Rede Marisa tem o 5º presidente em 6 anos; reestruturações seguidas afastam executivos da varejista


Pandemia impediu que resultados dos últimos movimentos da Marisa aparecessem de forma mais clara; companhia precisa se ajustar financeiramente para ter fôlego durante o processo de retomada

Por Talita Nascimento e Altamiro Silva Junior
Atualização:

Com dificuldade para crescer, a Marisa passa por processos de reestruturação pelo menos desde 2017. A empresa viu o número de funcionários diminuir, ao mesmo tempo em que fez aumentos de capital milionários. Contratou ainda consultorias para reorganizar sua operação e até para tentar procurar um comprador para o negócio - ou parte dele. Nesse vai-e-vem, a rede de vestuário está com dificuldade de contratar - e reter - altos executivos e membros do conselho de administração. Na B3, suas ações despencam 42% só neste mês com a notícia de que vai precisar reestruturar a dívida.

A pandemia impediu que os resultados dos últimos movimentos da Marisa aparecessem de forma mais clara e, agora, a companhia precisa se ajustar financeiramente para ter fôlego durante o processo de retomada. Para atrapalhar, veio a notícia do rombo da Americanas e os bancos passaram a ficar muito mais cautelosos - e duros - no crédito, isso em um setor que sempre precisa de muitos empréstimos para girar os negócios do dia a dia.

Ao longo dos anos, mudanças de executivos do alto escalão têm acontecido com frequência. Em 2016, a Marisa trouxe para o comando Marcelo Araújo, com a proposta de retomar crescimento e rentabilidade. Em 2018, o executivo deixou o cargo para assumir a rede Ipiranga.

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Em 2019, Marcelo Pimentel, que estava na empresa desde 2017, foi alçado ao comando da empresa para substituir Marcelo Goldfarb, ex-presidente do Conselho de Administração e membro da família controladora, que havia assumido a companhia interinamente. A proposta, novamente, era de reorganização. Em 2022, Pimentel deixou a empresa para assumir o GPA.

Adalberto Santos, então vice-presidente financeiro assumiu, de forma interina o cargo de CEO e, depois, foi eleito para continuar no cargo meses depois. Juntamente ao novo anúncio de reestruturação, porém, a empresa comunicou que Santos e Marcelo Casarin, membro do conselho de administração, renunciaram aos cargos. Neste domingo, 12, a empresa também informou a renúncia do presidente do Conselho de Administração, Marcelo Doll Martinelli, e do conselheiro Dilson Batista dos Santos Filho.

Com essas mudanças, Alberto Kohn de Penhas, atual vice-presidente comercial e executivo, assumiu a presidência executiva de forma interina. É, portanto, o quinto presidente desde 2016. O economista João Pinheiro Nogueira Batista passa a comandar o Conselho de Administração e o consultor Luis Paulo Rosenberg passa a integrar o órgão, segundo o comunicado da rede varejista.

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Fontes relatam que esse clima de constante reforma da empresa afasta executivos de peso e que a família controladora da companhia, os Goldfarb, é difícil de lidar no conselho de administração. Assim, fica mais difícil para a companhia achar um novo norte. Um executivo de uma empresa do mesmo setor conta que há algum tempo foi convidado para ser conselheiro da Marisa, mas já sabendo dos problemas e após conversar com pessoas próximas da empresa e dos controladores, desistiu. Para ele, além da dificuldade de lidar com os controladores, também pesou a “certa instabilidade” da varejista em saber que estratégia queria trilhar, fora o risco de ser responsabilizado judicialmente por eventuais problemas. “Se fosse agora, eu iria menos ainda.”

O problema estrutural da Marisa - e de certa forma do setor de varejo, de juros altos, inadimplência subindo e poder de consumo das famílias em baixa - foi agravado pelo rombo da Americanas, comenta outra fonte do setor. Os bancos “fecharam as torneiras”, conta, no sentido de estarem dispostos a liberar menos recursos, com prazo menor e buscar mais garantias. Isso em um tipo de crédito, que por ser muito comum e frequente, não tinha garantias - na Americanas, 92% dos empréstimos não possuíam.

