O ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles disse ao Estadão/Broadcast que, mais importante do que a possível decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar a taxa Selic nesta quarta-feira, 18, serão os votos de membros do colegiado, em especial daqueles indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a posição de Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária e indicado para assumir o comando do BC em 2025.
Ele ressaltou que seria importante o BC reforçar, na comunicação, seu compromisso com o controle da inflação, não só agora, mas também no futuro.
“É importante que o Copom mostre compromisso em controlar a inflação. Não só nesta reunião, mas com um passo à frente no futuro”, disse Meirelles, salientando que a última decisão do colegiado “foi boa” devido à unanimidade construída em torno da manutenção do juro em 10,5%.
O ex-ministro da Fazenda destacou que a alta da taxa Selic é capaz de ancorar as expectativas de inflação, desde que o BC sinalize o comprometimento com o controle da alta de preços agora e à frente. Hoje, o horizonte relevante da autarquia é o primeiro trimestre de 2026.
Ele afirmou que a expansão fiscal e o desemprego em nível baixo têm sustentado a economia doméstica, e já começam a pressionar a inflação.
Meirelles, que presidiu o BC entre 2003 e 2010, avalia como “normal” e o fato de a autoridade monetária conviver, até o final do ano, com um presidente em exercício, Roberto Campos Neto, e um novo, já indicado para ocupar a cadeira no próximo ano.
“Eu já tive isso, quando o Alexandre Tombini era meu diretor e já havia sido indicado pela presidente Dilma para ser o próximo presidente. É normal, não vejo problema”, disse Meirelles, ressaltando que o Copom deve tomar suas decisões “normalmente”.
Meirelles reconheceu que “a coisa tende a ficar mais complicada” para Galípolo e os demais indicados pelo presidente Lula para o BC ao longo deste ano, uma vez que tendem a ser os diretores cujas decisões serão “escrutinadas” pelo mercado.