Os cinco maiores países consumidores de petróleo do mundo - Estados Unidos, China, Japão, Índia e Coréia do Sul - fizeram um apelo hoje para que os países produtores elevem suas produções para conter a alta dos preços que ameaça a economia mundial. Ao mesmo tempo, eles prometeram desenvolver tecnologia de energia limpa e melhorar a eficiência. O encontro dos ministros de Energia dos cinco maiores consumidores de petróleo ocorreu um dia antes da conferência de energia do G-8, dos países mais industrializados e a Rússia, no Japão. Os ministros de Gabinete dos cinco países, que respondem por mais da metade do consumo mundial de energia, concordaram que a acentuada alta nos preços do petróleo é uma ameaça à economia mundial e a produção deve ser elevada para atender a crescente demanda. "Os preços atuais do petróleo estão em níveis anormais", disse o ministro de Comércio do Japão, Akira Amari, que foi o anfitrião do encontro na cidade de Aomori. "Existe uma esmagadora falta de investimento e os níveis de produção mal cresceram ao longos de vários anos", afirmou. Os preços do petróleo registraram a maior alta em um único dia ontem, disparando US$ 10,75, ou 8,41%, para fechar a US$ 138,54 por barril no mercado futuro em Nova York, depois de marcar US$ 139,12 por barril na máxima. Isso depois de uma alta de US$ 5,50 no dia anterior, levando os futuros de petróleo a acumularem um ganho de mais de 13% em apenas dois dias. A produção mundial de petróleo está estagnada em cerca de 85 milhões de barris/dia desde 2005, enquanto o crescimento econômico global - impulsionado pelas espetaculares taxas de expansão das economias da Índia e China - elevaram a demanda para níveis sem precedentes. Analistas também têm citado a queda do dólar frente ao euro e outras moedas, os temores sobre a oferta no longo prazo do petróleo e agressiva ação de especuladores, como fatores que ajudaram a elevar os preços da commodity. Os grandes países consumidores argumentam que os níveis sem precedentes dos preços do petróleo são contrários aos interesses tanto de produtores quanto de consumidores, e ainda impõem um "pesado encargo" aos países em desenvolvimento. Os ministros também prometeram diversificar suas fontes de energia, investir em combustíveis alternativos e renováveis, reforçar a cooperação em estoques estratégicos de petróleo e melhorar a qualidade dos dados sobre produção e estoques disponíveis aos mercados. Subsídios Mas o grupo tem divergências com relação aos subsídios. A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que os subsídios de petróleo na China, Índia e países do Oriente Médio somaram cerca de US$ 5 bilhões no ano passado. Os Estados Unidos, que também têm seus próprios subsídios de energia, pediram a esses países que reduzam esses subsídios, que permite que os consumidores domésticos tenham acesso a uma gasolina mais barata. Os subsídios protegem os consumidores dos preços mais altos, o que impede a queda no consumo apesar da elevação das cotações internacionais. Contudo, os governos da China e da Índia, embora tenham assinado o comunicado conjunto que reconhece a necessidade de eventualmente reduzir esses subsídios, argumentam que uma remoção muito rápida poderá desencadear instabilidade política e econômica. "Estamos adotando medidas muito precisas e delicadas para que não venham a desestabilizar o governo", disse Zhang Guibao, delegado da China. "Se enfrentarmos tais problemas em um país como a China, com uma grande população, os impactos adversos poderão ser sentidos através do mundo", acrescentou. A Índia já enfrenta tais efeitos. Na quarta-feira, o governo indiano elevou os preços da gasolina e do diesel, que desencadeou protestos de consumidores furiosos que bloquearam trilhos de trens e estradas e forçaram as empresas a fecharam centros de software, como Hyderabad. Em Nova Délhi, a política usou canhões de água para dispersar a multidão que tinha rompido as barreiras no prédio do parlamento.