Malan, Arida, Armínio e Bacha explicam por que vão votar em Lula no 2º turno


Por décadas alvo de críticas vindas do PT, economistas ligados ao Plano Real formalizaram em conjunto apoio à chapa Lula-Alckmin

Por Adriana Fernandes
Atualização:

BRASÍLIA - A articulação dos economistas Pedro Malan, Persio Arida, Edmar Bacha e Armínio Fraga para apoiar a chapa Lula-Alckmin no segundo turno das eleições é histórica. Os quatro expoentes da economia brasileira – com passagens pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central, além de participação na criação e na implantação do Plano Real – sempre foram alvo das críticas do PT.

Ao Estadão, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Pedro Malan destacou que a esperança citada na nota se traduz na ideia de que é necessário um diálogo sobre como lidar com a situação que o novo governo encontrará em 2023.

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“Será preciso fazer o que não foi feito até o momento, e espero que se faça ao longo das próximas semanas e dos próximos meses, antes que um eventual novo governo tome posse, que é a discussão sobre a necessidade de definir prioridades, fazer escolhas. É preciso ter responsabilidade não só na área monetária e cambial, mas fiscal também”, disse.

Malan e os outros três se uniram para anunciar em nota conjunta que votarão em Lula com a “expectativa” de uma condução responsável da economia caso o ex-presidente seja eleito.

No primeiro turno, eles apoiaram a candidata Simone Tebet (MDB). Não à toa, anunciaram o apoio a Lula em seguida à declaração de voto da emedebista, que ficou em terceiro lugar na corrida presidencial, apresentou propostas a Lula e cobrou responsabilidade fiscal do PT.

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O resultado das urnas no primeiro turno, sobretudo a votação de deputados e senadores, reforçou a visão dos quatro de que há um risco crescente de erosão institucional da democracia brasileira.

O apoio foi dado sem acordo programático com a campanha de Lula e nem endosso à política econômica de um eventual governo do PT. Mas, no mercado financeiro, se espera uma abertura de diálogo em torno de temas sensíveis para o grupo, como a responsabilidade fiscal e o tratamento da herança de gastos que governo e Congresso estão deixando a partir de 2023.

Pedro Malan

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Para Malan, os rumos da política fiscal são o grande desafio do momento. “Achamos que é melhor tentar abrir para o diálogo mais cedo. Somos todos influenciados pela experiência de 2002, quando houve certo tipo de comunicação nos meses que antecederam. Isso não está ocorrendo agora. Eu sempre chamei atenção para o fato do discurso equivocado da herança maldita”, diz o ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso.

Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central.  Foto: Hélvio Romero/Estadão

Ele ponderou que os riscos de incerteza que existem hoje na economia global são totalmente diferentes dos que havia em 2003, quando Lula assumiu o seu primeiro mandato. “Mas ele (Lula) precisa reconhecer isso em algum momento. Espero que ele seja obrigado a reconhecer. Já temos riscos demais provenientes do mercado internacional para que se adicione riscos e incertezas derivadas de sinalizações que podem comprometer a parte política e econômica”.

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Persio Arida

Ex-presidente do BC e um dos formuladores do Plano Real, Persio Arida disse ao Estadão que não há articulação com o Lula ou uma discussão programática com o PT. “Nem uma coisa nem outra. A declaração de voto se deve a uma preocupação nossa com a democracia antes de tudo. As democracias morrem, para usar uma frase do Guimarães Rosa, não de morte matada, mas sim de morte morrida”, ponderou.

Para ele, há também a esperança de uma boa política econômica. “É capaz que venha. Mas a decisão, sobretudo, é em defesa da democracia e do meio ambiente”, ressaltou ele, que se diz aberto a trocar ideias com o que chama de forças democráticas

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Persio Arida, ex-presidente do BC e um dos formuladores do Plano Real.  Foto: Hélvio Romero/Estadão

Arida considera que o “x” da questão no “andar da carruagem” do cenário econômico é assegurar que o dinheiro a mais não seja excessivo e seja bem gasto. “Se for gasto, por exemplo, em apoio à ciência e tecnologia, para ter uma rede de benefícios sociais melhor desenhada, para ter um bom programa ambiental, excelente. Se for gasto para subsidiar a indústria X ou Y, é muito ruim para a eficiência da economia”.

