Opinião|Lula concorre ao prêmio de melhor amigo do especulador, apesar da bandeira de amigo dos pobres


Dúvidas sobre finanças públicas e sobre pressões inflacionárias são alimentos para a especulação; Lula talvez conheça isso, mas seja incapaz de controlar os mais perigosos impulsos petistas

Por Rolf Kuntz

Desastrado e voluntarista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode concorrer ao prêmio de melhor amigo do especulador, embora continue carregando a bandeira de amigo dos pobres. Favoreceu a especulação quando reagiu à primeira notícia sobre perdas de arroz no Rio Grande do Sul. Sem uma boa informação sobre os danos e as condições de abastecimento, anunciou a intenção de importar um milhão de toneladas. Promoveu um leilão mal planejado, atraiu empresas sem condições de realizar a tarefa e acabou forçado a anular todo o arranjo. Empresas mais qualificadas nem sequer se apresentaram.

Novo tropeço ocorreu pouco depois, quando o presidente ignorou as inquietações do mercado em relação ao futuro do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, num cenário já complicado pela tensão cambial.

Como se vivesse em outra dimensão, o presidente Lula falou, em evento no Rio de Janeiro, sobre arrumação das contas públicas, favorecida, segundo ele, pelo aumento da arrecadação e pela redução da taxa de juros. Não explicou, nem poderia explicar, como se baixarão os juros, no Brasil, quando pioram as expectativas de inflação e se mantém o aperto monetário nos Estados Unidos.

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No mesmo dia, os dirigentes do Federal Reserve, o banco central americano, haviam anunciado a manutenção dos juros básicos na faixa de 5,25% a 5,50%. Essa condição, segundo indicaram, provavelmente será preservada por vários meses, até haver maior confiança quanto à convergência da inflação para a meta de 2%.

Kuntz: 'Em vez de falar dos juros, assunto de competência do BC, o presidente Lula deveria cuidar mais seriamente da arrumação das contas federais' Foto: Wilton Júnior/Estadão

A recente baixa de juros pelo Banco Central Europeu é menos importante para a política monetária brasileira, até porque nenhum compromisso foi anunciado pela autoridade europeia em relação a novos cortes.

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Com atividade vigorosa e boas condições de emprego nos Estados Unidos, o Federal Reserve pode manter juros elevados sem grande preocupação quanto aos custos econômicos de sua política. Mas essa política produz efeitos no mercado internacional. Também o Brasil é afetado. Por isso, os membros do Copom, o Comitê de Política Monetária do BC, devem levar em conta os juros americanos ao decidir as condições de crédito no País.

O assunto será discutido, certamente, na próxima reunião do comitê, marcada para os dias 18 e 19 de junho. Embora o presidente Lula fale com aparente certeza sobre novos cortes da taxa, a autoridade monetária deverá reexaminar todo o cenário — interno e externo — antes de proclamar sua decisão. Se houver um novo corte, ficará em 0,25 ponto porcentual, segundo avaliação corrente no mercado. Há quem fale em uma redução maior, mas as projeções dominantes são de uma decisão cautelosa. Alguns analistas admitem até uma interrupção na política de afrouxamento monetário. Não se pode, no entanto, eliminar a hipótese de alguma surpresa, num momento de mudança na composição do Copom.

Em vez de falar dos juros, assunto de competência do BC, o presidente Lula deveria cuidar mais seriamente da arrumação das contas federais. Isso envolveria um reexame e um corte dos gastos, numa orientação mais compatível com os objetivos indicados pelo ministro da Fazenda. Redução de gastos, no entanto, tem sido um tema quase inimaginável no discurso presidencial. Quanto a esse ponto, Lula continua a se mostrar fidelíssimo aos padrões petistas e às bandeiras da chefe de seu partido, a deputada Gleisi Hoffmann.

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Enquanto a gastança petista prevalecer, permanecerá a insegurança quanto à evolução das contas públicas. Também persistirão dúvidas muito sérias sobre o controle da inflação. O presidente Lula tem prometido mais investimentos, mas elevar as despesas de capital num quadro de incerteza fiscal pode ser desastroso.