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Nesse momento conturbado, os vencedores são as empresas mais capitalizadas no setor, o que não é o caso da Marisa, ressalta a fonte. Em 2022, até setembro, a empresa acumulou prejuízo de R$ 202 milhões, um salto de 195% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já a dívida líquida subiu 8%, para R$ 566 milhões, enquanto a disponibilidade de caixa era de R$ 222 milhões.

Fachada de Loja Marisa em São Paulo; rede de vestuário está com dificuldade de contratar e reter altos executivos e membros do conselho de administração.  Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

A Marisa tentou, anos atrás, ampliar seu público alvo, mostrando-se como solução de moda para toda a família. Depois, tentou focar em roupa íntima. Até agora, porém, tem perdido espaço para as lojas de departamento concorrentes listadas, que conseguiram se posicionar em patamares de preço mais altos, com proposta de design mais atuais, além do uso de dados para tornar as coleções mais bem sucedidas, de forma que não precisam entrar em constantes liquidação para vender.

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Nas tentativas da empresa de crescer e se capitalizar, há um ano fez um aumento de capital de R$ 206 milhões. Para a operação sair, a família Goldfarb se comprometeu a ficar com R$ 100 milhões das ações e um grupo de executivos da rede de vestuário com mais outros R$ 36 milhões. Um ano antes, em 2021, contratou a Lazard para buscar um sócio ou mesmo vender a empresa, que na época atraiu os olhos da Americanas. O negócio, porém, não foi para frente.

Em dezembro de 2021, fez uma oferta subsequente (follow-on) em que levantou R$ 515 milhões. Com os juros altos e os investidores avessos aos risco, esse tipo de operação deixou de ser uma possibilidade, comenta um gestor da Faria Lima.

Procurada, a empresa não respondeu até a publicação deste texto.

Com dificuldade para crescer, a Marisa passa por processos de reestruturação pelo menos desde 2017. A empresa viu o número de funcionários diminuir, ao mesmo tempo em que fez aumentos de capital milionários. Contratou ainda consultorias para reorganizar sua operação e até para tentar procurar um comprador para o negócio - ou parte dele. Nesse vai-e-vem, a rede de vestuário está com dificuldade de contratar - e reter - altos executivos e membros do conselho de administração. Na B3, suas ações despencam 42% só neste mês com a notícia de que vai precisar reestruturar a dívida.

A pandemia impediu que os resultados dos últimos movimentos da Marisa aparecessem de forma mais clara e, agora, a companhia precisa se ajustar financeiramente para ter fôlego durante o processo de retomada. Para atrapalhar, veio a notícia do rombo da Americanas e os bancos passaram a ficar muito mais cautelosos - e duros - no crédito, isso em um setor que sempre precisa de muitos empréstimos para girar os negócios do dia a dia.

Ao longo dos anos, mudanças de executivos do alto escalão têm acontecido com frequência. Em 2016, a Marisa trouxe para o comando Marcelo Araújo, com a proposta de retomar crescimento e rentabilidade. Em 2018, o executivo deixou o cargo para assumir a rede Ipiranga.

Em 2019, Marcelo Pimentel, que estava na empresa desde 2017, foi alçado ao comando da empresa para substituir Marcelo Goldfarb, ex-presidente do Conselho de Administração e membro da família controladora, que havia assumido a companhia interinamente. A proposta, novamente, era de reorganização. Em 2022, Pimentel deixou a empresa para assumir o GPA.

Adalberto Santos, então vice-presidente financeiro assumiu, de forma interina o cargo de CEO e, depois, foi eleito para continuar no cargo meses depois. Juntamente ao novo anúncio de reestruturação, porém, a empresa comunicou que Santos e Marcelo Casarin, membro do conselho de administração, renunciaram aos cargos. Neste domingo, 12, a empresa também informou a renúncia do presidente do Conselho de Administração, Marcelo Doll Martinelli, e do conselheiro Dilson Batista dos Santos Filho.

Com essas mudanças, Alberto Kohn de Penhas, atual vice-presidente comercial e executivo, assumiu a presidência executiva de forma interina. É, portanto, o quinto presidente desde 2016. O economista João Pinheiro Nogueira Batista passa a comandar o Conselho de Administração e o consultor Luis Paulo Rosenberg passa a integrar o órgão, segundo o comunicado da rede varejista.

Fontes relatam que esse clima de constante reforma da empresa afasta executivos de peso e que a família controladora da companhia, os Goldfarb, é difícil de lidar no conselho de administração. Assim, fica mais difícil para a companhia achar um novo norte. Um executivo de uma empresa do mesmo setor conta que há algum tempo foi convidado para ser conselheiro da Marisa, mas já sabendo dos problemas e após conversar com pessoas próximas da empresa e dos controladores, desistiu. Para ele, além da dificuldade de lidar com os controladores, também pesou a “certa instabilidade” da varejista em saber que estratégia queria trilhar, fora o risco de ser responsabilizado judicialmente por eventuais problemas. “Se fosse agora, eu iria menos ainda.”

O problema estrutural da Marisa - e de certa forma do setor de varejo, de juros altos, inadimplência subindo e poder de consumo das famílias em baixa - foi agravado pelo rombo da Americanas, comenta outra fonte do setor. Os bancos “fecharam as torneiras”, conta, no sentido de estarem dispostos a liberar menos recursos, com prazo menor e buscar mais garantias. Isso em um tipo de crédito, que por ser muito comum e frequente, não tinha garantias - na Americanas, 92% dos empréstimos não possuíam.

Nesse momento conturbado, os vencedores são as empresas mais capitalizadas no setor, o que não é o caso da Marisa, ressalta a fonte. Em 2022, até setembro, a empresa acumulou prejuízo de R$ 202 milhões, um salto de 195% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já a dívida líquida subiu 8%, para R$ 566 milhões, enquanto a disponibilidade de caixa era de R$ 222 milhões.

Fachada de Loja Marisa em São Paulo; rede de vestuário está com dificuldade de contratar e reter altos executivos e membros do conselho de administração.  Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

A Marisa tentou, anos atrás, ampliar seu público alvo, mostrando-se como solução de moda para toda a família. Depois, tentou focar em roupa íntima. Até agora, porém, tem perdido espaço para as lojas de departamento concorrentes listadas, que conseguiram se posicionar em patamares de preço mais altos, com proposta de design mais atuais, além do uso de dados para tornar as coleções mais bem sucedidas, de forma que não precisam entrar em constantes liquidação para vender.

Nas tentativas da empresa de crescer e se capitalizar, há um ano fez um aumento de capital de R$ 206 milhões. Para a operação sair, a família Goldfarb se comprometeu a ficar com R$ 100 milhões das ações e um grupo de executivos da rede de vestuário com mais outros R$ 36 milhões. Um ano antes, em 2021, contratou a Lazard para buscar um sócio ou mesmo vender a empresa, que na época atraiu os olhos da Americanas. O negócio, porém, não foi para frente.

Em dezembro de 2021, fez uma oferta subsequente (follow-on) em que levantou R$ 515 milhões. Com os juros altos e os investidores avessos aos risco, esse tipo de operação deixou de ser uma possibilidade, comenta um gestor da Faria Lima.

Procurada, a empresa não respondeu até a publicação deste texto.

Com dificuldade para crescer, a Marisa passa por processos de reestruturação pelo menos desde 2017. A empresa viu o número de funcionários diminuir, ao mesmo tempo em que fez aumentos de capital milionários. Contratou ainda consultorias para reorganizar sua operação e até para tentar procurar um comprador para o negócio - ou parte dele. Nesse vai-e-vem, a rede de vestuário está com dificuldade de contratar - e reter - altos executivos e membros do conselho de administração. Na B3, suas ações despencam 42% só neste mês com a notícia de que vai precisar reestruturar a dívida.

