O governo tem se mostrado mais preocupado e mais engajado em cumprir as metas fiscais, tema que tem ficado no centro das preocupações do mercado, afirmou nesta quarta-feira, 7, o ex-secretário do Tesouro e atual economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, em evento da Moody’s. A dúvida, segundo ele, é se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará o que for preciso para alcançar os compromissos na área.
“O que não sabemos no Brasil é se a equipe econômica terá o apoio completo do time político do governo, incluindo do presidente do País, para fazer o que precisa ser feito”, disse Mansueto sobre a consolidação fiscal.
Para Mansueto, a relação entre a dívida do governo e o Produto Interno Bruto (PIB) pode terminar no governo Lula na casa dos 81% ou 82%. “Não é um desastre”, disse ele. “Mas corremos o risco de, nas eleições do próximo presidente, continuar a debater consolidação fiscal”, completou.
O economista ressaltou que o mercado tem mostrado dúvidas de que o governo conseguirá fazer a consolidação fiscal, principalmente quando se considera que o País já tem uma carga tributária alta e será difícil elevar ou criar tributos. Ou seja, o ajuste pelo lado da receita se mostra desafiador, assim como pelo lado dos gastos.
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Desaceleração econômica
O crescimento da economia tende a desacelerar neste segundo semestre, por conta do impacto dos juros altos, afirmou o economista-chefe do BTG Pactual. No quarto trimestre, o PIB pode ter crescimento zero.
Mesmo com a perda de fôlego da atividade nos próximos meses, o economista projeta que o PIB de 2024 cresça 2,5%. Com a inflação rodando em 4%, a taxa de juros real é 6%. “É alta, mas a economia está crescendo rápido.”
Mansueto disse que o Banco Central já deveria ter sinalizado de forma mais clara que pode elevar os juros em breve. Ele também falou sobre o próximo comando do BC e o risco de ser mais “leniente” com a inflação.
“Não sabemos. Espero que, provavelmente, a nova equipe realmente tentará atingir a meta de inflação e fará o seu melhor”, disse.