BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu os memes que circularam nas redes sociais no último mês que deram ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o apelido de “Taxad”. A alcunha começou a ser compartilhada por adversários do governo federal, após a aprovação da “taxa das blusinhas” e a regulamentação da reforma tributária.
“Quando chamam o Haddad de taxador, é porque estamos trabalhando a política para fazer taxação dos mais ricos”, disse, em entrevista à Rádio T, do Paraná, nesta quinta-feira, 15.
Em dezembro do ano passado, Lula sancionou a lei que trata da tributação da renda obtida por meio dos fundos de investimentos exclusivos e aplicações em offshores. O texto foi fruto da aprovação de projeto de conversão de medida provisória (MP) no Congresso. A votação final da proposta ocorreu no Senado no fim de novembro, após passar pela Câmara e sofrer alterações de mérito em relação à MP original, enviada pelo governo federal.
Segundo Lula, porém, “quem reclama de imposto, é rico”. “Eles não gostam de pagar imposto”, comentou. “As pessoas encontram sempre um jeito de não pagar Imposto de Renda. Só quem não encontra é quem trabalha e vive de salário”, afirmou.
Para rebater as críticas em relação a seu ministro, Lula citou o texto da reforma tributária, como a inclusão das carnes na cesta básica com imposto zero. “Eu quero que as pessoas possam ir ao supermercado e sair com carrinho cheio das coisas mais saudáveis que eles puderem comprar, e isso significa que você tem que aumentar o salário das pessoas”, comentou.
Presidência do BC
Lula afirmou ainda que precisa indicar o novo presidente do Banco Central, em substituição a Roberto Campos Neto, “agora” para que a substituição do cargo ocorra no final do ano. Integrantes da ala política do governo estruturam um acordo para que a indicação do novo presidente da instituição monetária seja feita em agosto, no mais tardar setembro, para anteceder as eleições municipais de outubro.
“Estou trocando o presidente do Banco Central. Tenho que indicar o presidente do Banco Central agora, porque será substituído no final do ano”, comentou.
O plano traçado para antecipar o nome do Banco Central para agosto, além do objetivo de esvaziar o poder de Campos Neto, alvo recorrente de críticas de Lula, diminuindo a tensão entre a instituição e o governo federal, tem também um cálculo econômico. A divulgação do nome antes do fim do mandato de Campos Neto pode evitar surpresas e impactos negativos à economia brasileira.
Lula comentou o cenário econômico brasileiro e disse que, apesar de a taxa de juros, a Selic, estar num patamar elevado, “a economia toda não é tocada por essa taxa”. Em sua avaliação, os médios empresários são os que pagam mais caro pelo nível do índice.
“Primeiro precisamos trazer a taxa de juros do Brasil para um patamar razoável, que o mundo inteiro compreenda. Segundo, é preciso que a gente crie condições de facilitar que o dinheiro circule na mão de todo mundo”, disse.
O presidente comentou que a economia brasileira também está pressionada atualmente devido à taxa de juros dos Estados Unidos e pelo valor do dólar. “Achamos que se os americanos começarem a baixar a taxa de juros deles agora em setembro, isso também vai fazer com que isso crie mais facilidade para baixar (a Selic no Brasil)”, avaliou.