Apenas 9,18% das contas bancárias de pessoas físicas concentram 64,2% das aplicações financeiras no Brasil, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Segundo a instituição, no fim do primeiro semestre de 2018, o montante de recursos investidos no País chegou a R$ 2,8 trilhões.
A Anbima contabilizou em mais de 70 milhões as contas ativas no mercado financeiro. Os 9,18%, ou 6,4 milhões de contas, são formados por clientes do perfil 'varejo de alta renda', composto por correntistas de um segmento de mais alto padrão nos bancos - Itaú Personnalité, Banco do Brasil Estilo, Bradesco Prime ou Santander Select, por exemplo. Essa parcela concentra um montante de R$ 821,5 bilhões, ou 29,28% do total investido no mercado.
A outra parcela é o segmento classificado como 'private banking', ou correntistas que possuem mais de R$ 3 milhões em aplicações financeiras. São apenas 122 mil - 0,17% do total de contas no mercado brasileiro. Somadas, elas atingem patrimônio de R$ 1 trilhão, ou cerca de 35,7% do volume total em aplicações no Brasil.
O volume é maior, por exemplo, do que o acumulado pelos cerca de 64 milhões de correntistas no chamado 'varejo tradicional'. No total, eles possuem R$ 919,36 bilhões em aplicações.
Mais pobres preferem a poupança
Ainda de acordo com o levantamento da Anbima, a camada com menor poder aquisitivo da população, o chamado 'varejo tradicional', ainda concentra a maior parte de suas aplicações financeiras na caderneta de poupança.
Em junho de 2018, 63,3% de todo o volume investido pelo segmento concentrava-se no produto.
Por ano, a caderneta de poupança remunera os investidores hoje em 70% da Taxa Selic, que atualmente está em 6,5% ao ano, mais a TR, que é próxima de zero.
Ricos procuram fundos de multimercado
Na parcela de maior renda do mercado, a distribuição da carteira é bem diferente. No 'varejo de alta renda', apenas 12,3% das aplicações estão na poupança. Entre os produtos mais conservadores, há a preferência por fundos de renda fixa, nos quais estão alocados 37,4% do capital do segmento. Outros 12% estão em CDBs.
Também houve um crescimento expressivo nas aplicações em fundos de multimercado, com alta de 24,4% e R$ 86,3 bilhões investidos. Isso porque, com a queda nas taxas de juros, houve uma procura maior por ativos mais arriscados dentro do segmento de alta renda, de acordo com José Rocha, presidente do Comitê de Varejo da ANBIMA.
No segmento de 'private banking' - os investidores que possuem mais de R$ 3 milhões em aplicações financeiras - apenas 0,2% do total do dinheiro está alocado na poupança. Destacam-se ativos de maior risco, também como os fundos multimercado, que tiveram crescimento de 9,4% no primeiro semestre de 2018.