Chance de o Brasil reduzir carga tributária nos próximos anos é zero, diz Mansueto Almeida


Para o economista-chefe do BTG Pactual, governo tomou a decisão de aumentar gastos permanentemente, e a discussão agora será como financiar isso

Por Bruna Camargo

São Paulo - O início de cortes da taxa básica de juros brasileira em 0,5 ponto porcentual, para 13,25% ao ano, foi um “bom começo”, segundo o economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida. Para ele, tanto a opção de 0,25 quanto 0,5 - que levou a uma decisão dividida do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central -, teriam “boa justificativa técnica”.

“O Banco Central começou em um ritmo de corte correto. O problema é que em algum momento o mercado vai fazer a aposta de corte de 0,75 ponto, talvez para a última reunião do ano. E, para o BC acelerar esse corte, vai ser necessária uma melhora substancial do cenário neste ano, uma reancoragem da inflação e uma abertura do hiato de produto (a diferença entre o PIB real e o potencial de uma economia)”, disse Almeida, durante o evento TAG Summit 2023, em São Paulo. “Acho que esse ritmo de corte de 0,5 foi um bom começo, não foi nenhum exagero.”

Mansueto criticou a decisão do Fed de manter os juros nos EUA inalterados 'para ver o que vai acontecer' Foto: Adriano Machado/Reuters
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O economista também avaliou que as agências de classificação de risco têm dado um “voto de confiança” para o País mesmo que não haja o cumprimento de metas fiscais estabelecidas pelo governo. “A S&P mudou a perspectiva para positiva e a Fitch deu upgrade para a nota. Essas agências deram esse voto de confiança reconhecendo todas as reformas que o Brasil fez nos últimos anos”, afirmou Mansueto.

Para ele, a recente regra fiscal não resolve o problema, mas ao menos indica que o Brasil não vai entrar em uma trajetória de crescimento da dívida. “É um cenário de melhora, e o reconhecimento veio até com atraso.”

Por outro lado, Mansueto considera que a chance de o Brasil reduzir a carga tributária nos próximos anos é zero. “O problema é que o governo tomou a decisão de aumentar gastos permanentes, mas como vai financiar? Agora que vai começar o debate”, disse. Segundo o economista, o segundo semestre deve vir com propostas do governo para lidar com a situação que “talvez a sociedade e o Congresso não queiram”.

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Para o economista, o Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), que deve ser estabelecido em uma “mudança muito gradual” dentro da reforma tributária, vai trazer uma forte simplificação para a tributação.

Juros nos EUA

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Mansueto disse também considerar “muito ruim” a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de manter as taxas de juros inalteradas, em sua última reunião, para “ver o que vai acontecer”.

“Os bancos centrais de países desenvolvidos foram muito lenientes com a inflação - nisso o Banco Central do Brasil se saiu melhor. Mas os Estados Unidos pararem, dizerem ‘não sei o que vai acontecer, paro e vejo depois’, isso não existe. Você começa o ciclo de corte e dosa. Achei a decisão muito ruim”, disse.

Mansueto avaliou que a chance de ter uma recessão nos Estados Unidos é “muito pequena”, dado o arrefecimento da inflação. “Também está se consolidando um cenário de que o Fed não vai aumentar mais os juros”, diz.

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Em relação ao cenário fiscal americano, o economista afirmou que houve piora. “Economistas lá fora falam que sabem que a situação fiscal do Brasil é desafiadora e séria, mas pelo menos no Brasil tem esse debate. Nos Estados Unidos, não”, acrescentou. Embora destaque que esse debate vai ter de acontecer em algum momento, ele disse que ainda é “muito cedo” e um “exagero” falar em dominância fiscal nos Estados Unidos.

São Paulo - O início de cortes da taxa básica de juros brasileira em 0,5 ponto porcentual, para 13,25% ao ano, foi um “bom começo”, segundo o economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida. Para ele, tanto a opção de 0,25 quanto 0,5 - que levou a uma decisão dividida do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central -, teriam “boa justificativa técnica”.

“O Banco Central começou em um ritmo de corte correto. O problema é que em algum momento o mercado vai fazer a aposta de corte de 0,75 ponto, talvez para a última reunião do ano. E, para o BC acelerar esse corte, vai ser necessária uma melhora substancial do cenário neste ano, uma reancoragem da inflação e uma abertura do hiato de produto (a diferença entre o PIB real e o potencial de uma economia)”, disse Almeida, durante o evento TAG Summit 2023, em São Paulo. “Acho que esse ritmo de corte de 0,5 foi um bom começo, não foi nenhum exagero.”

Mansueto criticou a decisão do Fed de manter os juros nos EUA inalterados 'para ver o que vai acontecer' Foto: Adriano Machado/Reuters

O economista também avaliou que as agências de classificação de risco têm dado um “voto de confiança” para o País mesmo que não haja o cumprimento de metas fiscais estabelecidas pelo governo. “A S&P mudou a perspectiva para positiva e a Fitch deu upgrade para a nota. Essas agências deram esse voto de confiança reconhecendo todas as reformas que o Brasil fez nos últimos anos”, afirmou Mansueto.

Para ele, a recente regra fiscal não resolve o problema, mas ao menos indica que o Brasil não vai entrar em uma trajetória de crescimento da dívida. “É um cenário de melhora, e o reconhecimento veio até com atraso.”

