenas quatro foram entregues. Alvo de investigações de corrupção dentro da Operação Lava Jato, a Sete Brasil pediu recuperação judicial em 2016, com dívidas estimadas à época em cerca de R$ 20 bilhões. Este ano, o administrador da recuperação judicial pediu a falência definitiva da companhia.

Um relatório de uma comissão interna de apuração da Petrobrás, concluída em 2016, revelou que riscos de engenharia e prejuízos superiores a US$ 16 bilhões no projeto de construção e afretamento dos navios-sonda eram conhecidos e foram desconsiderados pela estatal.

Plano de Lula é mais uma vez usar a Petrobras para recriar a indústria naval no País Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Em delação premiada, Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda de Lula e ex-Casa Civil de Dilma, disse que a construção das sondas em estaleiros no Brasil foi ordenada pelo ex-presidente Lula e tinha como objetivo viabilizar o projeto político de nacionalizar a indústria naval e também um projeto eleitoral de arrecadar recursos ilícitos para “quatro ou cinco” campanhas do PT.

De acordo com o ex-ministro, havia uma exigência do governo petista de arrecadação de recursos dos estaleiros, além de uma cobrança em cima do dirigentes dos fundos de pensão de estatais federais Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal) a investirem no negócio, sem avaliar.

Estaleiros sem encomenda

Um levantamento recente feito pelo Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) apontou que há no Brasil atualmente 48 estaleiros de variados portes. Desse total, pelo menos seis estão desativados e nove estão ativos, mas não têm nenhuma demanda de projetos navais.

Entre os estaleiros que não tem demanda estão exatamente os dois maiores do País: Enseada, na Bahia, e Atlântico Sul, em Pernambuco. Juntos, os dois têm capacidade para processar mais de 200 mil toneladas de aço por ano, ou seja, 40% da capacidade instalada na indústria naval brasileira.

O grande cliente dos estaleiros brasileiros de maior porte - provavelmente o único - é mesmo a Petrobras, como a principal operadora do setor de petróleo no Brasil. Mas, economicamente, é muito mais barato contratar esses equipamentos no exterior. Mesmo assim, Lula tem insistido nesses investimentos aqui.

“Estamos recuperando a Petrobras e vamos recuperar a indústria naval deste País. Vamos voltar a construir navios aqui, fazer plataforma e sonda. Vamos voltar a investir no Rio de Janeiro, porque o Estado não nasceu para ficar nas páginas policiais”, disse durante um evento no Rio, em fevereiro.

Na semana passada, em um encontro do setor petrolífero mundial em Houston, nos Estados Unidos, houve uma movimentação nesse sentido. A Petrobras organizou uma primeira rodada de conversas entre executivos de estaleiros nacionais e estrangeiros para viabilizar parcerias e aumentar a construção de partes dos navios-plataforma e outras embarcações no Brasil. A ideia, de acordo com a estatal, era de que essas empresas sigam se frequentando e organizem visitas técnicas que terminem em negócios efetivos no Brasil.

Do lado brasileiro, segundo apurou o Estadão/Broadcast, estavam as empresas Andrade Gutierrez, Bravante, CBO, EBR, ECB, Ecovix, Enseada, EAS, Mauá, Edson Chouest, Mac Laren, Ocean Pact, OSX, Porto do Açu, São Jacinto e Triunfo. Entre os estrangeiros, estavam Samsung, CIMC Raffles, Saipem, Dubai Drydocks, Cosco, Shapoorji, SBM, Modec, BW Offshore, Yinson, CNOOC, Hanwha, Ocyan e Seatrium.

A Petrobras já divulgou ao mercado que vai lançar entre este ano e 2025 editais para contratação de 38 barcos de apoio offshore, a serem construídos no País, além de um plano para contratar cerca de 200 embarcações. O pacote vai demandar investimentos da ordem de US$ 2,5 bilhões até 2030.

No encontro em Houston também foi apresentada não só essa demanda futura de barcos de apoio, que custam entre US$ 60 milhões e US$ 70 milhões cada, como também a demanda por módulos de plataformas.

A avaliação de Jean Paul Prates, portanto, era de que as demandas do presidente Lula relativas ao investimento na indústria naval estavam sendo atendidas. Mas, pelo jeito, na visão do presidente, não no tempo correto.

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