Armínio Fraga

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Como revelou o Estadão, Armínio Fraga já foi procurado para conversar sobre o cenário econômico. Eles estão abertos ao diálogo. Antes do primeiro turno, Persio já tinha tido um encontro com Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo de Lula, e mais tarde apresentou num documento com outros economistas propostas para um novo governo.

Fraga, que foi presidente do Banco Central no governo FHC, disse ao Estadão que o voto em Lula não significa endosso, mas um “voto pela democracia”. “Não é um endosso sobre algo que apuramos na política econômica. Não apurei nada”, esclareceu ele, destacando que não tem conhecimento sobre as propostas econômicas da campanha de Lula. “E que, portanto, o meu voto não tem nada a ver com qualquer informação da área econômica nem para embasar a minha declaração de voto e nem do grupo que assina”, enfatizou.

Armínio Fraga, que foi presidente do Banco Central no governo FHC.  Foto: Fabio Motta/Estadão

Armínio Fraga disse que tem total abertura para dar opinião e conversar com a campanha. “É uma obrigação cívica entrar no debate”, afirmou. Ele vê risco no Brasil do avanço de movimentos na direção da autocracia que se espalham pelo mundo. Na sua avaliação, esse risco aumentou depois do resultado da votação de domingo para senadores e deputados.

Para ele, a política fiscal dentro dos temas econômicos é de “primeira grandeza”, inclusive do ponto de vista social. No escuro da irresponsabilidade fiscal, ponderou, os pobres são os mais prejudicados.

Ele ressaltou que, em Brasília, é comum fazer primeiro o que não é tão importante e depois dizer que é preciso mais dinheiro para gastar – o que acaba criando uma situação frágil com vários problemas para a economia, como inflação, volatilidade do Produto Interno Bruto (PIB) e desemprego.

Edmar Bacha

Bacha, considerado um dos pais do Plano Real, afirmou que seu voto em Lula será feito pela ameaça que o candidato Jair Bolsonaro representa às instituições democráticas. Segundo ele, é uma questão anterior à qualquer outra que se possa colocar na balança.

Já do ponto de vista de condução da economia, Bacha classificou o governo Bolsonaro como “ruim e decepcionante”. “Foi um conjunto de promessas de baixa realização, já que em quatro anos nada foi feito”, afirmou ao Estadão/Broadcast.

Edmar Bacha, considerado um dos pais do Plano Real.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em relação às propostas do PT, Bacha disse que o voto acontece no sentido da “esperança”. “Nossa oposição às políticas econômicas do PT vem de longe, mas a outra alternativa (com a reeleição de Bolsonaro) é não ter País”, afirmou. / COLABOROU CRISTIANE BARBIERI

BRASÍLIA - A articulação dos economistas Pedro Malan, Persio Arida, Edmar Bacha e Armínio Fraga para apoiar a chapa Lula-Alckmin no segundo turno das eleições é histórica. Os quatro expoentes da economia brasileira – com passagens pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central, além de participação na criação e na implantação do Plano Real – sempre foram alvo das críticas do PT.

Ao Estadão, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Pedro Malan destacou que a esperança citada na nota se traduz na ideia de que é necessário um diálogo sobre como lidar com a situação que o novo governo encontrará em 2023.

“Será preciso fazer o que não foi feito até o momento, e espero que se faça ao longo das próximas semanas e dos próximos meses, antes que um eventual novo governo tome posse, que é a discussão sobre a necessidade de definir prioridades, fazer escolhas. É preciso ter responsabilidade não só na área monetária e cambial, mas fiscal também”, disse.

Malan e os outros três se uniram para anunciar em nota conjunta que votarão em Lula com a “expectativa” de uma condução responsável da economia caso o ex-presidente seja eleito.

