Lula não pode afrouxar se quiser aprovar PEC e precisa rever ministérios, diz líder do PSD no Senado


Nelsinho Trad, líder da bancada do presidente do Senado, diz que sinal para aprovação da proposta está ‘amarelo’ e que Lula precisa aproveitar período antes da posse para fazer articulação

Por Daniel Weterman
Foto: Eildson Rodrigues/Agência Brasil
Entrevista comNelsinho TradLíder do PSD no Senado

BRASÍLIA - O líder do PSD no Senado, Nelsinho Trad (MS), afirmou que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pode deixar a articulação política “frouxa” se quiser aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição na próxima semana.

Em entrevista ao Estadão, o líder do PSD, partido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), alertou que o sinal para a aprovação da PEC está “amarelo” e que o futuro presidente precisa rever a distribuição de ministérios do governo.

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Líderes do Congresso cobram a nomeação de ministros e a entrega de outros cargos e verbas a partir de janeiro em troca da aprovação da proposta, além da manutenção do orçamento secreto e do apoio à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na presidência da Câmara e do Senado, respectivamente.

“Em uma época pré-recesso, botar 49 senadores para votar tem que ter mobilização, não dá para deixar frouxo porque corre o risco de não ter. Esse é um alerta que o líder do PSD quer deixar”, disse Nelsinho Trad.

Confira os principais trechos da entrevista:

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Senador Nelsinho Trad.  Foto: Dida Sampaio/Estadão

A bancada do PSD vai apoiar a aprovação da PEC da Transição?

Nós vamos apoiar. Para resguardar a preocupação com a economia, o convencimento de flexibilizar os gastos por dois anos prevaleceu.

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Quais alterações a bancada defende?

Queremos que esse dinheiro vá carimbado para não ter desvio de finalidade e esteja especificado na PEC. O governo tem que se dar por satisfeito se essa PEC for aprovada na atual legislatura. Ele vai demonstrar que teve por parte do parlamento uma tolerância, uma confiança, sem ter tomado posse.

A equipe de Lula admitiu aceitar indicações de parlamentares para destinar os recursos. Não é suficiente?

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Quem faz a PEC somos nós. Sobrou o valor no Orçamento e a primeira pergunta que fazem é: sobrou isso aí e vai para onde? Está todo mundo ligado e focado.

É possível aprovar a PEC na semana que vem?

Eu penso que sim. Precisa de voto qualificado. São 49 votos. Em uma época pré-recesso, botar 49 senadores para votar tem que ter mobilização, não dá para deixar frouxo porque corre o risco de não ter. Esse é um alerta que o líder do PSD quer deixar.

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Mesmo depois das reuniões de Lula com os senadores, ainda tem risco de não aprovar?

Mesmo depois. Para arrumar os caras para vir aqui e votar as autoridades (indicações para agências e tribunais, na semana anterior), você não tem noção do que foi. Dá para votar a PEC remotamente, então esse alerta não fica tão no amarelo forte, fica no amarelo fraco, mas é amarelo.

Como o senhor avalia a articulação do governo para aprovar a PEC?

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Quem fez a interlocução conosco são colegas que têm credibilidade e respeito. Ouvi uma crítica dentro da transição que dentro do Senado falta articulação política. Quem criticou não sabe o que é o relacionamento aqui entre os colegas, quer justificar as dificuldades e acaba botando a culpa nos outros.

O senhor tem interlocução com Lula?

O meu partido é Mato Grosso do Sul. A partir do momento que olharem de forma diferenciada para o meu Estado e ajudar no desenvolvimento do meu Estado e do governador meu que foi eleito, eu tô dentro para ajudar. A minha natureza é essa.

O PSD vai participar do governo?

Vejo essa possibilidade, mas é uma decisão do presidente. Ele tem um jogo de xadrez complexo para mexer as peças. O partido quer mais pastas do que ele tinha reservado. O campo que fica em volta dele também quer participação. No caso do MDB, jogaram um “somebody love”, mas o MDB avisou: a Simone é tua, não é do MDB.

