Máquinas de costura viram objeto de desejo de jovens em busca de renda e personalidade


Grupo entre 18 e 34 anos é o que mais compra os equipamentos pelo site, mostra pesquisa da Singer; marcas adaptam produtos a novos consumidores e incentivam influencers e eventos de moda

Por Luis Filipe Santos
Atualização:

Máquinas de costura muitas vezes estão associadas na memória afetiva com casas de mães, avós e tias: um móvel e, ao mesmo tempo, estação de trabalho, com agulhas, linhas e uma roda que poderia servir de volante em brincadeiras infantis. Essas máquinas, porém, têm se tornado objeto de desejo de jovens millenials nascidos depois de 1990 e da geração Z, (nascidos entre 1996 e 2010), como uma forma de destacar a própria individualidade e obter renda.

A Singer, uma das maiores fabricantes de máquinas de costura do Brasil, identificou que 37% dos compradores de novos equipamentos em seu site tem entre 18 e 34 anos, a maior fatia. Em segundo lugar, aparece a faixa etária de 35 a 44 anos com 20%. Além disso, uma pesquisa da empresa indicou que 36% dos lares brasileiros tem uma máquina, sendo dois terços herdados da família, e um terço de novos compradores. No grupo de pessoas entre 18 e 29 anos, 24% afirmaram que há uma máquina em suas casas.

Outras empresas também chegaram à conclusão de que mais consumidores jovens estão se interessando pelo mundo da costura. Ao Estadão, a Elgin afirmou que também notou o aumento da procura da geração Z pelas máquinas, embora não apresente dados. A empresa afirma que tem buscado formas de atender a essa demanda com novos produtos. Já a Janome disse ter percebido essa movimentação há alguns anos.

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Entre os dados levantados pela Singer, outro ponto importante é que as máquinas são usadas com bastante frequência. Apenas 1% dos donos diz nunca usar, e 9% relataram utilizá-las raramente. Já 31% usam diariamente, 47% ao menos uma vez por semana, e 12%, uma vez por mês.

Além disso, 99% dizem sentir prazer ao costurar. “Começamos a direcionar a comunicação para o pessoal mais jovem, porque faltava informação para comprar a primeira máquina de costura”, afirma Concheta Feliciano, Diretora de Marketing e E-commerce da Singer América Latina.

O baiano Jonatas Verly começou a costurar aos 20 anos; hoje, aos 30, tem a costura como sua principal fonte de renda por meio das encomendas e de aulas Foto: Guilherme Oliveira / Divulgação
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A principal razão para uso é a busca por uma renda extra, mesmo entre os mais jovens, em um mercado de trabalho com menos garantias e mais incertezas. Mas há outras, como um desejo por demonstrar individualidade através das roupas, o aprimoramento de técnicas por parte de estudantes de moda, a busca por produtos mais duráveis e sustentáveis e também por economia.

Histórias

O baiano Jonatas Verly, de 30 anos, foi um dos que começou a se interessar na costura ainda jovem. Filho e neto de costureiras, iniciou a prática aos 20 anos, quando buscava personalizar roupas para refletir seu gosto musical pelo rock, o que não era tão simples na cidade de Teixeira de Freitas, no sul do Estado.

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Após começar, pegou gosto pelo processo de fazer as próprias roupas, que se tornou sua fonte de renda. “Pela primeira vez tive a capacidade de escolher o tecido. Era complicado encontrar peças diferentes das demais no interior. Ao costurar, posso pegar uma peça no guarda-roupa, fazer do jeito que quero, sem que precise ajustar. Aí, pude ver o prazer de costurar, aquela economia e liberdade de criar algo completamente único e exclusivo”, relata.

Verly cita ainda outras razões. “Quando era criança, usava a máquina de costura para brincar; hoje, uso para ser o protagonista, para contribuir um pouco com as causas ambientais, ressignificar as peças e empreender. As pessoas perguntavam onde comprei as roupas, daí veio um estalo: ‘Será que dá para cobrar?’ E aí aquilo deixou de ser brincadeira”, conta.

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Hoje, o baiano é formado em design de moda e, além de costureiro, trabalha como influenciador digital e professor de técnicas de costura. Dá aulas em plataformas pagas e no YouTube, onde tem mais de 657 mil inscritos. Cinco vídeos já passaram de um milhão de visualizações. Ele conta já ter tido alunos de diversos lugares do mundo e que também nota cada vez mais jovens em suas aulas.

O interesse é percebido também por Suzana Ramos, de 57 anos. Ex-professora de química da rede estadual de São Paulo, deixou as salas de aula para cuidar dos filhos gêmeos. Ao ouvir a recomendação médica de aprender algo para lidar com problemas no sono e no humor, sintomas da fibromialgia, a costura entrou em sua vida. Posteriormente, também virou professora na nova profissão.

