Lula diz que mudanças na política econômica ‘levam tempo’: ‘Não se faz com mágica’


Presidente assinou nesta quarta-feira a medida provisória que lança o novo programa do crédito consignado privado

Por Redação
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 12, que mudanças na política econômica “levam tempo” para acontecer. “Economia não se faz com mágica, não inventa”, afirmou. A declaração ocorreu durante evento de assinatura da medida provisória (MP) que reformula o crédito consignado para trabalhadores do setor privado.

O petista afirmou que seu mandato atual é diferente dos anteriores por ele ser, hoje, “mais experiente”. “Não pensem que tenho direito de fazer absurdo com o Brasil”, disse. Lula ressaltou que seu governo não vai dar “cavalo de pau” e classificou suas políticas como “serenas”.

Em determinado momento de sua fala, Lula se dirigiu ao mercado: “Esse aqui não é um governo de aventureiros, não é um governo de gente sem cara, de gente sem rosto. Aqui, nesse governo, todo mundo tem um compromisso sério com a sua história”, disse.

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O presidente aproveitou o discurso para voltar a elogiar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Tenho a felicidade de ter o Haddad como ministro”, afirmou, acrescentando que seu escolhido para comandar a economia brasileira vai “passar para a história como o melhor ministro da Fazenda que esse País já teve”. O presidente disse ainda já ter dito ao ministro que ele precisa “passar charme” quando fala.

Lula durante cerimônia de lançamento do novo crédito do consignado privado, ao lados dos ministros Fernando Haddad e Luiz Marinho
Lula durante cerimônia de lançamento do novo crédito do consignado privado, ao lados dos ministros Fernando Haddad e Luiz Marinho Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula também voltou a criticar uma eventual especulação do dólar, dizendo que há “muito agiota fazendo sacanagem com o Brasil”. Ele criticou o que chamou de notícias falsas ou “cretinas”.

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“Eu não quero ser um Trump, não quero ser um Milei”, disse, em referência aos presidentes dos Estados Unidos e Argentina. “Eu estou tranquilo, sereno, tenho um bom governo, bons ministros, bons presidentes de banco, bons deputados, bons sindicalistas. Por que eu vou fazer bravata?”

Lula afirmou, ainda, que tem “compromisso com a soberania do Brasil” e que novas políticas públicas serão anunciadas ainda este ano.

Novo consignado privado

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Lula disse que esta quarta-feira entrará para a história como um momento “marcante” na política de crédito, defendendo a circulação do dinheiro e a distribuição de renda.

“Eu sempre digo que muito dinheiro na mão de poucos continua sendo miséria, e que pouco dinheiro na mão de muitos significa distribuição de renda, distribuição de riqueza e participação”, disse Lula. “Não há nada mais milagroso para uma economia do que o dinheiro circular na mão de todos.”

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O novo consignado privado é uma das medidas lançadas pelo governo com o objetivo de reverter a queda da aprovação do presidente. Pesquisas de opinião têm mostrado uma queda rápida na popularidade de Lula, que atingiu o menor nível dos seus três mandatos.

O presidente disse que a falta de dinheiro é o que impede o combate à fome no mundo. “O alimento hoje é produzido em quantidade suficiente para garantir que todo ser humano possa tomar café, almoçar e jantar todos os dias”, disse, acrescentando que parte dos alimentos se perde porque as pessoas não têm dinheiro para comprar.

Lula acrescentou que é necessário avançar na inclusão social, distribuindo a riqueza produzida. O presidente cobrou que os presidentes de bancos públicos conversem com os gerentes em cidades pequenas para que eles deem importância a todos os clientes, independentemente da classe social, no que classificou como um “processo educacional”.

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“As pessoas pobres, às vezes, têm vergonha de chegar na porta dos bancos, eles acham que não foi feito para eles”, disse.

O presidente ainda cobrou que os aliados e militantes propagandeiem o novo crédito consignado privado. “Antes do dia 21, os dirigentes sindicais que estão aqui têm de pegar um carro de som, ir para a porta da fábrica e dizer para os trabalhadores que, agora, eles podem ter crédito barato, para que ele possa sair da mão do agiota, sair da mão de banco que cobra 10%, 12%”, disse.