Isso dificulta a aprovação da PEC?

Uma coisa que me preocupa é a criação de vários ministérios. Isso aumenta a carga da máquina pública e dificulta o próprio andamento dos investimentos. É algo que precisa ser revisto, nem que tenha um desgaste inicial. A montagem de um time nunca agrada a todos. Para o presidente Lula, eu digo: aproveite que a melhor época para quem foi eleito é do resultado até tomar posse.

Quando o PSD vai oficializar a candidatura de Rodrigo Pacheco à presidência do Senado?

A candidatura é legítima. Toda eleição é difícil e não tem favas contadas. O partido está igual o Gilberto Gil: observando estrelas. Favoritismo existe, mas o poder gera desgaste perante os colegas.

O que precisa ser feito para reeleger Pacheco?

Estender o tapete vermelho para os outros pisarem. Se o governo Lula resolver entrar, ainda mais tendo um mês de posse (em fevereiro), é muito difícil ganhar do governo. O governo tem que entrar para pacificar essa história.

BRASÍLIA - O líder do PSD no Senado, Nelsinho Trad (MS), afirmou que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pode deixar a articulação política “frouxa” se quiser aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição na próxima semana.

Em entrevista ao Estadão, o líder do PSD, partido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), alertou que o sinal para a aprovação da PEC está “amarelo” e que o futuro presidente precisa rever a distribuição de ministérios do governo.

Líderes do Congresso cobram a nomeação de ministros e a entrega de outros cargos e verbas a partir de janeiro em troca da aprovação da proposta, além da manutenção do orçamento secreto e do apoio à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na presidência da Câmara e do Senado, respectivamente.

“Em uma época pré-recesso, botar 49 senadores para votar tem que ter mobilização, não dá para deixar frouxo porque corre o risco de não ter. Esse é um alerta que o líder do PSD quer deixar”, disse Nelsinho Trad.

Confira os principais trechos da entrevista:

Senador Nelsinho Trad.  Foto: Dida Sampaio/Estadão

A bancada do PSD vai apoiar a aprovação da PEC da Transição?

Nós vamos apoiar. Para resguardar a preocupação com a economia, o convencimento de flexibilizar os gastos por dois anos prevaleceu.

Quais alterações a bancada defende?

Queremos que esse dinheiro vá carimbado para não ter desvio de finalidade e esteja especificado na PEC. O governo tem que se dar por satisfeito se essa PEC for aprovada na atual legislatura. Ele vai demonstrar que teve por parte do parlamento uma tolerância, uma confiança, sem ter tomado posse.

A equipe de Lula admitiu aceitar indicações de parlamentares para destinar os recursos. Não é suficiente?

Quem faz a PEC somos nós. Sobrou o valor no Orçamento e a primeira pergunta que fazem é: sobrou isso aí e vai para onde? Está todo mundo ligado e focado.

É possível aprovar a PEC na semana que vem?

Eu penso que sim. Precisa de voto qualificado. São 49 votos. Em uma época pré-recesso, botar 49 senadores para votar tem que ter mobilização, não dá para deixar frouxo porque corre o risco de não ter. Esse é um alerta que o líder do PSD quer deixar.

Mesmo depois das reuniões de Lula com os senadores, ainda tem risco de não aprovar?

Mesmo depois. Para arrumar os caras para vir aqui e votar as autoridades (indicações para agências e tribunais, na semana anterior), você não tem noção do que foi. Dá para votar a PEC remotamente, então esse alerta não fica tão no amarelo forte, fica no amarelo fraco, mas é amarelo.

Como o senhor avalia a articulação do governo para aprovar a PEC?

Quem fez a interlocução conosco são colegas que têm credibilidade e respeito. Ouvi uma crítica dentro da transição que dentro do Senado falta articulação política. Quem criticou não sabe o que é o relacionamento aqui entre os colegas, quer justificar as dificuldades e acaba botando a culpa nos outros.

