BC deve manter Selic em 13,75%, em meio a novas críticas de Lula em relação aos juros


Para maior parte dos analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, ciclo de queda da taxa de juros só deve ter início no segundo semestre

Por Marianna Gualter, Italo Bertão Filho e Daniel Tozzi Mendes
Atualização:

São Paulo - O Banco Central vem sofrendo grande pressão, do governo e também de alguns setores da economia, para começar a reduzir a taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano. Nesta terça-feira, 21, o presidente Lula voltou a dizer que iria “continuar batendo” no BC para conseguir a redução da Selic. “Uma coisa que eu acho absurdo é a taxa de juro estar a 13,75%, num momento em que a gente tem o juro mais alto do mundo, num momento em que não existe uma crise de demanda, não existe excesso de demanda”, afirmou, em entrevista ao site Brasil 247.

Mas, na visão dos analistas do mercado financeiro, pelo menos para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que termina nesta quarta-feira, 22, a taxa deve permanecer como está.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai se ver no meio de uma encruzilhada ao ter de decidir o rumo da taxa básica de juros  Foto: Dida Sampaio/Estadão
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Essa projeção foi unânime entre as 45 instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast. Além disso, a maior parte delas (24) projeta o início dos cortes para o segundo semestre, seis acreditam que essa redução nos juros pode começar ainda neste primeiro semestre e outras 15 acreditam que esse ciclo de baixa só tenha início em 2024. A mediana de todas as projeções aponta que a Selic deve terminar este ano em 12,5%, chegando a 10,25 no fim de 2024 e a 9% em 2025.

Carlos Lopes, economista do Banco BV, projeta o início dos cortes da Selic no terceiro trimestre, levando o juro a 12% no fim do ano. Para ele, o cenário de inflação atual não permite que o Copom comece - ou mesmo sinalize - reduções nas duas próximas reuniões.

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“Os núcleos (de inflação) seguem altos, com destaque para a inflação de serviços. Apesar da desaceleração do crédito, o mercado de trabalho ainda aquecido e o crescimento da renda têm ajudado a sustentar esses preços”, diz. Para Lopes, a perspectiva inflacionária poderia inclusive postergar o início dos cortes, mas a incerteza com sistema bancário no exterior “equilibrou” esse risco.

Ele pondera, contudo, que a crise dos bancos ainda está no início e que seria arriscado o BC alterar sua estratégia em cima de algo que não se caracterizou, por enquanto, como um problema para a atividade econômica. O tema, porém, deve ser reconhecido nas próximas comunicações da autarquia, avalia Lopes.

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Para o economista, a proposta de novo arcabouço fiscal também não deve trazer conforto para o BC. “Independente do desenho, a sinalização do governo é de crescimento real das despesas, ao menos no curto prazo”, diz Lopes, que também ressalta que o arcabouço precisará ainda ser “digerido” no Congresso, o que torna incerto o que efetivamente será aprovado.

O economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, manteve a expectativa de redução da taxa Selic apenas a partir do quarto trimestre, para 13% no fim de 2023. Apesar do aperto nas condições de crédito com a crise da Americanas e da incerteza em torno do sistema bancário internacional, o analista argumenta que não há evidências de um “credit crunch” (a diminuição drástica na oferta de crédito) no Brasil.

“Vejo um encarecimento natural do crédito para pessoa jurídica e um aumento do spread para alguns patamares altos, mas, sinceramente, acho que é natural e esperado que o crédito responda à subida da Selic, foi até um pouco atrasado”, diz.

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Caruso acrescenta que, mesmo em caso de uma crise de crédito, a literatura acadêmica indica que, se houvesse conflito entre os objetivos de estabilidade dos preços e de estabilidade financeira, o BC deveria continuar atacando a inflação com a política monetária e adotar medidas macroprudenciais para aliviar a segunda ponta. Ele pondera, contudo, que, se a crise internacional de crédito for maior do que o previsto, isso pode acrescentar um viés de baixa no cenário de Selic.