No primeiro turno, eles apoiaram a candidata Simone Tebet (MDB). Não à toa, anunciaram o apoio a Lula em seguida à declaração de voto da emedebista, que ficou em terceiro lugar na corrida presidencial, apresentou propostas a Lula e cobrou responsabilidade fiscal do PT.

O resultado das urnas no primeiro turno, sobretudo a votação de deputados e senadores, reforçou a visão dos quatro de que há um risco crescente de erosão institucional da democracia brasileira.

O apoio foi dado sem acordo programático com a campanha de Lula e nem endosso à política econômica de um eventual governo do PT. Mas, no mercado financeiro, se espera uma abertura de diálogo em torno de temas sensíveis para o grupo, como a responsabilidade fiscal e o tratamento da herança de gastos que governo e Congresso estão deixando a partir de 2023.

Pedro Malan

Para Malan, os rumos da política fiscal são o grande desafio do momento. “Achamos que é melhor tentar abrir para o diálogo mais cedo. Somos todos influenciados pela experiência de 2002, quando houve certo tipo de comunicação nos meses que antecederam. Isso não está ocorrendo agora. Eu sempre chamei atenção para o fato do discurso equivocado da herança maldita”, diz o ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso.

Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central.  Foto: Hélvio Romero/Estadão

Ele ponderou que os riscos de incerteza que existem hoje na economia global são totalmente diferentes dos que havia em 2003, quando Lula assumiu o seu primeiro mandato. “Mas ele (Lula) precisa reconhecer isso em algum momento. Espero que ele seja obrigado a reconhecer. Já temos riscos demais provenientes do mercado internacional para que se adicione riscos e incertezas derivadas de sinalizações que podem comprometer a parte política e econômica”.

Persio Arida

Ex-presidente do BC e um dos formuladores do Plano Real, Persio Arida disse ao Estadão que não há articulação com o Lula ou uma discussão programática com o PT. “Nem uma coisa nem outra. A declaração de voto se deve a uma preocupação nossa com a democracia antes de tudo. As democracias morrem, para usar uma frase do Guimarães Rosa, não de morte matada, mas sim de morte morrida”, ponderou.

Para ele, há também a esperança de uma boa política econômica. “É capaz que venha. Mas a decisão, sobretudo, é em defesa da democracia e do meio ambiente”, ressaltou ele, que se diz aberto a trocar ideias com o que chama de forças democráticas

Persio Arida, ex-presidente do BC e um dos formuladores do Plano Real.  Foto: Hélvio Romero/Estadão

Arida considera que o “x” da questão no “andar da carruagem” do cenário econômico é assegurar que o dinheiro a mais não seja excessivo e seja bem gasto. “Se for gasto, por exemplo, em apoio à ciência e tecnologia, para ter uma rede de benefícios sociais melhor desenhada, para ter um bom programa ambiental, excelente. Se for gasto para subsidiar a indústria X ou Y, é muito ruim para a eficiência da economia”.

Armínio Fraga

Como revelou o Estadão, Armínio Fraga já foi procurado para conversar sobre o cenário econômico. Eles estão abertos ao diálogo. Antes do primeiro turno, Persio já tinha tido um encontro com Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo de Lula, e mais tarde apresentou num documento com outros economistas propostas para um novo governo.

Fraga, que foi presidente do Banco Central no governo FHC, disse ao Estadão que o voto em Lula não significa endosso, mas um “voto pela democracia”. “Não é um endosso sobre algo que apuramos na política econômica. Não apurei nada”, esclareceu ele, destacando que não tem conhecimento sobre as propostas econômicas da campanha de Lula. “E que, portanto, o meu voto não tem nada a ver com qualquer informação da área econômica nem para embasar a minha declaração de voto e nem do grupo que assina”, enfatizou.

Armínio Fraga, que foi presidente do Banco Central no governo FHC.  Foto: Fabio Motta/Estadão

Armínio Fraga disse que tem total abertura para dar opinião e conversar com a campanha. “É uma obrigação cívica entrar no debate”, afirmou. Ele vê risco no Brasil do avanço de movimentos na direção da autocracia que se espalham pelo mundo. Na sua avaliação, esse risco aumentou depois do resultado da votação de domingo para senadores e deputados.