Nas aulas, normalmente as alunas têm entre 35 e 55 anos, mas Suzana percebe uma presença cada vez maior de jovens e de homens. “Eu vejo até pelos amigos dos meus filhos adolescentes, se encantam com as máquinas antigas e pedem para costurar. Estou preparando um workshop para pessoas abaixo dos 25 anos”, planeja.

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Negócios

Para se adaptar aos novos consumidores, as fabricantes têm lançado novos modelos de máquinas, mais interativos e simples de operar, além de trabalhar o marketing em pontos de venda e por meio de influencers e eventos de moda. “Precisamos ter produtos para todos os preços. Tem alguns compradores patrocinados pelos pais, mas tem os que estão iniciando e pagam as máquinas dos seus próprios recursos”, afirma Feliciano.

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“Muitos que entram em faculdades relacionadas à moda não tem ideia que precisam costurar, acham que só vão desenhar e transformar aquele mundo, mas outros são conscientes de que precisam costurar e entender para construir o próprio mundo”, completa. Assim, a diretora da Singer diz que a busca é por tornar a costura cada vez mais democrática, por meio da difusão de conhecimentos e do lançamento de novas máquinas.

A Elgin informou situação parecida, com o lançamento de novos modelos dos produtos, todas com a mesma identidade visual, além de treinamento especializado para os gerentes e vendedores de lojas físicas, ainda muito visadas pelos consumidores em busca de informação.

A Janome apontou a utilização da internet para o marketing, além de buscar fabricar os equipamentos com conectividade wi-fi e bluetooth e com mais sustentabilidade. Também afirmou realizar a escuta de donos de lojas (e dos filhos que se tornaram parceiros deles) para ter novas ideias e abordagens.

Facilidade

Se o interesse cresce, o aprendizado pode ser facilitado pelas novas tecnologias, tanto nas próprias máquinas quanto a internet, que permite o acesso a mais material de ensino. “As máquinas atuais são muito intuitivas, vem com manual e tela para programar algumas coisas, e hoje tem a possibilidade de ter um YouTube na vida, que abre fronteiras. Tem tudo no painel, a parte de bordar e de costurar”, comenta Ramos.

Há máquinas tanto mecânicas quanto eletrônicas à venda. As eletrônicas são indicadas para casos de costura mais leves, ou quando se busca precisão e uma produção mais rápida, o que costuma torná-las mais atraentes para os iniciantes — algumas permitem costurar e bordar no mesmo equipamento, o que economiza espaço, e têm wi-fi. Por outro lado, para materiais mais pesados, como cortinas, uma mecânica é mais indicada por ter mais força e potência na perfuração.

Se a intenção for usar para obter uma renda extra, a ressalva é que, como em boa parte dos negócios, pode demorar para se obter clientes. “Precisa dominar as técnicas, ter um diferencial, dominar o equipamento, trilhar os caminhos da costura”, alerta Verly. E, como ele ressalta, a busca por ter peças que durem anos não terá fim, mesmo com o fast fashion. “É uma profissão que nunca sai de moda.”

Máquinas de costura muitas vezes estão associadas na memória afetiva com casas de mães, avós e tias: um móvel e, ao mesmo tempo, estação de trabalho, com agulhas, linhas e uma roda que poderia servir de volante em brincadeiras infantis. Essas máquinas, porém, têm se tornado objeto de desejo de jovens millenials nascidos depois de 1990 e da geração Z, (nascidos entre 1996 e 2010), como uma forma de destacar a própria individualidade e obter renda.

A Singer, uma das maiores fabricantes de máquinas de costura do Brasil, identificou que 37% dos compradores de novos equipamentos em seu site tem entre 18 e 34 anos, a maior fatia. Em segundo lugar, aparece a faixa etária de 35 a 44 anos com 20%. Além disso, uma pesquisa da empresa indicou que 36% dos lares brasileiros tem uma máquina, sendo dois terços herdados da família, e um terço de novos compradores. No grupo de pessoas entre 18 e 29 anos, 24% afirmaram que há uma máquina em suas casas.

Outras empresas também chegaram à conclusão de que mais consumidores jovens estão se interessando pelo mundo da costura. Ao Estadão, a Elgin afirmou que também notou o aumento da procura da geração Z pelas máquinas, embora não apresente dados. A empresa afirma que tem buscado formas de atender a essa demanda com novos produtos. Já a Janome disse ter percebido essa movimentação há alguns anos.

Entre os dados levantados pela Singer, outro ponto importante é que as máquinas são usadas com bastante frequência. Apenas 1% dos donos diz nunca usar, e 9% relataram utilizá-las raramente. Já 31% usam diariamente, 47% ao menos uma vez por semana, e 12%, uma vez por mês.