Prazo maior

O economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, por sua vez, espera início dos cortes da Selic apenas em janeiro de 2024. “A inflação não está cedendo, o PIB está meio ‘paradão’ e as expectativas estão piorando. Não se veem motivos para uma queda dos juros ao longo deste ano”, argumenta.

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Chermont não vê no momento um colapso no mercado de crédito que afete o desempenho da atividade econômica e o trabalho da autoridade monetária. O economista avalia também que as incertezas em torno da crise dos bancos estrangeiros dependem de novos desdobramentos a serem analisados. “Ainda não temos informações suficientes para cravar que exista uma crise sistêmica que faça o Federal Reserve (o banco central americano) baixar os juros, respingando no Copom”, afirma.

No ambiente doméstico, o economista nota que as indefinições sobre o arcabouço fiscal limitam o espaço para cortes de juros. Chermont acrescenta que, após a apresentação da regra, ainda será necessário observar uma redução das expectativas de inflação para que seja possível discutir afrouxamento monetário.

São Paulo - O Banco Central vem sofrendo grande pressão, do governo e também de alguns setores da economia, para começar a reduzir a taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano. Nesta terça-feira, 21, o presidente Lula voltou a dizer que iria “continuar batendo” no BC para conseguir a redução da Selic. “Uma coisa que eu acho absurdo é a taxa de juro estar a 13,75%, num momento em que a gente tem o juro mais alto do mundo, num momento em que não existe uma crise de demanda, não existe excesso de demanda”, afirmou, em entrevista ao site Brasil 247.

Mas, na visão dos analistas do mercado financeiro, pelo menos para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que termina nesta quarta-feira, 22, a taxa deve permanecer como está.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai se ver no meio de uma encruzilhada ao ter de decidir o rumo da taxa básica de juros  Foto: Dida Sampaio/Estadão

Essa projeção foi unânime entre as 45 instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast. Além disso, a maior parte delas (24) projeta o início dos cortes para o segundo semestre, seis acreditam que essa redução nos juros pode começar ainda neste primeiro semestre e outras 15 acreditam que esse ciclo de baixa só tenha início em 2024. A mediana de todas as projeções aponta que a Selic deve terminar este ano em 12,5%, chegando a 10,25 no fim de 2024 e a 9% em 2025.

Carlos Lopes, economista do Banco BV, projeta o início dos cortes da Selic no terceiro trimestre, levando o juro a 12% no fim do ano. Para ele, o cenário de inflação atual não permite que o Copom comece - ou mesmo sinalize - reduções nas duas próximas reuniões.

“Os núcleos (de inflação) seguem altos, com destaque para a inflação de serviços. Apesar da desaceleração do crédito, o mercado de trabalho ainda aquecido e o crescimento da renda têm ajudado a sustentar esses preços”, diz. Para Lopes, a perspectiva inflacionária poderia inclusive postergar o início dos cortes, mas a incerteza com sistema bancário no exterior “equilibrou” esse risco.

Ele pondera, contudo, que a crise dos bancos ainda está no início e que seria arriscado o BC alterar sua estratégia em cima de algo que não se caracterizou, por enquanto, como um problema para a atividade econômica. O tema, porém, deve ser reconhecido nas próximas comunicações da autarquia, avalia Lopes.

Para o economista, a proposta de novo arcabouço fiscal também não deve trazer conforto para o BC. “Independente do desenho, a sinalização do governo é de crescimento real das despesas, ao menos no curto prazo”, diz Lopes, que também ressalta que o arcabouço precisará ainda ser “digerido” no Congresso, o que torna incerto o que efetivamente será aprovado.

O economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, manteve a expectativa de redução da taxa Selic apenas a partir do quarto trimestre, para 13% no fim de 2023. Apesar do aperto nas condições de crédito com a crise da Americanas e da incerteza em torno do sistema bancário internacional, o analista argumenta que não há evidências de um “credit crunch” (a diminuição drástica na oferta de crédito) no Brasil.

