BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de “coisa extraordinária”, em discurso no Palácio do Planalto, o pacote de medidas para conter despesas do governo federal anunciado na quarta-feira, 27, em pronunciamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em cadeia de rádio e TV. As ações, detalhadas em coletiva na manhã desta quinta-feira, 28, foram consideradas insuficientes pelos operadores do mercado, e o dólar chegou a bater R$ 6 no pregão ao longo do dia. A escalada do dólar foi a reação negativa ao anúncio da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil, que, embora não integre o pacote de corte de gastos, foi divulgada no mesmo momento.
“Ontem foi anunciada uma coisa extraordinária pelo Haddad, e eu participei da reunião com o presidente do Senado (Rodrigo Pacheco) e com o presidente da Câmara (Arthur Lira), com os líderes da Câmara. É uma medida extraordinária que é de contenção de excesso de despesas, porque nós temos que cumprir o arcabouço fiscal. E ao mesmo tempo apresentamos uma política de renda para que a gente possa garantir que as pessoas que ganhem até R$ 5 mil não paguem Imposto de Renda”, declarou o presidente durante cerimônia de assinatura de aditivo para obras da Ferrovia Transnordestina. O evento foi fechado à imprensa e o áudio foi divulgado pelo Planalto.
O presidente destacou que o pacote para mudança no IRPF também inclui a tributação dos mais ricos, aquelas pessoas que recebem mais de R4 50 mil por mês — R$ 600 mil anuais. “Ao mesmo tempo vamos tributar as pessoas mais ricas, sem nenhum abuso, com muita neutralidade. A gente vai cobrar um percentual daquilo que eles ganham, que é muito baixo. Ou seja, cobrar 10% de quem ganha acima de R$ 50 mil”, disse o presidente.
Lula reiterou que o Congresso Nacional vai discutir as medidas. O presidente aposta que elas serão aprovadas “no momento certo”, para que o Brasil siga um País “de muita inclusão social”.
O desenho proposto pelo governo na reforma do IR funcionará da seguinte forma: quem ganha até R$ 5 milterá isenção completa; aqueles que ganham entre R$ 5 mil e R$ 7,5 mil terão aproveitamento do benefício; e quem ganha acima de R$ 7,5 mil, conforme a escala da tributação do IR, terá uma isenção de até os R$ 2 mil do salário. A renúncia estimada é de R$ 35 bilhões.
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Haverá alíquota mínima de até 10% para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, que vai incidir sobre toda renda que a pessoa física auferiu durante o ano, o que inclui dividendos, aluguéis e Juros Sobre Capital Próprio (JCP). A alíquota começará crescente a partir de R$ 600 mil e vai chegar em 10% para quem ganha mais de R$ 1 milhão. A intenção é que a mudança passe a valer em 2026, sendo discutida ao longo do próximo ano no Congresso.