A pandemia impediu que os resultados dos últimos movimentos da Marisa aparecessem de forma mais clara e, agora, a companhia precisa se ajustar financeiramente para ter fôlego durante o processo de retomada. Para atrapalhar, veio a notícia do rombo da Americanas e os bancos passaram a ficar muito mais cautelosos - e duros - no crédito, isso em um setor que sempre precisa de muitos empréstimos para girar os negócios do dia a dia.

Ao longo dos anos, mudanças de executivos do alto escalão têm acontecido com frequência. Em 2016, a Marisa trouxe para o comando Marcelo Araújo, com a proposta de retomar crescimento e rentabilidade. Em 2018, o executivo deixou o cargo para assumir a rede Ipiranga.

Em 2019, Marcelo Pimentel, que estava na empresa desde 2017, foi alçado ao comando da empresa para substituir Marcelo Goldfarb, ex-presidente do Conselho de Administração e membro da família controladora, que havia assumido a companhia interinamente. A proposta, novamente, era de reorganização. Em 2022, Pimentel deixou a empresa para assumir o GPA.

Adalberto Santos, então vice-presidente financeiro assumiu, de forma interina o cargo de CEO e, depois, foi eleito para continuar no cargo meses depois. Juntamente ao novo anúncio de reestruturação, porém, a empresa comunicou que Santos e Marcelo Casarin, membro do conselho de administração, renunciaram aos cargos. Neste domingo, 12, a empresa também informou a renúncia do presidente do Conselho de Administração, Marcelo Doll Martinelli, e do conselheiro Dilson Batista dos Santos Filho.

Com essas mudanças, Alberto Kohn de Penhas, atual vice-presidente comercial e executivo, assumiu a presidência executiva de forma interina. É, portanto, o quinto presidente desde 2016. O economista João Pinheiro Nogueira Batista passa a comandar o Conselho de Administração e o consultor Luis Paulo Rosenberg passa a integrar o órgão, segundo o comunicado da rede varejista.

Fontes relatam que esse clima de constante reforma da empresa afasta executivos de peso e que a família controladora da companhia, os Goldfarb, é difícil de lidar no conselho de administração. Assim, fica mais difícil para a companhia achar um novo norte. Um executivo de uma empresa do mesmo setor conta que há algum tempo foi convidado para ser conselheiro da Marisa, mas já sabendo dos problemas e após conversar com pessoas próximas da empresa e dos controladores, desistiu. Para ele, além da dificuldade de lidar com os controladores, também pesou a “certa instabilidade” da varejista em saber que estratégia queria trilhar, fora o risco de ser responsabilizado judicialmente por eventuais problemas. “Se fosse agora, eu iria menos ainda.”

O problema estrutural da Marisa - e de certa forma do setor de varejo, de juros altos, inadimplência subindo e poder de consumo das famílias em baixa - foi agravado pelo rombo da Americanas, comenta outra fonte do setor. Os bancos “fecharam as torneiras”, conta, no sentido de estarem dispostos a liberar menos recursos, com prazo menor e buscar mais garantias. Isso em um tipo de crédito, que por ser muito comum e frequente, não tinha garantias - na Americanas, 92% dos empréstimos não possuíam.

Nesse momento conturbado, os vencedores são as empresas mais capitalizadas no setor, o que não é o caso da Marisa, ressalta a fonte. Em 2022, até setembro, a empresa acumulou prejuízo de R$ 202 milhões, um salto de 195% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já a dívida líquida subiu 8%, para R$ 566 milhões, enquanto a disponibilidade de caixa era de R$ 222 milhões.

Fachada de Loja Marisa em São Paulo; rede de vestuário está com dificuldade de contratar e reter altos executivos e membros do conselho de administração.  Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

A Marisa tentou, anos atrás, ampliar seu público alvo, mostrando-se como solução de moda para toda a família. Depois, tentou focar em roupa íntima. Até agora, porém, tem perdido espaço para as lojas de departamento concorrentes listadas, que conseguiram se posicionar em patamares de preço mais altos, com proposta de design mais atuais, além do uso de dados para tornar as coleções mais bem sucedidas, de forma que não precisam entrar em constantes liquidação para vender.