Grandes dúvidas sobre as finanças públicas e sobre as pressões inflacionárias são alimentos muito nutritivos para a especulação e, em algumas circunstâncias, para perdas cambiais. Com sua longa experiência, o presidente da República deveria conhecer todos esses detalhes. Talvez os conheça, mas seja incapaz, às vezes, de controlar os mais perigosos impulsos petistas.

Desastrado e voluntarista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode concorrer ao prêmio de melhor amigo do especulador, embora continue carregando a bandeira de amigo dos pobres. Favoreceu a especulação quando reagiu à primeira notícia sobre perdas de arroz no Rio Grande do Sul. Sem uma boa informação sobre os danos e as condições de abastecimento, anunciou a intenção de importar um milhão de toneladas. Promoveu um leilão mal planejado, atraiu empresas sem condições de realizar a tarefa e acabou forçado a anular todo o arranjo. Empresas mais qualificadas nem sequer se apresentaram.

Novo tropeço ocorreu pouco depois, quando o presidente ignorou as inquietações do mercado em relação ao futuro do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, num cenário já complicado pela tensão cambial.

Como se vivesse em outra dimensão, o presidente Lula falou, em evento no Rio de Janeiro, sobre arrumação das contas públicas, favorecida, segundo ele, pelo aumento da arrecadação e pela redução da taxa de juros. Não explicou, nem poderia explicar, como se baixarão os juros, no Brasil, quando pioram as expectativas de inflação e se mantém o aperto monetário nos Estados Unidos.

No mesmo dia, os dirigentes do Federal Reserve, o banco central americano, haviam anunciado a manutenção dos juros básicos na faixa de 5,25% a 5,50%. Essa condição, segundo indicaram, provavelmente será preservada por vários meses, até haver maior confiança quanto à convergência da inflação para a meta de 2%.

Kuntz: 'Em vez de falar dos juros, assunto de competência do BC, o presidente Lula deveria cuidar mais seriamente da arrumação das contas federais' Foto: Wilton Júnior/Estadão

A recente baixa de juros pelo Banco Central Europeu é menos importante para a política monetária brasileira, até porque nenhum compromisso foi anunciado pela autoridade europeia em relação a novos cortes.

Com atividade vigorosa e boas condições de emprego nos Estados Unidos, o Federal Reserve pode manter juros elevados sem grande preocupação quanto aos custos econômicos de sua política. Mas essa política produz efeitos no mercado internacional. Também o Brasil é afetado. Por isso, os membros do Copom, o Comitê de Política Monetária do BC, devem levar em conta os juros americanos ao decidir as condições de crédito no País.

O assunto será discutido, certamente, na próxima reunião do comitê, marcada para os dias 18 e 19 de junho. Embora o presidente Lula fale com aparente certeza sobre novos cortes da taxa, a autoridade monetária deverá reexaminar todo o cenário — interno e externo — antes de proclamar sua decisão. Se houver um novo corte, ficará em 0,25 ponto porcentual, segundo avaliação corrente no mercado. Há quem fale em uma redução maior, mas as projeções dominantes são de uma decisão cautelosa. Alguns analistas admitem até uma interrupção na política de afrouxamento monetário. Não se pode, no entanto, eliminar a hipótese de alguma surpresa, num momento de mudança na composição do Copom.

Em vez de falar dos juros, assunto de competência do BC, o presidente Lula deveria cuidar mais seriamente da arrumação das contas federais. Isso envolveria um reexame e um corte dos gastos, numa orientação mais compatível com os objetivos indicados pelo ministro da Fazenda. Redução de gastos, no entanto, tem sido um tema quase inimaginável no discurso presidencial. Quanto a esse ponto, Lula continua a se mostrar fidelíssimo aos padrões petistas e às bandeiras da chefe de seu partido, a deputada Gleisi Hoffmann.

Enquanto a gastança petista prevalecer, permanecerá a insegurança quanto à evolução das contas públicas. Também persistirão dúvidas muito sérias sobre o controle da inflação. O presidente Lula tem prometido mais investimentos, mas elevar as despesas de capital num quadro de incerteza fiscal pode ser desastroso.

Grandes dúvidas sobre as finanças públicas e sobre as pressões inflacionárias são alimentos muito nutritivos para a especulação e, em algumas circunstâncias, para perdas cambiais. Com sua longa experiência, o presidente da República deveria conhecer todos esses detalhes. Talvez os conheça, mas seja incapaz, às vezes, de controlar os mais perigosos impulsos petistas.