Além disso, 99% dizem sentir prazer ao costurar. “Começamos a direcionar a comunicação para o pessoal mais jovem, porque faltava informação para comprar a primeira máquina de costura”, afirma Concheta Feliciano, Diretora de Marketing e E-commerce da Singer América Latina.

O baiano Jonatas Verly começou a costurar aos 20 anos; hoje, aos 30, tem a costura como sua principal fonte de renda por meio das encomendas e de aulas Foto: Guilherme Oliveira / Divulgação

A principal razão para uso é a busca por uma renda extra, mesmo entre os mais jovens, em um mercado de trabalho com menos garantias e mais incertezas. Mas há outras, como um desejo por demonstrar individualidade através das roupas, o aprimoramento de técnicas por parte de estudantes de moda, a busca por produtos mais duráveis e sustentáveis e também por economia.

Histórias

O baiano Jonatas Verly, de 30 anos, foi um dos que começou a se interessar na costura ainda jovem. Filho e neto de costureiras, iniciou a prática aos 20 anos, quando buscava personalizar roupas para refletir seu gosto musical pelo rock, o que não era tão simples na cidade de Teixeira de Freitas, no sul do Estado.

Após começar, pegou gosto pelo processo de fazer as próprias roupas, que se tornou sua fonte de renda. “Pela primeira vez tive a capacidade de escolher o tecido. Era complicado encontrar peças diferentes das demais no interior. Ao costurar, posso pegar uma peça no guarda-roupa, fazer do jeito que quero, sem que precise ajustar. Aí, pude ver o prazer de costurar, aquela economia e liberdade de criar algo completamente único e exclusivo”, relata.

Verly cita ainda outras razões. “Quando era criança, usava a máquina de costura para brincar; hoje, uso para ser o protagonista, para contribuir um pouco com as causas ambientais, ressignificar as peças e empreender. As pessoas perguntavam onde comprei as roupas, daí veio um estalo: ‘Será que dá para cobrar?’ E aí aquilo deixou de ser brincadeira”, conta.

Hoje, o baiano é formado em design de moda e, além de costureiro, trabalha como influenciador digital e professor de técnicas de costura. Dá aulas em plataformas pagas e no YouTube, onde tem mais de 657 mil inscritos. Cinco vídeos já passaram de um milhão de visualizações. Ele conta já ter tido alunos de diversos lugares do mundo e que também nota cada vez mais jovens em suas aulas.

O interesse é percebido também por Suzana Ramos, de 57 anos. Ex-professora de química da rede estadual de São Paulo, deixou as salas de aula para cuidar dos filhos gêmeos. Ao ouvir a recomendação médica de aprender algo para lidar com problemas no sono e no humor, sintomas da fibromialgia, a costura entrou em sua vida. Posteriormente, também virou professora na nova profissão.

Nas aulas, normalmente as alunas têm entre 35 e 55 anos, mas Suzana percebe uma presença cada vez maior de jovens e de homens. “Eu vejo até pelos amigos dos meus filhos adolescentes, se encantam com as máquinas antigas e pedem para costurar. Estou preparando um workshop para pessoas abaixo dos 25 anos”, planeja.

Negócios

Para se adaptar aos novos consumidores, as fabricantes têm lançado novos modelos de máquinas, mais interativos e simples de operar, além de trabalhar o marketing em pontos de venda e por meio de influencers e eventos de moda. “Precisamos ter produtos para todos os preços. Tem alguns compradores patrocinados pelos pais, mas tem os que estão iniciando e pagam as máquinas dos seus próprios recursos”, afirma Feliciano.

“Muitos que entram em faculdades relacionadas à moda não tem ideia que precisam costurar, acham que só vão desenhar e transformar aquele mundo, mas outros são conscientes de que precisam costurar e entender para construir o próprio mundo”, completa. Assim, a diretora da Singer diz que a busca é por tornar a costura cada vez mais democrática, por meio da difusão de conhecimentos e do lançamento de novas máquinas.

A Elgin informou situação parecida, com o lançamento de novos modelos dos produtos, todas com a mesma identidade visual, além de treinamento especializado para os gerentes e vendedores de lojas físicas, ainda muito visadas pelos consumidores em busca de informação.

A Janome apontou a utilização da internet para o marketing, além de buscar fabricar os equipamentos com conectividade wi-fi e bluetooth e com mais sustentabilidade. Também afirmou realizar a escuta de donos de lojas (e dos filhos que se tornaram parceiros deles) para ter novas ideias e abordagens.