“Vejo um encarecimento natural do crédito para pessoa jurídica e um aumento do spread para alguns patamares altos, mas, sinceramente, acho que é natural e esperado que o crédito responda à subida da Selic, foi até um pouco atrasado”, diz.

Caruso acrescenta que, mesmo em caso de uma crise de crédito, a literatura acadêmica indica que, se houvesse conflito entre os objetivos de estabilidade dos preços e de estabilidade financeira, o BC deveria continuar atacando a inflação com a política monetária e adotar medidas macroprudenciais para aliviar a segunda ponta. Ele pondera, contudo, que, se a crise internacional de crédito for maior do que o previsto, isso pode acrescentar um viés de baixa no cenário de Selic.

Prazo maior

O economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, por sua vez, espera início dos cortes da Selic apenas em janeiro de 2024. “A inflação não está cedendo, o PIB está meio ‘paradão’ e as expectativas estão piorando. Não se veem motivos para uma queda dos juros ao longo deste ano”, argumenta.

Chermont não vê no momento um colapso no mercado de crédito que afete o desempenho da atividade econômica e o trabalho da autoridade monetária. O economista avalia também que as incertezas em torno da crise dos bancos estrangeiros dependem de novos desdobramentos a serem analisados. “Ainda não temos informações suficientes para cravar que exista uma crise sistêmica que faça o Federal Reserve (o banco central americano) baixar os juros, respingando no Copom”, afirma.

No ambiente doméstico, o economista nota que as indefinições sobre o arcabouço fiscal limitam o espaço para cortes de juros. Chermont acrescenta que, após a apresentação da regra, ainda será necessário observar uma redução das expectativas de inflação para que seja possível discutir afrouxamento monetário.

São Paulo - O Banco Central vem sofrendo grande pressão, do governo e também de alguns setores da economia, para começar a reduzir a taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano. Nesta terça-feira, 21, o presidente Lula voltou a dizer que iria “continuar batendo” no BC para conseguir a redução da Selic. “Uma coisa que eu acho absurdo é a taxa de juro estar a 13,75%, num momento em que a gente tem o juro mais alto do mundo, num momento em que não existe uma crise de demanda, não existe excesso de demanda”, afirmou, em entrevista ao site Brasil 247.

Mas, na visão dos analistas do mercado financeiro, pelo menos para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que termina nesta quarta-feira, 22, a taxa deve permanecer como está.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai se ver no meio de uma encruzilhada ao ter de decidir o rumo da taxa básica de juros  Foto: Dida Sampaio/Estadão

Essa projeção foi unânime entre as 45 instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast. Além disso, a maior parte delas (24) projeta o início dos cortes para o segundo semestre, seis acreditam que essa redução nos juros pode começar ainda neste primeiro semestre e outras 15 acreditam que esse ciclo de baixa só tenha início em 2024. A mediana de todas as projeções aponta que a Selic deve terminar este ano em 12,5%, chegando a 10,25 no fim de 2024 e a 9% em 2025.

Carlos Lopes, economista do Banco BV, projeta o início dos cortes da Selic no terceiro trimestre, levando o juro a 12% no fim do ano. Para ele, o cenário de inflação atual não permite que o Copom comece - ou mesmo sinalize - reduções nas duas próximas reuniões.

“Os núcleos (de inflação) seguem altos, com destaque para a inflação de serviços. Apesar da desaceleração do crédito, o mercado de trabalho ainda aquecido e o crescimento da renda têm ajudado a sustentar esses preços”, diz. Para Lopes, a perspectiva inflacionária poderia inclusive postergar o início dos cortes, mas a incerteza com sistema bancário no exterior “equilibrou” esse risco.

Ele pondera, contudo, que a crise dos bancos ainda está no início e que seria arriscado o BC alterar sua estratégia em cima de algo que não se caracterizou, por enquanto, como um problema para a atividade econômica. O tema, porém, deve ser reconhecido nas próximas comunicações da autarquia, avalia Lopes.

