Quem for às ruas pular carnaval provavelmente vai encontrar atrativos além dos blocos e trios elétricos. As empresas querem aproveitar o burburinho para mostrar suas marcas, dar mimos aos consumidores e até criar atrações próprias.
Ao desembarcar no aeroporto de Salvador, os turistas serão recebidos por uma ala de baianas com promotores da marca Schin. A Caixa vai dar as boas vindas no Rio e espalhar 100 placas com decoração de Carnaval na cidade de São Paulo. Um “dragão” gigante da marca de preservativos Olla vai flutuar no meio dos bloquinhos do Rio. E uma infinidade de logos estará nos carros de som.
Tudo isso custa caro. Mesmo nos eventos abertos ao público, as marcas têm de pagar para falar com os foliões. Em São Paulo e no Rio, por exemplo, o carnaval de rua é um evento proprietário da Prefeitura. Para entrar na festa, as marcas têm de comprar uma cota de patrocínio oficial ou financiar os blocos de rua. Fora isso, qualquer ação é considerada marketing de emboscada, uma estratégia que as prefeituras prometem coibir.
Os patrocinadores oficiais pagam boa parte da estrutura do evento. Está na conta deles a instalação de banheiros químicos, cercas em monumentos históricos e as ambulâncias de plantão. As duas prefeituras contrataram a produtora Dream Factory para organizar o evento e, em troca, deixaram ela vender cotas de patrocínio. No Rio, o custo estimado do Carnaval é de R$ 25 milhões, valor que inclui também os investimentos públicos, como reforço ao policiamento. Em São Paulo, a conta é de R$ 10,5 milhões –35% financiado por patrocinadores.
No caso do Rio, o patrocínio oficial é de Caixa, Antarctica e Olla. Em São Paulo, quem paga a festa é a Amstel, do grupo Heineken, e a Caixa. Os vendedores ambulantes serão cadastrados pela Prefeitura e venderão as marcas das cervejas oficiais.
A Amstel, que foi lançada no Brasil em agosto do ano passado, será a primeira cervejaria a patrocinar o carnaval de São Paulo e quer crescer junto com o evento. “Vimos no carnaval paulistano a oportunidade de promover a experimentação do nosso produto por quase 2 milhões de pessoas”, disse a vice-presidente de marketing da Heineken Brasil, Daniela Cachich. Durante o evento, a Amstel vai oferecer brindes “funcionais” para o folião, como bolsa para celular e protetor de lata de neoprene. A marca também vai trazer chope no evento, por meio de “beer station”, que já foi usada pela Heineken no Rock in Rio.
A Antarctica está no carnaval do Rio há sete anos e já dominou as ruas. Há guarda-sóis da marca com oferta de cerveja espalhados pela cidade. E por todo o lado há foliões usando o chapéu panamá que a marca distribui. “O carnaval do Rio é aberto, democrático e o patrocínio reforça o posicionamento da marca e a conexão com o estilo de vida do carioca”, disse a diretora de marketing de Antarctica, Maria Fernanda de Albuquerque.
Atrações. O Itaú, que patrocina o carnaval de Salvador há sete anos, mudou de estratégia no ano passado. Em vez de ações atrás dos trios elétricos, a banco criou uma Vila Infantil em uma das principais praças da cidade. Lá haverá bandas folclóricas, palhaços e uma “escolinha” de bicicleta. “A nossa marca era uma no meio de várias e não era notada. A Vila Infantil qualificou a experiência da marca”, disse a superintendente de relações institucionais do Itaú, Luciana Nicola. Neste ano, a ação se estenderá também para bairros fora do circuito do carnaval.
A Trident também criou sua própria atração, um trio elétrico, que saiu ontem de Salvador e vai percorrer quatro cidades do Nordeste até sábado. A ideia de uma festa que dura vários dias foi pensada para promover o mote do produto “mais sabor por mais tempo”, explica o gerente de marketing de Trident, Felipe Michelotti. “Outra vantagem é que temos controle do evento e podemos oferecer uma melhor experiência com a marca.”