Facilidade

Se o interesse cresce, o aprendizado pode ser facilitado pelas novas tecnologias, tanto nas próprias máquinas quanto a internet, que permite o acesso a mais material de ensino. “As máquinas atuais são muito intuitivas, vem com manual e tela para programar algumas coisas, e hoje tem a possibilidade de ter um YouTube na vida, que abre fronteiras. Tem tudo no painel, a parte de bordar e de costurar”, comenta Ramos.

Há máquinas tanto mecânicas quanto eletrônicas à venda. As eletrônicas são indicadas para casos de costura mais leves, ou quando se busca precisão e uma produção mais rápida, o que costuma torná-las mais atraentes para os iniciantes — algumas permitem costurar e bordar no mesmo equipamento, o que economiza espaço, e têm wi-fi. Por outro lado, para materiais mais pesados, como cortinas, uma mecânica é mais indicada por ter mais força e potência na perfuração.

Se a intenção for usar para obter uma renda extra, a ressalva é que, como em boa parte dos negócios, pode demorar para se obter clientes. “Precisa dominar as técnicas, ter um diferencial, dominar o equipamento, trilhar os caminhos da costura”, alerta Verly. E, como ele ressalta, a busca por ter peças que durem anos não terá fim, mesmo com o fast fashion. “É uma profissão que nunca sai de moda.”

Máquinas de costura muitas vezes estão associadas na memória afetiva com casas de mães, avós e tias: um móvel e, ao mesmo tempo, estação de trabalho, com agulhas, linhas e uma roda que poderia servir de volante em brincadeiras infantis. Essas máquinas, porém, têm se tornado objeto de desejo de jovens millenials nascidos depois de 1990 e da geração Z, (nascidos entre 1996 e 2010), como uma forma de destacar a própria individualidade e obter renda.

A Singer, uma das maiores fabricantes de máquinas de costura do Brasil, identificou que 37% dos compradores de novos equipamentos em seu site tem entre 18 e 34 anos, a maior fatia. Em segundo lugar, aparece a faixa etária de 35 a 44 anos com 20%. Além disso, uma pesquisa da empresa indicou que 36% dos lares brasileiros tem uma máquina, sendo dois terços herdados da família, e um terço de novos compradores. No grupo de pessoas entre 18 e 29 anos, 24% afirmaram que há uma máquina em suas casas.

Outras empresas também chegaram à conclusão de que mais consumidores jovens estão se interessando pelo mundo da costura. Ao Estadão, a Elgin afirmou que também notou o aumento da procura da geração Z pelas máquinas, embora não apresente dados. A empresa afirma que tem buscado formas de atender a essa demanda com novos produtos. Já a Janome disse ter percebido essa movimentação há alguns anos.

Entre os dados levantados pela Singer, outro ponto importante é que as máquinas são usadas com bastante frequência. Apenas 1% dos donos diz nunca usar, e 9% relataram utilizá-las raramente. Já 31% usam diariamente, 47% ao menos uma vez por semana, e 12%, uma vez por mês.

Além disso, 99% dizem sentir prazer ao costurar. “Começamos a direcionar a comunicação para o pessoal mais jovem, porque faltava informação para comprar a primeira máquina de costura”, afirma Concheta Feliciano, Diretora de Marketing e E-commerce da Singer América Latina.

O baiano Jonatas Verly começou a costurar aos 20 anos; hoje, aos 30, tem a costura como sua principal fonte de renda por meio das encomendas e de aulas Foto: Guilherme Oliveira / Divulgação

A principal razão para uso é a busca por uma renda extra, mesmo entre os mais jovens, em um mercado de trabalho com menos garantias e mais incertezas. Mas há outras, como um desejo por demonstrar individualidade através das roupas, o aprimoramento de técnicas por parte de estudantes de moda, a busca por produtos mais duráveis e sustentáveis e também por economia.

Histórias

O baiano Jonatas Verly, de 30 anos, foi um dos que começou a se interessar na costura ainda jovem. Filho e neto de costureiras, iniciou a prática aos 20 anos, quando buscava personalizar roupas para refletir seu gosto musical pelo rock, o que não era tão simples na cidade de Teixeira de Freitas, no sul do Estado.

Após começar, pegou gosto pelo processo de fazer as próprias roupas, que se tornou sua fonte de renda. “Pela primeira vez tive a capacidade de escolher o tecido. Era complicado encontrar peças diferentes das demais no interior. Ao costurar, posso pegar uma peça no guarda-roupa, fazer do jeito que quero, sem que precise ajustar. Aí, pude ver o prazer de costurar, aquela economia e liberdade de criar algo completamente único e exclusivo”, relata.

Verly cita ainda outras razões. “Quando era criança, usava a máquina de costura para brincar; hoje, uso para ser o protagonista, para contribuir um pouco com as causas ambientais, ressignificar as peças e empreender. As pessoas perguntavam onde comprei as roupas, daí veio um estalo: ‘Será que dá para cobrar?’ E aí aquilo deixou de ser brincadeira”, conta.