Desastrado e voluntarista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode concorrer ao prêmio de melhor amigo do especulador, embora continue carregando a bandeira de amigo dos pobres. Favoreceu a especulação quando reagiu à primeira notícia sobre perdas de arroz no Rio Grande do Sul. Sem uma boa informação sobre os danos e as condições de abastecimento, anunciou a intenção de importar um milhão de toneladas. Promoveu um leilão mal planejado, atraiu empresas sem condições de realizar a tarefa e acabou forçado a anular todo o arranjo. Empresas mais qualificadas nem sequer se apresentaram.

Novo tropeço ocorreu pouco depois, quando o presidente ignorou as inquietações do mercado em relação ao futuro do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, num cenário já complicado pela tensão cambial.

Como se vivesse em outra dimensão, o presidente Lula falou, em evento no Rio de Janeiro, sobre arrumação das contas públicas, favorecida, segundo ele, pelo aumento da arrecadação e pela redução da taxa de juros. Não explicou, nem poderia explicar, como se baixarão os juros, no Brasil, quando pioram as expectativas de inflação e se mantém o aperto monetário nos Estados Unidos.

No mesmo dia, os dirigentes do Federal Reserve, o banco central americano, haviam anunciado a manutenção dos juros básicos na faixa de 5,25% a 5,50%. Essa condição, segundo indicaram, provavelmente será preservada por vários meses, até haver maior confiança quanto à convergência da inflação para a meta de 2%.

Kuntz: 'Em vez de falar dos juros, assunto de competência do BC, o presidente Lula deveria cuidar mais seriamente da arrumação das contas federais' Foto: Wilton Júnior/Estadão

A recente baixa de juros pelo Banco Central Europeu é menos importante para a política monetária brasileira, até porque nenhum compromisso foi anunciado pela autoridade europeia em relação a novos cortes.

Com atividade vigorosa e boas condições de emprego nos Estados Unidos, o Federal Reserve pode manter juros elevados sem grande preocupação quanto aos custos econômicos de sua política. Mas essa política produz efeitos no mercado internacional. Também o Brasil é afetado. Por isso, os membros do Copom, o Comitê de Política Monetária do BC, devem levar em conta os juros americanos ao decidir as condições de crédito no País.

O assunto será discutido, certamente, na próxima reunião do comitê, marcada para os dias 18 e 19 de junho. Embora o presidente Lula fale com aparente certeza sobre novos cortes da taxa, a autoridade monetária deverá reexaminar todo o cenário — interno e externo — antes de proclamar sua decisão. Se houver um novo corte, ficará em 0,25 ponto porcentual, segundo avaliação corrente no mercado. Há quem fale em uma redução maior, mas as projeções dominantes são de uma decisão cautelosa. Alguns analistas admitem até uma interrupção na política de afrouxamento monetário. Não se pode, no entanto, eliminar a hipótese de alguma surpresa, num momento de mudança na composição do Copom.

Em vez de falar dos juros, assunto de competência do BC, o presidente Lula deveria cuidar mais seriamente da arrumação das contas federais. Isso envolveria um reexame e um corte dos gastos, numa orientação mais compatível com os objetivos indicados pelo ministro da Fazenda. Redução de gastos, no entanto, tem sido um tema quase inimaginável no discurso presidencial. Quanto a esse ponto, Lula continua a se mostrar fidelíssimo aos padrões petistas e às bandeiras da chefe de seu partido, a deputada Gleisi Hoffmann.

Enquanto a gastança petista prevalecer, permanecerá a insegurança quanto à evolução das contas públicas. Também persistirão dúvidas muito sérias sobre o controle da inflação. O presidente Lula tem prometido mais investimentos, mas elevar as despesas de capital num quadro de incerteza fiscal pode ser desastroso.

Grandes dúvidas sobre as finanças públicas e sobre as pressões inflacionárias são alimentos muito nutritivos para a especulação e, em algumas circunstâncias, para perdas cambiais. Com sua longa experiência, o presidente da República deveria conhecer todos esses detalhes. Talvez os conheça, mas seja incapaz, às vezes, de controlar os mais perigosos impulsos petistas.