O senhor tem interlocução com Lula?

O meu partido é Mato Grosso do Sul. A partir do momento que olharem de forma diferenciada para o meu Estado e ajudar no desenvolvimento do meu Estado e do governador meu que foi eleito, eu tô dentro para ajudar. A minha natureza é essa.

O PSD vai participar do governo?

Vejo essa possibilidade, mas é uma decisão do presidente. Ele tem um jogo de xadrez complexo para mexer as peças. O partido quer mais pastas do que ele tinha reservado. O campo que fica em volta dele também quer participação. No caso do MDB, jogaram um “somebody love”, mas o MDB avisou: a Simone é tua, não é do MDB.

Isso dificulta a aprovação da PEC?

Uma coisa que me preocupa é a criação de vários ministérios. Isso aumenta a carga da máquina pública e dificulta o próprio andamento dos investimentos. É algo que precisa ser revisto, nem que tenha um desgaste inicial. A montagem de um time nunca agrada a todos. Para o presidente Lula, eu digo: aproveite que a melhor época para quem foi eleito é do resultado até tomar posse.

Quando o PSD vai oficializar a candidatura de Rodrigo Pacheco à presidência do Senado?

A candidatura é legítima. Toda eleição é difícil e não tem favas contadas. O partido está igual o Gilberto Gil: observando estrelas. Favoritismo existe, mas o poder gera desgaste perante os colegas.

O que precisa ser feito para reeleger Pacheco?

Estender o tapete vermelho para os outros pisarem. Se o governo Lula resolver entrar, ainda mais tendo um mês de posse (em fevereiro), é muito difícil ganhar do governo. O governo tem que entrar para pacificar essa história.

BRASÍLIA - O líder do PSD no Senado, Nelsinho Trad (MS), afirmou que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pode deixar a articulação política “frouxa” se quiser aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição na próxima semana.

Em entrevista ao Estadão, o líder do PSD, partido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), alertou que o sinal para a aprovação da PEC está “amarelo” e que o futuro presidente precisa rever a distribuição de ministérios do governo.

Líderes do Congresso cobram a nomeação de ministros e a entrega de outros cargos e verbas a partir de janeiro em troca da aprovação da proposta, além da manutenção do orçamento secreto e do apoio à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na presidência da Câmara e do Senado, respectivamente.

“Em uma época pré-recesso, botar 49 senadores para votar tem que ter mobilização, não dá para deixar frouxo porque corre o risco de não ter. Esse é um alerta que o líder do PSD quer deixar”, disse Nelsinho Trad.

Confira os principais trechos da entrevista:

Senador Nelsinho Trad.  Foto: Dida Sampaio/Estadão

A bancada do PSD vai apoiar a aprovação da PEC da Transição?

Nós vamos apoiar. Para resguardar a preocupação com a economia, o convencimento de flexibilizar os gastos por dois anos prevaleceu.

Quais alterações a bancada defende?

Queremos que esse dinheiro vá carimbado para não ter desvio de finalidade e esteja especificado na PEC. O governo tem que se dar por satisfeito se essa PEC for aprovada na atual legislatura. Ele vai demonstrar que teve por parte do parlamento uma tolerância, uma confiança, sem ter tomado posse.

A equipe de Lula admitiu aceitar indicações de parlamentares para destinar os recursos. Não é suficiente?

Quem faz a PEC somos nós. Sobrou o valor no Orçamento e a primeira pergunta que fazem é: sobrou isso aí e vai para onde? Está todo mundo ligado e focado.

É possível aprovar a PEC na semana que vem?

Eu penso que sim. Precisa de voto qualificado. São 49 votos. Em uma época pré-recesso, botar 49 senadores para votar tem que ter mobilização, não dá para deixar frouxo porque corre o risco de não ter. Esse é um alerta que o líder do PSD quer deixar.

Mesmo depois das reuniões de Lula com os senadores, ainda tem risco de não aprovar?

Mesmo depois. Para arrumar os caras para vir aqui e votar as autoridades (indicações para agências e tribunais, na semana anterior), você não tem noção do que foi. Dá para votar a PEC remotamente, então esse alerta não fica tão no amarelo forte, fica no amarelo fraco, mas é amarelo.

Como o senhor avalia a articulação do governo para aprovar a PEC?

Quem fez a interlocução conosco são colegas que têm credibilidade e respeito. Ouvi uma crítica dentro da transição que dentro do Senado falta articulação política. Quem criticou não sabe o que é o relacionamento aqui entre os colegas, quer justificar as dificuldades e acaba botando a culpa nos outros.

O senhor tem interlocução com Lula?

O meu partido é Mato Grosso do Sul. A partir do momento que olharem de forma diferenciada para o meu Estado e ajudar no desenvolvimento do meu Estado e do governador meu que foi eleito, eu tô dentro para ajudar. A minha natureza é essa.

O PSD vai participar do governo?

Vejo essa possibilidade, mas é uma decisão do presidente. Ele tem um jogo de xadrez complexo para mexer as peças. O partido quer mais pastas do que ele tinha reservado. O campo que fica em volta dele também quer participação. No caso do MDB, jogaram um “somebody love”, mas o MDB avisou: a Simone é tua, não é do MDB.

Isso dificulta a aprovação da PEC?

Uma coisa que me preocupa é a criação de vários ministérios. Isso aumenta a carga da máquina pública e dificulta o próprio andamento dos investimentos. É algo que precisa ser revisto, nem que tenha um desgaste inicial. A montagem de um time nunca agrada a todos. Para o presidente Lula, eu digo: aproveite que a melhor época para quem foi eleito é do resultado até tomar posse.

Quando o PSD vai oficializar a candidatura de Rodrigo Pacheco à presidência do Senado?

A candidatura é legítima. Toda eleição é difícil e não tem favas contadas. O partido está igual o Gilberto Gil: observando estrelas. Favoritismo existe, mas o poder gera desgaste perante os colegas.

O que precisa ser feito para reeleger Pacheco?

Estender o tapete vermelho para os outros pisarem. Se o governo Lula resolver entrar, ainda mais tendo um mês de posse (em fevereiro), é muito difícil ganhar do governo. O governo tem que entrar para pacificar essa história.

BRASÍLIA - O líder do PSD no Senado, Nelsinho Trad (MS), afirmou que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pode deixar a articulação política “frouxa” se quiser aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição na próxima semana.

Em entrevista ao Estadão, o líder do PSD, partido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), alertou que o sinal para a aprovação da PEC está “amarelo” e que o futuro presidente precisa rever a distribuição de ministérios do governo.

Líderes do Congresso cobram a nomeação de ministros e a entrega de outros cargos e verbas a partir de janeiro em troca da aprovação da proposta, além da manutenção do orçamento secreto e do apoio à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na presidência da Câmara e do Senado, respectivamente.

“Em uma época pré-recesso, botar 49 senadores para votar tem que ter mobilização, não dá para deixar frouxo porque corre o risco de não ter. Esse é um alerta que o líder do PSD quer deixar”, disse Nelsinho Trad.

Confira os principais trechos da entrevista:

Senador Nelsinho Trad.  Foto: Dida Sampaio/Estadão

A bancada do PSD vai apoiar a aprovação da PEC da Transição?

Nós vamos apoiar. Para resguardar a preocupação com a economia, o convencimento de flexibilizar os gastos por dois anos prevaleceu.

Quais alterações a bancada defende?

Queremos que esse dinheiro vá carimbado para não ter desvio de finalidade e esteja especificado na PEC. O governo tem que se dar por satisfeito se essa PEC for aprovada na atual legislatura. Ele vai demonstrar que teve por parte do parlamento uma tolerância, uma confiança, sem ter tomado posse.

A equipe de Lula admitiu aceitar indicações de parlamentares para destinar os recursos. Não é suficiente?

Quem faz a PEC somos nós. Sobrou o valor no Orçamento e a primeira pergunta que fazem é: sobrou isso aí e vai para onde? Está todo mundo ligado e focado.

É possível aprovar a PEC na semana que vem?

Eu penso que sim. Precisa de voto qualificado. São 49 votos. Em uma época pré-recesso, botar 49 senadores para votar tem que ter mobilização, não dá para deixar frouxo porque corre o risco de não ter. Esse é um alerta que o líder do PSD quer deixar.

Mesmo depois das reuniões de Lula com os senadores, ainda tem risco de não aprovar?

Mesmo depois. Para arrumar os caras para vir aqui e votar as autoridades (indicações para agências e tribunais, na semana anterior), você não tem noção do que foi. Dá para votar a PEC remotamente, então esse alerta não fica tão no amarelo forte, fica no amarelo fraco, mas é amarelo.

Como o senhor avalia a articulação do governo para aprovar a PEC?

Quem fez a interlocução conosco são colegas que têm credibilidade e respeito. Ouvi uma crítica dentro da transição que dentro do Senado falta articulação política. Quem criticou não sabe o que é o relacionamento aqui entre os colegas, quer justificar as dificuldades e acaba botando a culpa nos outros.

O senhor tem interlocução com Lula?

O meu partido é Mato Grosso do Sul. A partir do momento que olharem de forma diferenciada para o meu Estado e ajudar no desenvolvimento do meu Estado e do governador meu que foi eleito, eu tô dentro para ajudar. A minha natureza é essa.

O PSD vai participar do governo?

Vejo essa possibilidade, mas é uma decisão do presidente. Ele tem um jogo de xadrez complexo para mexer as peças. O partido quer mais pastas do que ele tinha reservado. O campo que fica em volta dele também quer participação. No caso do MDB, jogaram um “somebody love”, mas o MDB avisou: a Simone é tua, não é do MDB.

Isso dificulta a aprovação da PEC?

Uma coisa que me preocupa é a criação de vários ministérios. Isso aumenta a carga da máquina pública e dificulta o próprio andamento dos investimentos. É algo que precisa ser revisto, nem que tenha um desgaste inicial. A montagem de um time nunca agrada a todos. Para o presidente Lula, eu digo: aproveite que a melhor época para quem foi eleito é do resultado até tomar posse.

Quando o PSD vai oficializar a candidatura de Rodrigo Pacheco à presidência do Senado?

A candidatura é legítima. Toda eleição é difícil e não tem favas contadas. O partido está igual o Gilberto Gil: observando estrelas. Favoritismo existe, mas o poder gera desgaste perante os colegas.

O que precisa ser feito para reeleger Pacheco?

Estender o tapete vermelho para os outros pisarem. Se o governo Lula resolver entrar, ainda mais tendo um mês de posse (em fevereiro), é muito difícil ganhar do governo. O governo tem que entrar para pacificar essa história.

BRASÍLIA - O líder do PSD no Senado, Nelsinho Trad (MS), afirmou que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pode deixar a articulação política “frouxa” se quiser aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição na próxima semana.

Em entrevista ao Estadão, o líder do PSD, partido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), alertou que o sinal para a aprovação da PEC está “amarelo” e que o futuro presidente precisa rever a distribuição de ministérios do governo.

Líderes do Congresso cobram a nomeação de ministros e a entrega de outros cargos e verbas a partir de janeiro em troca da aprovação da proposta, além da manutenção do orçamento secreto e do apoio à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na presidência da Câmara e do Senado, respectivamente.

“Em uma época pré-recesso, botar 49 senadores para votar tem que ter mobilização, não dá para deixar frouxo porque corre o risco de não ter. Esse é um alerta que o líder do PSD quer deixar”, disse Nelsinho Trad.

Confira os principais trechos da entrevista:

Senador Nelsinho Trad.  Foto: Dida Sampaio/Estadão

A bancada do PSD vai apoiar a aprovação da PEC da Transição?

Nós vamos apoiar. Para resguardar a preocupação com a economia, o convencimento de flexibilizar os gastos por dois anos prevaleceu.

Quais alterações a bancada defende?

Queremos que esse dinheiro vá carimbado para não ter desvio de finalidade e esteja especificado na PEC. O governo tem que se dar por satisfeito se essa PEC for aprovada na atual legislatura. Ele vai demonstrar que teve por parte do parlamento uma tolerância, uma confiança, sem ter tomado posse.

A equipe de Lula admitiu aceitar indicações de parlamentares para destinar os recursos. Não é suficiente?

Quem faz a PEC somos nós. Sobrou o valor no Orçamento e a primeira pergunta que fazem é: sobrou isso aí e vai para onde? Está todo mundo ligado e focado.

É possível aprovar a PEC na semana que vem?

Eu penso que sim. Precisa de voto qualificado. São 49 votos. Em uma época pré-recesso, botar 49 senadores para votar tem que ter mobilização, não dá para deixar frouxo porque corre o risco de não ter. Esse é um alerta que o líder do PSD quer deixar.

Mesmo depois das reuniões de Lula com os senadores, ainda tem risco de não aprovar?

Mesmo depois. Para arrumar os caras para vir aqui e votar as autoridades (indicações para agências e tribunais, na semana anterior), você não tem noção do que foi. Dá para votar a PEC remotamente, então esse alerta não fica tão no amarelo forte, fica no amarelo fraco, mas é amarelo.

Como o senhor avalia a articulação do governo para aprovar a PEC?

Quem fez a interlocução conosco são colegas que têm credibilidade e respeito. Ouvi uma crítica dentro da transição que dentro do Senado falta articulação política. Quem criticou não sabe o que é o relacionamento aqui entre os colegas, quer justificar as dificuldades e acaba botando a culpa nos outros.

O senhor tem interlocução com Lula?

O meu partido é Mato Grosso do Sul. A partir do momento que olharem de forma diferenciada para o meu Estado e ajudar no desenvolvimento do meu Estado e do governador meu que foi eleito, eu tô dentro para ajudar. A minha natureza é essa.

O PSD vai participar do governo?

Vejo essa possibilidade, mas é uma decisão do presidente. Ele tem um jogo de xadrez complexo para mexer as peças. O partido quer mais pastas do que ele tinha reservado. O campo que fica em volta dele também quer participação. No caso do MDB, jogaram um “somebody love”, mas o MDB avisou: a Simone é tua, não é do MDB.

Isso dificulta a aprovação da PEC?

Uma coisa que me preocupa é a criação de vários ministérios. Isso aumenta a carga da máquina pública e dificulta o próprio andamento dos investimentos. É algo que precisa ser revisto, nem que tenha um desgaste inicial. A montagem de um time nunca agrada a todos. Para o presidente Lula, eu digo: aproveite que a melhor época para quem foi eleito é do resultado até tomar posse.

Quando o PSD vai oficializar a candidatura de Rodrigo Pacheco à presidência do Senado?

A candidatura é legítima. Toda eleição é difícil e não tem favas contadas. O partido está igual o Gilberto Gil: observando estrelas. Favoritismo existe, mas o poder gera desgaste perante os colegas.

O que precisa ser feito para reeleger Pacheco?

Estender o tapete vermelho para os outros pisarem. Se o governo Lula resolver entrar, ainda mais tendo um mês de posse (em fevereiro), é muito difícil ganhar do governo. O governo tem que entrar para pacificar essa história.

Entrevista por Daniel Weterman

Repórter do Estadão em Brasília (DF), com experiência em economia, política e investigação. Participou das coberturas que desvendaram o orçamento secreto, a emenda Pix, as irregularidades cometidas pelo ministro das Comunicações, Juscelino Filho, e o descontrole no orçamento do Ministério da Saúde. Vencedor dos prêmios IREE, Ielusc e Estadão.

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