Hoje, o baiano é formado em design de moda e, além de costureiro, trabalha como influenciador digital e professor de técnicas de costura. Dá aulas em plataformas pagas e no YouTube, onde tem mais de 657 mil inscritos. Cinco vídeos já passaram de um milhão de visualizações. Ele conta já ter tido alunos de diversos lugares do mundo e que também nota cada vez mais jovens em suas aulas.

O interesse é percebido também por Suzana Ramos, de 57 anos. Ex-professora de química da rede estadual de São Paulo, deixou as salas de aula para cuidar dos filhos gêmeos. Ao ouvir a recomendação médica de aprender algo para lidar com problemas no sono e no humor, sintomas da fibromialgia, a costura entrou em sua vida. Posteriormente, também virou professora na nova profissão.

Nas aulas, normalmente as alunas têm entre 35 e 55 anos, mas Suzana percebe uma presença cada vez maior de jovens e de homens. “Eu vejo até pelos amigos dos meus filhos adolescentes, se encantam com as máquinas antigas e pedem para costurar. Estou preparando um workshop para pessoas abaixo dos 25 anos”, planeja.

Negócios

Para se adaptar aos novos consumidores, as fabricantes têm lançado novos modelos de máquinas, mais interativos e simples de operar, além de trabalhar o marketing em pontos de venda e por meio de influencers e eventos de moda. “Precisamos ter produtos para todos os preços. Tem alguns compradores patrocinados pelos pais, mas tem os que estão iniciando e pagam as máquinas dos seus próprios recursos”, afirma Feliciano.

“Muitos que entram em faculdades relacionadas à moda não tem ideia que precisam costurar, acham que só vão desenhar e transformar aquele mundo, mas outros são conscientes de que precisam costurar e entender para construir o próprio mundo”, completa. Assim, a diretora da Singer diz que a busca é por tornar a costura cada vez mais democrática, por meio da difusão de conhecimentos e do lançamento de novas máquinas.

A Elgin informou situação parecida, com o lançamento de novos modelos dos produtos, todas com a mesma identidade visual, além de treinamento especializado para os gerentes e vendedores de lojas físicas, ainda muito visadas pelos consumidores em busca de informação.

A Janome apontou a utilização da internet para o marketing, além de buscar fabricar os equipamentos com conectividade wi-fi e bluetooth e com mais sustentabilidade. Também afirmou realizar a escuta de donos de lojas (e dos filhos que se tornaram parceiros deles) para ter novas ideias e abordagens.

Facilidade

Se o interesse cresce, o aprendizado pode ser facilitado pelas novas tecnologias, tanto nas próprias máquinas quanto a internet, que permite o acesso a mais material de ensino. “As máquinas atuais são muito intuitivas, vem com manual e tela para programar algumas coisas, e hoje tem a possibilidade de ter um YouTube na vida, que abre fronteiras. Tem tudo no painel, a parte de bordar e de costurar”, comenta Ramos.

Há máquinas tanto mecânicas quanto eletrônicas à venda. As eletrônicas são indicadas para casos de costura mais leves, ou quando se busca precisão e uma produção mais rápida, o que costuma torná-las mais atraentes para os iniciantes — algumas permitem costurar e bordar no mesmo equipamento, o que economiza espaço, e têm wi-fi. Por outro lado, para materiais mais pesados, como cortinas, uma mecânica é mais indicada por ter mais força e potência na perfuração.

Se a intenção for usar para obter uma renda extra, a ressalva é que, como em boa parte dos negócios, pode demorar para se obter clientes. “Precisa dominar as técnicas, ter um diferencial, dominar o equipamento, trilhar os caminhos da costura”, alerta Verly. E, como ele ressalta, a busca por ter peças que durem anos não terá fim, mesmo com o fast fashion. “É uma profissão que nunca sai de moda.”

Máquinas de costura muitas vezes estão associadas na memória afetiva com casas de mães, avós e tias: um móvel e, ao mesmo tempo, estação de trabalho, com agulhas, linhas e uma roda que poderia servir de volante em brincadeiras infantis. Essas máquinas, porém, têm se tornado objeto de desejo de jovens millenials nascidos depois de 1990 e da geração Z, (nascidos entre 1996 e 2010), como uma forma de destacar a própria individualidade e obter renda.

A Singer, uma das maiores fabricantes de máquinas de costura do Brasil, identificou que 37% dos compradores de novos equipamentos em seu site tem entre 18 e 34 anos, a maior fatia. Em segundo lugar, aparece a faixa etária de 35 a 44 anos com 20%. Além disso, uma pesquisa da empresa indicou que 36% dos lares brasileiros tem uma máquina, sendo dois terços herdados da família, e um terço de novos compradores. No grupo de pessoas entre 18 e 29 anos, 24% afirmaram que há uma máquina em suas casas.