Para o economista, a proposta de novo arcabouço fiscal também não deve trazer conforto para o BC. “Independente do desenho, a sinalização do governo é de crescimento real das despesas, ao menos no curto prazo”, diz Lopes, que também ressalta que o arcabouço precisará ainda ser “digerido” no Congresso, o que torna incerto o que efetivamente será aprovado.

O economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, manteve a expectativa de redução da taxa Selic apenas a partir do quarto trimestre, para 13% no fim de 2023. Apesar do aperto nas condições de crédito com a crise da Americanas e da incerteza em torno do sistema bancário internacional, o analista argumenta que não há evidências de um “credit crunch” (a diminuição drástica na oferta de crédito) no Brasil.

“Vejo um encarecimento natural do crédito para pessoa jurídica e um aumento do spread para alguns patamares altos, mas, sinceramente, acho que é natural e esperado que o crédito responda à subida da Selic, foi até um pouco atrasado”, diz.

Caruso acrescenta que, mesmo em caso de uma crise de crédito, a literatura acadêmica indica que, se houvesse conflito entre os objetivos de estabilidade dos preços e de estabilidade financeira, o BC deveria continuar atacando a inflação com a política monetária e adotar medidas macroprudenciais para aliviar a segunda ponta. Ele pondera, contudo, que, se a crise internacional de crédito for maior do que o previsto, isso pode acrescentar um viés de baixa no cenário de Selic.

Prazo maior

O economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, por sua vez, espera início dos cortes da Selic apenas em janeiro de 2024. “A inflação não está cedendo, o PIB está meio ‘paradão’ e as expectativas estão piorando. Não se veem motivos para uma queda dos juros ao longo deste ano”, argumenta.

Chermont não vê no momento um colapso no mercado de crédito que afete o desempenho da atividade econômica e o trabalho da autoridade monetária. O economista avalia também que as incertezas em torno da crise dos bancos estrangeiros dependem de novos desdobramentos a serem analisados. “Ainda não temos informações suficientes para cravar que exista uma crise sistêmica que faça o Federal Reserve (o banco central americano) baixar os juros, respingando no Copom”, afirma.

No ambiente doméstico, o economista nota que as indefinições sobre o arcabouço fiscal limitam o espaço para cortes de juros. Chermont acrescenta que, após a apresentação da regra, ainda será necessário observar uma redução das expectativas de inflação para que seja possível discutir afrouxamento monetário.

São Paulo - O Banco Central vem sofrendo grande pressão, do governo e também de alguns setores da economia, para começar a reduzir a taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano. Nesta terça-feira, 21, o presidente Lula voltou a dizer que iria “continuar batendo” no BC para conseguir a redução da Selic. “Uma coisa que eu acho absurdo é a taxa de juro estar a 13,75%, num momento em que a gente tem o juro mais alto do mundo, num momento em que não existe uma crise de demanda, não existe excesso de demanda”, afirmou, em entrevista ao site Brasil 247.

Mas, na visão dos analistas do mercado financeiro, pelo menos para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que termina nesta quarta-feira, 22, a taxa deve permanecer como está.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai se ver no meio de uma encruzilhada ao ter de decidir o rumo da taxa básica de juros  Foto: Dida Sampaio/Estadão

Essa projeção foi unânime entre as 45 instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast. Além disso, a maior parte delas (24) projeta o início dos cortes para o segundo semestre, seis acreditam que essa redução nos juros pode começar ainda neste primeiro semestre e outras 15 acreditam que esse ciclo de baixa só tenha início em 2024. A mediana de todas as projeções aponta que a Selic deve terminar este ano em 12,5%, chegando a 10,25 no fim de 2024 e a 9% em 2025.

Carlos Lopes, economista do Banco BV, projeta o início dos cortes da Selic no terceiro trimestre, levando o juro a 12% no fim do ano. Para ele, o cenário de inflação atual não permite que o Copom comece - ou mesmo sinalize - reduções nas duas próximas reuniões.