Para ele, a política fiscal dentro dos temas econômicos é de “primeira grandeza”, inclusive do ponto de vista social. No escuro da irresponsabilidade fiscal, ponderou, os pobres são os mais prejudicados.

Ele ressaltou que, em Brasília, é comum fazer primeiro o que não é tão importante e depois dizer que é preciso mais dinheiro para gastar – o que acaba criando uma situação frágil com vários problemas para a economia, como inflação, volatilidade do Produto Interno Bruto (PIB) e desemprego.

Edmar Bacha

Bacha, considerado um dos pais do Plano Real, afirmou que seu voto em Lula será feito pela ameaça que o candidato Jair Bolsonaro representa às instituições democráticas. Segundo ele, é uma questão anterior à qualquer outra que se possa colocar na balança.

Já do ponto de vista de condução da economia, Bacha classificou o governo Bolsonaro como “ruim e decepcionante”. “Foi um conjunto de promessas de baixa realização, já que em quatro anos nada foi feito”, afirmou ao Estadão/Broadcast.

Edmar Bacha, considerado um dos pais do Plano Real.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em relação às propostas do PT, Bacha disse que o voto acontece no sentido da “esperança”. “Nossa oposição às políticas econômicas do PT vem de longe, mas a outra alternativa (com a reeleição de Bolsonaro) é não ter País”, afirmou. / COLABOROU CRISTIANE BARBIERI

BRASÍLIA - A articulação dos economistas Pedro Malan, Persio Arida, Edmar Bacha e Armínio Fraga para apoiar a chapa Lula-Alckmin no segundo turno das eleições é histórica. Os quatro expoentes da economia brasileira – com passagens pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central, além de participação na criação e na implantação do Plano Real – sempre foram alvo das críticas do PT.

Ao Estadão, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Pedro Malan destacou que a esperança citada na nota se traduz na ideia de que é necessário um diálogo sobre como lidar com a situação que o novo governo encontrará em 2023.

“Será preciso fazer o que não foi feito até o momento, e espero que se faça ao longo das próximas semanas e dos próximos meses, antes que um eventual novo governo tome posse, que é a discussão sobre a necessidade de definir prioridades, fazer escolhas. É preciso ter responsabilidade não só na área monetária e cambial, mas fiscal também”, disse.

Malan e os outros três se uniram para anunciar em nota conjunta que votarão em Lula com a “expectativa” de uma condução responsável da economia caso o ex-presidente seja eleito.

No primeiro turno, eles apoiaram a candidata Simone Tebet (MDB). Não à toa, anunciaram o apoio a Lula em seguida à declaração de voto da emedebista, que ficou em terceiro lugar na corrida presidencial, apresentou propostas a Lula e cobrou responsabilidade fiscal do PT.

O resultado das urnas no primeiro turno, sobretudo a votação de deputados e senadores, reforçou a visão dos quatro de que há um risco crescente de erosão institucional da democracia brasileira.

O apoio foi dado sem acordo programático com a campanha de Lula e nem endosso à política econômica de um eventual governo do PT. Mas, no mercado financeiro, se espera uma abertura de diálogo em torno de temas sensíveis para o grupo, como a responsabilidade fiscal e o tratamento da herança de gastos que governo e Congresso estão deixando a partir de 2023.

Pedro Malan

Para Malan, os rumos da política fiscal são o grande desafio do momento. “Achamos que é melhor tentar abrir para o diálogo mais cedo. Somos todos influenciados pela experiência de 2002, quando houve certo tipo de comunicação nos meses que antecederam. Isso não está ocorrendo agora. Eu sempre chamei atenção para o fato do discurso equivocado da herança maldita”, diz o ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso.

Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central.  Foto: Hélvio Romero/Estadão

Ele ponderou que os riscos de incerteza que existem hoje na economia global são totalmente diferentes dos que havia em 2003, quando Lula assumiu o seu primeiro mandato. “Mas ele (Lula) precisa reconhecer isso em algum momento. Espero que ele seja obrigado a reconhecer. Já temos riscos demais provenientes do mercado internacional para que se adicione riscos e incertezas derivadas de sinalizações que podem comprometer a parte política e econômica”.