Outras empresas também chegaram à conclusão de que mais consumidores jovens estão se interessando pelo mundo da costura. Ao Estadão, a Elgin afirmou que também notou o aumento da procura da geração Z pelas máquinas, embora não apresente dados. A empresa afirma que tem buscado formas de atender a essa demanda com novos produtos. Já a Janome disse ter percebido essa movimentação há alguns anos.

Entre os dados levantados pela Singer, outro ponto importante é que as máquinas são usadas com bastante frequência. Apenas 1% dos donos diz nunca usar, e 9% relataram utilizá-las raramente. Já 31% usam diariamente, 47% ao menos uma vez por semana, e 12%, uma vez por mês.

Além disso, 99% dizem sentir prazer ao costurar. “Começamos a direcionar a comunicação para o pessoal mais jovem, porque faltava informação para comprar a primeira máquina de costura”, afirma Concheta Feliciano, Diretora de Marketing e E-commerce da Singer América Latina.

O baiano Jonatas Verly começou a costurar aos 20 anos; hoje, aos 30, tem a costura como sua principal fonte de renda por meio das encomendas e de aulas Foto: Guilherme Oliveira / Divulgação

A principal razão para uso é a busca por uma renda extra, mesmo entre os mais jovens, em um mercado de trabalho com menos garantias e mais incertezas. Mas há outras, como um desejo por demonstrar individualidade através das roupas, o aprimoramento de técnicas por parte de estudantes de moda, a busca por produtos mais duráveis e sustentáveis e também por economia.

Histórias

O baiano Jonatas Verly, de 30 anos, foi um dos que começou a se interessar na costura ainda jovem. Filho e neto de costureiras, iniciou a prática aos 20 anos, quando buscava personalizar roupas para refletir seu gosto musical pelo rock, o que não era tão simples na cidade de Teixeira de Freitas, no sul do Estado.

Após começar, pegou gosto pelo processo de fazer as próprias roupas, que se tornou sua fonte de renda. “Pela primeira vez tive a capacidade de escolher o tecido. Era complicado encontrar peças diferentes das demais no interior. Ao costurar, posso pegar uma peça no guarda-roupa, fazer do jeito que quero, sem que precise ajustar. Aí, pude ver o prazer de costurar, aquela economia e liberdade de criar algo completamente único e exclusivo”, relata.

Verly cita ainda outras razões. “Quando era criança, usava a máquina de costura para brincar; hoje, uso para ser o protagonista, para contribuir um pouco com as causas ambientais, ressignificar as peças e empreender. As pessoas perguntavam onde comprei as roupas, daí veio um estalo: ‘Será que dá para cobrar?’ E aí aquilo deixou de ser brincadeira”, conta.

Hoje, o baiano é formado em design de moda e, além de costureiro, trabalha como influenciador digital e professor de técnicas de costura. Dá aulas em plataformas pagas e no YouTube, onde tem mais de 657 mil inscritos. Cinco vídeos já passaram de um milhão de visualizações. Ele conta já ter tido alunos de diversos lugares do mundo e que também nota cada vez mais jovens em suas aulas.

O interesse é percebido também por Suzana Ramos, de 57 anos. Ex-professora de química da rede estadual de São Paulo, deixou as salas de aula para cuidar dos filhos gêmeos. Ao ouvir a recomendação médica de aprender algo para lidar com problemas no sono e no humor, sintomas da fibromialgia, a costura entrou em sua vida. Posteriormente, também virou professora na nova profissão.

Nas aulas, normalmente as alunas têm entre 35 e 55 anos, mas Suzana percebe uma presença cada vez maior de jovens e de homens. “Eu vejo até pelos amigos dos meus filhos adolescentes, se encantam com as máquinas antigas e pedem para costurar. Estou preparando um workshop para pessoas abaixo dos 25 anos”, planeja.

Negócios

Para se adaptar aos novos consumidores, as fabricantes têm lançado novos modelos de máquinas, mais interativos e simples de operar, além de trabalhar o marketing em pontos de venda e por meio de influencers e eventos de moda. “Precisamos ter produtos para todos os preços. Tem alguns compradores patrocinados pelos pais, mas tem os que estão iniciando e pagam as máquinas dos seus próprios recursos”, afirma Feliciano.

“Muitos que entram em faculdades relacionadas à moda não tem ideia que precisam costurar, acham que só vão desenhar e transformar aquele mundo, mas outros são conscientes de que precisam costurar e entender para construir o próprio mundo”, completa. Assim, a diretora da Singer diz que a busca é por tornar a costura cada vez mais democrática, por meio da difusão de conhecimentos e do lançamento de novas máquinas.