Lula também cobrou que a nova modalidade seja divulgada em outras esferas da sociedade. “Isso será uma revolução neste País”, disse. “Eu não tenho condição, companheiro Haddad, de quantificar quanto dinheiro pode entrar em circulação neste País”, acrescentou.

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O presidente aproveitou para rebater críticas de que não pensaria no desenvolvimento industrial, apenas no consumo. “É exatamente a capacidade de consumo que tem um povo que pode gerar a capacidade de industrialização”, ele disse, defendendo que o consumo atrai investimentos.

Lula ponderou que as pessoas devem evitar usar o crédito para “gastar o que não têm.” Ele garantiu que a política do governo não visa a aumentar o endividamento da população. E completou: “Empréstimo não é feito para pagar outro empréstimo”.

Acesso a crédito barato

Durante seu discurso, Haddad disse que o governo ainda tem muito a fazer para ampliar o acesso ao crédito barato no Brasil. Na avaliação de Haddad, a nova modalidade, que vai começar a rodar no dia 21 de março, talvez seja a medida mais revolucionária para o crédito no médio prazo.

“São 47 milhões de pessoas, 47 milhões de pessoas que hoje estão pagando mais de 5% ao mês de juros no crédito pessoal, às vezes numa emergência, às vezes para trocar um fogão que quebrou, uma geladeira que quebrou, pagando 5% ao mês. Quando, com essa garantia que vai poder ser oferecida, essas taxas podem cair 50% ou mais”, disse o ministro.

Haddad pediu “cautela” sobre a nova ferramenta porque o programa, “muito sofisticado”, passará por um processo de desenvolvimento ao longo das próximas semanas e meses.

“Os bancos vão saber avaliar a estabilidade do emprego, a estabilidade do setor e a estabilidade da empresa. Então, inicia-se, a partir de agora, uma curva de aprendizagem. Eles vão aprender a lidar com uma coisa nova. Mas quando nós domesticarmos esse bicho novo que está nascendo, eu tenho certeza que nós vamos olhar para trás em muito pouco tempo e falar ‘que dia especial o dia do crédito do trabalhador’”, disse o chefe da equipe econômica, para quem a nova modalidade é uma “grande vitória” do trabalhador brasileiro.

O ministro também relembrou em seu discurso medidas na área do crédito que já foram tocadas durante a primeira metade do terceiro mandato de Lula, como o Desenrola e a aprovação do Marco das Garantias. “O Marcos Pinto (secretário de Reformas Econômicas), que está aqui, já liderou vários programas para baixar o crédito com mais garantia, diminuir o spread bancário e eu diria para o senhor (Lula) que este programa que está sendo lançado hoje talvez seja o mais revolucionário no médio prazo de todos esses que eu já citei”, afirmou Haddad.

“A pessoa que nasce sem riqueza ― e nós estamos falando de milhões de brasileiros, que não nascem donos de ação, não nascem donos de patrimônio imobiliário, não nascem donos, às vezes, nem de um automóvel. As pessoas nascem com pouco tempo e têm que se virar. O emprego é muito bom, mas se você associar o emprego à educação de qualidade e a crédito, você vai mudar a história de um país”, disse o ministro./Com Amanda Pupo, Cícero Cotrim e Sofia Aguiar

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 12, que mudanças na política econômica “levam tempo” para acontecer. “Economia não se faz com mágica, não inventa”, afirmou. A declaração ocorreu durante evento de assinatura da medida provisória (MP) que reformula o crédito consignado para trabalhadores do setor privado.

O petista afirmou que seu mandato atual é diferente dos anteriores por ele ser, hoje, “mais experiente”. “Não pensem que tenho direito de fazer absurdo com o Brasil”, disse. Lula ressaltou que seu governo não vai dar “cavalo de pau” e classificou suas políticas como “serenas”.

Em determinado momento de sua fala, Lula se dirigiu ao mercado: “Esse aqui não é um governo de aventureiros, não é um governo de gente sem cara, de gente sem rosto. Aqui, nesse governo, todo mundo tem um compromisso sério com a sua história”, disse.

O presidente aproveitou o discurso para voltar a elogiar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Tenho a felicidade de ter o Haddad como ministro”, afirmou, acrescentando que seu escolhido para comandar a economia brasileira vai “passar para a história como o melhor ministro da Fazenda que esse País já teve”. O presidente disse ainda já ter dito ao ministro que ele precisa “passar charme” quando fala.