Nas tentativas da empresa de crescer e se capitalizar, há um ano fez um aumento de capital de R$ 206 milhões. Para a operação sair, a família Goldfarb se comprometeu a ficar com R$ 100 milhões das ações e um grupo de executivos da rede de vestuário com mais outros R$ 36 milhões. Um ano antes, em 2021, contratou a Lazard para buscar um sócio ou mesmo vender a empresa, que na época atraiu os olhos da Americanas. O negócio, porém, não foi para frente.

Em dezembro de 2021, fez uma oferta subsequente (follow-on) em que levantou R$ 515 milhões. Com os juros altos e os investidores avessos aos risco, esse tipo de operação deixou de ser uma possibilidade, comenta um gestor da Faria Lima.

Procurada, a empresa não respondeu até a publicação deste texto.

Com dificuldade para crescer, a Marisa passa por processos de reestruturação pelo menos desde 2017. A empresa viu o número de funcionários diminuir, ao mesmo tempo em que fez aumentos de capital milionários. Contratou ainda consultorias para reorganizar sua operação e até para tentar procurar um comprador para o negócio - ou parte dele. Nesse vai-e-vem, a rede de vestuário está com dificuldade de contratar - e reter - altos executivos e membros do conselho de administração. Na B3, suas ações despencam 42% só neste mês com a notícia de que vai precisar reestruturar a dívida.

A pandemia impediu que os resultados dos últimos movimentos da Marisa aparecessem de forma mais clara e, agora, a companhia precisa se ajustar financeiramente para ter fôlego durante o processo de retomada. Para atrapalhar, veio a notícia do rombo da Americanas e os bancos passaram a ficar muito mais cautelosos - e duros - no crédito, isso em um setor que sempre precisa de muitos empréstimos para girar os negócios do dia a dia.

Ao longo dos anos, mudanças de executivos do alto escalão têm acontecido com frequência. Em 2016, a Marisa trouxe para o comando Marcelo Araújo, com a proposta de retomar crescimento e rentabilidade. Em 2018, o executivo deixou o cargo para assumir a rede Ipiranga.

Em 2019, Marcelo Pimentel, que estava na empresa desde 2017, foi alçado ao comando da empresa para substituir Marcelo Goldfarb, ex-presidente do Conselho de Administração e membro da família controladora, que havia assumido a companhia interinamente. A proposta, novamente, era de reorganização. Em 2022, Pimentel deixou a empresa para assumir o GPA.

Adalberto Santos, então vice-presidente financeiro assumiu, de forma interina o cargo de CEO e, depois, foi eleito para continuar no cargo meses depois. Juntamente ao novo anúncio de reestruturação, porém, a empresa comunicou que Santos e Marcelo Casarin, membro do conselho de administração, renunciaram aos cargos. Neste domingo, 12, a empresa também informou a renúncia do presidente do Conselho de Administração, Marcelo Doll Martinelli, e do conselheiro Dilson Batista dos Santos Filho.

Com essas mudanças, Alberto Kohn de Penhas, atual vice-presidente comercial e executivo, assumiu a presidência executiva de forma interina. É, portanto, o quinto presidente desde 2016. O economista João Pinheiro Nogueira Batista passa a comandar o Conselho de Administração e o consultor Luis Paulo Rosenberg passa a integrar o órgão, segundo o comunicado da rede varejista.

Fontes relatam que esse clima de constante reforma da empresa afasta executivos de peso e que a família controladora da companhia, os Goldfarb, é difícil de lidar no conselho de administração. Assim, fica mais difícil para a companhia achar um novo norte. Um executivo de uma empresa do mesmo setor conta que há algum tempo foi convidado para ser conselheiro da Marisa, mas já sabendo dos problemas e após conversar com pessoas próximas da empresa e dos controladores, desistiu. Para ele, além da dificuldade de lidar com os controladores, também pesou a “certa instabilidade” da varejista em saber que estratégia queria trilhar, fora o risco de ser responsabilizado judicialmente por eventuais problemas. “Se fosse agora, eu iria menos ainda.”