A Elgin informou situação parecida, com o lançamento de novos modelos dos produtos, todas com a mesma identidade visual, além de treinamento especializado para os gerentes e vendedores de lojas físicas, ainda muito visadas pelos consumidores em busca de informação.

A Janome apontou a utilização da internet para o marketing, além de buscar fabricar os equipamentos com conectividade wi-fi e bluetooth e com mais sustentabilidade. Também afirmou realizar a escuta de donos de lojas (e dos filhos que se tornaram parceiros deles) para ter novas ideias e abordagens.

Facilidade

Se o interesse cresce, o aprendizado pode ser facilitado pelas novas tecnologias, tanto nas próprias máquinas quanto a internet, que permite o acesso a mais material de ensino. “As máquinas atuais são muito intuitivas, vem com manual e tela para programar algumas coisas, e hoje tem a possibilidade de ter um YouTube na vida, que abre fronteiras. Tem tudo no painel, a parte de bordar e de costurar”, comenta Ramos.

Há máquinas tanto mecânicas quanto eletrônicas à venda. As eletrônicas são indicadas para casos de costura mais leves, ou quando se busca precisão e uma produção mais rápida, o que costuma torná-las mais atraentes para os iniciantes — algumas permitem costurar e bordar no mesmo equipamento, o que economiza espaço, e têm wi-fi. Por outro lado, para materiais mais pesados, como cortinas, uma mecânica é mais indicada por ter mais força e potência na perfuração.

Se a intenção for usar para obter uma renda extra, a ressalva é que, como em boa parte dos negócios, pode demorar para se obter clientes. “Precisa dominar as técnicas, ter um diferencial, dominar o equipamento, trilhar os caminhos da costura”, alerta Verly. E, como ele ressalta, a busca por ter peças que durem anos não terá fim, mesmo com o fast fashion. “É uma profissão que nunca sai de moda.”

Máquinas de costura muitas vezes estão associadas na memória afetiva com casas de mães, avós e tias: um móvel e, ao mesmo tempo, estação de trabalho, com agulhas, linhas e uma roda que poderia servir de volante em brincadeiras infantis. Essas máquinas, porém, têm se tornado objeto de desejo de jovens millenials nascidos depois de 1990 e da geração Z, (nascidos entre 1996 e 2010), como uma forma de destacar a própria individualidade e obter renda.

A Singer, uma das maiores fabricantes de máquinas de costura do Brasil, identificou que 37% dos compradores de novos equipamentos em seu site tem entre 18 e 34 anos, a maior fatia. Em segundo lugar, aparece a faixa etária de 35 a 44 anos com 20%. Além disso, uma pesquisa da empresa indicou que 36% dos lares brasileiros tem uma máquina, sendo dois terços herdados da família, e um terço de novos compradores. No grupo de pessoas entre 18 e 29 anos, 24% afirmaram que há uma máquina em suas casas.

Outras empresas também chegaram à conclusão de que mais consumidores jovens estão se interessando pelo mundo da costura. Ao Estadão, a Elgin afirmou que também notou o aumento da procura da geração Z pelas máquinas, embora não apresente dados. A empresa afirma que tem buscado formas de atender a essa demanda com novos produtos. Já a Janome disse ter percebido essa movimentação há alguns anos.

Entre os dados levantados pela Singer, outro ponto importante é que as máquinas são usadas com bastante frequência. Apenas 1% dos donos diz nunca usar, e 9% relataram utilizá-las raramente. Já 31% usam diariamente, 47% ao menos uma vez por semana, e 12%, uma vez por mês.

Além disso, 99% dizem sentir prazer ao costurar. “Começamos a direcionar a comunicação para o pessoal mais jovem, porque faltava informação para comprar a primeira máquina de costura”, afirma Concheta Feliciano, Diretora de Marketing e E-commerce da Singer América Latina.

O baiano Jonatas Verly começou a costurar aos 20 anos; hoje, aos 30, tem a costura como sua principal fonte de renda por meio das encomendas e de aulas Foto: Guilherme Oliveira / Divulgação

A principal razão para uso é a busca por uma renda extra, mesmo entre os mais jovens, em um mercado de trabalho com menos garantias e mais incertezas. Mas há outras, como um desejo por demonstrar individualidade através das roupas, o aprimoramento de técnicas por parte de estudantes de moda, a busca por produtos mais duráveis e sustentáveis e também por economia.

Histórias

O baiano Jonatas Verly, de 30 anos, foi um dos que começou a se interessar na costura ainda jovem. Filho e neto de costureiras, iniciou a prática aos 20 anos, quando buscava personalizar roupas para refletir seu gosto musical pelo rock, o que não era tão simples na cidade de Teixeira de Freitas, no sul do Estado.