Persio Arida

Ex-presidente do BC e um dos formuladores do Plano Real, Persio Arida disse ao Estadão que não há articulação com o Lula ou uma discussão programática com o PT. “Nem uma coisa nem outra. A declaração de voto se deve a uma preocupação nossa com a democracia antes de tudo. As democracias morrem, para usar uma frase do Guimarães Rosa, não de morte matada, mas sim de morte morrida”, ponderou.

Para ele, há também a esperança de uma boa política econômica. “É capaz que venha. Mas a decisão, sobretudo, é em defesa da democracia e do meio ambiente”, ressaltou ele, que se diz aberto a trocar ideias com o que chama de forças democráticas

Persio Arida, ex-presidente do BC e um dos formuladores do Plano Real.  Foto: Hélvio Romero/Estadão

Arida considera que o “x” da questão no “andar da carruagem” do cenário econômico é assegurar que o dinheiro a mais não seja excessivo e seja bem gasto. “Se for gasto, por exemplo, em apoio à ciência e tecnologia, para ter uma rede de benefícios sociais melhor desenhada, para ter um bom programa ambiental, excelente. Se for gasto para subsidiar a indústria X ou Y, é muito ruim para a eficiência da economia”.

Armínio Fraga

Como revelou o Estadão, Armínio Fraga já foi procurado para conversar sobre o cenário econômico. Eles estão abertos ao diálogo. Antes do primeiro turno, Persio já tinha tido um encontro com Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo de Lula, e mais tarde apresentou num documento com outros economistas propostas para um novo governo.

Fraga, que foi presidente do Banco Central no governo FHC, disse ao Estadão que o voto em Lula não significa endosso, mas um “voto pela democracia”. “Não é um endosso sobre algo que apuramos na política econômica. Não apurei nada”, esclareceu ele, destacando que não tem conhecimento sobre as propostas econômicas da campanha de Lula. “E que, portanto, o meu voto não tem nada a ver com qualquer informação da área econômica nem para embasar a minha declaração de voto e nem do grupo que assina”, enfatizou.

Armínio Fraga, que foi presidente do Banco Central no governo FHC.  Foto: Fabio Motta/Estadão

Armínio Fraga disse que tem total abertura para dar opinião e conversar com a campanha. “É uma obrigação cívica entrar no debate”, afirmou. Ele vê risco no Brasil do avanço de movimentos na direção da autocracia que se espalham pelo mundo. Na sua avaliação, esse risco aumentou depois do resultado da votação de domingo para senadores e deputados.

Para ele, a política fiscal dentro dos temas econômicos é de “primeira grandeza”, inclusive do ponto de vista social. No escuro da irresponsabilidade fiscal, ponderou, os pobres são os mais prejudicados.

Ele ressaltou que, em Brasília, é comum fazer primeiro o que não é tão importante e depois dizer que é preciso mais dinheiro para gastar – o que acaba criando uma situação frágil com vários problemas para a economia, como inflação, volatilidade do Produto Interno Bruto (PIB) e desemprego.

Edmar Bacha

Bacha, considerado um dos pais do Plano Real, afirmou que seu voto em Lula será feito pela ameaça que o candidato Jair Bolsonaro representa às instituições democráticas. Segundo ele, é uma questão anterior à qualquer outra que se possa colocar na balança.

Já do ponto de vista de condução da economia, Bacha classificou o governo Bolsonaro como “ruim e decepcionante”. “Foi um conjunto de promessas de baixa realização, já que em quatro anos nada foi feito”, afirmou ao Estadão/Broadcast.

Edmar Bacha, considerado um dos pais do Plano Real.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em relação às propostas do PT, Bacha disse que o voto acontece no sentido da “esperança”. “Nossa oposição às políticas econômicas do PT vem de longe, mas a outra alternativa (com a reeleição de Bolsonaro) é não ter País”, afirmou. / COLABOROU CRISTIANE BARBIERI

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