O problema estrutural da Marisa - e de certa forma do setor de varejo, de juros altos, inadimplência subindo e poder de consumo das famílias em baixa - foi agravado pelo rombo da Americanas, comenta outra fonte do setor. Os bancos “fecharam as torneiras”, conta, no sentido de estarem dispostos a liberar menos recursos, com prazo menor e buscar mais garantias. Isso em um tipo de crédito, que por ser muito comum e frequente, não tinha garantias - na Americanas, 92% dos empréstimos não possuíam.

Nesse momento conturbado, os vencedores são as empresas mais capitalizadas no setor, o que não é o caso da Marisa, ressalta a fonte. Em 2022, até setembro, a empresa acumulou prejuízo de R$ 202 milhões, um salto de 195% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já a dívida líquida subiu 8%, para R$ 566 milhões, enquanto a disponibilidade de caixa era de R$ 222 milhões.

Fachada de Loja Marisa em São Paulo; rede de vestuário está com dificuldade de contratar e reter altos executivos e membros do conselho de administração.  Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

A Marisa tentou, anos atrás, ampliar seu público alvo, mostrando-se como solução de moda para toda a família. Depois, tentou focar em roupa íntima. Até agora, porém, tem perdido espaço para as lojas de departamento concorrentes listadas, que conseguiram se posicionar em patamares de preço mais altos, com proposta de design mais atuais, além do uso de dados para tornar as coleções mais bem sucedidas, de forma que não precisam entrar em constantes liquidação para vender.

Nas tentativas da empresa de crescer e se capitalizar, há um ano fez um aumento de capital de R$ 206 milhões. Para a operação sair, a família Goldfarb se comprometeu a ficar com R$ 100 milhões das ações e um grupo de executivos da rede de vestuário com mais outros R$ 36 milhões. Um ano antes, em 2021, contratou a Lazard para buscar um sócio ou mesmo vender a empresa, que na época atraiu os olhos da Americanas. O negócio, porém, não foi para frente.

Em dezembro de 2021, fez uma oferta subsequente (follow-on) em que levantou R$ 515 milhões. Com os juros altos e os investidores avessos aos risco, esse tipo de operação deixou de ser uma possibilidade, comenta um gestor da Faria Lima.

Procurada, a empresa não respondeu até a publicação deste texto.

Com dificuldade para crescer, a Marisa passa por processos de reestruturação pelo menos desde 2017. A empresa viu o número de funcionários diminuir, ao mesmo tempo em que fez aumentos de capital milionários. Contratou ainda consultorias para reorganizar sua operação e até para tentar procurar um comprador para o negócio - ou parte dele. Nesse vai-e-vem, a rede de vestuário está com dificuldade de contratar - e reter - altos executivos e membros do conselho de administração. Na B3, suas ações despencam 42% só neste mês com a notícia de que vai precisar reestruturar a dívida.

A pandemia impediu que os resultados dos últimos movimentos da Marisa aparecessem de forma mais clara e, agora, a companhia precisa se ajustar financeiramente para ter fôlego durante o processo de retomada. Para atrapalhar, veio a notícia do rombo da Americanas e os bancos passaram a ficar muito mais cautelosos - e duros - no crédito, isso em um setor que sempre precisa de muitos empréstimos para girar os negócios do dia a dia.

Ao longo dos anos, mudanças de executivos do alto escalão têm acontecido com frequência. Em 2016, a Marisa trouxe para o comando Marcelo Araújo, com a proposta de retomar crescimento e rentabilidade. Em 2018, o executivo deixou o cargo para assumir a rede Ipiranga.

Em 2019, Marcelo Pimentel, que estava na empresa desde 2017, foi alçado ao comando da empresa para substituir Marcelo Goldfarb, ex-presidente do Conselho de Administração e membro da família controladora, que havia assumido a companhia interinamente. A proposta, novamente, era de reorganização. Em 2022, Pimentel deixou a empresa para assumir o GPA.