Desastrado e voluntarista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode concorrer ao prêmio de melhor amigo do especulador, embora continue carregando a bandeira de amigo dos pobres. Favoreceu a especulação quando reagiu à primeira notícia sobre perdas de arroz no Rio Grande do Sul. Sem uma boa informação sobre os danos e as condições de abastecimento, anunciou a intenção de importar um milhão de toneladas. Promoveu um leilão mal planejado, atraiu empresas sem condições de realizar a tarefa e acabou forçado a anular todo o arranjo. Empresas mais qualificadas nem sequer se apresentaram.

Novo tropeço ocorreu pouco depois, quando o presidente ignorou as inquietações do mercado em relação ao futuro do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, num cenário já complicado pela tensão cambial.

Como se vivesse em outra dimensão, o presidente Lula falou, em evento no Rio de Janeiro, sobre arrumação das contas públicas, favorecida, segundo ele, pelo aumento da arrecadação e pela redução da taxa de juros. Não explicou, nem poderia explicar, como se baixarão os juros, no Brasil, quando pioram as expectativas de inflação e se mantém o aperto monetário nos Estados Unidos.

No mesmo dia, os dirigentes do Federal Reserve, o banco central americano, haviam anunciado a manutenção dos juros básicos na faixa de 5,25% a 5,50%. Essa condição, segundo indicaram, provavelmente será preservada por vários meses, até haver maior confiança quanto à convergência da inflação para a meta de 2%.

Kuntz: 'Em vez de falar dos juros, assunto de competência do BC, o presidente Lula deveria cuidar mais seriamente da arrumação das contas federais' Foto: Wilton Júnior/Estadão

A recente baixa de juros pelo Banco Central Europeu é menos importante para a política monetária brasileira, até porque nenhum compromisso foi anunciado pela autoridade europeia em relação a novos cortes.

Com atividade vigorosa e boas condições de emprego nos Estados Unidos, o Federal Reserve pode manter juros elevados sem grande preocupação quanto aos custos econômicos de sua política. Mas essa política produz efeitos no mercado internacional. Também o Brasil é afetado. Por isso, os membros do Copom, o Comitê de Política Monetária do BC, devem levar em conta os juros americanos ao decidir as condições de crédito no País.

O assunto será discutido, certamente, na próxima reunião do comitê, marcada para os dias 18 e 19 de junho. Embora o presidente Lula fale com aparente certeza sobre novos cortes da taxa, a autoridade monetária deverá reexaminar todo o cenário — interno e externo — antes de proclamar sua decisão. Se houver um novo corte, ficará em 0,25 ponto porcentual, segundo avaliação corrente no mercado. Há quem fale em uma redução maior, mas as projeções dominantes são de uma decisão cautelosa. Alguns analistas admitem até uma interrupção na política de afrouxamento monetário. Não se pode, no entanto, eliminar a hipótese de alguma surpresa, num momento de mudança na composição do Copom.

Em vez de falar dos juros, assunto de competência do BC, o presidente Lula deveria cuidar mais seriamente da arrumação das contas federais. Isso envolveria um reexame e um corte dos gastos, numa orientação mais compatível com os objetivos indicados pelo ministro da Fazenda. Redução de gastos, no entanto, tem sido um tema quase inimaginável no discurso presidencial. Quanto a esse ponto, Lula continua a se mostrar fidelíssimo aos padrões petistas e às bandeiras da chefe de seu partido, a deputada Gleisi Hoffmann.

Enquanto a gastança petista prevalecer, permanecerá a insegurança quanto à evolução das contas públicas. Também persistirão dúvidas muito sérias sobre o controle da inflação. O presidente Lula tem prometido mais investimentos, mas elevar as despesas de capital num quadro de incerteza fiscal pode ser desastroso.

Grandes dúvidas sobre as finanças públicas e sobre as pressões inflacionárias são alimentos muito nutritivos para a especulação e, em algumas circunstâncias, para perdas cambiais. Com sua longa experiência, o presidente da República deveria conhecer todos esses detalhes. Talvez os conheça, mas seja incapaz, às vezes, de controlar os mais perigosos impulsos petistas.

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