“Os núcleos (de inflação) seguem altos, com destaque para a inflação de serviços. Apesar da desaceleração do crédito, o mercado de trabalho ainda aquecido e o crescimento da renda têm ajudado a sustentar esses preços”, diz. Para Lopes, a perspectiva inflacionária poderia inclusive postergar o início dos cortes, mas a incerteza com sistema bancário no exterior “equilibrou” esse risco.

Ele pondera, contudo, que a crise dos bancos ainda está no início e que seria arriscado o BC alterar sua estratégia em cima de algo que não se caracterizou, por enquanto, como um problema para a atividade econômica. O tema, porém, deve ser reconhecido nas próximas comunicações da autarquia, avalia Lopes.

Para o economista, a proposta de novo arcabouço fiscal também não deve trazer conforto para o BC. “Independente do desenho, a sinalização do governo é de crescimento real das despesas, ao menos no curto prazo”, diz Lopes, que também ressalta que o arcabouço precisará ainda ser “digerido” no Congresso, o que torna incerto o que efetivamente será aprovado.

O economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, manteve a expectativa de redução da taxa Selic apenas a partir do quarto trimestre, para 13% no fim de 2023. Apesar do aperto nas condições de crédito com a crise da Americanas e da incerteza em torno do sistema bancário internacional, o analista argumenta que não há evidências de um “credit crunch” (a diminuição drástica na oferta de crédito) no Brasil.

“Vejo um encarecimento natural do crédito para pessoa jurídica e um aumento do spread para alguns patamares altos, mas, sinceramente, acho que é natural e esperado que o crédito responda à subida da Selic, foi até um pouco atrasado”, diz.

Caruso acrescenta que, mesmo em caso de uma crise de crédito, a literatura acadêmica indica que, se houvesse conflito entre os objetivos de estabilidade dos preços e de estabilidade financeira, o BC deveria continuar atacando a inflação com a política monetária e adotar medidas macroprudenciais para aliviar a segunda ponta. Ele pondera, contudo, que, se a crise internacional de crédito for maior do que o previsto, isso pode acrescentar um viés de baixa no cenário de Selic.

Prazo maior

O economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, por sua vez, espera início dos cortes da Selic apenas em janeiro de 2024. “A inflação não está cedendo, o PIB está meio ‘paradão’ e as expectativas estão piorando. Não se veem motivos para uma queda dos juros ao longo deste ano”, argumenta.

Chermont não vê no momento um colapso no mercado de crédito que afete o desempenho da atividade econômica e o trabalho da autoridade monetária. O economista avalia também que as incertezas em torno da crise dos bancos estrangeiros dependem de novos desdobramentos a serem analisados. “Ainda não temos informações suficientes para cravar que exista uma crise sistêmica que faça o Federal Reserve (o banco central americano) baixar os juros, respingando no Copom”, afirma.

No ambiente doméstico, o economista nota que as indefinições sobre o arcabouço fiscal limitam o espaço para cortes de juros. Chermont acrescenta que, após a apresentação da regra, ainda será necessário observar uma redução das expectativas de inflação para que seja possível discutir afrouxamento monetário.

São Paulo - O Banco Central vem sofrendo grande pressão, do governo e também de alguns setores da economia, para começar a reduzir a taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano. Nesta terça-feira, 21, o presidente Lula voltou a dizer que iria “continuar batendo” no BC para conseguir a redução da Selic. “Uma coisa que eu acho absurdo é a taxa de juro estar a 13,75%, num momento em que a gente tem o juro mais alto do mundo, num momento em que não existe uma crise de demanda, não existe excesso de demanda”, afirmou, em entrevista ao site Brasil 247.