Adalberto Santos, então vice-presidente financeiro assumiu, de forma interina o cargo de CEO e, depois, foi eleito para continuar no cargo meses depois. Juntamente ao novo anúncio de reestruturação, porém, a empresa comunicou que Santos e Marcelo Casarin, membro do conselho de administração, renunciaram aos cargos. Neste domingo, 12, a empresa também informou a renúncia do presidente do Conselho de Administração, Marcelo Doll Martinelli, e do conselheiro Dilson Batista dos Santos Filho.

Com essas mudanças, Alberto Kohn de Penhas, atual vice-presidente comercial e executivo, assumiu a presidência executiva de forma interina. É, portanto, o quinto presidente desde 2016. O economista João Pinheiro Nogueira Batista passa a comandar o Conselho de Administração e o consultor Luis Paulo Rosenberg passa a integrar o órgão, segundo o comunicado da rede varejista.

Fontes relatam que esse clima de constante reforma da empresa afasta executivos de peso e que a família controladora da companhia, os Goldfarb, é difícil de lidar no conselho de administração. Assim, fica mais difícil para a companhia achar um novo norte. Um executivo de uma empresa do mesmo setor conta que há algum tempo foi convidado para ser conselheiro da Marisa, mas já sabendo dos problemas e após conversar com pessoas próximas da empresa e dos controladores, desistiu. Para ele, além da dificuldade de lidar com os controladores, também pesou a “certa instabilidade” da varejista em saber que estratégia queria trilhar, fora o risco de ser responsabilizado judicialmente por eventuais problemas. “Se fosse agora, eu iria menos ainda.”

O problema estrutural da Marisa - e de certa forma do setor de varejo, de juros altos, inadimplência subindo e poder de consumo das famílias em baixa - foi agravado pelo rombo da Americanas, comenta outra fonte do setor. Os bancos “fecharam as torneiras”, conta, no sentido de estarem dispostos a liberar menos recursos, com prazo menor e buscar mais garantias. Isso em um tipo de crédito, que por ser muito comum e frequente, não tinha garantias - na Americanas, 92% dos empréstimos não possuíam.

Nesse momento conturbado, os vencedores são as empresas mais capitalizadas no setor, o que não é o caso da Marisa, ressalta a fonte. Em 2022, até setembro, a empresa acumulou prejuízo de R$ 202 milhões, um salto de 195% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já a dívida líquida subiu 8%, para R$ 566 milhões, enquanto a disponibilidade de caixa era de R$ 222 milhões.

Fachada de Loja Marisa em São Paulo; rede de vestuário está com dificuldade de contratar e reter altos executivos e membros do conselho de administração.  Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

A Marisa tentou, anos atrás, ampliar seu público alvo, mostrando-se como solução de moda para toda a família. Depois, tentou focar em roupa íntima. Até agora, porém, tem perdido espaço para as lojas de departamento concorrentes listadas, que conseguiram se posicionar em patamares de preço mais altos, com proposta de design mais atuais, além do uso de dados para tornar as coleções mais bem sucedidas, de forma que não precisam entrar em constantes liquidação para vender.

Nas tentativas da empresa de crescer e se capitalizar, há um ano fez um aumento de capital de R$ 206 milhões. Para a operação sair, a família Goldfarb se comprometeu a ficar com R$ 100 milhões das ações e um grupo de executivos da rede de vestuário com mais outros R$ 36 milhões. Um ano antes, em 2021, contratou a Lazard para buscar um sócio ou mesmo vender a empresa, que na época atraiu os olhos da Americanas. O negócio, porém, não foi para frente.

Em dezembro de 2021, fez uma oferta subsequente (follow-on) em que levantou R$ 515 milhões. Com os juros altos e os investidores avessos aos risco, esse tipo de operação deixou de ser uma possibilidade, comenta um gestor da Faria Lima.

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