Lula durante cerimônia de lançamento do novo crédito do consignado privado, ao lados dos ministros Fernando Haddad e Luiz Marinho Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula também voltou a criticar uma eventual especulação do dólar, dizendo que há “muito agiota fazendo sacanagem com o Brasil”. Ele criticou o que chamou de notícias falsas ou “cretinas”.

“Eu não quero ser um Trump, não quero ser um Milei”, disse, em referência aos presidentes dos Estados Unidos e Argentina. “Eu estou tranquilo, sereno, tenho um bom governo, bons ministros, bons presidentes de banco, bons deputados, bons sindicalistas. Por que eu vou fazer bravata?”

Lula afirmou, ainda, que tem “compromisso com a soberania do Brasil” e que novas políticas públicas serão anunciadas ainda este ano.

Novo consignado privado

Lula disse que esta quarta-feira entrará para a história como um momento “marcante” na política de crédito, defendendo a circulação do dinheiro e a distribuição de renda.

“Eu sempre digo que muito dinheiro na mão de poucos continua sendo miséria, e que pouco dinheiro na mão de muitos significa distribuição de renda, distribuição de riqueza e participação”, disse Lula. “Não há nada mais milagroso para uma economia do que o dinheiro circular na mão de todos.”

O novo consignado privado é uma das medidas lançadas pelo governo com o objetivo de reverter a queda da aprovação do presidente. Pesquisas de opinião têm mostrado uma queda rápida na popularidade de Lula, que atingiu o menor nível dos seus três mandatos.

O presidente disse que a falta de dinheiro é o que impede o combate à fome no mundo. “O alimento hoje é produzido em quantidade suficiente para garantir que todo ser humano possa tomar café, almoçar e jantar todos os dias”, disse, acrescentando que parte dos alimentos se perde porque as pessoas não têm dinheiro para comprar.

Lula acrescentou que é necessário avançar na inclusão social, distribuindo a riqueza produzida. O presidente cobrou que os presidentes de bancos públicos conversem com os gerentes em cidades pequenas para que eles deem importância a todos os clientes, independentemente da classe social, no que classificou como um “processo educacional”.

“As pessoas pobres, às vezes, têm vergonha de chegar na porta dos bancos, eles acham que não foi feito para eles”, disse.

O presidente ainda cobrou que os aliados e militantes propagandeiem o novo crédito consignado privado. “Antes do dia 21, os dirigentes sindicais que estão aqui têm de pegar um carro de som, ir para a porta da fábrica e dizer para os trabalhadores que, agora, eles podem ter crédito barato, para que ele possa sair da mão do agiota, sair da mão de banco que cobra 10%, 12%”, disse.

Lula também cobrou que a nova modalidade seja divulgada em outras esferas da sociedade. “Isso será uma revolução neste País”, disse. “Eu não tenho condição, companheiro Haddad, de quantificar quanto dinheiro pode entrar em circulação neste País”, acrescentou.

O presidente aproveitou para rebater críticas de que não pensaria no desenvolvimento industrial, apenas no consumo. “É exatamente a capacidade de consumo que tem um povo que pode gerar a capacidade de industrialização”, ele disse, defendendo que o consumo atrai investimentos.

Lula ponderou que as pessoas devem evitar usar o crédito para “gastar o que não têm.” Ele garantiu que a política do governo não visa a aumentar o endividamento da população. E completou: “Empréstimo não é feito para pagar outro empréstimo”.

Acesso a crédito barato

Durante seu discurso, Haddad disse que o governo ainda tem muito a fazer para ampliar o acesso ao crédito barato no Brasil. Na avaliação de Haddad, a nova modalidade, que vai começar a rodar no dia 21 de março, talvez seja a medida mais revolucionária para o crédito no médio prazo.

“São 47 milhões de pessoas, 47 milhões de pessoas que hoje estão pagando mais de 5% ao mês de juros no crédito pessoal, às vezes numa emergência, às vezes para trocar um fogão que quebrou, uma geladeira que quebrou, pagando 5% ao mês. Quando, com essa garantia que vai poder ser oferecida, essas taxas podem cair 50% ou mais”, disse o ministro.

Haddad pediu “cautela” sobre a nova ferramenta porque o programa, “muito sofisticado”, passará por um processo de desenvolvimento ao longo das próximas semanas e meses.