Por outro lado, Mansueto considera que a chance de o Brasil reduzir a carga tributária nos próximos anos é zero. “O problema é que o governo tomou a decisão de aumentar gastos permanentes, mas como vai financiar? Agora que vai começar o debate”, disse. Segundo o economista, o segundo semestre deve vir com propostas do governo para lidar com a situação que “talvez a sociedade e o Congresso não queiram”.

Para o economista, o Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), que deve ser estabelecido em uma “mudança muito gradual” dentro da reforma tributária, vai trazer uma forte simplificação para a tributação.

Juros nos EUA

Mansueto disse também considerar “muito ruim” a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de manter as taxas de juros inalteradas, em sua última reunião, para “ver o que vai acontecer”.

“Os bancos centrais de países desenvolvidos foram muito lenientes com a inflação - nisso o Banco Central do Brasil se saiu melhor. Mas os Estados Unidos pararem, dizerem ‘não sei o que vai acontecer, paro e vejo depois’, isso não existe. Você começa o ciclo de corte e dosa. Achei a decisão muito ruim”, disse.

Mansueto avaliou que a chance de ter uma recessão nos Estados Unidos é “muito pequena”, dado o arrefecimento da inflação. “Também está se consolidando um cenário de que o Fed não vai aumentar mais os juros”, diz.

Em relação ao cenário fiscal americano, o economista afirmou que houve piora. “Economistas lá fora falam que sabem que a situação fiscal do Brasil é desafiadora e séria, mas pelo menos no Brasil tem esse debate. Nos Estados Unidos, não”, acrescentou. Embora destaque que esse debate vai ter de acontecer em algum momento, ele disse que ainda é “muito cedo” e um “exagero” falar em dominância fiscal nos Estados Unidos.

São Paulo - O início de cortes da taxa básica de juros brasileira em 0,5 ponto porcentual, para 13,25% ao ano, foi um “bom começo”, segundo o economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida. Para ele, tanto a opção de 0,25 quanto 0,5 - que levou a uma decisão dividida do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central -, teriam “boa justificativa técnica”.

“O Banco Central começou em um ritmo de corte correto. O problema é que em algum momento o mercado vai fazer a aposta de corte de 0,75 ponto, talvez para a última reunião do ano. E, para o BC acelerar esse corte, vai ser necessária uma melhora substancial do cenário neste ano, uma reancoragem da inflação e uma abertura do hiato de produto (a diferença entre o PIB real e o potencial de uma economia)”, disse Almeida, durante o evento TAG Summit 2023, em São Paulo. “Acho que esse ritmo de corte de 0,5 foi um bom começo, não foi nenhum exagero.”

Mansueto criticou a decisão do Fed de manter os juros nos EUA inalterados 'para ver o que vai acontecer' Foto: Adriano Machado/Reuters

O economista também avaliou que as agências de classificação de risco têm dado um “voto de confiança” para o País mesmo que não haja o cumprimento de metas fiscais estabelecidas pelo governo. “A S&P mudou a perspectiva para positiva e a Fitch deu upgrade para a nota. Essas agências deram esse voto de confiança reconhecendo todas as reformas que o Brasil fez nos últimos anos”, afirmou Mansueto.

Para ele, a recente regra fiscal não resolve o problema, mas ao menos indica que o Brasil não vai entrar em uma trajetória de crescimento da dívida. “É um cenário de melhora, e o reconhecimento veio até com atraso.”

Por outro lado, Mansueto considera que a chance de o Brasil reduzir a carga tributária nos próximos anos é zero. “O problema é que o governo tomou a decisão de aumentar gastos permanentes, mas como vai financiar? Agora que vai começar o debate”, disse. Segundo o economista, o segundo semestre deve vir com propostas do governo para lidar com a situação que “talvez a sociedade e o Congresso não queiram”.

Para o economista, o Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), que deve ser estabelecido em uma “mudança muito gradual” dentro da reforma tributária, vai trazer uma forte simplificação para a tributação.

Juros nos EUA

Mansueto disse também considerar “muito ruim” a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de manter as taxas de juros inalteradas, em sua última reunião, para “ver o que vai acontecer”.

“Os bancos centrais de países desenvolvidos foram muito lenientes com a inflação - nisso o Banco Central do Brasil se saiu melhor. Mas os Estados Unidos pararem, dizerem ‘não sei o que vai acontecer, paro e vejo depois’, isso não existe. Você começa o ciclo de corte e dosa. Achei a decisão muito ruim”, disse.

Mansueto avaliou que a chance de ter uma recessão nos Estados Unidos é “muito pequena”, dado o arrefecimento da inflação. “Também está se consolidando um cenário de que o Fed não vai aumentar mais os juros”, diz.

Em relação ao cenário fiscal americano, o economista afirmou que houve piora. “Economistas lá fora falam que sabem que a situação fiscal do Brasil é desafiadora e séria, mas pelo menos no Brasil tem esse debate. Nos Estados Unidos, não”, acrescentou. Embora destaque que esse debate vai ter de acontecer em algum momento, ele disse que ainda é “muito cedo” e um “exagero” falar em dominância fiscal nos Estados Unidos.

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