Mas, na visão dos analistas do mercado financeiro, pelo menos para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que termina nesta quarta-feira, 22, a taxa deve permanecer como está.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai se ver no meio de uma encruzilhada ao ter de decidir o rumo da taxa básica de juros  Foto: Dida Sampaio/Estadão

Essa projeção foi unânime entre as 45 instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast. Além disso, a maior parte delas (24) projeta o início dos cortes para o segundo semestre, seis acreditam que essa redução nos juros pode começar ainda neste primeiro semestre e outras 15 acreditam que esse ciclo de baixa só tenha início em 2024. A mediana de todas as projeções aponta que a Selic deve terminar este ano em 12,5%, chegando a 10,25 no fim de 2024 e a 9% em 2025.

Carlos Lopes, economista do Banco BV, projeta o início dos cortes da Selic no terceiro trimestre, levando o juro a 12% no fim do ano. Para ele, o cenário de inflação atual não permite que o Copom comece - ou mesmo sinalize - reduções nas duas próximas reuniões.

“Os núcleos (de inflação) seguem altos, com destaque para a inflação de serviços. Apesar da desaceleração do crédito, o mercado de trabalho ainda aquecido e o crescimento da renda têm ajudado a sustentar esses preços”, diz. Para Lopes, a perspectiva inflacionária poderia inclusive postergar o início dos cortes, mas a incerteza com sistema bancário no exterior “equilibrou” esse risco.

Ele pondera, contudo, que a crise dos bancos ainda está no início e que seria arriscado o BC alterar sua estratégia em cima de algo que não se caracterizou, por enquanto, como um problema para a atividade econômica. O tema, porém, deve ser reconhecido nas próximas comunicações da autarquia, avalia Lopes.

Para o economista, a proposta de novo arcabouço fiscal também não deve trazer conforto para o BC. “Independente do desenho, a sinalização do governo é de crescimento real das despesas, ao menos no curto prazo”, diz Lopes, que também ressalta que o arcabouço precisará ainda ser “digerido” no Congresso, o que torna incerto o que efetivamente será aprovado.

O economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, manteve a expectativa de redução da taxa Selic apenas a partir do quarto trimestre, para 13% no fim de 2023. Apesar do aperto nas condições de crédito com a crise da Americanas e da incerteza em torno do sistema bancário internacional, o analista argumenta que não há evidências de um “credit crunch” (a diminuição drástica na oferta de crédito) no Brasil.

“Vejo um encarecimento natural do crédito para pessoa jurídica e um aumento do spread para alguns patamares altos, mas, sinceramente, acho que é natural e esperado que o crédito responda à subida da Selic, foi até um pouco atrasado”, diz.

Caruso acrescenta que, mesmo em caso de uma crise de crédito, a literatura acadêmica indica que, se houvesse conflito entre os objetivos de estabilidade dos preços e de estabilidade financeira, o BC deveria continuar atacando a inflação com a política monetária e adotar medidas macroprudenciais para aliviar a segunda ponta. Ele pondera, contudo, que, se a crise internacional de crédito for maior do que o previsto, isso pode acrescentar um viés de baixa no cenário de Selic.

Prazo maior

O economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, por sua vez, espera início dos cortes da Selic apenas em janeiro de 2024. “A inflação não está cedendo, o PIB está meio ‘paradão’ e as expectativas estão piorando. Não se veem motivos para uma queda dos juros ao longo deste ano”, argumenta.

Chermont não vê no momento um colapso no mercado de crédito que afete o desempenho da atividade econômica e o trabalho da autoridade monetária. O economista avalia também que as incertezas em torno da crise dos bancos estrangeiros dependem de novos desdobramentos a serem analisados. “Ainda não temos informações suficientes para cravar que exista uma crise sistêmica que faça o Federal Reserve (o banco central americano) baixar os juros, respingando no Copom”, afirma.

No ambiente doméstico, o economista nota que as indefinições sobre o arcabouço fiscal limitam o espaço para cortes de juros. Chermont acrescenta que, após a apresentação da regra, ainda será necessário observar uma redução das expectativas de inflação para que seja possível discutir afrouxamento monetário.

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