“Os bancos vão saber avaliar a estabilidade do emprego, a estabilidade do setor e a estabilidade da empresa. Então, inicia-se, a partir de agora, uma curva de aprendizagem. Eles vão aprender a lidar com uma coisa nova. Mas quando nós domesticarmos esse bicho novo que está nascendo, eu tenho certeza que nós vamos olhar para trás em muito pouco tempo e falar ‘que dia especial o dia do crédito do trabalhador’”, disse o chefe da equipe econômica, para quem a nova modalidade é uma “grande vitória” do trabalhador brasileiro.

O ministro também relembrou em seu discurso medidas na área do crédito que já foram tocadas durante a primeira metade do terceiro mandato de Lula, como o Desenrola e a aprovação do Marco das Garantias. “O Marcos Pinto (secretário de Reformas Econômicas), que está aqui, já liderou vários programas para baixar o crédito com mais garantia, diminuir o spread bancário e eu diria para o senhor (Lula) que este programa que está sendo lançado hoje talvez seja o mais revolucionário no médio prazo de todos esses que eu já citei”, afirmou Haddad.

“A pessoa que nasce sem riqueza ― e nós estamos falando de milhões de brasileiros, que não nascem donos de ação, não nascem donos de patrimônio imobiliário, não nascem donos, às vezes, nem de um automóvel. As pessoas nascem com pouco tempo e têm que se virar. O emprego é muito bom, mas se você associar o emprego à educação de qualidade e a crédito, você vai mudar a história de um país”, disse o ministro./Com Amanda Pupo, Cícero Cotrim e Sofia Aguiar

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 12, que mudanças na política econômica “levam tempo” para acontecer. “Economia não se faz com mágica, não inventa”, afirmou. A declaração ocorreu durante evento de assinatura da medida provisória (MP) que reformula o crédito consignado para trabalhadores do setor privado.

O petista afirmou que seu mandato atual é diferente dos anteriores por ele ser, hoje, “mais experiente”. “Não pensem que tenho direito de fazer absurdo com o Brasil”, disse. Lula ressaltou que seu governo não vai dar “cavalo de pau” e classificou suas políticas como “serenas”.

Em determinado momento de sua fala, Lula se dirigiu ao mercado: “Esse aqui não é um governo de aventureiros, não é um governo de gente sem cara, de gente sem rosto. Aqui, nesse governo, todo mundo tem um compromisso sério com a sua história”, disse.

O presidente aproveitou o discurso para voltar a elogiar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Tenho a felicidade de ter o Haddad como ministro”, afirmou, acrescentando que seu escolhido para comandar a economia brasileira vai “passar para a história como o melhor ministro da Fazenda que esse País já teve”. O presidente disse ainda já ter dito ao ministro que ele precisa “passar charme” quando fala.

Lula durante cerimônia de lançamento do novo crédito do consignado privado, ao lados dos ministros Fernando Haddad e Luiz Marinho Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula também voltou a criticar uma eventual especulação do dólar, dizendo que há “muito agiota fazendo sacanagem com o Brasil”. Ele criticou o que chamou de notícias falsas ou “cretinas”.

“Eu não quero ser um Trump, não quero ser um Milei”, disse, em referência aos presidentes dos Estados Unidos e Argentina. “Eu estou tranquilo, sereno, tenho um bom governo, bons ministros, bons presidentes de banco, bons deputados, bons sindicalistas. Por que eu vou fazer bravata?”

Lula afirmou, ainda, que tem “compromisso com a soberania do Brasil” e que novas políticas públicas serão anunciadas ainda este ano.

Novo consignado privado

Lula disse que esta quarta-feira entrará para a história como um momento “marcante” na política de crédito, defendendo a circulação do dinheiro e a distribuição de renda.

“Eu sempre digo que muito dinheiro na mão de poucos continua sendo miséria, e que pouco dinheiro na mão de muitos significa distribuição de renda, distribuição de riqueza e participação”, disse Lula. “Não há nada mais milagroso para uma economia do que o dinheiro circular na mão de todos.”

O novo consignado privado é uma das medidas lançadas pelo governo com o objetivo de reverter a queda da aprovação do presidente. Pesquisas de opinião têm mostrado uma queda rápida na popularidade de Lula, que atingiu o menor nível dos seus três mandatos.

O presidente disse que a falta de dinheiro é o que impede o combate à fome no mundo. “O alimento hoje é produzido em quantidade suficiente para garantir que todo ser humano possa tomar café, almoçar e jantar todos os dias”, disse, acrescentando que parte dos alimentos se perde porque as pessoas não têm dinheiro para comprar.

Lula acrescentou que é necessário avançar na inclusão social, distribuindo a riqueza produzida. O presidente cobrou que os presidentes de bancos públicos conversem com os gerentes em cidades pequenas para que eles deem importância a todos os clientes, independentemente da classe social, no que classificou como um “processo educacional”.

“As pessoas pobres, às vezes, têm vergonha de chegar na porta dos bancos, eles acham que não foi feito para eles”, disse.

O presidente ainda cobrou que os aliados e militantes propagandeiem o novo crédito consignado privado. “Antes do dia 21, os dirigentes sindicais que estão aqui têm de pegar um carro de som, ir para a porta da fábrica e dizer para os trabalhadores que, agora, eles podem ter crédito barato, para que ele possa sair da mão do agiota, sair da mão de banco que cobra 10%, 12%”, disse.

Lula também cobrou que a nova modalidade seja divulgada em outras esferas da sociedade. “Isso será uma revolução neste País”, disse. “Eu não tenho condição, companheiro Haddad, de quantificar quanto dinheiro pode entrar em circulação neste País”, acrescentou.

O presidente aproveitou para rebater críticas de que não pensaria no desenvolvimento industrial, apenas no consumo. “É exatamente a capacidade de consumo que tem um povo que pode gerar a capacidade de industrialização”, ele disse, defendendo que o consumo atrai investimentos.

Lula ponderou que as pessoas devem evitar usar o crédito para “gastar o que não têm.” Ele garantiu que a política do governo não visa a aumentar o endividamento da população. E completou: “Empréstimo não é feito para pagar outro empréstimo”.

Acesso a crédito barato

Durante seu discurso, Haddad disse que o governo ainda tem muito a fazer para ampliar o acesso ao crédito barato no Brasil. Na avaliação de Haddad, a nova modalidade, que vai começar a rodar no dia 21 de março, talvez seja a medida mais revolucionária para o crédito no médio prazo.

“São 47 milhões de pessoas, 47 milhões de pessoas que hoje estão pagando mais de 5% ao mês de juros no crédito pessoal, às vezes numa emergência, às vezes para trocar um fogão que quebrou, uma geladeira que quebrou, pagando 5% ao mês. Quando, com essa garantia que vai poder ser oferecida, essas taxas podem cair 50% ou mais”, disse o ministro.

Haddad pediu “cautela” sobre a nova ferramenta porque o programa, “muito sofisticado”, passará por um processo de desenvolvimento ao longo das próximas semanas e meses.

“Os bancos vão saber avaliar a estabilidade do emprego, a estabilidade do setor e a estabilidade da empresa. Então, inicia-se, a partir de agora, uma curva de aprendizagem. Eles vão aprender a lidar com uma coisa nova. Mas quando nós domesticarmos esse bicho novo que está nascendo, eu tenho certeza que nós vamos olhar para trás em muito pouco tempo e falar ‘que dia especial o dia do crédito do trabalhador’”, disse o chefe da equipe econômica, para quem a nova modalidade é uma “grande vitória” do trabalhador brasileiro.

O ministro também relembrou em seu discurso medidas na área do crédito que já foram tocadas durante a primeira metade do terceiro mandato de Lula, como o Desenrola e a aprovação do Marco das Garantias. “O Marcos Pinto (secretário de Reformas Econômicas), que está aqui, já liderou vários programas para baixar o crédito com mais garantia, diminuir o spread bancário e eu diria para o senhor (Lula) que este programa que está sendo lançado hoje talvez seja o mais revolucionário no médio prazo de todos esses que eu já citei”, afirmou Haddad.

“A pessoa que nasce sem riqueza ― e nós estamos falando de milhões de brasileiros, que não nascem donos de ação, não nascem donos de patrimônio imobiliário, não nascem donos, às vezes, nem de um automóvel. As pessoas nascem com pouco tempo e têm que se virar. O emprego é muito bom, mas se você associar o emprego à educação de qualidade e a crédito, você vai mudar a história de um país”, disse o ministro./Com Amanda Pupo, Cícero Cotrim e Sofia Aguiar