Após começar, pegou gosto pelo processo de fazer as próprias roupas, que se tornou sua fonte de renda. “Pela primeira vez tive a capacidade de escolher o tecido. Era complicado encontrar peças diferentes das demais no interior. Ao costurar, posso pegar uma peça no guarda-roupa, fazer do jeito que quero, sem que precise ajustar. Aí, pude ver o prazer de costurar, aquela economia e liberdade de criar algo completamente único e exclusivo”, relata.

Verly cita ainda outras razões. “Quando era criança, usava a máquina de costura para brincar; hoje, uso para ser o protagonista, para contribuir um pouco com as causas ambientais, ressignificar as peças e empreender. As pessoas perguntavam onde comprei as roupas, daí veio um estalo: ‘Será que dá para cobrar?’ E aí aquilo deixou de ser brincadeira”, conta.

Hoje, o baiano é formado em design de moda e, além de costureiro, trabalha como influenciador digital e professor de técnicas de costura. Dá aulas em plataformas pagas e no YouTube, onde tem mais de 657 mil inscritos. Cinco vídeos já passaram de um milhão de visualizações. Ele conta já ter tido alunos de diversos lugares do mundo e que também nota cada vez mais jovens em suas aulas.

O interesse é percebido também por Suzana Ramos, de 57 anos. Ex-professora de química da rede estadual de São Paulo, deixou as salas de aula para cuidar dos filhos gêmeos. Ao ouvir a recomendação médica de aprender algo para lidar com problemas no sono e no humor, sintomas da fibromialgia, a costura entrou em sua vida. Posteriormente, também virou professora na nova profissão.

Nas aulas, normalmente as alunas têm entre 35 e 55 anos, mas Suzana percebe uma presença cada vez maior de jovens e de homens. “Eu vejo até pelos amigos dos meus filhos adolescentes, se encantam com as máquinas antigas e pedem para costurar. Estou preparando um workshop para pessoas abaixo dos 25 anos”, planeja.

Negócios

Para se adaptar aos novos consumidores, as fabricantes têm lançado novos modelos de máquinas, mais interativos e simples de operar, além de trabalhar o marketing em pontos de venda e por meio de influencers e eventos de moda. “Precisamos ter produtos para todos os preços. Tem alguns compradores patrocinados pelos pais, mas tem os que estão iniciando e pagam as máquinas dos seus próprios recursos”, afirma Feliciano.

“Muitos que entram em faculdades relacionadas à moda não tem ideia que precisam costurar, acham que só vão desenhar e transformar aquele mundo, mas outros são conscientes de que precisam costurar e entender para construir o próprio mundo”, completa. Assim, a diretora da Singer diz que a busca é por tornar a costura cada vez mais democrática, por meio da difusão de conhecimentos e do lançamento de novas máquinas.

A Elgin informou situação parecida, com o lançamento de novos modelos dos produtos, todas com a mesma identidade visual, além de treinamento especializado para os gerentes e vendedores de lojas físicas, ainda muito visadas pelos consumidores em busca de informação.

A Janome apontou a utilização da internet para o marketing, além de buscar fabricar os equipamentos com conectividade wi-fi e bluetooth e com mais sustentabilidade. Também afirmou realizar a escuta de donos de lojas (e dos filhos que se tornaram parceiros deles) para ter novas ideias e abordagens.

Facilidade

Se o interesse cresce, o aprendizado pode ser facilitado pelas novas tecnologias, tanto nas próprias máquinas quanto a internet, que permite o acesso a mais material de ensino. “As máquinas atuais são muito intuitivas, vem com manual e tela para programar algumas coisas, e hoje tem a possibilidade de ter um YouTube na vida, que abre fronteiras. Tem tudo no painel, a parte de bordar e de costurar”, comenta Ramos.

Há máquinas tanto mecânicas quanto eletrônicas à venda. As eletrônicas são indicadas para casos de costura mais leves, ou quando se busca precisão e uma produção mais rápida, o que costuma torná-las mais atraentes para os iniciantes — algumas permitem costurar e bordar no mesmo equipamento, o que economiza espaço, e têm wi-fi. Por outro lado, para materiais mais pesados, como cortinas, uma mecânica é mais indicada por ter mais força e potência na perfuração.

Se a intenção for usar para obter uma renda extra, a ressalva é que, como em boa parte dos negócios, pode demorar para se obter clientes. “Precisa dominar as técnicas, ter um diferencial, dominar o equipamento, trilhar os caminhos da costura”, alerta Verly. E, como ele ressalta, a busca por ter peças que durem anos não terá fim, mesmo com o fast fashion. “É uma profissão que nunca sai de moda.”

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