BRASÍLIA - A expectativa para taxa Selic no fim de 2023 no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 7, seguiu a sinalização dada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de que pretende repetir o passo de corte de juro em 0,50 ponto porcentual adotado na semana passada nas próximas reuniões do colegiado.
A mediana para a Selic no encerramento deste ano caiu de 12,00% para 11,75%. Para o término de 2024, houve queda de 9,25% para 9,00%. Há um mês, as estimativas eram de 12,00% e 9,50%, nessa ordem.
Considerando apenas as 60 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 também passou de 12,00% para 11,75%. Para o fim de 2024, por sua vez, continuou em 9,00%, com as 60 atualizações na última semana.
Na semana passada, o Copom optou por iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com uma queda de 0,50 ponto dos juros básicos, o que surpreendeu uma parte do mercado, que apostava majoritariamente em uma queda mais “parcimoniosa”, de 0,25 ponto.
A justificativa para iniciar o ciclo em ritmo mais forte já foi dada no comunicado da decisão. Segundo o colegiado, a escolha ocorreu “em função da melhora do quadro inflacionário”, o que reflete os impactos defasados da política monetária. O comitê também disse que a reancoragem parcial das estimativas mais longas após a manutenção da meta de inflação em 3,0% nos próximos anos permitiu acumular a “confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária.”
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões”, disse o Copom, acrescentando que considera o ritmo apropriado para manter o aperto monetário necessário para o processo desinflacionário.
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O Boletim Focus ainda mostrou que a projeção para a Selic no fim de 2025 baixou de 8,75% para 8,50%, de 9,00% há um mês. Já a projeção para a Selic no fim de 2026 permaneceu em 8,50%, contra 8,75% de um mês antes.
Inflação
A expectativa inflacionária para 2024, foco principal do BC, teve alívio marginal, enquanto os demais horizontes ficaram estáveis no Boletim Focus.
A projeção para o índice de inflação oficial, o IPCA, em 2023 permaneceu em 4,84%. Um mês antes, a mediana era de 4,95%. Para 2024, a estimativa baixou marginalmente, de 3,89% para 3,88%. Há um mês, era de 3,92%.
Considerando somente as 51 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,83% para 4,78%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta cedeu de 3,88% para 3,87%, considerando 50 atualizações no período.
Houve também estabilidade na expectativa para 2025, que agora tem peso minoritário nas decisões do Copom. A projeção continuou em 3,50%, contra 3,60% de quatro semanas antes. No horizonte mais longo, de 2026, houve manutenção da estimativa em 3,50%, repetindo a mediana de um mês atrás.
As estimativas medianas de todos os anos do Boletim Focus continuam acima da meta. Para 2023, a projeção supera o teto da meta (4,75%) e indica estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão no intervalo, mas superam o alvo central de 3,0%.
A projeção do próprio Copom para a inflação oficial em 2024 permaneceu em 3,4%, acima do alvo central de 3,0%. Para 2025, ficou em 3,0% no modelo que considerava um primeiro corte de 0,25 ponto. Para 2023, a projeção é de 4,9%.
PIB
O Boletim Focus trouxe ainda melhora na projeção de crescimento econômico para este ano. A mediana para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 passou de 2,24% para 2,26%, contra 2,19% há um mês. Considerando apenas as 32 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 passou de 2,21% para 2,33%.
Para 2024, o Focus mostrou manutenção da estimativa de crescimento do PIB de 1,30%, ante 1,28% de um mês atrás. Considerando apenas as 29 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 passou de 1,25% para 1,32%.
Em relação a 2025, a mediana continuou em 1,90%, ante 1,80% de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que avançou de 1,97% para 2,00%, contra 1,88% de um mês atrás.
O Ministério da Fazenda aumentou sua projeção oficial para o PIB deste ano, de 1,9% para 2,5%, em meados de julho. No Banco Central, a estimativa atual é de 2,0%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho.